Uma Rainha Para Robb Stark escrita por Cloto


Capítulo 2
Frey




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Ela era uma mulher, e uma Frey.

E isso queria dizer que era apenas um pedaço de carne indesejado, pronto para ser vendido.

Mulheres da família Frey não eram muito cobiçadas. A maioria era feia, como seu avô. E além disso, Walder Frey fez questão de dar uma fama ruim para a sua casa.

Quem queria se casar com elas? Nenhum nobre realmente pensaria numa Frey como primeira opção como esposa. E Maryssa tinha sérias dúvidas que suas tias e primas pudessem ser felizes, quando foram forçadas por Walder a seus maridos.

Wotan Frey (filho de Walder com sua quarta esposa, Alyssa Blackwood) entrou no quarto que ela dividia com a irmã, uma tia e uma prima para fazer um anúncio que fez correr calafrios pela espinha de Maryssa.

—Robb Stark e seu tio Edmure Tully estão aqui para negociar com o meu pai.

Maryssa gemeu de frustração.

—Não, não basta um, tem que dois homens tão importantes de uma vez? Não, não!

Wotan pôs a mão no ombro da filha.

—Eu sei que você se sente mal quando seu avô as faz se enfileirar como gado, filha, e eu lamento.

—É tão humilhante papai! É como se não fôssemos gente!

Maryssa achava desumanizante o que o avô fazia com as mulheres da família. Elas eram sua carne e sangue! Mas ele as via como coisas para serem vendidas.

Mas ela tinha que se conformar.

—Vamos, temos todas que ficar "lindas" para os senhores escolherem sua vaca parideira.

Euphrosyne (nascida Whent), sua mãe, arrumava os cabelos de sua irmã.

—Você sabe que há uma chance em três de ser escolhida, não sabe irmã?

Maryssa revirou os olhos.

—De rosto bonito só restou eu, você e nossa tia Roslin. E você é a mais bonita que restou aqui.

Maryssa cobriu o rosto com as mãos.

—Como eu odeio isso! Por que nascemos com essa sina só por sermos mulheres?

—Vamos queridas. Hildegard já terminei com você, agora vou arrumar sua irmã.

Maryssa bufou.

—Eu me senti da mesma forma quando meu pai anunciou que me casaria com Wotan meu bem. Mas não é que deu certo? Tente minha querida, como eu tentei. Se deu certo para mim, pode dar certo pra você também.

—Ao menos os dois são gostosos.

Ambas olharam para Hildegard de olhos arregalados.

—Estou mentindo? Eles são. Podia ser pior, vovô geralmente nos casa ou com velhos, ou com feios, ou com velhos e feios. Ao menos estes a gente não vai vomitar quando ficarmos a sós para consumar o casamento.

Maryssa e Euphrosyne eram obrigadas a concordar.

Diante do que Walder costuma jogar suas filhas e netas, um homem jovem e bonito era um lucro.

—Vamos meninas. É hora de atender a convocação do seu avô.

Elas foram, com desânimo.

Quando seu avô bateu uma palma para dar o sinal, elas entraram, como gado, formaram uma fila, como gado, e esperaram de cabeça baixa. Como gado.

"Como eu odeio isso!"

Ela estava revoltada e olhou com desafio para Robb Stark. Esse olhar geralmente afastava os pretendentes quando eles olhavam demais para ela. Mas não Robb Stark.

E para sua surpresa e espanto, ele a escolheu.

—Ah sim, a filha de meu Wotan. Uma das minhas poucas flores bonitas. Boa escolha. E você Tully?

—Eu escolho esta. 

—Roslin? Pois bem! Que comemoramos essa aliança, e vamos marcar a data dessas duas uniões entre nossas famílias.

—Não. -falou Robb. Surpreendendo a todos.

—Como não?

—Você marcará apenas o casamento de Edmure e Roslin. Por que para provar a nossa boa vontade em relação a nosso trato. Eu me caso aqui mesmo com sua neta. Assim que puder fazer os preparativos.

Os olhos de Walder brilharam de animação.

—Você casa amanhã, rapaz?

—Se tudo estiver pronto, caso sim.

—Então que seja! Amanhã minha querida neta Maryssa será a rainha do Norte!

Todos levantaram as taças para fazer uma comemoração.

Maryssa sentiu o medo se instalar.

"Isso está sendo rápido demais!"

Robb inesperadamente apareceu e lhe ofereceu um braço.

—Gostaria de conversar um pouco com a minha noiva, se não se importam.

—É toda sua. - disse Walder em tom de deboche.

Maryssa reprimiu seu desgosto com o avô e obedientemente pôs sua mão no braço de Robb e caminhou com ele até o jardim.

—Eu tinha esperança de ao menos nos conhecer um pouco antes que ambos nos entrelacemos para sempre.

—Por que me escolheu? -ela perguntou com brusquidão.

—Por que eu preciso de uma rainha e não de uma dama. O jeito que você me olhou... Se você tem essa coragem em você, será ainda corajosa com o que está por vir. Eu preciso de uma esposa firme.

Maryssa entendia o raciocínio, portanto respeitou um pouco mais Robb por não ter escolhido uma lady que só pensava em bordar como sua rainha.

—Não sei se sou o que você e seu povo precisa.

—Para ser sincero, às vezes eu mesmo não sei se sou o que meus homens precisam que eu seja.

—Robb... Eu tenho medo. O que será de nós dois? Nem nos conhecemos.

—Não. Mas podemos nos conhecer. Eu quero dar certo. Eu quero tentar ser feliz nesse casamento.

"Mamãe disse para dar uma chance. E se eu der? Poderei ser feliz?"

—Sei que não sou o que escolheria. Eu sou uma Frey.

—Não há nada de errado nisso.

—Robb, eu não sou ingênua. Eu sei que somos conhecidos como a casa dos filhos da puta que viram a casaca para qualquer lado.

Ela se sentou num banco com o olhar triste.

—Ninguém sabe como é ter sangue Frey correndo nas veias. Somos uma casa que tem uma importância considerável, mas as outras famílias nobre nos desprezam. Meu avô... Ele é ambicioso, cobra caro pela passagem e tenta empurrar as mulheres da família para qualquer um dos nobres que tentem passar, ou para tentar arranjar esposas para si, seus filhos e netos. Nós somos cada vez mais indesejadas. Meu avô não nos vê como pessoas, somos ou gado para ser abatido ou gado para ser vendido por aí. Eu ainda me lembro de como ele costumava nos oferecer pelo peso em prata para alguns dos nobres que passaram por aqui. 

Para Robb, que veio de uma família que o tratava com amor era difícil conceber que um avô e pai pudesse agir de tal maneira com a sua prole. Mas ele viu em primeira mão o modo de Walder agir. A dor pelo modo que era tratada era visível nos olhos de Maryssa.

—Eu prometo que você será tratada com toda a honra, que nunca será tratada de forma indigna ao meu lado.

—Eu só acredito vendo, Robb Stark. Eu não tenho ilusões.


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