A lenda do Pão de Tom escrita por claradasideias


Capítulo 1
Como a fama surgiu


Notas iniciais do capítulo

1- Eu li essa história numa embalagem de panetone há dois anos e não sei se é verdade ou não. Mas mesmo mentira, era uma boa história, né? kkkk
2- Pois é, por mais natalino que seja o panetone essa ainda não é a história do tão aguardado especial de natal. Já é o volume 2 da minha enrolação depois de "A Guardiã que perdeu a memória" kkkkk
3- Nesse primeiro capítulo eu não contei como eles se apaixonaram pela Marinette, aapenas como se conheceram. Inclusive, me referi a eles como meninos para dar ideia de que são crianças.
4- Roda o cap:



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Marinette nasceu em uma época em que o máximo que podia almejar era um bom casamento. Nem sequer podia querer que esse bom casamento fosse com uma pessoa que amasse, visto que não era garantido que tal amor poderia sustentá-la com estabilidade.  

Ao menos ela tinha mais sorte que suas amigas. Vários dos homens com quem encontrou durante a vida caíram em suas graças e, agora mais velha, tinha várias propostas de casamento. Ela poderia escolher o que mais gostasse, um luxo para poucas. 

Seu sonho era trabalhar como alfaiate na corte, um posto que dificilmente teria chance visto que a garota era filha do padeiro da vila e por isso não tinha muitas posses. Apesar disso, no meio de muitos miseráveis, ao menos eles tinham comida mais regularmente e uma fonte de renda quase fixa. 

Todos os pretendentes de Marinete eram artistas, talvez isso fosse reflexo da personalidade da garota. Ela sempre demonstrou aptidão para desenho e se o pai tivesse mais dinheiro, mandá-la-ia para estudar pintura na Igreja. O pai sorria ao ver a alegria da filha desenhando roupas, afinal essa era uma atividade na qual ela poderia ser feliz em paz por não ir contra o único ofício que lhe era garantido o aprendizado. 

... 

Era um dia chuvoso e ninguém saia de suas casas, porém um jovenzinho estava sentado em silêncio perto da calçada com uma cara tristonha. Ao olhar para ele, Marinette podia enxergar abandono em seus olhos e ao mesmo tempo via muita vontade e determinação.  

Curiosa para saber o que ele fazia ali, a garota saiu e se aproximou. Logo percebeu que seu olhar estava fixo em algum ponto não muito longe, que ela percebeu ser uma casinha onde uma sombra estava perto da janela. Seria a casa dele? 

—Por que está tão triste e sozinho? - ela perguntou docemente, mas ele pareceu não escutar -Olá! Você me escuta? - perguntou mais alto, gesticulando 

Foi então que ele girou a cabeça parecendo finalmente notar a presença da garota. 

—Ah, oi. - ele sorriu – Estava distraído. 

—Percebi – ela riu baixinho – Qual é a fonte de sua distração? 

—Estou criando a mais nova peça que vou estrear no teatro real! - ele disse com animação -Já vejo os atores colocando as falas e ações para fora do meu roteiro e já está perfeita! - ele disse sonhador 

—Então por que está tão triste se seus objetivos são tão promissores? - perguntou hesitante 

—Meus pais querem que eu seja cozinheiro como eles, é o único ofício que podem me ensinar... Eles sabem dizem que muitos dos que tentam uma vida boêmia acabam na miséria. Eu fui contra eles e fiz uma exibição da minha primeira peça para a própria princesa Chloé, e ela não gostou... - disse muito abalado – Meus pais acham que estou condenado ao fracasso e me expulsaram de casa... 

Ele parecia querer falar mais coisas, mais calou-se novamente e fechou-se em seu mundo de ideias. Ele estava sozinho e sem perspectiva de futuro, com um sonho quase impossível. Depois de uma reprovação da princesa seria difícil que algo seu ficasse em cartaz por muito tempo...  

Ele sentia o desespero batendo e tentava controlar tudo com ideias para melhorar sua peça. Isso era como uma válvula de escape para um mundo dos sonhos onde tudo era mais fantasioso e mágico do que aquele mundo que lhe roubara a esperança. 

Quando olhou para o lado novamente, a garota não estava mais. Ele suspirou, provavelmente ela cansou de ouvir as lamúrias de um artista renegado. Entretanto quando olhou para o lado novamente, viu que ela estava de volta com um saco cheio de pães. 

—Você vai precisar de alimento até o momento em que ficar famoso. - ela comentou animada – Leve estes pães, em troca eu só quero que me convide quando a próxima peça estrear. Ah, e não convide a princesa Chloé. 

Aquele era Nino Lahiffe, que futuramente ganhou o mundo do teatro. Se Marinette casasse com ele, poderia participar da vida boêmia que sempre lhe atraiu, poderia ver várias peças e óperas, viajaria por toda a região. Parecia muito divertido e lhe colocava um sorriso na cara ao pensar. 

... 

Era um dia ensolarado onde o canto dos pássaros deixava todos mais alegres. Em contraste, não muito longe dali um garoto estava sendo caçoada por um grupo mais numeroso e mais forte. Uma certa audiência não demorou para se formar, Marinette estava no meio dela. 

Ela não entendia muito bem o que se passava, apenas conseguia perceber uma movimentação por parte do caçoado para tentar se provar capaz de diversas acrobacias. Talvez fosse uma apresentação circense a céu aberto... Tal visão logo foi descartada tão logo o garoto caiu no chão e pareceu estar fraco e machucado. 

Os garotos fortes riam do abatido enquanto a pequena audiência se desfazia já que não era divertido ver um garoto fraco se lamuriando. Marinette aproveitou a chance para tentar ir atrás do garoto ajudá-lo, porém com seu dom de ser desastrada acabou esbarrando em algum lugar e quase caiu. Já achava que ia se machucar e sujar todo o seu vestido quando viu um menino lhe segurando. Esse sorriu para ela. 

—Te salvar me salvou, obrigada bela donzela. - ela só percebeu o que ele quis dizer quando viu que não mais havia garotos o perseguindo 

—Mas por que eles diziam tudo aquilo de alguém que parece ser tão bom? - perguntou confusa 

—Dizem que meus quadros são toscos e que eu sou um fraco. Eles têm razão, sabe? Eu não sou tão forte quanto eles e nenhuma garota olha para mim como olha para eles... - disse desanimado 

—E como elas olham para eles para que eu possa imitar o olhar? - perguntou inocentemente, fazendo ele sorrir 

—Olha, veja isso! - ele agarrou a mão dela animado 

Marinette percebeu que estava sendo guiada para dentro da pequena igrejinha da vila para qual já fora várias vezes assistir à missa.  Todo animado, o menino apontou para um cantinho no rodapé da construção e disse com alegria: 

—Eles me contrataram para pintar todas as paredes e o teto! - disse pulando de emoção - Quando aqueles caras virem isso, vão temer diante de mim. - e ele riu com gosto junto dela 

Aquele era Nathaniel Kurtzberg, que futuramente conseguiu se estabelecer como pintor e fez os retratos de todos da nobreza. Se Marinette casasse com ele, teria uma casa cheia de quadros dela própria, algo pelo que seu pai não podia pagar. Além disso, poderia se divertir pintando com ele sempre que as encomendas estivessem em baixa. Soava aconchegante. 

.... 

Marinette voltava do mercado com a encomenda de farinha que seu pai pedira. A escolha da farinha era extremamente importante já que era o principal ingrediente dos famosos pães de seu pai. Apesar de a tarefa não ser lá grande coisa, era a primeira vez que ela era escolhida para realizá-la e isso deixou a menina muito alegre. Porém, aquela farinha não teve um destino tão glorioso como compor um pão quentinho. 

A caminho de casa, ela viu um homem super alto e forte com pedaço de corda na mão sorrindo debochadamente. Ela conhecia vários dos camponeses que ali viviam e nunca esbarrara antes naquele brutamontes. Suspeitando de algo, resolveu segui-lo cuidadosamente. 

Ele entrou em um beco e começou a estalar sua corda em alguma coisa que gritava de dor, provavelmente um ser vivo. Com temendo de atacar aquele homem gigantesco e ter o mesmo destino que seja lá quem era a atual vítima, ela subiu num telhado de uma casa próxima com toda a habilidade que a infância lhe dava e jogou o saco de farinha na cabeça no agressor. 

Ao receber 5 kg de farinha caindo em sua cabeça, o homem desmaiou e aquele que Marinette descobriu ser um garoto fugiu para longe com toda a velocidade que a infância lhe dava. A garota não hesitou em correr atrás dele antes que o fortão acordasse. 

Percebendo que estava sendo seguido, o fugitivo olhou para trás preocupado. Mas ao ver que era só uma menina um pouco suja de farinha, parou de correr dela e foi até onde estava. 

—Obrigada por me ajudar. - ele sorriu sincero –Eu acho que ele queria me roubar isto. - Marinette olhou nas mãos do rapaz e viu que havia uma estátua de bronze lá, era um pequeno passarinho. 

—É linda! - ela estava admirada 

—Agora é sua, obrigado por me salvar linda donzela. - ele dizia envergonhado 

—Não posso aceitar isso. - disse ela envergonhada –Ela deve valer muito dinheiro, dinheiro que você pode precisar! 

—Eu quero que você saiba o quanto você foi incrível e corajosa me salvando. Você é uma verdadeira heroína! - disse determinado –E assim, você teria uma lembrancinha de mim... - disse tímido 

Esse era Théo Barbot, que futuramente faria esculturas de todos os guerreiros que iam para as guerras. Se Marinette casasse com ele, teria uma vida tranquila, sem muitas viagens, mais humilde. Uma vida parecida com a que ela tinha agora. 

... 

Um dia Marinette esperava o começo da missa sentada em seu lugar ao lado de seu pai quando foi abordada por uma mulher que parecia preocupada. A todo momento ela se remexia no lugar aguardando ansiosamente por algo, talvez o começo da cerimônia. 

—Você é a Marinette, certo? Filha do padeiro Tom, certo? - a consultada assentiu -Será que você poderia ir lá naquela casa ali – e apontou por entre os vitrais – e falar para o meu filho que a missa já vai começar e ele está muito atrasado? 

A garota seguiu o caminho indicado e encontrou dentro da casa um garoto sentado em uma cama tocando seu alaúde. A melodia que saia do instrumento tocou sua alma de uma maneira indescritível. Quando ele reparou na presença dela e trocou a melodia, então sentiu como se quisesse virar uma onda sonora e se juntar às notas. 

—Isso é lindo! - ela comentou em êxtase 

—Eu me comunico melhor com música do que com palavras – disse risonho – e quando a vi essas notas simplesmente me ocorreram. 

Marinette sorriu com essas palavras, mas voltou sua atenção para sua missão. 

—Sua mãe pediu-me para avisar que a qualquer momento a missa ia começar e você ia perder. Vai tocar na banda da igreja? - perguntou animada 

—Sim. Espero que eu consiga fazer sucesso e um dia compor sinfonias... - disse sonhador 

—Pelo que ouvi agora, com certeza sua fama será certa. - ela disse sorrindo -Você toca mais alguma coisa além do alaúde? 

—Eu toco flauta também, mas gosto mais do alaúde. - ele fez um gesto para uma mesinha que tinha algumas flautas de bambu 

Marinette observou encantada os modelos que ele tinha, seus olhos a atraíram para uma em especial que simplesmente a encantou. Ela era de metal, diferente das outras, e seu brilho reluzente era hipnotizante. A garota já ia pedir para que ele tocasse com o intuito de apreciar seu timbre, quando foi surpreendida com a fala: 

—Pode ficar com ela. Eu tenho várias, não vai fazer falta. Mas se você perder esse sorriso, com certeza vai fazer falta. 

Aquele era Luka Couffaine, que futuramente seria um grande maestro e faria várias sinfonias e óperas. Se casasse com ele, Marinette disfrutaria também de uma vida boêmia como disfrutaria com o Nino, talvez até encontrasse um enquanto estivesse com o outro. Porém, parecia que com Luka a arte de seu marido entraria em contato com ela de uma maneira única. 

... 

Todos esses pretendentes eram bons rapazes e amigos de longa data dela. Ela sabia que seria feliz com qualquer um deles, porém não sabia qual escolher. Sempre se consultava com as amigas buscando reconhecer aquele que amava romanticamente, porém pelas descrições que recebia sobre o que seria isso, sentia que não experimentava aquilo com nenhum deles. 

Tal indecisão acabou por afastar os quatro candidatos da esperança de conseguir casar com sua amada, que se demonstrava impossível de seduzir. Nino casou com uma mulher que escrevia no jornal, Nathaniel permaneceu solteiro com assombrações de boatos dizendo que ele vivia com outro homem, Théo casou com uma cantora da ópera e Luka tornou-se músico da corte sendo perseguido com boatos de ter casos com a princesa. 

Assim, Marinette conseguiu espantar todos os seus pretendentes e a fama de ser difícil de conquistar se espalhou pela vila rapidamente e desencorajou outros pedidos que talvez viessem de homens que não eram amigos de infância. 

Pela primeira vez ela sentiu a possibilidade de não conseguir um bom casamento e acabar solteira e isso a desesperou. Tentava seduzir homens a esmo, mas nenhum deles cometeria o erro de se apaixonar logo pela mulher mais difícil de se conquistar. 


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Notas finais do capítulo

Obrigada por lerem até aqui, espero que tenham gostado, comentem o que acharam, desculpa pelos erros e até o próximo capítulo



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