Konoha Before The Time — Arco 1: Instinto escrita por ThaylonP, Luizcmf


Capítulo 3
CAPÍTULO 03 — Avaliações e Resultados




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O Jounin vestido como o assassino ergueu dois dedos, e de repente, tudo ao redor dos três estudantes mudou. Primeiro, todos os ferimentos que as armas e ataques haviam causado na sala desapareceram, fazendo-a voltar ao estado original de antes. Atrás, nas carteiras do fundo, três Jounins, trajados em seus coletes fazendo anotações em relação ao teste.

— Foi um Genjutsu? — questionou Asami, olhando seus arredores e perdendo a sua postura de batalha.

O Jounin ao seu lado fez um caminho para se colocar à frente da garota, enquanto ela finalmente conseguia ouvir coisas nas salas ao lado. Um desses sons veio logo da porta, onde um ninja de cabelos castanhos, jaqueta verde e bermuda bege adentrou a sala acompanhado de um clone do mesmo professor que liderava seu teste. O clone se apagou, deixando que o garoto entrasse sozinho e se colocasse ao lado da menina. Agora, estavam os dois juntos, e pelo que os outros adultos dentro da sala pareciam cochichar, esperavam mais um integrante.

— Deve ter sido — o garoto a respondeu, com o cenho muito franzido.

Asami encarou-o por um momento, e esse pouco tempo foi o suficiente para lembrar-se dele. Reviveu uma memória da academia, onde estavam treinando arremesso, mirando em quatro alvos no mesmo tronco de árvores. As crianças iam e vinham disparando as armas, empolgadas para terem os melhores resultados na frente do instrutor, que ficava logo ao lado, anotando tudo com uma feição carrancuda, junto à professora que tentava apoiá-los. Uma das crianças, Asami notou, estava distante das outras, deitada próximo a uma pedra, contando as nuvens no céu. A menina ignorou o garoto relapso, pois chegava a sua vez de tentar acertar os alvos. Traçou um passo largo, usando o corpo inteiro como uma brisa, dando mais força ao arremesso, porém, o resultado foi de duas shurikens no alvo e duas próximas da beirada do alvo. O instrutor anotou algo e pediu o próximo.

A professora entendeu e gritou um nome em sua ficha, já ficando irritada por tê-lo perdido de vista outra vez:

— Otomura Misashi-san — a mulher chamou, mirando a criança deitada no fundo, próximo a cerca. Foi até ele, arrastou-o pelo braço até a frente do tronco. O menino veio a contragosto, a cabeça pra baixo sempre mirando o chão. — Dispara, o instrutor quer ver suas habilidades.

O garoto olhou as armas, notou os alvos e lançou de qualquer jeito, mal fazendo as lâminas alcançarem o tronco. O instrutor olhou o resultado, anotou o que precisava e concluiu sua avaliação.

O dia passou junto de diversas outras atividades, até que na hora da saída, Asami despediu-se dos poucos colegas e deu a volta no muro, para que nenhum dos pais visse ela. Se a vissem, podiam contar que a filha dos Ryuusei estava estudando na Academia. Porém, enquanto circundava o pavilhão, viu o menino outra vez, através das grades que cercavam o pátio. As shurikens estavam em suas mãos novamente, e ele encarava os alvos como se estivesse prestes a disparar. Num movimento ágil, fez posição e lançou-as. Três atingiram os alvos no centro, enquanto a quarta fincou-se à direita do alvo. Ele conferiu seus resultados e saiu, colocando as mãos de volta nos bolsos. Asami lembrava-se de ter se impressionado, assim como se lembrava de ter se irritado em igual proporção.

É aquele garoto... Misashi, Asami ponderou, olhando-o de canto, agora no presente. Mas... como ele chegou até aqui?

Um terceiro ninja adentrou a sala, fechando o trio de estudantes. Trajava uma roupa militar, colete por cima da camiseta cinza e uma moldura envolvendo o queixo, como as que os ninjas médicos utilizavam. Era Kusaku, que assim que posicionou-se ao lado dos outros dois ninjas, pensou:

Esses são os meus companheiros de time? Quer dizer que fomos aprovados?

— Muito bem — o ninja à frente deles falou, sem dar espaço a mais pensamentos dos estudantes. — Podemos começar a considerar seus resultados.

Resultados, pensou Misashi, apertando as mãos dentro do moletom. Então, aquela morte não passou de um teste?

— Me chamo Matsumoto Tatsuo, sou um Jounin da Aldeia da Folha, e fui o avaliador de vocês nesse Teste de Admissão — explicou, com as mãos para trás, em postura militar. — Esses atrás de mim também participaram, contabilizando seus pontos, então cada movimento de vocês era observado por essas pessoas.

Olhando agora, os estudantes pareciam participar de um julgamento, com o júri nas carteiras de cima, olhando-os altivamente.

Asami sentia suas pernas voltando a tremer, dessa vez de apreensão. Então fomos avaliados mais uma vez, a garota levou os dedos à bandana em seu pescoço, percebendo que o dano que deveria estar ali também havia sido parte do genjutsu. Droga... se eu soubesse disso antes...

— Pra quê esse teste serviu? — Misashi perguntou de uma vez, assustando os dois companheiros. — Minhas notas foram as piores da classe e mesmo assim eu fui aprovado. Pra quê precisariam nos testar desse jeito agora?

Os avaliadores se agitaram, houve um muxoxo antes do primeiro avaliador responder.

— O teste não servia pra testar suas habilidades, servia pra testar suas mentes diante de uma situação que, a partir de agora, poderá ser corriqueira — comentou o sujeito, a boca entortou com insubordinação do rapaz. — Era um teste de resiliência.

Kusaku apertou os dedos dentro da palma. Claro, pensou protestando contra si próprio. Um aliado ferido, um ataque à Aldeia, um inimigo que pode ser o próximo adversário de guerra. O garoto levantou o olhar para os avaliadores, procurando algum desvio de conduta. Não encontrou nenhum. Querem nos moldar como soldados desde já. Somos o que ninjas deveriam ser, afinal de contas.

Os olhos da kunoichi se arregalaram quando associou as palavras do avaliador com o que havia vivenciado no teste. Ela pensou em seguir o exemplo do companheiro e expôr suas dúvidas, mas se deteve ao ver que o momento era inoportuno.

Então aquilo não foi só um teste, foi uma representação de um possível futuro... o futuro mais provável.

— Desta maneira, vocês foram avaliados por suas ações em favor de sua posição como ninjas, membros de Konoha e serventes do País do Fogo — o avaliador anunciou, fazendo uma pausa em seguida. — E considerando esses fatores, foram aprovados como Genin.

Kusaku fechou os olhos, comemorando silenciosamente. Segurava toda a explosão de euforia para quando chegasse em casa, quando mostrasse a bandana a sua mãe. Já Misashi olhava diferente, confirmando que fora aprovado e deixando escapar um leve desagrado num suspiro demorado.

Asami, por sua vez, deixou a tensão esvair junto de um "Isso!" animado, mas, ao notar que era a única a comemorar, voltou a ficar silenciosa escondendo o rosto vermelho de constrangimento com as madeixas azul-marinho.

Matsumoto Tatsuo continuou a explicação:

— Bom — começou, limpando a garganta. — Agora como uma equipe Genin, precisarão ser acompanhados por um Jounin da nossa vila. É aí que entram os outros avaliadores. Cada um deles estava observando com critérios próprios para dizer se seriam aptos a serem alunos deles.

Os estudantes repararam melhor em cada um dos membros da avaliação. Um deles, um Jounin de cabelos longuíssimos que ultrapassavam seu colete verde-escuro, além de olhos estreitos, como se estivesse à espreita. A outra, no meio dos dois, uma moça de cabelos ruivos presos num coque com palitinhos. Por último, um rapaz mais novo, cabelos comportados sobre a bandana e expressão jovial.

— Por favor, apresentem-se e digam o que acharam dos estudantes e, se for o caso, digam o porquê de quererem treiná-los.

O primeiro sujeito ergueu-se rapidamente, apoiando as mãos na mesa.

— Me chamo Aoba Ikaku, e não desejo treiná-los porque foram pífios em suas performances.

Os alunos se sobressaltaram.

— Nos testes escritos, só um foi bem. A outra ficou na média, enquanto — ele procurou em seus papéis — Otomura Misashi mal preencheu as respostas do questionário. Não acho que esse tipo de ninja patético merece estar entre a história de Konoha, mesmo num momento necessitado. Essa é minha posição.

Misashi encarou-o por muito tempo, quase como se estivesse aguardando o discurso terminar. Sem nada mais a acrescentar, Aoba Ikaku sentou-se de volta à carteira.

Asami relutava para não encolher os membros, intimidada. A cena lembrava as vésperas de apresentações da família Ryuusei, onde a mãe se tornava um carrasco, distribuindo sermões gratuitos entre as filhas. Sermões que só levavam a mais falhas em cada uma das apresentações.

A próxima Jounin se levantou, muito mais pomposa que o primeiro professor.

— Olá, me chamo Hatori Shimura e não desejo treiná-los. Principalmente por causa do trabalho que terei pra criá-los como soldados, já que esta Academia não cumpre esse papel desde a base.

A mulher parecia direcionar-se mais aos adultos presentes do que às crianças. O instrutor acenou com a cabeça, e ela voltou a se sentar. Asami engoliu em seco ao lado dele. Espera... soldados? As coisas já estão tão sérias assim?

— Certo — Tatsuo aguardou o pronunciamento do último professor. Quando não veio, ele resolveu chamá-lo. — Yasuhiko-senpai?

O rapaz levantou, o colete aberto tremulou junto a uma lufada de vento que atingiu a sala. Parecia ainda mais jovem de pé, devia estar na casa de seus vinte anos.

— Me chamo Satoru Yasuhiko, e não sei se desejo treiná-los, Tatsuo-kun — começou, cruzando os braços. — Mas também não sei se posso descartá-los, já que são os últimos dos nove que sobraram.

Nove!? Dos vinte e um alunos que se formaram, só nove se tornaram Genin? Por quê? Eles não precisam de novos ninjas? Kusaku não parou de considerar tudo de uma vez.

— Yasuhiko — o avaliador chamou atenção, virando o corpo para o último professor. — Só diga se vai ou não treiná-los. Se recusar, nós encontraremos outro Jounin apto a fazer o trabalho.

— Você sabe que não tem mais nenhum, Tatsuo-kun — o sujeito deu de ombros. — Eu terei que ensiná-los porque não podemos descartar os estudantes que conseguiram resistir à guerra em suas cabeças. Eles passaram no "verdadeiro teste" — debochou, fazendo as aspas com os dedos. — Além do mais, já descartamos doze — ele deu de ombros, voltando a encarar os alunos.

Houve uma pausa na conversa entre os dois adultos. Os estudantes se entreolharam, alguns temendo o futuro, e outros ansiando pelo presente. De repente, para apaziguar os sentimentos no recinto, Yasuhiko se pronunciou outra vez.

— Tá certo, eu posso treiná-los — disse, voltando a tomar seu assento.

O avaliador pareceu aliviar a tensão nos ombros, e depois voltou aos estudantes para seguir com a cerimônia, fingindo que todo o atrito nem acontecera.

— Certo, vocês serão o Time 09, liderados por Satoru Yasuhiko. A partir de agora, qualquer informação, dúvida ou questão que tiverem a tratar, tratem com ele. Será seu superior e seu caminho para outras autoridades de Konoha. Entregará sua vida por vocês, assim como vocês crescerão para entregar suas vidas pela dele. Estão entendidos?

Os estudantes confirmaram em uníssono, aliviando a tensão em seus corpos. O avaliador fez uma reverência para terminar a reunião, e cada professor fez sua menção a deixar a classe. Todos saíram, com exceção dos três que prosseguiram parados na classe, aguardando que o novo sensei desse algum comando. Ele não disse nada por um bom tempo, e no meio do silêncio, os sons dos membros da confraria ecoaram na escadaria do lado de fora.

Então, Yasuhiko levantou-se de sua carteira e caminhou sala abaixo para alcançar seus novos alunos. Fitou cada um nos olhos por um momento, avaliando o que podia extrair de cada um no tempo que passariam juntos, mas também, tentava enxergar se havia alguma coisa ali que ainda não fora mexida por nenhuma das regras impostas sobre os ninjas. E quando encontrou muito disso, deixou escapar um sorriso.

— Está bem, então. Vamos começar — disse, cheio de certeza.

 


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