Enfim, férias! escrita por Morgana Lisbeth


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Boa noite, quase madrugada!

Não vou me estender nas notas iniciais por que já está terminando o dia reservado para a postagem da fic no desafio #dezembromione. Espero que gostem de conhecer um pouco dos primeiros lampejos de um sentimento que começou a tomar conta de Ron e Hermione e cresceu ao longo dos anos.



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Muitas cartas haviam sido trocadas com os pais ao longo do primeiro ano de Hermione na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Nas correspondências, a menina falava que estava amando os estudos, as matérias, os professores e os colegas de classe, sem poder se aprofundar nesses assuntos. Por determinação do Ministério e da tradicional instituição de ensino, os alunos eram proibidos de contar sobre o que aprendiam nas aulas.

A resolução ministerial era ainda mais abrangente, proibindo o uso de palavras como bruxaria, feitiçaria, magia e derivadas nas cartas. Por isso, a inteligente bruxa nascida trouxa se detinha mais em detalhes sobre a arquitetura do castelo, a separação em casas segundo aptidões, a grande quantidade de livros da biblioteca, a fartura e variedade das refeições.

"Não estou comendo doces e sempre escovo bem os dentes", escreveu para tranquilizar os pais dentistas. "Todos os alunos aqui são ótimos e agora tenho dois amigos, Harry Tiago Potter e Ronald Billius Weasley, o Ron. No início, eu e Ron não nos entendíamos muito bem por que ele não aceitava que eu o corrigisse quando errava algum dever, mas agora somos amigos", informou em outra ocasião.

Chegaram as esperadas férias escolares e Hermione se sentia dividida. Por um lado, estava morrendo de saudades dos pais, da casa e do seu quarto, sempre tão organizado e confortável. Sentia falta de assistir filmes no sofá da sala e no cinema, de esquiar com o casal Granger, dos passeios de bicicleta nos fins de semana, das longas conversas dos três. Mas, ao mesmo tempo, não queria se afastar de Hogwarts e dos dois amigos que fizera.

Hermione nunca tivera amigos verdadeiros, apenas colegas de turma. Sempre havia focado nos estudos e considerava infantis demais as brincadeiras das crianças de sua idade. Gostava mais de jogos que desafiassem a lógica e ampliassem o conhecimento. Até se permitia pular corda, fazer comidinhas para as bonecas, desenhar ou montar um quebra-cabeças. Mas logo cansava e buscava a companhia de um bom livro.

A menina amava esquiar, já que esse era o esporte predileto do sempre tão sério e compenetrado Albert Granger. Era nas temporadas da família na neve que ela via o pai sorrir abertamente. Mesmo sendo mais sociável e alegre, Jean Mary também não gostava de atividades esportivas coletivas e preferia a natação. Por isso Hermione, antes de completar 5 anos, aprendeu a nadar.

Em comum, o casal Granger tinha o amor aos livros, ao estudo, à profissão e à filha, pela qual abriam mão de todo resto. Não havia sido fácil aceitar que a garota ingressasse em Hogwarts. Mas Hermione possuía algumas habilidades nada comuns e a carta recebida da escola parecia ser a resposta que procuravam há cerca de 6 anos, desde quando assistiram o ursinho de pelúcia da menina se deslocar da prateleira para a cama dela.

— Conte tudo que puder contar, Hermione. Queremos ter certeza que você está estudando em uma instituição que valoriza e ajuda a desenvolver os seus potenciais – a mãe falou depois de já ter abraçado dezenas de vezes a filha que, finalmente, estava de férias.

— Você foi muito econômica com as palavras nas cartas. Não sabemos quais as disciplinas cursa na escola. Estudam literatura clássica, química, matemática...?

— Albert, nossa filha não está numa escola convencional. Hermione tem conhecimentos em nível avançado dessas disciplinas tradicionais. Poderia já ingressar numa universidade. Em Hogwarts, ela aprende outras disciplinas e habilidades – Jean Mary interrompeu o marido.

— Eu sei, querida, mas essas disciplinas são universais. Garanto que bru... quer dizer, pessoas que usam os poderes superiores precisam saber muito de matemática, química e física – Albert se recusava a usar as palavras bruxa, magia e feitiço.

— Pai, aprendemos indiretamente todas essas disciplinas. Eu ampliei muito os meus conhecimentos neste ano – garantiu Hermione que tinha um vocabulário pouco comum a uma garota de 12 anos.

Mas logo Hermione começou a falar de outro assunto, a forte amizade que havia criado com Harry e Ron. E os pais em pouco tempo perceberam que o nome do ruivo era pronunciado com muito mais frequência.

— Eles são muito diferentes. Mas uma coisa que têm em comum é que não são dedicados ao estudo como deveriam. Acredita que não leram 'Hogwarts, uma história', apesar da carta da diretoria da escola recomendar a aquisição e a leitura do livro antes do início das aulas? Eu até entendo o Harry, que é órfão e não recebeu apoio algum dos tios. Mas Ron é de uma família bruxa, todos os irmãos mais velhos dele estudaram em Hogwarts. E sabe o que me respondeu quando perguntei por que não leu? 'Tem esse livro lá em casa, eu não li por que não quis. É longo demais e eu não gosto de livros longos' – ela imitou o tom de voz desafiador do garoto.

— Mas agora, nas férias, com certeza eles vão ler o livro – a mãe tentou defender os dois amigos da filha.

— Harry tem que esconder todos os livros de magia, os tios não aceitam, como já falei. Mas Ron – colocou as mãos na cintura antes de começar a reclamar do ruivinho – é muito preguiçoso! Ele disse que não vai me escrever nas férias! Falou que não gosta de escrever e nem de receber cartas! Ainda foi mal-educado. Eu disse que enviaria uma carta para ele e me respondeu desse jeito! Não precisava nem ser uma carta longa. Era só para dizer se estava bem, o que estava fazendo nas férias. Também só vou mandar uma cartinha curta e olhe lá. E se Ron não responder, não escrevo nunca mais para ele!

— Como é mesmo o nome dele? Ron é um apelido, não é? – o pais quis saber.

— Ronald. Ele não gosta que chamem ele assim, prefere Ron. Ronald Billius, para ser mais precisa. Ele detesta o Billius, que é o nome de um tio. Ronald Billius Weasley. Esse é o nome completo dele. Os Weasley são muito conhecidos no mundo bruxo, o pai de Ron trabalha no Ministério da Magia e...

— Ronald é aquele garoto de óculos que vimos conversando com você na estação? - o pai precisava saber mais daquele amigo que se destacava na conversa com a filha.

— Não, aquele é o Harry. Ron é ruivo, tem sardas e olhos... azuis. É, os olhos dele são muito azuis - a garota tentou evitar qualquer elogio.

— Os olhos dele são bonitos? – a observadora Jean Mary fez a pergunta, mas foi o pai que a encarou com um jeito interrogativo.

— Bem, são... eu acho... O interessante é que os olhos dele vivem mudando de tom. Quando Ron sente raiva ou medo, ficam azuis escuros. No sol, são mais claros, às vezes levemente esverdeados. À noite, têm uma tonalidade mais acinzentada.... Hei! Por que me perguntou isso? - Hermione sentiu o rosto queimar ao perceber o quanto os pais estavam concentrados em cada palavra que dizia.

Por Merlin! Precisava admitir para si mesma. Os olhos de Ron eram lindos! Já havia visto muitos olhos azuis, inclusive os do próprio pai, mas nenhum chamara atenção como os dele. Na verdade, achava os cabelos ruivos do garoto também tão bonitos... Devia ser por isso que Ron nunca passava despercebido – a garota concluiu -, ele era muito colorido. Duas orbes em tom celestial, as madeixas que lembravam o fogo e ainda aquelas sardas salpicando todo o rosto, os braços, as mãos.

A conversa com os pais continuou e, sem se dar conta, Hermione falou muito do amigo que demorou a conquistar, o amigo que ousou chamá-la de pesadelo. Sabia que havia ensinado muito a Harry e a ele, especialmente os conteúdos passados nas aulas. Mas foi com Ron que aprendeu o valor da verdadeira amizade.

O fato dele ter usado a pronúncia certa, corrigida por ela, para lançar o vingardium leviosa e derrubar o trasgo foi uma prova de que pelos amigos valia a pena qualquer coisa, inclusive vencer o orgulho próprio.

— No início, eu e Ron não nos demos muito bem. Ele ficou chateado por que corrigi a forma que pronunciou um feitiço. Mas depois, quando precisou... quer dizer, quando viu que esse feitiço era importante, ele entendeu que eu estava certa. E eu acho que aprendi com ele também. Ele sempre valorizou muito as amizades – a garota reconheceu.

Quanta admiração sentiu por Ron quando ele se deixou abater pela Rainha branca no jogo de xadrez bruxo gigante para que Harry pudesse vencer a partida e assim impedir que a pedra filosofal fosse furtada. Ela ficou desesperada ao ver o ruivo tombar no chão. "Isto é xadrez! A pessoa tem que fazer alguns sacrifícios", a voz dele ainda ecoava em sua mente. Se de fato existiam heróis, Ron era um deles. Agira com coragem e se sacrificara em favor do mundo bruxo e, especialmente, do amigo.

— Ron ganhou todas as partidas de xadrez bruxo que disputou neste ano na escola. Venceu até de Alvo Dumbledore, que é o diretor de Hogwarts e o feiticeiro mais poderoso da atualidade. E Ron jogo de um jeito tão tranquilo. Parece desligado, mas, quando a gente vê, fez a jogada certa. Ele não se importa tanto assim com a vitória e foi capaz de perder para o Harry sair vitorioso num momento em que isso era muito importante, entende? Eu não tenho como dar mais detalhes, tem coisas que não posso contar. O fato é que ele é brilhante no xadrez bruxo, pai – a garota fez questão de falar para Albert Granger, um enxadrista habilidoso.

Se existia um outro aspecto relacionado a Ron Weasley que a intrigava era o fato dele ser de uma tradicional família bruxa e, ainda assim, não ter qualquer preconceito contra os nascidos trouxas, como ela.

— Alguns alunos se consideram melhores por que são sangue puro, ou seja, entre os seus antepassados só existem bruxos. Ron é de uma família assim, mas nunca se achou superior a ninguém. Aliás, como eu ia falando antes, o pai dele trabalha no Ministério da Magia, no escritório que controla o mau uso dos artefatos da comunidade não mágica. Ele ficava me perguntando sobre a nossa tecnologia, queria saber como funciona o telefone, a TV, os automóveis. Tudo isso para depois ter assunto para conversar com o pai. A família de Ron é enorme e muito unida. São sete irmãos e só uma menina, a Gina, que vai entrar em Hogwarts no próximo ano. Ron disse que eu e Harry, se quisermos, podemos ir conhecer a casa dele. Já imaginaram a emoção de visitar uma casa assim, onde todos têm magia? – Hermione não cansava de falar sobre o ruivinho.

A conversa se estendeu um pouco mais. Ron continuou a ser a palavra mais escutada pelo casal. Entre as palavras não ditas por Hermione, estava o sofrimento que sentira ao ter a amizade inicialmente rejeitada por Ron e a necessidade de ver suas atitudes aprovadas e, de modo especial, elogiadas por ele. Cansada depois da viagem de Hogwarts a Londres e do longo bate-papo, a menina pediu licença aos pais para subir até o quarto e dormir.

— Albert, meu querido, pelo visto nossos netos serão bruxos. E, provavelmente, poderão ter os cabelos ruivos. Nunca vi Hermione falar com tanto entusiasmo de um garoto antes – a mãe sorriu.

— Nem quero pensar nisso, Jean Mary. Pelo menos, não tão cedo. Mas acho que vamos precisar conhecer melhor esse tal de Ron. Tenho que conferir com meus próprios olhos se ele é bom o suficiente para minha garotinha – o pai se conformou.

 

* * * * * * * * * * * *

 

Enquanto Hermione se preparava para deitar, não muito distante dali, em uma casa torta de cinco andares sustentada pela magia, o último dos irmãos Weasley a entrar em Hogwarts conversava com os pais.

Como Molly e Arthur eram bruxos e muito bem informados dos acontecimentos da escola de magia, Ron não precisou omitir tantas informações. Algumas, como o episódio do trasgo no banheiro, ele contou com menos detalhes.

Mas o que chamou a atenção do casal Weasley na maioria dos relatos foi a menção a uma menina de cabelos volumosos e jeito impertinente. Aliás, Hermione era citada em quase todas as falas de Ron. Isso os deixava especialmente intrigados devido ao fato do filho ter estudado e se tornado melhor amigo de um dos mais conhecidos bruxos da comunidade mágica, Harry Potter, o Menino que Sobreviveu.

— Certo, Ron, já entendemos que Hermione leu todos os livros antes de começar na escola e aprendeu sozinha a fazer alguns feitiços. Mas, e o Harry Potter? Quais as maiores habilidades dele? – a mãe, que pertencera a lendária Ordem da Fênix, insistia na pergunta.

— Harry é um aluno como os outros. Quer dizer, ele é um ótimo bruxo, é muito corajoso. Acho que até se arrisca demais...

— Ele se arrisca demais como assim, Ronald Billius? Vocês por acaso correram perigos desnecessários neste ano? Eu ouvi falar que não foi por acaso que estavam no banheiro invadido pelo trasgo. A Minerva me contou que foi ideia dessa menina, da Hermione, enfrentar o trasgo. Parece que ela se acha capaz de fazer magia avançada – Molly cruzou os braços e, quando isso acontecia, era sinal de que vinha bronca pela frente.

— Mãe, você está enganada. Hermione é legal. Ela só queria ajudar. Bem, de fato Mione acha que, quando se trata de magia, pode fazer muita coisa. E pode mesmo. Nunca vi ninguém na idade dela tão boa em acertar um feitiço. Hermione é um tanto metida a sabe-tudo, é fato. Mas, no final do ano, reconheceu que inteligência e leitura não são tudo. Que a amizade vale muito mais – o garoto defendeu a amiga.

— Eu fico curioso em saber como é, para uma garota que vem do mundo trouxa, a integração com a comunidade bruxa. Hermione sente falta dos artefatos de comunicação como televone, que substitui nossa Rede de Pó de Flu, e a telavisão, uma espécie de bola de cristal? – o pai não podia perder aquela oportunidade de perguntar.

— Ela não fala muito disso não. Contou sobre um esporte esquisito que é praticado na neve. Os trouxas ficam deslizando e até descem pelas montanhas usando um artefato que calçam nos pés e um apoio para os braços. Eu não lembro o nome do esporte... acho que é estiar ou algo assim – a cultura da qual vinha Hermione era um grande mistério para Ron.

— Esqui na neve! É mesmo um esporte muito interessante. E difícil. Sem usar magia, não é nada fácil deslizar pelas montanhas cobertas pelo gelo sem escorregar e cair – o pai admitiu.

— Deve ser muito engraçado. Eu ri quando Hermione me contou como era e ela ficou chateada. Mione não tem muito bom humor – Ron deixou escapar.

— Meu filho! A vida inteira eu ensinei a você e a seus irmãos que devemos respeitar todas as culturas, especialmente a dos trouxas. Eles são muito perspicazes e inteligentes. Conseguem fazer um meio de transporte que voa e leva centenas de passageiros, sem falar nos trens balas que correm a grande velocidade pelos trilhos. Temos que aprender com eles. Não quero que você zombe nunca mais de uma realidade trouxa. Devia pedir desculpas a Hermione – Arthur Weasley dificilmente brigava com os filhos, mas havia certas atitudes que considerava inaceitáveis.

— Pedi desculpas. Não queria rir. Foi mais forte que eu. Mas Hermione também achou muito engraçado quando contei como era a comunicação pela Rede de Pó de Flu – o garoto contrapôs.

— Fico feliz em saber que você fez amizade com uma nascida trouxa. Você vai aprender muito com ela sobre essa cultura e...

— Pai, Hermione parece menos interessada nas realidades trouxas que o senhor. Ela ama ser bruxa. E tenho que reconhecer que é uma excelente bruxa. O problema é que ela é muita chata alguma vezes – o garoto emburrou a cara.

— Chata como assim, Ronald? Ela parece bem legal, pelo que falou até agora – foi a vez da mãe intervir.

— Mas quando ela fica com o nariz empinado e se comporta como uma sabe-tudo, é bem irritante. Ninguém tem a obrigação de conhecer cada feitiço, acertar todas as fórmulas mágicas, decorar tudo que está escrito em 'Hogwarts, uma história'. Quando ela age assim, é chata demais. Pessoas presas a normas são chatas e irritantes. A senhora não diz sempre que a vida, inclusive a magia, precisa de um pouco de improviso? – Ron devolveu a pergunta para a mãe.

— Sim, Ron, a criatividade é a mola propulsora da vida. Se não existisse essa improvisação, sempre na medida certa, jamais surgiriam novos feitiços. Mas o improviso é a exceção, não a regra. Aliás, só pode improvisar quem sabe seguir a fórmula correta. Portanto, mocinho, antes de inventar, faça exatamente o que ensinam os professores e os livros – Molly voltou a cruzar os braços.

— Mãe, eu fui um bom aluno. Sério! Quando chegar o boletim, você vai poder conferir. Mas não compare minhas notas com as de Hermione, por favor. Eu não tenho pretensão de ser o melhor aluno de Hogwarts, como ela – as orelhas de Ron ficaram vermelhas.

— Eu e seu pai não queremos que seja nem mesmo o melhor aluno da sua turma. Queremos simplesmente que se esforce para dar o SEU melhor. Não são apenas as notas que definem quem somos. Valores como a bondade, a ética e a solidariedade são fundamentais – a mãe suavizou a voz.

— Sim, por isso que o respeito aos valores e à cultura dos trouxas são tão importantes. Acho que a amizade com a Hermione vai fazer muito bem para você. Já são amigos, não é? Tem momentos que parece estar tão irritado com ela – Arthur ponderou.

— Ela é muito irritante, eu já falei. Fica querendo controlar eu e Harry, saber se fizéssemos todos os deveres passados pelos professores. No início, eu ficava para morrer com isso. Mas, com o tempo, entendi que ela quer ajudar. Só que essa atitude dela é bem chata também – o garoto não escondia os sentimentos contraditórios que experimentava.

— Resumindo, você acha que ela é chata e legal ao mesmo tempo – Arthur olhava para o filho de um jeito divertido.

— Isso mesmo. Ela é chata, mas é também a garota mais legal que já conheci. Quando decide ajudar, faz isso com perfeição. Não desiste fácil não, vai até o fim para colaborar com os amigos. Sempre que consegue esquecer das regras e relaxa um pouco, ela é bem divertida. Nesses momentos, acho muito bom conversar com Mione – Ron abriu um sorriso sem perceber a atenção com a qual os pais o observavam.

— Você podia trazer essa garota aqui na Toca, o que acha? – a mãe propôs.

— Com certeza. Ela será muito bem-vinda em nossa casa. Pode até convidar os pais para acompanhá-la na visita – o pai completou.

— Não sei. Acho que vão achar uma casa bruxa assim... estranha. Talvez fiquem assustados – Ron estava constrangido com aquela proposta dos pais.

— Nossa casa estranha? Assustadora? Ronald Billus! Por acaso está com vergonha por que não temos muitas posses? – a mãe voltou a cruzar os braços.

— Não, mãe, claro que não. A nossa casa é o melhor lugar do mundo. E a sua comida é a mais deliciosa que existe. Nem as refeições de Hogwarts conseguem ser tão boas assim – ele ganhou um abraço apertado e um beijo de Molly.

— Então, qual é o problema? Por que não quer convidar Hermione para vir aqui? – Arthur, que sonhava em fazer amizade com uma família trouxa, insistiu.

Como o garoto poderia dizer que se sentia profundamente constrangido ao pensar em Hermione visitando A Toca, olhando o seu quarto, sentando no sofá da sala para ouvir Molly e Arthur contar histórias da infância dele? Curioso que conseguia imaginar Harry nessas mesmas situações sem sentir qualquer desconforto.

— Ah, sei lá. A nossa amizade tem menos de um ano. Eu não fiquei logo amigo dela e, sim, do Harry. Ela é legal, mas é uma garota. Acho as garotas um tanto complicadas. Nunca entendi muito as garotas. Não posso convidar o Harry para vir aqui no lugar de Hermione? – Ron tentou encerrar aquele assunto.

— Sim, parece uma ótima ideia – o pai concordou.

— Convide o Harry agora e a Hermione em outra ocasião – a mãe completou.

O garoto balançou a cabeça em concordância e se despediu dos pais. "Vou dormir. Já está tarde", falou, recebendo beijos de boa noite do casal Weasley. Subiu os muitos degraus que levavam até o quarto pensando em um dos momentos mais felizes vividos no último ano. Foi quando percebeu o jeito orgulhoso com o qual Hermione olhou para ele depois da partida de xadrez bruxo com peças gigantes. Era o primeiro lampejo de uma convicção amadurecida muito tempo depois: nada trazia mais felicidade para Ron do que ser o herói daquela menina.

— Arthur, tudo indica que o seu sonho vai se realizar. Ron deverá se casar com uma bruxa nascida trouxa – a mãe abriu um sorriso. – Sei que ainda é cedo para pensar nisso. Mas essa garota, definitivamente, mexe com as emoções dele. Consegue fazer nosso filho ficar com raiva, irritado, feliz e confortável ao mesmo também.

— E bem desconfortável também. Percebeu como ele ficou envergonhado quando falamos para ele convidar Hermione para vir aqui? É, acho que terei netos de sangue mestiço – Arthur não conseguiu disfarçar a alegria ao pensar nisso.

A noite avançara, com a lua cheia já alta no céu, mas dois estudantes de Hogwarts não conseguiam dormir. Lembravam, com um misto de emoções, todas as aventuras vividas no primeiro ano da Escola de Magia e Bruxaria. No meio de tantas recordações, ela sempre via o rosto de um garoto de cabelos vermelhos e olhos azuis que a chamara de pesadelo. Ele, por sua vez, tinha as memórias entrecortadas pela menina de cabelos volumosos e luminosos e inteligentes olhos castanhos que corrigira sua pronúncia de um feitiço. Antes de finalmente serem vencidos pelo sono, reconheceram que já faziam parte da vida um do outro. E esse pensamento os deixou felizes!

 

F I M


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Notas finais do capítulo

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