Os dois lares de Panetone escrita por Fuqboi


Capítulo 2
Correio felino


Notas iniciais do capítulo

Volteeei!
Muito muito obrigada pelos acompanhamentos, e um agradecimento especial a Robertavma, EsterNW e Isadora G Potter pelos comentários LINDOS no prólogo
Vocês me animaram demais nessa história, obrigada de vdd ♥

Nesse capítulo tem um pouco de tudo jsksksk espero que a confusão que o Panetone causou divirta vocês
Boa leitura!



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Da janela, Larissa conseguia ver uma bolinha de pelos caminhando tranquilamente pela calçada, como se não estivesse sumido por quase uma semana.

Estava arrumando-se para o trabalho, mas conseguiria tempo para conferir se o gatinho caramelo era mesmo Panetone. O felino nunca sumira por tanto tempo e não costumava ficar em sua calçada sem entrar.

Ao abrir a porta, a mulher o viu sustentar seu olhar e logo dar as costas, sua postura indicava atenção. Sem dúvidas era Panetone.

Larissa apressou-se para pegá-lo e evitar que atravessasse a rua movimentada, porém estava em desvantagem, o gato aprumou-se e caminhou confiante pelo asfalto. Estaria tudo certo se não fosse pelo carro em alta velocidade que vinha na direção do gatinho.

Ela não pensou duas vezes antes de jogar-se para o meio da rua, assustando Panetone, que correu desesperado para a calçada oposta. Seu coração batia rápido, pessoas olhavam surpresas, algumas a chamavam de estúpida por ter se arriscado por um gato, porém nada daquilo entrava em seus ouvidos quando notou que o carro não a atingiu, ele seguia acelerado com o motorista soltando palavrões por sua atitude. Mas Larissa não se importava. Um garoto havia pego Panetone do outro lado da rua e agora vinha em sua direção preocupado com a moça. Ela recuou para o portão acalmando-se.

ㅡ Ei, você está bem, né? ㅡ ela só conseguiu assentir. ㅡ Ai, obrigado, viu. Não é muita gente que faria isso por um gato ㅡ comentou desajeitado pelo nervosismo afagando Panetone.

Ela não sabia por que o garoto estava agradecendo, só queria pegar o gato de seus braços e deixá-lo em segurança até que voltasse do trabalho. Mas ele parecia mesmo ter gostado de Panetone.

ㅡ Meu gato nunca foi de causar confusão assim, eu só tinha ido à padaria e do nada o bonito quase cria um acidente.

ㅡ Espera... seu gato?

ㅡ Hum, sim? Tô com ele desde filhote ㅡ um sorriso descrente se abria no rosto de Larissa. Mal parecia que acabara de quase se meter num acidente. Panetone tinha outro dono! Um dono que cuidava dele há mais tempo  do que ela mesma. Isso explicava as sumidas do felino. A mulher não foi capaz de conter a risada enquanto assistia à cena.

ㅡ Agora tá explicado por que ele já era castrado.

ㅡ Moça, tem certeza que você tá bem? Tem um hospital aqui perto-

ㅡ Não! Não, não é isso ㅡ interrompeu-o ainda rindo. ㅡ É que o seu gato também é o meu gato.

O garoto parecia surpreso e lançou um falso olhar de repreensão ao gatinho, este que miou irritado e acomodou-se mais em seus braços.

ㅡ O.k., Gato, a gente descobriu a sua vida dupla, explique-se ㅡ ele tinha o erguido na altura de seus olhos e fingia lhe dar uma bronca. Panetone não se deu ao trabalho de miar indignado, tudo foi parte de seu plano, deixaria os humanos se acharem espertos por tê-lo "descoberto". ㅡ Faz quanto tempo isso? ㅡ perguntou para Larissa.

ㅡ Ele invade minha casa desde que me mudei, uns dois anos ㅡ respondeu. Os dois ainda sorriam achando graça da situação. ㅡ Ele vive sumindo. Também fui levar o Panetone pra castrarem, mas ele já era castrado. Achei estranho, só que não tinha nem pensado que ele tinha outro dono.

ㅡ Panetone, é?

ㅡ Ah, ele tava brincando com uma caixa dessas, num Natal. E a cor dele é parecida.

ㅡ Combina com ele. Eu chamo de Gato ㅡ confessou envergonhado.

ㅡ Você chama o gato de Gato?

ㅡ Eu não sou muito criativo com nomes ㅡ Panetone sabia que ele estava mentindo, que o nome inclusive foi uma piada sem graça de André, mas o dono não confessaria. ㅡ Bom, eu vou levar esse fujão pra casa, já aprontou muito por hoje.

O comentário surpreendeu Larissa. Estava claro, porém ela ainda não tinha parado para pensar que ele era o dono de Panetone, foi assim desde o início, agora que ele sabia sobre Larissa, provavelmente ela não veria o gatinho novamente. Isso lhe deu um aperto no peito. Mas o que poderia fazer? Não podia cobrar nada do garoto. Se ele quisesse ser o único a cuidar do bichano, ele seria, por mais que parecesse injusto para ela.

Pensando nisso, ela apenas aceitou a situação em silêncio e fez um cafuné no gatinho, lançando-lhe um sorriso desanimado.

ㅡ Tchau, Panetone.

O garoto sorriu e virou-se indo para casa, mas logo a olhou novamente.

ㅡ Obrigado... por salvar ele.

A expressão de Larissa enquanto entrava já o havia lhe respondido, ela faria aquilo quantas vezes fossem precisas para deixá-lo em segurança. Estava também feliz por Panetone ter um dono que se importava tanto com ele.

 ✩

Quase ter sido atropelado não estava nos planos do gatinho, ele mais uma vez deu sorte de ter alguém que o ajudou. Afinal de contas, parecia que cada um de seus donos havia salvo ele de maneiras diferentes.

André o salvou do abandono e Larissa dos carros, mais coisas que inesperadamente tinham em comum. Mais coisas pelas quais o felino era grato e daria um jeito de retribuir a ambos que sempre cuidaram dele.

No entanto, o momento agradecido deu espaço para a indignação de Panetone ao notar que eles sequer haviam trocado nomes. Quão lerdos eram os humanos!

Escapou dos braços de André, ao chegar na varanda, e subiu pelas grades da janela em direção ao telhado. Ficaria ali, com a cara amarrada, em protesto até que ele se desse conta da oportunidade que perdeu. Julgando pelo raciocínio lento dos humanos, não sairia do telhado tão cedo. Então começou a miar indignado, chamando a atenção do garoto.

ㅡ Pode descer daí, seu gato malcriado ㅡ Panetone às vezes queria saber falar, apenas para lembrar André de que foi ele quem o criou.

Mas, como não aprenderia a falar num passe de mágica, miou com mais urgência, andando de um lado para o outro e deixando claro que tanto André, quanto Larissa, eram estúpidos por acabarem com seu plano.

André marchou impaciente para dentro de casa e Panetone se revoltou por ser ignorado.

Ah, mas agora ele iria lhe ouvir!

Começou mais uma série de miados insuportáveis, enquanto fazia barulho como podia com as patinhas sobre as telhas. Porém, seu protesto silenciou-se quando o viu voltando com um saquinho nas mãos.

Os olhos de Panetone brilharam.

ㅡ Acho que agora você desce, né? ㅡ constatou rindo.

Ele não o ganharia fácil assim. O gatinho resistiu ao sachê levantando o rosto com arrogância, se André pensa que o compraria com comida, ele estava terrivelmente enganado... Pelo menos foi o que pensou até que a embalagem fosse aberta e o cheiro de carne o fizesse pular desesperadamente do telhado e correr para o potinho de ração. Seus donos poderiam esperar mais um ano.

Mas, embalado pela corrida, Panetone se esqueceu do tapete temático ridículo que André pôs no meio da sala. Ele perdeu o equilíbrio e escorregou se estabanando até aquela cafona árvore de Natal, que tinha que estar bem na sua frente.

A árvore caiu em cima de um gato totalmente transtornado. E ele só queria comer a droga do sachê.

Os olhos de André se arregalaram ao acompanharem a cena inusitada diante de si. A raiva passou instantaneamente, porque ver o gato travando uma luta contra os pisca-piscas e soterrado pela árvore era mais engraçado que se preocupar com a bagunça.

ㅡ Eu não sei por que ainda tento ter uma árvore de Natal no mesmo ambiente que você, Gato ㅡ riu colocando o conteúdo do sachê no potinho.

Panetone pulou irritado com o comentário. Não era culpa dele, dessa vez.

Certo, ele sempre dava um jeito de acabar derrubando a decoração, porém se André não tivesse posto aquele tapete natalino horrível no meio do cômodo, ele não teria escorregado e acabado embolado num monte de pisca-piscas ㅡ que, aos olhos do seu humano, o deixavam adorável.

André foi até ele, ainda tirando sarro da situação, e o desembolou, indicando o potinho de ração. Depois disso tudo, Panetone comia o sachê com desgosto.

 

ㅡ Gatoooo! Gato! ㅡ André procurava afoito o felino pelos cômodos. ㅡ Você ficou me perturbando o dia inteiro, agora que te procuro você some ㅡ completou com a voz baixa.

Panetone passou a tarde miando perto de André e dando seu jeito de o atrapalhar em tudo que fazia, era seu jeito de chamar atenção para ver se ele se dava conta do que esqueceu, mas o dono apenas ria de suas travessuras ou ignorava.

Passou tanto tempo provocando André, que se cansou de o ver com a cara grudada no notebook que usava para trabalhar em home office. André trabalhava para uma agência de Publicidade, então ㅡ principalmente em épocas festivas ㅡ poderia pegar alguns projetos para terminar à distância.

No início, Panetone amou a ideia, pois, pensou que por ficar o dia inteiro em casa André teria mais tempo para mimá-lo, mas a verdade era que ele permanecia o tempo todo na frente daquele aparelho estranho e não havia nada que o gatinho pudesse fazer para distraí-lo.

Deveria ter aprendido depois de tantos anos de convivência. Então decidiu procurar um cantinho para ter seu precioso sono preguiçoso. Até ser acordado pelos berros de André.

Espreguiçou-se e deitou novamente, se ele quisesse sua atenção agora, teria de o encontrar primeiro.

ㅡ Sabe, eu tive uma ideia ㅡ ponderou em voz alta. ㅡ Tava pensando em mandar um bilhete para aquela sua outra dona.

As orelhinhas de Panetone se firmaram atentas. De repente, o gatinho pulou de cima do armário e caminhou tranquilo para o corredor, parando aos pés do garoto. Lambia a patinha, mas tinha vontade de brigar com André por ter demorado tanto.

ㅡ Às vezes eu acho que você me entende ㅡ se Panetone fosse humano, certamente teria revirado os olhos diante do comentário. ㅡ Você vai me ajudar, o.k.? ㅡ abaixou-se e amarrou uma fitinha nele, com o bilhete preso. André o pegou e levou até a varanda.

Panetone não demorou a seguir o caminho com seu andar rebolado.

ㅡ Olha você aí ㅡ Larissa estava feliz por tê-lo visto antes do esperado. Ele havia pulado a janela, logo após a mulher deitar-se cansada no sofá, ainda com o uniforme. Tinha acabado de chegar em casa, mais uns minutos adiantado e Panetone não teria conseguido entrar.

Ela estava aliviada, ao menos parecia que as coisas seriam como antes. Viria sempre seu gato, mas quando ele sumisse saberia que estava em segurança em outra casa, não vagando pelas ruas. Era melhor assim.

ㅡ O que é isso, hein? ㅡ deixou o cafuné de lado para pegar o pequeno papel lilás.

 

Já que a guarda vai ser compartilhada, o meu número está no final do bilhete, é bom ter um contato, eu acho

Ele ainda vai ter dois nomes? Cara, isso parece até inventado

Att. André ou o 2º dono do Gato.

P.S.: Você mima ele demais, né? Eu devo ser o dono que só dá bronca

Acho que ele gosta mais de você :(

 

Larissa sorriu e trouxe Panetone para seu colo. Nem em um milhão de anos imaginaria que conseguiria o número de um garoto através de Panetone, pensar nisso somado ao bilhetinho inesperado chegava a ser cômico.

Salvou o contato e fotografou o felino dormindo.

[imagem]
Acho que ele fica por aqui hoje |


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Notas finais do capítulo

Imagina a cara do André se descobrir que Panetone entende tudo que ele fala ️️ (e ainda debocha dele)

O que acharam de conhecer mais um pouquinho deles?
Panetone paga de rabugento mas na vdd ele é super grato por seus donos, atentar faz parte kkkkk

Fui ver hj e tem UM MONTE de histórias sobre gatinhos que foram pegos no flagra com duas casas, e com direito a bilhetinhos tbm sjksnsln a gangue do Panetone



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