Um Beijo de Natal escrita por queijo e uvas passas


Capítulo 2
Capítulo 2: Alice




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Eu não podia acreditar nisso. Simplesmente não podia. Eu conhecia Luana há apenas algumas horas e tudo que eu queria era estar com ela. E é claro que em vez de agir como uma pessoa normal, fui uma verdadeira tonta. Chamei-a de “Lu” e ela ficou claramente desconfortável com minha manifestação precipitada de intimidade. Como se apenas isso não fosse ruim o bastante, também encostamos nossas mãos e, por um instante, pareceu que íamos nos beijar. Droga, Alice, droga. Você é tão idiota. Como vou ir até lá amanhã? Preciso inventar uma desculpa logo. E se eu ficar com febre? Não, mamãe não vai acreditar em mim. E mesmo que acredite vai me obrigar a ir de qualquer jeito.

É, não vou conseguir dormir hoje. Lá se vai mais uma noite da minha vida em que estarei consumida pelas memórias vergonhosas do passado que nem é tão passado assim.

 

***

 

O dia da festa, o dia de ir para a casa da Luana, chegou. Eu estava desesperada. Arrumei-me e vesti enquanto tentava pensar em um plano de fuga. 

“Não esquece de pegar maiô e toalha” gritou meu pai da sala de estar.

Era uma festa na piscina ainda por cima. Teria de ver Luana, a própria Afrodite na Terra, de roupa de banho e... não iria conseguir me manter afastada. Não ia ter como. E uma vez que eu estivesse perto dela, iria roubar um beijo e então… sair correndo como a covarde que eu sou. 

 

***

 

Chegando na festa, cumprimentei as pessoas, arranjei uma desculpa qualquer e fui de imediato para o banheiro. Estava completamente em pânico. Fiquei ali por um alguns minutos, fazendo o máximo de esforço para controlar minha respiração e me acalmar, até alguém bater na porta. Respirei fundo uma última vez. Ao abrir a porta, dei de cara com Luana e fiquei paralisada. De todas as pessoas, ela era a última que eu esperava ver.

“Sua mãe disse que você já estava há uns dez minutos no banheiro. Fiquei preocupada e vim ver o que estava acontecendo.” Ela me ofereceu um sorriso terno.

“Tô bem sim.” Passei por ela e saí do banheiro. Enquanto caminhava, os pensamentos se embaralhavam na minha cabeça. Para que lugar da casa eu iria, afinal? Era impossível fugir de uma das anfitriãs. 

“Olha,” disse Luana, pegando delicadamente em meu braço e me fazendo parar “sei que ontem tivemos um momento estranho e que você.. Eu… Nós estamos desconfortáveis, mas acho que devíamos conversar e resolver as coisas.”

“Você tá certa.” Virei-me para ela. Soltou meu braço e meneou a cabeça em direção às escadas, para onde começou a andar. Receosa, eu a segui. 

Ninguém notava que fugíamos da festa, estavam ocupados demais na piscina ou comendo. Ao subirmos todas as escadas, chegamos em um amplo corredor. Andamos alguns metros, talvez dois, e adentramos a porta à direita. Assim que entrei, Luana fechou a porta do… quarto dela! Fiquei em pânico novamente.

“Calma, não vou tentar te atacar” ela parecia triste enquanto falava.

Olhei para ela. Eu estava horrorizada por achar que eu pensava isso dela. 

“Não é isso, Lu. Eu nunca sequer sonharia em pensar algo assim de você. Eu só… fico nervosa perto de você.” Alívio e curiosidade percorreram seu rosto.

“Fica nervosa por quê?”

Não sabia o que responder a ela. Ficamos em silêncio nos encarando. Esses momentos pareciam bem comuns entre nós duas.

“Alice, eu vou ser sincera com você. Eu te achei muito bonita desde o momento em que te vi. Realmente me sinto atraída por você e queria uma chance de sair e te conhecer melhor. Ontem eu tava pensando em fugir, ficar trancada no meu quarto ou qualquer coisa, mas eu não podia fazer isso. Eu precisava pelo menos falar o que sinto pra você. Tudo bem se você não sentir o mesmo. Eu só queria ter a chance de pelo menos tentar.” Ela soltou um longo suspiro depois de falar tudo. 

Luana era tão corajosa, simplesmente se declarou para mim, uma desconhecida, sabendo que poderia ser rejeitada. Eu queria tanto falar para ela que sentia o mesmo, porém não conseguia. Como não conseguia colocar em palavras, decidi demonstrar meus sentimentos e a beijei.

Foi um beijo urgente e com desejo. Ela colocou a mão em minha nuca e eu na sua cintura. Lu beijou meu pescoço, minha orelha, o colo do meu peito. Retribuí o favor a ela. Paramos apenas quando a falta de ar nos assolou.

“Acha que deveríamos voltar lá pra baixo?” perguntei,

“Relaxa, Alice, ninguém vai sentir nossa falta.

Sorri. E continuamos nos beijando.


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