O melhor presente escrita por annaoneannatwo


Capítulo 2
Ochako




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/798201/chapter/2

O fim de ano marca vários eventos importantes para Ochako: o recesso de Natal e de Ano Novo, seu aniversário no dia 27, e a confraternização de sua turma da U.A. A do ano passado foi tão legal! O Deku era o amigo secreto dela e lhe deu um chaveiro do All Might, tinha comida à beça e ela se divertiu horrores com todos, inclusive com a pequena Eri.

A confraternização desse ano já tava sendo planejada pelo Iida e pela Yaomomo há alguns dias, então quando o presidente chegou com os papeizinhos e anunciou que eles tirariam o amigo secreto, ela nem se surpreendeu. Quer dizer, não muito, porque diferente do ano passado, o Bakugou não se retirou da sala quando o Iida começou a passar de carteira em carteira com os papeizinhos, ele… ele vai participar esse ano?

—  Devo lembrá-los de que, caso tirem o papelzinho com seu próprio nome, favor redobrá-lo e devolver ao montinho. Ah, por favor, me mostrem o papelzinho  para que eu possa verificar que realmente é o seu nome, não queremos a mesma confusão do ano passado. Certo, Mineta-kun? — o Iida alerta.

—  Tá, tá! —  o Mineta responde a contra gosto. Ah, que bom que se precaveram esse ano! Ela se lembra de como ele pegou uns seis papeizinhos seguidos na tentativa de sair com uma garota, a  morena não quer nem pensar qual seria o presente que a coitada que fosse tirada por ele receberia, pior ainda se fosse ela própria a coitada.

Ochako não é a melhor em matemática, então nem fica pensando muito em qual seria a probabilidade de tirar o Bakugou, ela só… gostaria muito. Sem a menor ideia do que daria pra ele, mas… só o gostinho de abrir o papelzinho e ler o nome dele seria bom por um momento.

O Iida estendeu as mãos na direção dela, e Ochako puxou um papelzinho, desdobrando-o sem muito suspense: “Todoroki Shouto”. Oh…

Não que ela tivesse muita expectativa em encontrar outro nome, e nada contra o Todoroki, nada mesmo, mas a jovem não consegue evitar uma pontinha de… decepção?

Bom, tudo bem, vai ser divertido!

Ochako dá uma breve olhada na direção do Bakugou, a eterna expressão irritada está lá, ingenuidade dela achar que poderia captar algum sinal no rosto dele que indicasse quem ele tirou. Fosse o Koda ou o Kaminari, a Jirou ou o Sato, o Deku ou ela mesma, a cara amarrada ainda estaria lá.

Mas seria legal se ele saísse com ela, não custa imaginá-lo pensando nela, no que poderia dar-lhe e o que a deixaria contente. Pode não parecer, mas o Bakugou realmente se importa, ele não faz nada de qualquer jeito e jamais aceitaria seu amigo secreto chateado ou reclamando do presente que ele escolheu. Com certeza, quem quer que seja, vai ganhar um presentão! Claro que só a satisfação de receber algo dele a deixaria contente, mas… é um bônus que seria algo realmente bom.

Ela não se lembra quando exatamente começou a se sentir assim por ele, não existe um momento específico, né? Vai acontecendo aos poucos. Eles começaram a treinar juntos um dia depois que empataram com o Iida e o Deku em um exercício de combate, isso se repetiu por dias, e hoje Ochako mal se lembra como era sua rotina de treinamento sem seu irritado e dedicado companheiro, ela… mal se lembra de como era quando se julgava apaixonada pelo Deku, porque hoje dá pra saber que não era isso, ela está apaixonada o suficiente pelo loiro para saber que são sensações beeeem diferentes.

A jovem é tímida, mas não é boba, há um mínimo de reciprocidade por parte dele. Certo dia, depois de um desses treinos, a Mina os avistou voltando para os dormitórios e os provocou: “Hum… voltando de um encontro?”, e antes que ela pudesse negar e gaguejar em constrangimento, ele soltou “E se a gente tivesse, é da sua conta?”. São pequenos detalhes, ele não dá muito na cara, mas uns olhares aqui e ali, alguns raros e preciosos sorrisos, o fato de que o tom de voz dele é muito mais suave perto dela, e só dela. Só que também há as desviadas de olhar, o jeito que ele se policia perto dela. Qualquer que seja o sentimento, Bakugou está tentando reprimi-lo, o que a deixa frustrada.

Por isso seria legal sair com ele no amigo secreto, ela poderia passar uma mensagem sutil através de seu presente, deixá-lo saber que, sim, é recíproco. Sim, ela está pronta.

Mas não, ela tirou o Todoroki. Eles são bons amigos, não é como se ela não o conhecesse! Mas ainda assim, é difícil imaginar algo para dar ao híbrido, o que se dá para alguém que tem tudo? Fora que o orçamento dela é limitadíssimo, dá uma certa vergonha comprar algo baratinho para um dos garotos mais ricos da escola.

Ochako suspira enquanto pensa no que fará, sorrindo aqui e ali na mesa do jantar com as meninas. A Mina e a Tooru estão super animadas, desdobradas sobre uma lista rabiscada e cheia de ramificações, teorizando sobre quem tirou quem. Elas já haviam feito isso ano passado, mas esse ano sofisticaram seu sistema, a Tooru estava alerta e pronta para chegar por trás de seus colegas e ver que nomes eles tiraram, a manipuladora de gravidade já estava avisada e desdobrou seu papel discretamente, a garota invisível com certeza não viu o dela.

—  Então a Ochako tirou o Todoroki-kun e o Bakugou tirou o Aizawa-sensei. Ufa! Fechamos! —  a Mina sorri triunfantemente e faz um high-five com a Tooru.

—  Quê? Como… como vocês sabem? Tooru-chan, você viu? —  Ochako choraminga.

—  Não precisei, vi nomes o suficiente pra ligarmos os que não consegui ver.

—  Isso! Só faltavam você e o Bakugou, eu tava achando que você tinha tirado o Aizawa-sensei e o Bakugou tinha tirado o Todoroki-kun, mas o Bakugou confirmou que tirou o sensei, então agora sei o de todo mundo!

—  O Bakugou-kun te contou assim, tranquilamente, ribbit?  — a Tsu questiona.

—  Ha, lógico que não! —  a Mina ri — Enfim… querem saber quem saiu com vocês?

—  Creio que isso acaba com a diversão da brincadeira, Ashido-san. —  a Momo toma um gole de seu chá altivamente.

—  Ah sim, eu não ia te falar o seu mesmo, Yaomomo, até porque é alguém dessa mesa. —  a Mina dá um sorriso zombeteiro. Bom, então… deixa eu ver quem eu posso falar… hum… o Iida-kun tirou a Tsu-chan, e o Kaminari tirou a Ochako-chan.

—  Pô, Mina! Sacanagem você saber o de todo mundo e a gente não saber o seu! —  a Jirou protesta.

—  Não por isso. O Koda me tirou e eu sei que vou ganhar um bichinho de pelúcia bem fofinho! Ah, e eu saí com o Bakugou. —  Ochako resiste à tentação de olhar com interesse — Vou dar umas pastilhas pra garganta dele de presente, duvido que não dói com toda aquela gritaria.

As meninas riem, Ochako não. Seria engraçado se fosse Inimigo Secreto, mas não é o caso, então não é legal. Ele pode ser difícil e cansativo por vezes, é verdade, só que também faz muitas coisas boas pelas pessoas com quem se importa, ele merece um presente bacana tanto quanto todo mundo. Ele merece… o melhor presente!

Antes de dormir, Ochako bate na porta do quarto de sua vizinha de dormitório. Ela sente que seria muito mais fácil pedir isso se fosse qualquer outra menina que não a Mina.

—  Trocar? Beleza! —  a rosada dá de ombros. Por outro lado, nenhuma outra menina concordaria tão rápido e fácil em trocar o amigo secreto como a Mina.

—  Tem certeza, Mina-chan? Eu saí com o Todoroki-kun, ele pode não ser dos mais fáceis pra se presentear.

—  Hã? Tá de boa, vou dar uns vales de um restaurante de soba  daora. — Oh… é, é algo que ele gostaria, Ochako tá se lamentando por não ter pensado nisso e quase se arrependendo de ter pedido pra trocar. Quase, porque agora seu amigo secreto é o Bakugou, quem ela queria ter tirado desde o começo —  Você já pensou no presente? Fala que sim!

—  Ah, bom, eu… tenho uma ideia, sim. —  ela cora — Preciso conversar com a Hatsume-san e fazer uma comprinha pequena.

—  Bom, a Tsu me pediu ajuda pra comprar o presente do Kirishima, se quiser vir com a gente, a gente vai no sábado.

—  Ok, vou com vocês!

—  Legal! Aí a gente aproveita e compra um look arrasador pra você usar e deixar seu amigo não tão secreto babando!

—  N-nada a ver, Mina-chan!  — Ochako balança as mãos freneticamente —  Eu só quis trocar porque… porque o Todoroki-kun me deixa intimidada! Mas ele é meu amigo, eu só… eu só acho o Bakugou-kun mais fácil! A gente treina juntos e eu o conheço bem… a-ah, quer dizer, não super bem, só… o conheço.

—  Ahã, ahã. Sem problemas, flor. Mas ó, vou cobrar o favor, hein?

—  C-claro! Faço o que você quiser, Mina-chan!

—  Ok, então, POR FAVOR, tasca um beijão no Biribinha antes de virar o ano, tá certo? —  suas bochechas ficam vários tons mais escuros de vermelho, mas antes que ela possa protestar, a Mina a interrompe —  Obrigada por retribuir o favor! Feliz Natal, Ochako! Boa noite! — e a Mina fecha a porta na cara dela, deixando Ochako perplexa.

Por que ele tá aqui? POR QUE ELE TÁ AQUI?

A Mina disse que ele tirou o professor, o que ele tá fazendo em uma loja de acessórios femininos? Assim que terminaram as compras que ela e a Tsu fizeram, decidiram dar um passeio pelas lojas, Ochako não pode nem quer comprar nada em particular, só gosta de ficar olhando, principalmente as presilhas de cabelo adornadas com brilhantes em formas de borboletas, corações… as de estrelas são tão lindas!

Mas ela nem tem tempo de curti-las pois avista um par de loiros, um deles tem uma pequena mecha preta em forma de raio em seus cabelos e uma expressão sempre muito simpática, já o outro loiro tem olhos vermelhos sangue que chegam a arrepiá-la… mas que raios ele tá fazendo aqui?

Ah, deve estar acompanhando o Kaminari… ei, mas o Kaminari não a tirou no amigo secreto? Oh… será que o Bakugou está ajudando seu amigo a escolher algo pra ela? A ideia a faz corar.

—  A-ah, olá, garotas! —  o loiro elétrico se aproxima e sorri animadamente—  Procurando presentes também?

—  Ah não, a gente já terminou e veio dar uma olhadinha em uns acessórios pra gente! —  a Mina responde.

—  Todas aqui saíram com meninos, ribbit, então nem tinha como. —  a Tsu complementa — Vocês estão procurando presentes?

—  O Bakubro não, eu tô. —  ele ri meio sem-graça — Tentando pelo menos, né? Meninas são difíceis de agradar. —  sim, o Bakugou com certeza está aqui pra ajudar o Kaminari.

Eles continuam jogando conversa fora, mas Ochako tá bem envergonhada em encontrá-lo aqui, ela não estava preparada para vê-lo hoje, ainda mais em roupas casuais de inverno, os cabelos dele estão levemente amassados, provavelmente por que tava usando touca, o frio o deixa meio desanimado, então os olhos vermelhos não parecem tão severos e penetrantes, estão um pouco caídos, dando-lhe um charme inusitado. Melhor ela parar de encarar antes que fique muito óbvio… a morena olha para além dele, onde estavam as presilhas que ela havia gostado, e acaba notando um colar lindo com um pingente do planeta saturno, é prateado, mas tem esse brilho lilás delicado que dá todo um charme à peça, realmente lindo. Se o Kaminari lhe desse algo do tipo, ela com certeza não acharia ruim…

—  E você, Uraraka? Teve dificuldade pra encontrar um presente? —  o Kaminari pergunta e a traz de volta à realidade.

—  Nossa, muita! —  ela admite, Ochako gostou de sua ideia, mas ficou remoendo-a por um tempão! Será que não é simples demais? —  Meu amigo oculto não fala muito, então é meio difícil…

—  Ah, mas sua ideia é super fofa, acho que ele vai adorar! —  a Mina sorri.

—  Ela decidiu fazer um presente caseiro, ribbit.

—  Sério? Que legal! — o Kaminari sorri gentilmente.

—  Bom, não exatamente, eu… —  ela tira o objeto da sacola que carrega, é uma caneca —  Eu comprei a caneca, aí vou pintar na louça, já conversei com a Hatsume-san e eles têm esmalte de porcelana no departamento de suporte, ela vai me emprestar. —  ai, droga! Ela ficou tão nervosa por vê-lo aqui que acabou falando demais, Ochako acaba de estragar a surpresa!

—  Esse povo do departamento de suporte tem de tudo, né?

—  É lógico, porra! —  o Bakugou solta do nada, olhando feio para o Kaminari.

—  A ideia dela é maravilhosa, e o amigo oculto dela vai ficar muito feliz porque é bem especial, né? —  a Mina a abraça meio de lado, mostrando que desconhece completamente a noção de filtro — Enfim, vamos indo, meninas? Tchau tchau, garotos! — As três se despedem e se afastam.

—  Mina-chan!  — Ochako a repreende —  Você não podia ter falado isso! Ele deve saber que eu saí com ele, já estraguei a surpresa falando do meu presente e agora você… você falou demais!

—  Ah, vai por mim. Nem eu nem você estragamos surpresa nenhuma! —  ela dá uma piscadinha e a puxa pelo braço, guiando-as para outra loja.

***

A confraternização está ótima! A decoração na sala de aula é encantadora, Ochako observa as luzes e as bolas coloridas, bem como a árvore de Natal de porte médio na sala, não é tão grande e mágica quanto a da academia, mas tem seu charme.

Ela o observa rapidamente, ele está sentado no canto mexendo em seu celular, prestando mínima atenção ao seu redor, Ochako suspira, ele não tem jeito mesmo! Ela torce pra que ele pelo menos goste do presente dela… foi mais difícil do que o esperado pintar na louça, não ficou tão bom, mas… é de coração. É realmente de coração.

A Yaomomo anuncia que vão começar o amigo secreto e ela sente uma pontadinha de nervosismo no estômago. Será que vai demorar muito pra ela sair? Ochako tá ansiosa, quer logo ver a reação dele ao abrir seu presente. Será que ele vai gostar? Será que vai entender os sentimentos que ela quer passar?

—  Muito bem, quem começa? —  o Aizawa surge de dentro do saco de dormir e pergunta.

—  Começa você, sensei! —  A Tooru sugere.

—  Eu começo essa merda! —  o Bakugou se oferece. Ai, não! Assim ela vai ser a última a revelar o dela, quando só sobrar ele, droga! —  Meu amigo oculto é o A-

—  Ah não, Bakugou! Faz direito! Dá umas dicas antes de sair falando quem é! —  a Mina protesta.

— Vai se foder, você já sabe com quem eu saí! —  ele mostra o dedo pra ela — Meu amigo oculto é o Aizawa! Toma aqui pra gente agilizar essa merda!

—  Certo… obrigado, Bakugou. —  o professor agradece em seu tom monótono de sempre, mas dá pra ver certa satisfação quando ele desembrulha o presente, claro que o Bakugou achou algo que o agradaria de verdade  — Ha… haha, ok… continuando. Meu amigo oculto é um aluno com grande potencial, mas…

A brincadeira continua se desenrolando e todas as “previsões” da Tooru e da Mina se concretizam, e então o Sato revela ter tirado o Kaminari, e Ochako sabe que agora é sua vez, a Yaomomo tinha razão, saber realmente tira um pouco da graça da brincadeira.

—  Então… hã, minha amiga oculta é… uma garota, hã… garota baixa, mas não super baixa, ela tem uma altura normal, não que pessoas baixas não sejam normais. Foi mal, Mineta! Enfim, minha amiga oculta é baixinha, fofa e hã… a comida favorita dela é mochi, eu sei disso porque ela me falou uma vez que eu chamei ela pra sair, mas ela nunca me respond- —  nossa, Kaminari!

—  É A URARAKA-CHAAAAAN! —  a Tooru diz alegremente, e o loiro elétrico confirma, meio envergonhado.

Ochako sorri e recebe o presente, toda sem jeito, mesmo sabendo que seria ela. A morena abre o embrulho e… não contém o sorriso, é a presilha de estrelas! Ela só consegue pensar que julgou o Kaminari mal, o presente certamente compensa o jeito que ele revelou quem era seu amigo secreto, mas… não, isso não tem cara dele, tem mais cara do Bakugou...

—  K-Kaminari-kun, é… lindo! Muito obrigada! —  ela se inclina na direção dele e sorri alegremente.

— Hehehe, que bom que você gostou… —  ele responde, sem graça.

—  Eu amei!  — ela acena com a cabeça e dá um abraço nele. Ochako nota o olhar aquilino da Jirou e se afasta no mesmo segundo, dando uma rápida olhada no Bakugou pra ver se ele também parece incomodado. Bom, parece sim, mas ele sempre parece incomodado.

—  Ok, Uraraka, sua vez. —  o Aizawa-sensei a apressa.

—  Ah sim! B-bom, meu amigo oculto é… uma pessoa que me intriga muito, eu sinto que quase tudo que a gente sabe dele é o que ele aparenta mais do que ele é de verdade, mas… o que eu sei é que ele é um cara honesto, corajoso e que se importa com todos, mesmo que não demonstre muito e… ah, ele vai ser um grande herói, não tenho dúvida disso! —  ela sente suas bochechas queimarem, surpresa com sua própria sinceridade — Meu amigo oculto é… o Bakugou-kun!

Ele a olha com surpresa. Ué, ele não sabia? Mas a Mina deve ter contado, não?

—  Bakugou, outras pessoas ainda precisam revelar os deles. —  o Aizawa o repreende, e o Sero o empurra na direção dela. Conforme ele se aproxima, Ochako sente as borboletas em seu estômago dançarem, mas se esforça pra dar seu melhor sorriso.

—  Aqui, Bakugou-kun! É meio sem-graça, porque você já sabe o que é, fiquei tão surpresa quando te vi na loja aquele dia… —  ela admite, acanhada — Enfim, eu nem sou tão boa pintora, mas não ficou ruim, é bem simples, mas eu fiz de c-

—  Cala a boca! —  ele murmura, observando o presente desembrulhado com atenção, a expressão dele dá a impressão de que está escaneando cada defeito que encontrou na pintura dela —  V-valeu! — ele mal a olha diretamente e bagunça seus cabelos de maneira desengonçada, o toque dele indicando que na verdade, adorou o presente.

***

Ela não achou que fosse vê-lo mais esse ano, alguns de seus amigos já foram para a casa dos pais e Ochako planejou aproveitar que não teria ninguém na área de convivência para tomar um chocolate quente e chorar de saudades dos pais, qual não foi sua surpresa ao se deparar com o Bakugou e notar que ele teve a mesma ideia do chocolate quente.

Ela não contém seu sorriso ao ver qual caneca ele escolheu, a da pintura toda torta.

— Ah, é você, Bakugou-kun! Achei que não ia ter ninguém aqui… —  ela diz, andando em direção às prateleiras — Vou fazer chocolate quente, você quer?

—  Já tenho o meu. —  ele resmunga.

—  Certo! —  ela começa a fazer o chocolate dela —  Então, vai passar o Natal com seus pais?

—  E eu tenho escolha? —  ele dá de ombros.

—  Você pode… não passar com eles, se você não gosta, ué. —  ela rebate, incomodada com o jeito dele de desdenhar da chance de passar o fim de ano com sua família — Se eu pudesse, eu passaria com os meus.

—  Como assim? Você não vai pra casa, Cara de Lua? —   o loiro parece muito surpreso, e a expressão dele é tão fofa que ela praticamente esquece porque o respondeu atravessado antes.

—  Haha, não. Fica muito caro viajar no fim de ano, então eu vou ficar por aqui mesmo! —  ela tenta não soar muito triste — Mas tá tranquilo, o Deku, o Iida e a Tsu vão sair comigo no dia do meu aniversário!

—  Vai passar o Natal sozinha. —  ele murmura, seu olhar é tão intenso que até a deixa com calor.

—  S-sim, mas não é grande coisa, ano passado foi assim também… enfim… eu vou-

—  Uraraka. —  ele diz em um tom sério quando ela se vira pra encarar o fogão, fazendo-a olhar de novo pra ele.

E então ele saca um pacotinho do bolso e empurra na mão dela. Ochako o olha com desconfiança.

—  Bakugou-kun… o que… o que é isso?

— É só abrir que você descobre, porra! —  o tom dele é tão nervoso que a enerva por tabela. Ela não acredita que realmente tá ganhando um presente de Natal dele, o embrulho é tão pequeno e delicado… tanto quanto o que está dentro: o colar de Saturno, ele a viu olhando, ele percebeu!

—  B-Bakugou-kun… como você… sabia? Não precisava, eu…

—  Eu sei que não precisava, mas eu quero te dar, então tô te dando. Vai combinar com a presilha que você ganhou daquele imbecil do Pikachu! —  ela sente seus olhos marejarem, então dá uma risada para espantar as lágrimas— Qual é a graça, Cara de Lua?

—  Nenhuma, nenhuma! É só que… eu fico muito feliz pela Mina ter topado trocar o amigo oculto dela comigo… —  ela abaixa a cabeça, não acreditando no que acabou de confessar, mas… não se arrependendo também.

Ele parece chocado, como se estivesse com dificuldade em entender um texto muito complicado. Mas nada é difícil demais para o Bakugou entender:

—  Você… você tinha saído com o Meio a Meio?

—  E ela com você, como ela saiu falando com quem tinha saído, achei que… seria uma boa tentar trocar, ela topou na hora, eu fiquei tão feliz… —  ela morde o lábio inferior— E valeu a pena, não tem mais ninguém com quem eu gostaria de ter saído…

A expressão dele muda, de confuso e ligeiramente fofo a determinado e sério.

—  Você… —  ele limpa a garganta —  não vai passar o Natal sozinha.

—  O que?

—  Eu vou passar com você. Quer dizer, a gente vai passar o Natal junto, vamo ver a tal árvore no centro e… o que mais você quiser fazer. —  espera, isso é o que ela tá pensando mesmo?

—  B-Bakugou-kun, você tá me chamando num en- enc-

—  Um encontro. É isso mesmo, Cara de Lua! —  ele a interrompe — A gente vai ter um encontro, e você vai usar a presilha e o colar! Se você quiser, eu não sou desses babacas que diz o que você tem que- —  Ochako não o espera terminar a justificativa desnecessária do que quis dizer, ela está tão feliz que decide dar seu próprio passo. Se a caneca não entregou a mensagem, isso com certeza vai funcionar, e bom… a morena não é do tipo que gosta de dever favores a seus amigos, principalmente à Mina, que se mostrou tão prestativa. Ela fica nas pontas dos pés e o beija, é rápido, Ochako não está pronta para algo mais lento e apaixonado. Talvez quando for Natal, de fato?

—  Combinado. Feliz Natal, Bakugou-kun.

Ochako se afasta, sorrindo igual a uma boba. No fim, quem ganhou o melhor presente foi ela.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

É isso jjksdjkjksdjsd, espero que tenham gostado! Amanhã venho com um capítulo novo de "Tudo o que está em jogo" e mais uma coisita para o aniversário da Ochako, hihi



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O melhor presente" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.