Mirror Myself In You escrita por LadyDelta


Capítulo 31
Dive.


Notas iniciais do capítulo

Helloooooo. Olá pra você! Tá tudo bem? Tem se hidratado direito todo esse tempo que fiquei sem aparecer por aqui? Inclusive, já bebeu água hoje? Desculpe a imensa demora para brotar, estava passando por um momento depressivo que não queria ir embora de jeito algum. Agora voltei, não no tempo que queria, mas porque é aniversário de uma ovelha e estou dando esse capítulo de presente.

Manda parabéns aí pra sua amiguinha que trouxe a ração sozinha, bora.

Inclusive, se seu aniversário é recente por agora, tipo em uma semana e tal, me avisa que eu escrevo capítulo como presente. É sério, só me avisar com um prazinho de cinco dias que eu escrevo.

Próximo capítulo creio que sai semana que vem, ou não. nunca se sabe. Não se pode confiar na minha cabeça, muito menos no meu humor.

Enfim.

Música para o capítulo: Ed Sheeran - Dive

Playlist da história.

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Dito isso

~Boa leitura.



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Galateia Pov.

Abri os olhos um pouco sonolenta e apoiei a mão no colchão para me sentar na cama e olhar ao redor, estava tudo escuro e Vick não se encontrava em lugar algum. Por quanto tempo eu dormi? Massageei a têmpora esquerda com a dorso da mão e bocejei saindo da cama, ouvindo a risada de Vick do lado de fora do cômodo. Ajeitei minha blusa e fui para o banheiro escovar os dentes, não me demorando para sair do quarto. Não acredito que dormi muito fora do horário. Quando peguei no sono era por volta das três da tarde.

— Olha quem acordou, boa noite. – Vick saudou animada do sofá e sorri me aproximando.

— Que horas são?

— Vai dá 22h:30min. – Falou divertida e caminhem até me sentar ao seu lado, me atrevendo a envolver seu corpo em um abraço. Ela disse que posso abraçar quando quiser, então farei isso sempre que me der vontade de beijá-la.

— Eu dormi muito. – Reclamei. – Por que não me acordou?

— Porque você é fofa quando dorme. – Beijou meu rosto suavemente e olhei ao redor. – É fofa o tempo todo, mas dormindo, parece um anjinho. – Sorri carinhosa e deitei a cabeça em seu ombro para ver o que ela fazia, ficando atenta no jogo Bloodborne.

— Onde está sua irmã? – Perguntei curiosa com o paradeiro da criança. Será que já dormiu? – Amo esse jogo. – Comentei por vê-la tentando eliminar quatro monstros que lhe cercavam em um canto estreito.

— Foi com a Vane buscar uns documentos que ela esqueceu na escola. Pai já vai chegar com pizza. Eu só jogo esse quando Jhu não está em casa, porque ela fica com medo. – Riu baixinho e tornei a lhe abraçar, ficando atenta no jogo. Ver outra pessoa jogando não torna a experiência tão divertida.

— Então só estamos nós aqui? – Perguntei normalmente, mas seu corpo ficar tenso e ela perder a luta em que estava, me levou a ficar nervosa no mesmo instante. Oh... Nós nos beijamos e estamos sozinhas...

— É! Sozinhas, só nós, nesse apartamento grande... – Falou dando pausa no jogo e se soltando do meu abraço. – Eu estou com sede? Estou! Você está com sede, certo? Vou pegar água! – Falou rápido e se ergueu praticamente correndo para cozinha. Fiquei olhando para o local sem reação por alguns segundos e logo em seguida ri baixinho. Impressão minha ou ela estava praticamente em pânico agora? – Oh... Eu não quis te deixar aí! Vem cá. – Chamou da porta da cozinha e me ergui para caminhar até o local, vendo que ela enchia dois copos de água. Eu não tenho sede, acabei de acordar. – Qual deles você prefere? – Apontou para os copos idênticos, quanto na aparência quanto na quantidade de líquido.

— Eu meio que não estou com sede. – Sorri. – Gostaria de comer um chocolate, mas os meus acabaram.

— Garças a Deus. Você come muito chocolate, isso não é bom. – Bebericou sua água e suspirei.

— Mas eu quero doce.

— Querer nem sempre é poder. Eu quero muita coisa também, se eu quero e não posso ter... Você não vai comer doce. Quer ficar doente? – Perguntou de braços cruzados e suspirei cansativa. Por que todo mundo vem com essa de ficar doente. Acham que só entra chocolate e balas no meu organismo?

—  Você não entende. Meus chocolates me mantêm calma. – Justifiquei e prendi a respiração por ela se aproximar perigosamente perto demais de mim.

— Eu não posso te deixar calma o suficiente? – Meu Deus? Com mil demônios! Desde quando ela faz coisas assim?

— Pode. – Sussurrei sentindo meu rosto quente. Por que diabos ela precisava chegar tão perto para falar isso? Inferno, quero beijar ela. Droga, é mais fácil resistir se eu não olhar no rosto dela.

— Vamos lá, Téia... – Chamou quando olhei para o lado e meu corpo inteiro se tencionou por suas mãos segurarem ambos os lados do meu rosto, puxando minha atenção para seus olhos. – Fique animada. Olha... Se for uma boa garota e não comer doces, amanhã eu lhe dou o pote de cereja que tem guardado na geladeira. – Falou e arregalei os olhos. ELA TEM CEREJA!

— Você tem? De verdade? Posso comer agora? – Pedi um pouco animada demais com a revelação. Hoje de manhã achei que comer um sanduíche com geleia de cereja era a melhor coisa que poderia ter me acontecido depois de beijar ela. Agora descubro que ela tem a cereja em si?

— Somente depois que comer um pedaço de pizza. Me preocupo com sua saúde. – Soltou meu rosto e fiz um bico por ela negar.

— Então não me avisasse que tinha. – Murmurei puxando uma cadeira para me sentar. – Agora eu quero cereja. – Reclamei de braços cruzados. Covardia me deixar saber que tem e ainda não posso comer.

— Nada de cereja antes de comer alguma coisa. – Falou autoritária e revirei os olhos.

— Nhem nhem nhem nhem. – Remedei com uma voz infantil o que disse e apoiei o rosto na minha mão.

— Você não fez isso. – Reclamou e pisquei em sua direção.

— Estou com fome. – Murmurei e ela revirou os olhos.

— Então vamos te distrair. Meu pai já vai chegar. Quero continuar brincando de duas verdades e uma mentira. – Falou se sentando do outro lado da mesa e estreitei os olhos em sua direção.

— Você não vai mais ganhar a sua recompensa.

— Minha recompensa é saber mais de você, não ligo pro resto. Agora vamos brincar. – Falou séria e ri divertida. Por que estou sentindo que isso é uma ameaça?

— E se eu não quiser?

— Eu te mordo. – Ameaçou e voltei a rir.

— Era pra ser uma punição? – Perguntei e ela voltou a revirar os olhos. Fofinha. – A: Embora eu seja muito boa no karatê, tem um golpe que não consigo aplicar de forma alguma. – Menti, não tem nada que eu não saiba fazer no karatê. – B: Eu conto tudo para minha tia. Ela sabe mais que meu psicólogo as vezes. – Revelei e seus olhos se estreitaram. – C: Eu gosto muito, muito, muito de você. – Declarei e suas bochechas ficaram vermelhas. – Onde está minha mentira?

— Hummm você parece ter uma relação muito agradável com sua tia, então a letra B é verdadeira. – Falou e assenti com um sorriso. – C: E eu sei que você me ama muito, muito e muito. Olha só pra mim, quem não amaria? – Se gabou e neguei com a cabeça por perceber que essa confiança toda dela é só encenação, da para notar pela forma que seu rosto fica vermelho. - Então sua mentira é a letra A. Você é muito boa no karatê para não saber aplicar um golpe.

— Se tivesse valendo um prêmio. – Impliquei e ela fez bico. – Sua vez. – Sorri.

— Tá! Deixa-me ver... A: Eu fiz xixi na cama até os 7 anos. – Mentirosa. – B: Embora eu me vista meio tomboy, amo roupinhas fofas, não em mim. – Isso não é nenhum segredo. - C: A coisa mais entranha que fiz enquanto estava sonâmbula, foi abrir todas as janelas do apartamento e desligar o ar condicionado de todo mundo. – Terminou e sorri.

— A: Você não fez xixi na cama até os 7. – Falei convicta e ela fez um bico.

— Acertou. – Resmungou e observei ela se levantar e sentar na cadeira ao meu lado. – Você é muito esperta. – Sorriu e me virei em sua direção, apoiando o cotovelo na mesa para lhe olhar.

— Mas isso já é óbvio. – Me gabei e fingi não notar que ela estava se aproximando mais de mim. De nada serei culpada se a iniciativa for dela. Quer dizer... Eu acho que ela quer me beijar, basta estar certa sobre isso.

— Depois que comermos pizza, quer ir na sorveteira? – Convidou e sorri.

— Claro.

— Ótimo. Jhu vai com a gente, tem problema?

— Levar sua irmãzinha? Não?? Eu adoro criança e a sua irmã é tão inteligente. – Elogiei e olhei rapidamente para sua mão, que se aproximava da minha lentamente.

— Ela parece comigo, tinha que ser inteligente.

— Daí ela seria lerda. – Brinquei e seus olhos se estreitaram.

— Eu por acaso sou lerda? – Perguntou indignada.

— Na maioria do tempo, sim.

— Que absurdo! Me diga uma vez que eu fui lerda e seu comentário será válido. Se não citar nenhuma vez, estará mentindo. – Desafiou e sorri suavemente.

— Você acha que meus flertes são de mentirinha. – Falei e seus olhos se arregalaram ao mesmo tempo que sua boca se abriu em choque.

— E não são? – Se endireitou na cadeira e ri. Por que ela é assim?

— Não? Nossa, você é muito lerda, pelo amor de Deus.

— ESPERA. – Gritou e se ergueu apontando o dedo para mim. – Você... Isso significa que está flertando de verdade comigo todas essas vezes?

— Dã. – Me ergui lentamente e empurrei a cadeira para alinhar com as outras. – Diga, Victória. – Comecei e escorei minhas costas na cadeira arrumada, cruzando os braços para lhe olhar em seriedade. Se eu a encurralar ela percebe que estou séria sobre isso? – Acha que eu saio por aí flertando com minhas amigas porque é “divertido”? – Perguntei e observei suas bochechas ficando cada vez mais vermelhas.

— O que isso quer dizer? – Perguntou e apertei os olhos com os dedos da mão esquerda. Senhor, me dê forças.

— Sério que vo-

— O PAPAI CHEGOU! – Ouvi o grito do senhor James soar alto da sala e Vick deu um sobressalto no lugar. Ótimo, eu sabia que não ia dar certo mesmo.

— NA COZINHA. – Vick gritou de volta e me olhou em silêncio por alguns segundos. – Nós vamos falar sobre isso depois. – Falou e ergui uma sobrancelha.

— Tudo bem. – Puxei a cadeira para me sentar de novo e seu pai entrou na cozinha com três caixas de pizza.

— Comida, quentinha. Cadê a Vane e meu filhotinho? – Perguntou olhando para os lados enquanto colocava as pizzas na mesa.

— Vane foi buscar uns documentos que esqueceu na escola e levou a Jhu. A Téia estava dormindo, então eu fiquei. – Contou abrindo o armário para pegar pratos e me entregou um deles.

XxX

Fiquei na posição de ataque e ela riu baixinho, se aproximando para pegar na minha mão.

— Se você deixar seu polegar assim, as chances de quebrar ele é enorme. - O arrumou corretamente e me olhou divertida. – Agora é só você socar. – Mandou e fiz o que me pedia, sorrindo satisfeita por acertar um soco forte. Nós devíamos estar em uma sorveteira, mas começou a chover muito, então não tivemos outra escolha a não ser ficar.

Eu sabia que tinha que conversar com ela sobre o assunto da cozinha, mas diferente de todo lugar que eu vou, a casa da Vick tem uma grande falta de privacidade, não que seja um ambiente totalmente aberto, mas a família dela está o tempo todo em comunicação, o que é adorável. A todo momento parece que tem barulho vindo de algum lugar, mas são só eles conversando entre si ou risadas da irmãzinha dela. Talvez seja apenas uma família normal, vivendo normal, mas com minha experiência em ambientes familiares, qualquer coisa diferente de distanciamento social, é uma novidade. Na casa da tia Cass as coisas são maravilhosas, mas em vista da casa da Vick? Diria que existe uma parede de diferença. Uma coisa que deixa isso tão óbvio é que tanto na casa da minha mãe, quanto na da tia, é possível ouvir pequenos sons em uma altura consideravelmente boa, mas aqui é como se todas as lacunas de som estivessem ocupadas.

— O que tanto pensa? – Vick perguntou cutucando minhas costas de leve e sorri virando a cabeça em sua direção.

— Hum?

— Você está com essa carinha séria, e só faz ela quando está pensando. – Afirmou e sorri. Como que ela sabe disso?

— Eu estava pensando que sua família está em constante socialização.

— Hã? Mas isso não é normal?

— Pra mim não. Normalmente se eu fico em um local, como por exemplo, meu quarto, ninguém vai ir lá me perguntar se quero sair ou coisa parecida. No entanto, aqui na sua casa, estamos nesse quarto tem quase uma hora e sua irmã já veio nos ver sete vezes, seu pai três, e a Vane cinco. Único momento que passo por coisas assim é quando vou visitar minha irmã, ela só me deixa sozinha quando preciso ir ao banheiro. – Contei e ela riu divertida.

— Você fala da sua irmãzinha várias vezes. Quantos anos ela tem? – Perguntou e franzi o cenho. Irmãzinha?

— Quanto anos você acha que a Liane tem?

— Não sei, uns 13 ou 15? – Arregalei os olhos brevemente com a informação. Deus, ela acha que a Liane é mais nova que eu.

— Vick... Liane tem 20 anos. – Contei e ri baixinho pelo susto estampado em seu rosto.

— ELA É MAIS VELHA? – Gritou o umedeci os lábios com a língua para evitar rir mais.

— Sim. – Fui até meu celular e o peguei desbloqueando para abrir minha galeria onde tinha fotos da Lily. – Aqui, essa é ela. – Mostrei a fotografia onde Lily fingia morder minha cabeça.

— Puta que o pariu. Sua família nasceu do pote da beleza? Olha pra isso, a genética é uma coisa perfeita. – Falou chocada e voltei a rir. – Ela parece com você! Tipo, parece pra caralho. Se não fosse o cabelo loiro cacheado, vocês seriam iguais.

— Todo mundo diz isso. Mas enfim, Liane é mais velha três anos. – Sorri e seus olhos voltaram a se arregalar.

— Você é mais nova... – Sussurrou e franzi o cenho.

— Sou... Ela é minha meio irmã, que nem você com a Jhu.

— Aaah, ela não é filha da sua mãe então, né? – Riu sem jeito e franzi o cenho. Por que ela parece estranha do nada?

— Ela é, não é filha do meu pai... – Contei um pouco confusa com sua reação.

— Oh... Então ela nasceu primeiro? – Ergui ambas as sobrancelhas com sua pergunta óbvia.

— Sim? Ela tem 20, tem que ter sido primeiro hahaha. – Ri divertida e mordi o lábio superior por sua expressão confusa. – O que foi? Você parece confusa. Não expliquei direito?

— Não! Explicou sim, eu que sou um pouco lerda, mas agora já entendi. – Se abaixou pegando uma bola de ginástica e me olhou divertida. - AGARRA ISSO. – Gritou a arremessando em mim e ergui os braços a segurando no susto.

— Qual sua intenção fazendo isso? Quer uma guerra? Acredite, eu aceito guerrear com você se esse é seu propósito. – Segurei a bola mais forte e ela riu divertida.

— Nha, eu meu propósito é te beijar de novo, mas nada vem fácil nesse mundo. – Lamentou e diminui o aperto na bola a deixando cair no chão.

— Me beijar? – Pisquei algumas vezes e sorri ao notar seu rosto corado.

— Eu não quis dizer isso. – Se encolheu e ergui levemente a sobrancelha esquerda. – Quer dizer, quis sim, mas... – Coçou o braço procurando as palavras e me mantive na mesma posição, curiosa com o que diria. – Quais as chances? – Perguntou e cruzei os braços olhando para o chão.

— Hummm eu diria que altas.

— De verdade? Altas quanto?

— Depende.

— Do quê?

— Sua atitude. – Pisquei e seus olhos se arregalaram em descrença.

— Relacionada a pedir ou reivindicar?

— Fica ao seu critério. – Dei de ombros indo me sentar em uma das maquinas de ginástica e apoiei meus braços no suporte o puxando para baixo pra deitar a cabeça sobre eles, notando que Vick ainda se mantinha no mesmo lugar de costas pra mim. – Travou aí? – Brinquei dando uma risadinha por seu leve sobressalto.

— Tá, a gente tem que conversar, né? – Sua voz soou mais firme e forcei meus braços para não deixar o peso voltar e acertar meu rosto. Ok, a voz séria dela é muito intimidadora, nem parece a mesma pessoa.

— Creio que sim.

— É uma coisa que eu não... Bom... A gente se beijou, não é? E na cozinha você disse que não flerta com as meninas e... Tipo... Você flerta comigo. – Se virou para minha direção e foquei nos olhos verdes brilhantes. – Você me beijou porque estava com pena de mim? – Questionou e abri a boca em descrença por essa ser a única pergunta que não estava esperando.

— Não, eu te beijei porque estava com vontade de fazer isso. – Contei e sua atenção foi para o chão. – Me ofende essa pergunta.

— Oh... Desculpe. Você... É... Hã... – Raspou a garganta e me olhou por alguns segundos. – Deixa, eu pergunto isso em outra ocasião.

— Por que não agora? Isso é o quê? Um episódio de Drangon Boll?

— Não, palhaça. – Riu baixinho e depois voltou a raspar a garganta. - Porque sua resposta terá consequências graves em mim, que podem ser positivas ou negativas. Não quero descobrir qual será se você ainda tem mais um dia aqui. Eu não saberia lidar com o fato de me manter em estado de controle, seja uma resposta positiva ou negativa. Então pode esperar até segunda no fim da aula? – Não acredito nisso, ela é um amorzinho.

— Poder eu posso, querer não quero. Mas como meu pai sempre dizia, você nunca pesca um peixe se for apressado.

— Eu sou um peixe agora, Galateia?

— Uma Sereia linda. – Pisquei e ri do seu desconcerto.

— Tá flertando comigo? – Perguntou corada e me ergui de onde estava sentada ao ver sua irmã entrando no quarto.

— Sempre. Oi coisa linda. Quer alguma coisa? – Fui em sua direção passando por Vick e cutucando sua cintura com o indicador.

— Quer jogar Caminho Da Morte comigo? Eu tenho um tabuleiro grandão assim. – Abriu os bracinhos para insinuar o tamanho e sorri.

— Claro que eu quero.

— Eu também quero. – Vick veio na nossa direção e Jhu fez bico.

— Você fica querendo roubar.

— MENTIRA!

— Você sabe que é verdade, sua mentirosa. – Começaram a discutir e agarrei a mão das duas a puxando comigo para fora do quarto.

— Vick não vai roubar dessa vez, eu prometo. – Garanti e fui olhada de canto de olho por ela.

— O que te faz ter tanta confiança assim no que está dizendo?

— Se você roubar ou eu desconfiar que está roubando, vou embora.

— Valha, sabe nem brincar, idiota. – Soltou minha mão para ir se sentar no chão da sala e ri baixinho junto da Jhu.

— O que vão fazer? Jogar? – Ouvi a voz masculina e olhei para os lados tentando achar o pai da Vick, vendo que ele estava no batente da entrada da cozinha, tomando café em um copo.

— Vamos, Galateia quer jogar Caminho Da Morte comigo, e a Vick não vai roubar. – Jhu respondeu animada e Vanessa veio da cozinha, passando pelo marido com um sorriso.

— Se a Vick não vai roubar, eu quero jogar. – Amarrou o cabelo em um coque.

— Se meu amor joga, eu estou dentro também. – Senhor James a abraçou pela cintura e sorri carinhosa pela animação deles. A Família da Vick tem uma energia muito boa.

— Pronto, todo mundo quer jogar agora, lindo. – Vick resmungou de onde estava sentada e voltei a sorrir. É meio óbvio a pergunta que ela quer me fazer na segunda à tarde e a minha resposta obviamente é positiva também, o que deixa tudo mais engraçado.

— Claro, se a ladra que te habita estará adormecida. – James brincou e me sentei do lado dela no chão, ganhando um sorriso da mesma.

XxX

Bocejei sonolenta observando o dado rodar sobre a mesa e Vick riu perversamente ao entrar no bosque e pegar a carta mágica que estava presa nele.

— Agora tenho a carta suprema Pegadas Congeladas e posso congelar quem eu quiser com meus poderes roubados por cinco rodadas.

— Você sempre pega as cartas boas, impressionante, até quando não rouba. – Vane reclamou e ri baixinho. Estamos jogando a quase uma hora e o jogo está quase no fim, porque a Vick conseguiu matar a Vanessa e a Jhu, além de ter aprisionado a Jhu por duas rodadas.

— Vocês estão com inveja porque eu sou muito boa nesse jogo.

— Tá bom, sortuda. Quem vai congelar agora? Só tem a Galateia pra fazer isso. Já me lançou um feitiço na rodada passada. Tem coragem de congelar ela? Ou vai renunciar o poder da carta? – Jhu Perguntou diabólica e sorri por saber que ela não me congelaria. Nós estamos de parceria desde o início.

— Desculpa Galateia. – Pediu e arregalei os olhos. O quê?

— Não ouse! Eu te ajudei não tem nem duas casas, Victória.

— Tarde demais. Esse jogo só se ganha solo. – Piscou e abri a boca em choque. - Agora eu, o grande lorde, congelo seu elfo. Confiou na pessoa errada, gata. – Ativou seu feitiço e rapidamente peguei minha carta que havia guardado para ocasiões assim.

— Pois a sua traição acaba de perder a utilidade. Eu invoco o poder da minha carta mágica que pode ser usada a qualquer momento do jogo. Ativo a proteção do coração da criatura. Nada pode me prejudicar. – Mostrei minha carta e seus olhos se arregalaram.

— Quando pegou essa carta? – Perguntou chocada e a tomou da minha mão para ler. – Mas que porra? Eu nem sabia que isso era possível. Vocês sabiam que essa carta fazia isso? – Mostrou para todos e Jhu revirou os olhos.

— Era só ter lido? A Galateia ia pegar o Abissal, mas como ganhou essa carta no início, ela trocou pro elfo, só ele pode ativar.

— Onde tá escrito isso? – Perguntou relendo a carta e virei em sua direção a carta de descrição do meu personagem, onde dizia que ele podia usar o coração da criatura para se livrar e livrar qualquer um de feitiços lançados.

— Satisfeita?

— Isso é um absurdo.

— Absurdo foi eu perceber que não posso confiar em você! Mesmo eu tendo sacrificado um bônus para te ajudar, falsa. – Acusei tomando a carta de volta. – Eu quase usei essa carta em você quando a Jhu te colocou fogo e roubou sua mana. Nunca mais te protejo. – Fiz bico e cruzei os braços.

— Eu quero ganhar. – Se defendeu e peguei o dado o jogando, sorrindo por poder andar seis casas.

— Pensasse nisso antes de me apunhalar pelas costas. Uso minha habilidade principal, Maldição depressiva! – Falei um pouco alto e ela arregalou os olhos por já saber o que eu faria, sendo que essa habilidade só funcionaria em até 15 casas a minha frente e ela estava exatamente no limite. – Te arrasto para minha posição, lorde falso, pilantra e mesquinho. – Voltei as casas do seu boneco para posição do meu, fazendo questão de deixá-lo caído atrás do meu. – Você está temporariamente atordoada e o seu próximo movimento será usado pela metade e sua antiga posição, agora é a minha. – Movi meu boneco em pulinhos até o pântano e peguei a carta que antes era dela. - Já que a Jhu ainda está imobilizada por essa rodada e você não pode se mover, me resta outo movimento. – Usei uma voz de blogueira de moda e ouvi a gargalhada de Jhu enquanto Vick me olhava com um bico. – Então o cancelo para poder usar essa carta maravilhosa aqui. – Ergui a carta e foi a vez de Vane rir. – Em quem eu uso?  Se eu cancelei o meu movimento, isso automaticamente livra você e a Jhu das suas prisões e como a Jhu não foi falsa. Vick... Pegadas Congelas para você, princesa. Jhu, sua vez. – Lhe entreguei o dado e não segurei o riso da cara de tacho com a qual Victória me olhava.

— Isso não é justo! – Reclamou.

— Eu acho que foi bem justo, você não pensou duas vezes em usar a carta nela. – Senhor James falou divertido e bagunçou o cabelo dela logo em seguida. – Viu como não é divertido quando ficam te impedindo de jogar? Você estava contando vitória desde o inicio do jogo e veja só, Galateia vai ganhar. – Falou divertido e Vick olhou para o dado que eu já estava jogando, porque Jhu já tinha gastado sua vez.

— Não quero mais jogar. – Empurrou seu bonequinho pro chão e ri andando minhas casas.

— Perdedora. – Provoquei esperando Jhu jogar sua vez, vendo que ela ria enquanto fazia isso. – Já ganhou esse jogo, Jhu?

— Eu? Nunca. Só ganho dá Lucy, porque ela deixa. Usa as cartas bônus tudo em mim. – Contou concentrada em mover seu boneco e olhei para Vick com os olhos estreitos, ganhando língua da mesma.

XxX

Saí do banho ajeitando a toalha em minha cabeça e Vick arrumava o travesseiro com uma expressão emburrada antes de jogar a coberta de qualquer jeito sobre o colchão. É engraçado como que depois do jogo de tabuleiro ela ficou extremamente irritada. Acho que alguém não sabe perder.

— Eu acho que vou pra casa. – Falei um pouco alto e ela olhou na minha direção rapidamente, os olhos arregalados em susto.

— O quê? Por quê?

— Você parece brava. – Falei séria, embora por dentro a minha vontade fosse de cair na risada. Ela não sabe perder!

— Eu não estou brava! Nem um pouco brava, você não vai embora não, vem aqui. Já arrumei sua cama, olha que confortável. – Veio em minha direção enquanto falava e agarrou meu pulso me guiando até o colchão. – Quer comer alguma coisa antes de dormir? Eu busco. – Falou rápido depois que me sentei e ri segurando seus pulsos, a mantendo perto de mim.

— Não quero que busque nada. Quero um abraço. – Pedi e suas bochechas ficaram vermelhas.

— Certo, er... Abraço. – Coçou a bochecha com o dedo indicador da mão esquerda e sorri por seu desconcerto.

— Abraço quentinho. – Abri os braços esperando e seu joelho se apoiou na borda do colchão antes dos seus braços me rodearem em um abraço desajeitado. – Me abraça direito. – Murmurei circulando sua cintura e ri por ser apertada com força exagerada.

— Tá bom assim? Ou tenho que quebrar umas costelas suas? – Resmungou e fechei os olhos aproveitando o carinho.

— Está ótimo, eu amo seus abraços. – Confessei não tendo certeza se já disse isso alguma outra vez, na dúvida é sempre bom reforçar.

— Eu amo você. – Sussurrou e por um momento eu me desliguei do sistema nervoso do meu corpo.

— O quê? – Perguntei de olhos arregalados, tentando não soar alarmada, mas acho que minha voz em tom diferente me denunciou.

— Eu amo seus abraços também. – Refez a frase e voltei a fechar os olhos soltando um suspiro. Certo, ela não quer nem me fazer uma pergunta esse fim de semana, óbvio que não diria que me ama desse jeito, deve ter saído por acidente. – Posso secar o seu cabelo? Vanessa tem secador e posso pegar com ela. – Ofereceu animada e assenti.

Me deitei para trás na cama quando ela desfez o abraço para sair correndo. Deus, eu ainda tenho mais um dia inteiro aqui, espero conseguir sobreviver até que chegue a hora de ir para escola.

— Voltei, aqui está o meu secador e eu ainda trouxe cereja pra você. – Falou entrando no quarto e me sentei em um sobressalto ao ouvir o nome cereja.

— Você realmente trouxe? – Perguntei animada.

— Claro, disse que iria lhe dar, mas acabei esquecendo que havia prometido. – Me entregou o prato com algumas cerejas e sorri aceitando.

— Eu também tinha esquecido que estava querendo. – Confessei dando uma risadinha logo em seguida. – Obrigada por lembrar. – Comi uma delas e observei seu movimento de se sentar atrás das minhas costas para retirar a toalha da minha cabeça e separar meu cabelo para secar.

— Acho que já disse isso, mas seu cabelo é muito lindo. – Comentou o penteando suavemente.

— Quando criança eu o usava bem curto. Se corto, fica cacheado, mas se está grande assim, rebelde. – Contei e seu rosto se inclinou por cima do meu ombro para me olhar de lado.

— Você? De cabelinho curto? Eu preciso ver isso. Tem alguma foto? – Perguntou afobada e neguei com a cabeça várias vezes. O que é uma mentira. Tenho várias fotos, mas em todas ela está junto.

— Eu cortava quando morava com meu pai. Depois que me mudei, não vi necessidade de fazer isso. – Contei.

— Eu também tinha o meu curto. – Falou começando a secar meu cabelo e sorri. Eu sei disso. Ela o tinha curto porque foi cortar sozinha e acabou estragando. – Minha mãe diz que era porque eu inventei de brincar de cabelereira e cortei errado, pra consertar precisou deixar curto. – Riu separando a mecha seca do meu cabelo e comi outra cereja.

— Não tem vontade de deixá-lo curto de novo?

— Nha, gosto dele grande. Você acha que fica mais bonito curto? – Perguntou mexendo no mesmo e sorri.

— Ele é bonito de qualquer jeito, até mesmo se pintasse de verde.

— Hahaha duvido! Ficaria muito feia.

— Continuaria achando linda, gosto de você. – Sorri e olhei para trás.

— Eu também gosto de você. – Beijou minha testa suavemente e virou minha cabeça de volta para frente.

— Você vai guardar suas futuras borboletas em um recipiente para a metamorfose? – Questionei curiosa, observando a borboleta que não saía da flor em seu quarto.

— Tem que guardar?

— É bom. Você quer que eu te ajude a montar um?

— Se eu quero? Mas é óbvio que sim. O que vamos precisar fazer?

— Então, teremos de ter um aquário ou algum pote de vidro que tenha tampa, terra, folhas aleatórias, algodão, água e gravetos. – Contei ficando animada.

— Perfeito! Em duas quadras tem um parque com várias árvores, a gente pode ir lá amanhã e sei lá, fazer um piquenique? – Convidou e voltei a sorrir, o que só então notei que estou fazendo desde que saí da escola na sexta a tarde. Ficar perto da Vick me torna temporariamente alegre.

— Eu adoraria, gosto de árvores e derivados da natureza.

— Então estamos combinadas. Amanhã pela manhã nó saímos para um piquenique.

Victória Pov.

Acho que todas as sensações de nervosismo que já senti na minha vida, hoje devo estar batendo o recorde. As coisas avançaram em um nível que eu não estava preparada para lidar! Galateia está agindo como se me beijar é algo que queira continuar fazendo e por isso não consigo controlar meus gays panic perto dessa garota. Caralho, o que eu devo fazer se ela me solta frases como “Acha que eu saio por aí flertando com minhas amigas porque é divertido?”. Garota? O que isso quer dizer, sua praga? Você flerta comigo por que gosta de mim? ISSO NÃO FAZ O MENOR SENTIDO! Caramba, Galateia é perfeita e embora meu objetivo fosse e continue sendo grudar nela, meu coração não estava nem um pouco preparado pra esse avanço todo. Ela me beijou porque quis! Porque deu vontade. A GALATEIA!

Eu não esperava por isso, e para ser sincera, não deveria estar surtando tanto, mas... Durante todo o tempo que peguei intimidade com ela, o fato de querer conhecer sua mãe foi ficando de lado e até agora não tinha parado pra pensar que isso seria um problema, na verdade, minha cabeça não pensou tão a frente assim, só que... A irmã da Galateia é mais velha que ela. COMO ASSIM A IRMÃ DELA É MAIS VELHA? Eu já venho notando que a mãe dela é uma idiota na maioria do tempo, mas isso? Se ela é a caçula... O que diabos era aquela dedicatória no livro? O livro era pra irmã dela? Galateia não é a primeira obra prima da Scarlet e nem a segunda? Mas que palhaçada é essa? Que porra de mãe é a Scarlet? Caralho, faz sentido a Galateia morar com a tia.

O que eu faço agora? Não parecia um problema antes, mas agora... Caralho! Como que digo pra essa garota que o que me levou a querer ir pro seu grupo foi justamente a dedicatória do livro que lia? Tá que agora não é mais sobre isso, mas é óbvio que preciso abordar esse assunto em algum momento, principalmente por ela ter dito que sempre quis ser minha amiga. Conhecer Galateia cada dia mais está fazendo eu me sentir um ser humano podre por só ter começado a prestar atenção nela por causa de um livro.

Suspirei tentando focar em outra coisa e olhei assustada para o lado quando Galateia se mexeu desinquieta, tentando ver o que estava acontecendo, já que ela foi a primeira a dormir e parecia serena até agora.

— Galateia? – Chamei baixo e tateei a cômoda ao lado da minha cama para usar o controle e ligar o meu espelho no teto, que acendeu em azul. - Você tá bem? – Sussurrei e me afastei um pouco para o lado por ela se sentar de supetão, pegando ar como se estivesse acabado de sair de baixo d’água. – Hey, tá tudo bem? – Fiquei preocupada por sua respiração acerelada.

— O quê... – Sussurrou com a voz baixa e tentei focar no rosto dela, mas não consegui por ela o virar em todas as direções parecendo procurar algo. A respiração em vez de diminuir foi só aumentando o ritmo.

— Galateia? – Chamei pela quarta vez, me atrevendo a segurar sua mão direita com a minha em perceber sua desorientação, mas ter meus dedos apertados com força me fez encolher os ombros pela dor do aperto exagerado. – Você vai quebrar minha mão. – Choraminguei e me movi para mais perto do seu corpo por ela parecer não estar me ouvindo. Deus, sua mão está tremendo, mesmo que esteja quase quebrando a minha. Ela está tendo uma crise de ansiedade? – Hey, olha pra mim. – Usei minha mão livre e guiei seu rosto na direção do meu, focando no azul de seus olhos. Suas irises estavam vibrantes e suas pupilas dilatadas. – Consegue dizer o que mas está te incomodando? - Perguntei com toda paciência do mundo e ela se encolheu escondendo a cabeça entre os joelhos, o que me levou a me inclinar um pouco em sua direção para fazer carinho em sua cabeça. – Téia...

— Água. – Sussurrou e franzi o cenho sem conseguir entender exatamente ao que ela se referia, até olhar para o forro da minha cama e perceber que a luz azul do meu espelho dava a impressão de estarmos dentro de um aquário gigante. Arregalei os olhos no mesmo instante e me ergui em um salto para ir acender a lâmpada, voltando para a cama em uma corrida para desligar meu espelho. Ela estava sonhando que se afogava e acordar no quarto de luz azul só piorou tudo?

— Pronto, eu tirei. – Me ajoelhei na sua frente e seu corpo se manteve encolhido. – Galateia? – Chamei e arregalei os olhos por ela fungar. – Ga... Anjo, vem cá. – Toquei seu ombro e cheguei mais perto por seu corpo, passando os braços ao seu redor. – Téia... Tá tudo bem, já passa, respira devagar. Não vou sair daqui. – Decretei e beijei sua testa puxando seu corpo um pouco mais para perto. – Não tem água, você tá segura e eu não te soltar. – Sussurrei fazendo carinho em seu cabelo.


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Notas finais do capítulo

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