Uma Rainha Para Robb Stark escrita por Cloto


Capítulo 6
Aliança




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O peso de uma corôa nunca é leve e tanto Robb quanto Maryssa aprendiam isso a duras penas.

Maryssa, depois de aprender um pouco com as poucas curandeiras do acampamento, passou a ajudar a cuidar dos feridos e doentes e o que via era de cortar o coração.

Quando um homem morreu sob seus cuidados, sentiu uma imensa culpa, mesmo com Talisa garantindo que a rainha fez tudo o que podia para aliviar a dor do jovem.

—Não é fácil fazer o que fazemos. -consolou Talisa -Mas se ninguém fazer vai ser pior. O custo de uma guerra é mais alto do que as pessoas acham que sabem. Homens feridos ou mortos são sinônimos de mulheres e crianças que terão uma vida mais difícil. Ser mãe, filha, irmã e esposa é pior do que ser soldado. Somos nós que recolhemos os pedaços enquanto os vitoriosos comemoram as suas glórias. A história lembra dos homens que lutam por poder, mas não registra o sofrimento que se instala em cada lar arrasado.

Talisa olhou para os soldados, que gemiam de dor.

—A história não se lembra de nós, as que anonimamente salvam vidas para que os homens possam continuar se matando.

 "A história talvez me esqueça. Mas eu vou me lembrar. Eu sempre vou me lembrar"

Talisa puxou Maryssa para um canto e apontou para Roose Bolton.

—Fique de olho nesse homem. Tem algo nele que me causa arrepios. Ele não planeja coisa boa, eu sinto isso!

—Eu estou atenta a ele, Talisa. Bem atenta.

"Ainda mais agora que ele planeja se casar com uma Frey! Meu avô e ele juntos? Não vai sair nada de bom daí!"

—Ele anda muito com aquele primo do Lord Umber. -Talisa disse em um tom baixo.

Maryssa assentiu, apertando os olhos com desconfiança para o Bolton.

—Obrigada, Talisa.

Quando passou perto de Roose, resolveu se aproximar e puxar uma conversa.

—Lord Bolton?

—Pois não, rainha?

—O senhor já decidiu quem é a mulher com quem vai casar? Estou curiosa com o parentesco que nós vamos ter.

Se fosse Hildegard ela o mataria naquele dia mesmo.

—Walda.

Ela ficou confusa. Tia Walda? Justo ela?

—Vovô andou oferecendo nosso peso em prata de novo?

Roose parecia um pouco envergonhado, apesar do olhar frio.

—Sim.

E considerando o tamanho de Walda, deve ter sido uma montanha de moedas de pratas e tanto.

—Então terei a honra de ter o senhor como meu tio. Fico feliz. Até mais tarde, Lord.

Roose iria viver mais um pouco. Só mais um pouco.

Tia Walda infelizmente teria que se deitar com a criatura, mas era um mal necessário. Só até ela ficar grávida. 

Depois Maryssa daria seu jeitinho, e então um Frey com sangue Bolton seria o dono de Forte Do Pavor e Maryssa poderia usar o parentesco de ambas como desculpa para fazer a criança pupilo dela e de Robb, Walda controlaria Forte Do Pavor com um poder que ela nunca imaginou ter e então poderia criar lealdade entre seus filhos e a criança dela, impedindo que os próximos Bolton fossem dementes mentais esfolafores e os transformando numa família leal a dela.

Roose conspirava contra Robb, ela sabia, e achava muito irônico que ela, esposa de Robb, conspirasse contra ele. 

O hilário de conspirar é que quem o faz pensar ser o único a fazer, às vezes nem cogita que seu alvo ou alguém próximo esteja fazendo o mesmo com ele.

E para ser sincera, ela pensava que ele devia ser do tipo que acha todas as mulheres burras e intelectualmente limitadas, incapazes de serem astutas.

Ela deu um sorriso debochado.

Essa era a fraqueza de homens como ele e Walder Frey.

Caminhou até sua tenda e ouviu a voz de Catelyn falando com o filho.

—Eu não tenho certeza mãe.

—Me deixe ajudar, filho, eu tenho que tentar.

Ela entrou na tenda.

—Olá, o que está havendo?

—Quero ir até Stannis e Renly e tentar de alguma forma fazer com que se aliem a nós.

—Eu vou também. -ela declarou, para espanto dos dois.

—Está louca?

—Eu prometo, Robb. Stannis e Renly vão se aliar ao Norte. Te dou minha palavra.

—Mas como você fará isso? Como pode ter tanta certeza.

—Eu confio em mim mesma. -ela disse com um pouco de arrogância. ‐Você terá uma aliança com eles ou eu não me chamo Maryssa.

Depois de muito argumentar, ambos muito relutantes decidiram permitir que Maryssa fosse com Catelyn e alguns soldados.

(...)

Quando ela parou pela quarta vez para vomitar naquele dia, Maryssa se desesperou, mal acreditando que podia ter pego uma doença.

—O que está acontecendo comigo?

Decidiu não falar nada. Já podia sentir o sermão vindo de longe sobre se arriscar naquela empreitada com um estado de saúde precário.

Maryssa fez de tudo para fingir que estava bem.

Foi um alívio quando chegou no local que era indicado.

Quando viu o acampamento de Renly, ela saiu escondida, sabendo que seria repreendida por Catelyn depois.

Mas precisava espionar para saber como tirar o melhor proveito da situação.

E tirou um bom proveito quando percebeu que em um canto mais escondido, Renly, que ela reconheceu pelas características Baratheon, e um outro homem se agarravam e trocavam um beijo bem lascivo.

—Interessante! -ela disse, voltando ao lugar que deveria estar sem que os soldados exaustos votassem sua ausência.

—Maryssa, estou indo conversar com Renly, você vem comigo?

—Claro!

Quando Renly apresentou Margaery como a sua rainha e Loras como o Cavaleiro Das Flores, Maryssa achou a informação mais interessante ainda para ser usada.

Quando Stannis chegou e ambos discutiram sem que Catelyn conseguisse fazer com que os dois se resolvessem e agora era a hora dela agir.

—Catelyn, eu vou falar com ambos. Me espere aqui okay?

—Mas o que você vai fazer. 

—Vou cumprir o que prometi.

Pediu a tal sór Brienne de Tarth para falar com Renly.

—Por que a esposa de Robb Stark precisa falar comigo?

—Por que tenho uma proposta para você, Renly Baratheon.

Ele ficou intrigado.

—Você sabe, ou deveria saber, que apenas o seu carisma não basta para ser um rei.

O olho dele tremeu de irritação ao ouvir isso.

—Você precisa de uma mão de ferro. Stannis é essa mão. Vocês dois juntos, se fossem uma pessoa só seria um rei formidável.

—Você está tentando me ofender.

—Estou querendo ajudar. Renly, você não pode ser rei. Não agora.

—O que quer insinuar?

—O mais velho sempre tem precedência. E você não pode ignorar essa lei sem que te considerem como um Blackfyre. Mas isso não quer dizer que você não possa ser rei. 

Renly a olhou com atenção redobrada, percebendo que ela tramava alguma coisa.

—Você quer que eu desista da minha corôa?

—Quero que espere a sua corôa. Para que possa receber ela sem contestação, totalmente de forma inquestionável.

—O que você propõe exatamente?

—Aceite ser o príncipe herdeiro de Stannis. 

—Você está louca?

—Meu querido, primeiro a guerra, depois o trono. Precisamos vencer os Lannister pra depois resolver qual é a bunda que senta na cadeira feia.

—E depois?

—Ora, é guerra! Stannis pode morrer em uma batalha, pegar uma doença aqui, sofrer um acidente ali. Tantas formas de morrer são discretas e acima de qualquer suspeita...

Renly pensou seriamente em tudo o que ela falou.

Não era um plano ruim.

Com o Norte e as Terras Fluviais do seu lado e o exército de Stannis a vitória era certa.

—Eu aceito. Mas o que você quer em troca?

—O Norte é claro. E as Terras Fluviais, o meu tio por casamento deseja ter Robb como rei. 

Depois de raciocinar, ele aceitou a proposta.

—Temos um trato. Mas Stannis vai aceitar? Eu não tenho certeza, ele vai querer colocar uma corôa na menina deformada.

—Eu estou indo convencer Stannis. Cumpra sua palavra, Lord Renly. Ou melhor, príncipe herdeiro Renly, futuro rei de Westeros.

Ela saiu sorridente, a parte um de seu plano estava concluída.

Então foi a vez de ir até Stannis.

Ele estava ao lado de sua sacerdotisa vermelha.

—Você pediu uma audiência. Estou curioso, visto que ouvi de certas pessoas que você procurou meu tolo irmão primeiro.

—Sim, eu procurei Renly para convencer o rapaz a te aceitar como rei. E consegui.

Stannis ergueu a sobrancelha.

—Como? Eu ouvi bem?

—Sim. Seu irmão vai se declarar ao seu lado em vez de contra você. 

—E como fez isso?

—Ele será declarado por você como o príncipe herdeiro em vez da pequena Shireen.

—O trono será da minha filha depois de mim, lady Stark. Ela é minha herdeira por direito.

—E ela pode ser ainda.

—Você quer que eu declare Renly meu herdeiro para depois voltar atrás na minha palavra?

—Não exatamente. Renly será seu herdeiro, mas você terá que mandar seu irmão vestir o negro pois ele cometerá um grave pecado contra os bons costumes, tão grave que terá que ir para a Muralha.

—E por que ele cometeria algo assim? Ele não é idiota a esse nível.

—Seu irmão é um engolidor de espada.

Stannis não parecia muito surpreso.

—Sempre desconfiei. O jeito dele com outros rapazes...

—Seu irmão engole particularmente a espada de sir Loras.

Isso realmente surpreendeu Stannis.

—Imagine o escândalo. Renly não só comete o pecado do adultério e sodomia,  como o faz com o irmão da própria esposa. Uma grande vergonha não acha? Que coisa terrível! Você seria obrigado a mandar Renly esfriar o bumbum na Parede para pagar por esse grande pecado e salvar a honra de sua família. E então, sem escolha, você terá que nomear a única parente que lhe restou, Shireen.

Melisandre parecia particularmente deliciada com a ideia.

—Eu gosto disso. Gosto muito disso. Uma forma de morrer aos poucos.

—Você me convenceu milady.

—Então todos temos um trato.

Satisfeita, ela estava prestes a sair da tenda quando Melisandre a chamou.

—Eu estou surpresa. Alguma coisa está mudando no mundo. R'llor me mostrou. Menos sangue inocente derramado. Mortes diferentes e um outro rumo. Eu vejo sangue em você. Mas vejo salvação também.

Maryssa revirou os olhos e foi embora.

A mulher só falava por enigmas.

E para o grande choque das forças de Stannis e Renly, ambos os irmãos firmaram um trato um com outro e com Maryssa no dia seguinte 


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