O dia de Natal escrita por Bi Hyuuga


Capítulo 2
Noite Feliz


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde, seus lindos! Tudo bem com vocês?

Queria ter postado o segundo capítulo antes, mas ainda não estava muito satisfeita com o resultado. Agora que eu ajeitei, não perdi tempo e já trouxe diretamente para vocês!

Eu quis deixar bem fofo, mas uma coisa leve e rápida de ler. Como a ideia era ser uma oneshot e eu consegui escrever um segundo capítulo maior do que o primeiro, eu precisava maneirar um pouco também antes de transformar numa short fic.

Enfim, leiam as notas finais e boa leitura! ♥



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— Será que assim está bom?

Bokuto está em frente a um espelho. Seu celular está ligado e apoiado em cima de uma das cômodas do quarto de seu apartamento, com a tela em uma ligação de vídeo. Do outro lado, é possível ver um homem moreno, com os cabelos espetados e de presença forte. Ele usa um moletom vermelho e está sentado no chão, com as costas escoradas no sofá.

Já, deitado no sofá, é possível ver uma nuca loira, com raízes castanhas, e de costas para o celular. Ele está com um Nintendo Switch nas mãos e é possível escutar o barulho de um jogo chamado Animal Crossing.

— Bokuto, você não vai em um casamento. É uma ceia de Natal em família – o tom da voz de Kuroo é levemente debochado. Nunca ira o platinado tão ansioso e agitado daquele jeito, então se tornava uma visão muito divertida para o moreno.

Kotaro desvia seu olhar do espelho pro celular e do celular pro espelho umas três vezes antes de desfazer o nó da gravata. Ele está de terno, na frente do espelho, com o cabelo arrumado em gel para trás, sem o aspecto rebelde de sempre.

— Então que roupa eu vou? – ele continua, sua voz saindo em tom borocoxô.

— Por que não usa o suéter que ele te deu? – dessa vez, a figura loira está virada de barriga para cima e é possível ver seu rosto de perfil – Oras...

— Isso é perfeito, Kenma! – Bokuto sai da visão do celular por um instante.

Para os que estão na ligação com o Kotaro, é possível enxergar as peças do terno voando e caindo sobre a cama, além de barulhos de gaveta e porta de armário, fora o barulho de uma torneira aberta. Leva mais ou menos cinco minutos até que tenham novamente a visão do amigo: Bokuto agora está vestindo o suéter listrado de cores distintas – tons de azul, vermelho, rosa, verde, amarelo – que se encaixam muito bem em sua composição; uma calça jeans azul escuro bem estilosa, com aspecto novo ainda; tênis e, é claro, seu cabelo está molhado e sem gel dessa vez, em seu visual natural.

— Agora sim. O que achou, Kenma? – Kuroo olha por cima do ombro, na direção do namorado.

— Tá ótimo – ele continua olhando para o videogame.

— Kenma, você nem tirou os olhos do Nintendo.

O loiro tomba a cabeça pro lado, olha na direção de Bokuto por dois segundos e depois encara a tela do Switch mais uma vez.

— Tá ótimo – repete.

Bokuto se anima, colocando um sorriso de orelha a orelha e as mãos na cintura, em uma nova pose confiante. Ele se encara no espelho.

— Já arrumou o presente? – Kuroo o lembra, tirando Kotaro de seu estado emocional estabilizado durante os últimos três segundos.

— Não! – exclama, preocupado – Eu não sei embrulhar presentes.

— Tem tutorial no youtube – o moreno do outro lado da linha aconselha. É possível ver Kenma murmurar um xingamento para o jogo – Você pode seguir um deles.

— Certo – o platinado responde, apreensivo.

— Boa sorte, Bokuto. Vou desligar porque está quase na sua hora de sair.

Os amigos se despedem rapidamente. É possível ouvir Kuroo reclamar da atitude de Kenma antes de apertar o botão de desligar. Ele dissera algo como “Agora você vai me dar atenção?” e obtera uma resposta com um “hum” do loiro.

Não demorou muito para que Bokuto se ajeitasse sobre a mesa de jantar com o presente, um embrulho e uma fita rosa grande, além do celular apoiado na parede com um vídeo rodando.

Ele leva mais de dez minutos para conseguir ajeitar o embrulho do presente, mas fica muito satisfeito com o resultado. Vale ressaltar que, para aqueles que já viram um embrulho bem feito, o de Kotaro era no máximo, ajeitado. Havia muitas partes com pequenos amassados devido à quantidade de tentativas, e a fita ao redor do presente também se encontrava embolada.

Bokuto sente seu coração disparado. Era a hora de sair de casa e seguir para o endereço indicado na mensagem de Akaashi.

[...]

Ao chegar no apartamento, o porteiro libera a entrada e o platinado sobe até o andar e número indicados, tocando a campainha.

Bokuto está fervendo. Há uma enxurrada de emoções tomando conta de seu interior. Ansiedade, angústia, insegurança, medo, nervosismo, receio, vontade incontrolável de encontrar Akaashi. Ele até perde a noção do tempo que fica ali, de tantas coisas que lida ao mesmo tempo. Para ele, se passaram dez minutos na frente da porta. Para quem ouviu a campainha, 30 segundos.

Kotaro percebe a fresta começar a se abrir e ele segura sua respiração.

Ba dum.

A porta se abre e, em sua frente, é possível enxergar Keiii Akaashi como nunca vira antes. Apesar de estar com roupas casuais, Bokuto nunca o vira tão lindo. Ele está vestindo um casaco folgado de cor azul marinho, calças jeans escuras e sem meias – pelo costume japonês de ficar descalço em casa. Além disso, está com uma touca preta na cabeça, óculos e está segurando luvas de cozinha em uma das mãos.

Akaashi lhe oferece um semi sorriso e abre passagem para que ele entre.

— Bem vindo, Bokuto-san. Pode ficar à vontade e...

— Akaashi, é pra você – Bokuto ergue o presente, extremamente radiante e ansioso, sem perceber que acabara de interromper a fala do outro.

— Ah... – é possível observar o moreno corando – Obrigado, Bokuto-san. – há uma breve pausa – Vocês pode deixar suas coisas comigo que eu guardo.

— UOU, QUEM É ESSA PESSOA NOVA, AKAASHI-SAN?

Uma voz infantil atinge as orelhas do mais velho e ele mira o olhar em sua direção. Há uma criança ruiva de pé no sofá, segurando no encosto e encarando o platinado. Ele parece muito animado.

Antes do platinado responder, o ruivo é acertado por uma almofada na cara e outra voz infantil reclama:

— Você é muito barulhento, Hinata boke.

Enquanto Akaashi pega os pertences do melhor amigo e os leva para seu quarto, Hinata se aproxima de Bokuto e pede colo. O platinado cede, ainda um pouco deslocado, quando os pais do melhor amigo se aproximam. Ambos são morenos, de olhos escuros e possuem um semblante calmo. A mãe de Akaashi esboça um sorriso mais simpático, aberto e convidativo, apresentando-se como Sayuri. O pai do rapaz, em contrapartida, se mostra um pouco mais tímido. Seu nome é Hayato.

— Você também joga vôlei? – o ruivo no colo de Bokuto o questiona, curioso.

— Sim. Eu sou atacante e ace do time – ele responde com um sorriso confiante.

— SÉRIO? – os olhos de Hinata brilham, e ele começa a se agitar – Vamos jogar, tio!

— Nem pensar, mocinho – uma voz suave masculina irrompe o lugar. – Hoje não é dia disso.

Da cozinha, surge um homem de cabelos platinados assim como Bokuto. Ele tem uma expressão leve e calma, alguém que automaticamente trás paz ao ambiente.

— Desculpe-me. Ele e o Kaeyama são uns pestinhas quando se trata de vôlei – ele suspira e logo volta a colocar um sorriso no rosto – Prazer, meu nome é Sugawara. Esse no seu colo é meu sobrinho. Ele veio passar o Natal aqui enquanto os pais viajam.

Sugawara se aproxima e conduz Bokuto até a sala, enquanto os pais de Akaashi voltam a cuidar dos preparativos da mesa e da cozinha, junto com Akaashi. Ao chegar no cômodo, ele consegue ver mais claramente o chão bagunçado e a outra criança que não estava em seu campo de visão anteriormente.

— Aquele ali é o Kageyama. Daqui a pouco, meu marido chega com mais duas crianças do prédio para brincar com eles. – há mais um suspiro, seguido de uma risada – Todo ano é assim, então espero que você se sinta à vontade e, bem... goste de crianças.

Sugawara dá dois tapinhas no ombro de Bokuto antes de deixar a sala, dizendo que em breve Akaashi viria fazer companhia a ele.

Kotaro, por sua vez, senta-se no chão com Hinata, que começa a fazer uma enxurrada de perguntas ao platinado. Kageyama se mostra menos aberto.

Não demora nem dez minutos para Akaashi voltar e se deparar com a cena de Bokuto brincando com Hinata enquanto Kageyama assiste desenho na TV.

— Aí eu fiz BAM! E então, o Akaashi foi lá e POW todo mundo ficou UOOOOOOUUUUU! – o platinado conta animadamente para a criança sobre um de seus jogos.

Keiji não saberia identificar qual.

— NOSSA BOKUTO NII-SAN EU QUERIA FAZER BAM TAMBÉM! – a criança está pulando alegremente, imitando os gestos de uma cortada no vôlei.

Os dois, então, percebem a chegada do mais velho e Bokuto abraça Hinata, juntando suas bochechas enquanto encaram Akaashi.

— Akaashiiii – a criança de 5 anos e a de 21 encaram o moreno – Ele é meu novo pupilo! – Bokuto sorri.

O moreno sabia que eles eram parecidos em aspectos como energia, animação e amor por vôlei, mas ainda se sente confuso sobre como os dois ficaram próximos tão rápido nesse curto período de tempo.

Keiji suspira discretamente, desistindo de tentar entender.

Os quatro permanecem na sala enquanto o tempo vai passando. Daichi, o marido de Sugawara, não demora para chegar e traz, consigo, dois garotos um ou dois anos mais velho do que Hinata e Kageyama. Aparentemente, Tanaka e Nishinoya são bem próximos do ruivinho também, sendo que o primeiro mantém uma relação boa com Tobio. Constantemente, Hinata e Nishinoya chamavam-se por “Shouyooooo” – que Bokuto descobrira ser o primeiro nome de Hinata – e “Noya-saaaan” o tempo todo.

Conforme todos brincam na sala, as crianças mostram seus traços de personalidade mais aparentes – como Tobio reclamando o tempo todo “Hinata boke” –, além de expor suas habilidades especiais, como o “Rolling Thunder” de Nishinoya. Akaashi e Bokuto ficam cuidando dos quatro enquanto os outros adultos – pais e amigos de Akaashi – terminam de forrar a mesa da ceia.

A noite decorre tranquilamente. O jantar estava incrível, a sobremesa ainda mais. O tempo de conversa fez com que Bokuto ficasse confortável rapidamente. Ele descobrira que Daichi e Sugawara eram um pouco mais velhos – ambos com 25 anos – e estavam juntos há mais de sete anos – casados há dois. Além disso, era costume deles passarem a véspera de Natal juntos com as crianças – que sempre queriam passar as festas juntas.

Bokuto e Akaashi ajudam o sr. Hayato e a sra. Sayuri a desfazer a mesa, enquanto o outro casal trocava de turno para cuidar dos menores. Em seguida, todos se reúnem na sala e começam a compartilhar histórias e experiências de vida, sempre fazendo muitas perguntas ao novato. Bokuto responde tudo de forma animada, também brincando com seu pupilo entre as conversas. Como gostava de ser o centro das atenções, Kotaro perdeu todas as suas inseguranças durante a reunião na sala.

Não demorou muito para que a meia noite chegasse. Todos se levantam, se cumprimentam, e trocam presentes. Bokuto achou que ficaria fora dessa última parte, mas é surpreendido por um novo presentinho: um papai Noel de chocolate que Hinata ganhara e decidira entregar para o seu mais novo amigo. O Kotaro segura suas lágrimas de emoção, que Akaashi pôde identificar bem como um dos exageros sentimentais do melhor amigo – o que o fez sorrir.

Assim que a confraternização se encerra, Bokuto faz suas ligações para seus familiares. Sugawara aproveita o momento para forrar no chão os colchões das crianças. Com muito custo, as coloca para dormir. Tanaka é o mais agitado devido ao doce, então ele precisou ser subornado para que fosse se deitar e não acordasse seus amigos.

Daichi e Suga vão dormir no quarto de Akaashi e os anfitriões vão para o seu próprio. Como as crianças simpatizaram com Bokuto e sempre gostaram muito de Akaashi, ambos foram designados a dormir na sala com os pequenos.

Os melhores amigos forram e ajeitam suas coisas no chão, mas logo deixam a sala e seguem em direção à varanda, fechando a porta de vidro para abafar o barulho. Eles se sentam no sofá de dois lugares do lado de fora, sem se importar com o horário (2AM). Bokuto se mostra muito ansioso ao lado de Akaashi, que começa a desembrulhar o presente que recebera mais cedo¹.

Kotaro começa a abrir e fechar as mãos, com um semblante brilhoso no rosto. Keiji mal tinha tirado as fitas quando o platinado começa a falar:

— Eu trabalhei duro! Espero que você goste – uma pausa – Mas está tudo bem se você não gostar...

O moreno começa a tirar o papel de presente devagar.

— Vamos, Akaashii. Apenas abra logo, tudo bem? – ele leva às mãos à cabeça, quase se esquecendo de falar baixo para não acordar os outros.

— Paciência, Bokuto-san.

Akaashi finalmente abre o embrulho e encontra um cachecol de lã feito à mão com as exatas cores do suéter que ele dera a Bokuto – que, por sinal, estava usando naquela noite. Ele não pode deixar de notar que eles tinham peças que combinavam.

Keiji coloca o cachecol ao redor do próprio pescoço e se vira para Bokuto, abrindo um sorriso sutil.

— Eu amei. Agora não vou passar frio no inverno.

O platinado abre um sorriso muito contente e abraça o melhor amigo em um movimento rápido.

Ba dum. Ba dum.

Seu coração acelerado é percebido por Akaashi, que acaba tendo as bochechas coradas levemente.

Eles se afastam e o silêncio se instala.

Devagar, ambos pousam o olhar um sobre o ouro, encarando-se profundamente. A falta de ruído permite que ouçam a respiração e os batimentos cardíacos um do outro. O isolamento acústico da varanda se torna aconchegante e íntimo diante daquela troca de olhares. A baixa iluminação contribui com a ansiedade que se instala e cresce no peito de cada um, como um grito de seus próprios corações e de suas emoções.

Eles ficam assim durante minutos. A sensação é de que se passaram horas. Não é possível cansar de encarar um ao outro. Nada nesse mundo seria capaz de trazer a atenção deles para longe dos próprios olhos.

— Akaashi... – o platinado é o primeiro a quebrar o silêncio. Mesmo que sua voz fosse baixa, existia certa urgência em pronunciar aquele nome.

Kotaro inclina-se para a frente e segura o rosto do melhor amigo entre as mãos.

— Bokuto-san... – seu tom é igualmente leve e baixo. Akaashi não faz nenhuma objeção em se afastar.

Pelo contrário. Suas mãos sobem lentamente e seguram o tecido do suéter de Bokuto.

Ambos sentem as respirações se mesclarem. O mundo ao redor deixa de existir. O tempo para e fica estagnado no momento em que os olhos se fecham e os lábios se tocam. Um tsunami de sentimentos os preenche dos pés à cabeça e eles não sabem quanto tempo ficam ali.

O toque é mutuamente gentil e desesperado. Ambos não sabiam o quanto precisavam daquilo até estarem vivenciando. Os lábios suaves, o beijo lento, as línguas dançando em seu próprio ritmo e sincronia. Na visão de Bokuto, nada na quadra de vôlei seria tão perfeito quanto aqueles toques.

Eles perdem a noção de tempo e só se separam quando lhes falta fôlego para continuar. Mesmo depois, o afastamento dos rostos ainda é muito pequeno. À distância de centímetros, eles ainda sentem a respiração ofegante um do outro.

— Eu te amo, Akaashi – sua voz é um sussurro.

Bokuto diz isso com tanta naturalidade que, quando se dá conta, as palmas de suas mãos estão ainda mais quentes, e o rosto entre elas está um pimentão.

Só depois de analisar a reação de Keiji que o platinado percebe o que acabou de dizer.

Ele ruboriza.

— Bokuto-san, eu...

Akaashi é interrompido por uma porta de vidro abrindo e um garotinho de cabelos ruivos parado, esfregando um dos olhos que mal está aberto.

— Eu tive um pesadelo – sua voz é chorosa.

Os dois adultos saem de seu completo transe e vão em direção à criança. Eles a levam para dentro e Akaashi faz companhia à Hinata enquanto Bokuto vai até o banheiro vestir seu pijama. O platinado mal percebe o quanto demora para realizar a atividade simples e automática. Sua cabeça está longe, revivendo a cena de minutos atrás várias e várias vezes.

Quando sai do banheiro e volta para a sala, ele vê duas cenas bem distintas: (1) Hinata e Kageyama estão dormindo juntos e abraçados, apesar de ambos parecerem bem espaçosos e (2) Akaashi está vestindo um pijama de corujas simples com uma pantufa, extremamente fofo.

O platinado se aproxima e Keiji ergue o olhar. Bokuto ainda está usando o suéter que ele dera de presente, mas agora está com uma calça de pijama qualquer e... crocs com meia.

Akaashi sorri de jeito breve.

Bokuto se aproxima e se ajeita ao lado do melhor amigo. Ele está em uma posição de cachorro pidão, como se esperasse alguma coisa de Akaashi.

— Bokuto-san?

O platinado aumenta o sorriso em seu rosto em expectativa. Keiji ruboriza novamente, mas acompanha o sorriso aberto do outro.

— Eu também amo você – ele sussurra e Bokuto avança para um beijo de boa noite, derrubando Akaashi sobre o próprio travesseiro.

Ambos ficam ali alguns minutos, aproveitando o beijo e as carícias em silêncio, até que seus corpos cedam ao sono – o que não demora muito.

Nessa noite de Natal, Akaashi e Bokuto dormem abraçados sob os lençóis.

[...]

Pela manhã, o recém casal é acordado pelas crianças.

— Kegeyamaaaa – era possível ouvir os pezinhos do ruivo correndo atrás do moreno – Devolve minha bola de vôlei! Foi o meu presente de Natal!

Bokuto esfrega os próprios olhos e senta sobre as cobertas. Ainda se sente sonolento e a luz que entra pela janela da sala é um pouco incômoda. Ele busca se localizar no ambiente e encontra Tanaka e Noya dormindo profundamente ainda, sendo que um está com os pés sobre o outro e... como eles conseguiram bagunçar tudo simplesmente dormindo?

O platinado desvia o olhar para seus pés e se mexe, ameaçando ficar de pé. Nesse instante, sente um leve peso sair de sua cintura – o braço de Keiji, que estava o abraçando até então. Quando Bokuto desvia o olhar para seu lado, encontra a figura de Akaashi despertando preguiçosamente. Ele leva as mãos aos olhos e pisca algumas vezes antes dos olhares se encontrarem.

— Ohayo...

Kotaro nem sequer dá o trabalho de responder, apenas se inclina novamente e deposita vários selinhos e beijinhos no rosto do moreno.

— Café da manhã! – uma voz atravessa a sala em tom de um aviso contente, fazendo com que o casal se separasse e olhasse em direção à porta da cozinha.

A sra. Sayuri entra no cômodo carregando uma bandeja com biscoitos doces recém saídos do forno e alguns copos com bebidas, provavelmente chocolate quente.

A comoção das crianças gritando em comemoração é instantânea, deixando a briga sobre a bola de vôlei de lado. Elas saem correndo para acordar Nishinoya e Tanaka, que ficam em pé num pulo ao escutarem “biscoitos de Natal”. Os quatro pestinhas vão se atropelando até a mesa de jantar e tomam seus lugares enquanto a sra. Sayuri os serve.

Akaashi encosta preguiçosamente no ombro de Bokuto, como se ficar sentado ainda fosse um grande esforço contra a sua sonolência.

— Eu sabia que vocês estavam juntos.

Dessa vez, Suga e Daichi haviam chegado pela direção oposta da mesa sem serem percebidos. Ambos ainda estão de pijamas e o xará de Bokuto – devido à cor do cabelo – está apoiado sobre o encosto do sofá.

— Não estávamos. Até ontem! – Bokuto se alegra, sem o mínimo de vergonha em admitir. Pelo contrário, estava radiante.

— Sério? – Daichi e a sra. Sayuri dizem em uníssono, surpresos com a informação.

Bokuto confirma com a cabeça.

— Isso realmente me surpreende – agora, é a vez do sr. Hayato sair da cozinha e expressar sua opinião – Vocês se dão tão bem que eu me questionei se o Keiji não tinha começado a namorar há meses. Ele sempre voltava sorrindo para casa e... – uma pausa – ...vocês tem certeza que foi ontem mesmo?

— Na verdade, foi hoje de madrugada, Bokuto-san – Akaashi começa a participar da conversa, com as bochechas coradas devido ao comentário do pai.

Ele ajeita as costas e se espreguiça, colocando-se de pé para ir até a mesa com as crianças, não sem antes estender a mão a Bokuto e ajudá-lo a levantar.

A discussão sobre como eles não haviam começado a namorar antes se inicia.

— O Keiji sempre voltava com o humor melhor durante a semana... – a sra. Sayuri repassa os fatos na sua cabeça – Ele sempre foi naquela cafeteria, mas era óbvio que ele voltava diferente. Eu conheço o filho que eu tenho.

— Ele também sempre falava “vou ajudar o Bokuto com X coisa”, “vou ficar mais tempo no café”, “vou treinar com o Bokuto”... inclusive, eu até pensei que isso fosse um jeito novo dos jovens dizerem que... – o sr. Hayato começa a divagar sobre o assunto.

— Pai! – Akaashi o repreende. Seu rosto está vermelho como um pimentão. Estava levando um exposed dos próprios pais.

Bokuto, por sua vez, se sente ansioso. Suas bochechas estão coradas, mas ele se sente tão feliz que ignora o sentimento de constrangimento. Akaashi falava sobre ele. A família de seu amado tinha o aceitado antes mesmo de o conhecerem!

— Um novo jeito para dizerem o que, tio? – o Noya curioso interrompe os pensamentos alheios, está encarando o mais velho da sala.

Os adultos congelam, exceto Sugawara.

— Para dizer que estão em um encontro – Koshi serve mais um pouco de chocolate quente para o pequeno.

Todos suspiram, aliviados. Sugawara tinha um jeito de impressionante de responder perguntas constrangedoras. Claro que mentes poluídas saberiam que a ideia do “treino” não era essa, mas está mais do que suficiente as crianças acharem que se tratava somente de um encontro.

Bokuto começa a contar sobre seus sentimentos e histórias com Akaashi como se eles estivessem casados há 20 anos, o que só fortalece o argumento dos outros de “Vocês já estavam namorando antes mesmo de descobrirem isso”.

[...]

Mais tarde, as crianças saíram com os pais de Akaashi para brincar com o caça ao tesouro, preparado pelos funcionários, no hall do prédio. Além disso, Daichi e Suga se juntaram em frente à TV para assistir filmes.

Bokuto está junto com Akaashi em seu quarto.

O platinado acabara de ligar para Kuroo, a fim de desejar feliz Natal e contar as boas novas. Mais uma vez, estão em ligação de vídeo. Kuroo está vestido com roupas leves e está sentado sobre seu sofá. Escorado em si, está Kenma, novamente com seu Nintendo 3DS. Entretanto, no começo da ligação, o loiro ainda prestou minimamente atenção da conversa, já que Bokuto decidira apresentar Akaashi a eles.

— Eu sempre fui apaixonado pelo Kenma, mas ele é muito difícil – ele cutuca o namorado.

— Kuroo, sossega – o barulhinho de Animal Crossing começa novamente a ressoar de fundo da ligação.

O moreno para e sorri, mas não diz nada.

— Eu estava realmente muito triste que eu ia passar as festas sozinho – Bokuto começa – Porque eu não consegui voltar pro Japão e ninguém gostava de mim o suficiente para me convidar para as festas em família – ele reconta a história que Kuroo já tinha ouvido duas vezes nos últimos cinco dias – Mas então o Akaashi veio e me deu um monte de presentes e me chamou pro Natal, e eu tive certeza de que eu estava completamente apaixonado por ele. Eu até fiquei ansioso por perceber que eu ia ser apresentado pros meus sogros muito cedo, então eu fiquei uma pilha de nervos e...

— Bokuto-san, você é muito emocionado. – Keiji comenta despretensiosamente.

— E você é lindo – retruca, com um sorriso de orelha a orelha.

Instantaneamente, Akaashi começa a ruborizar na frente da câmera e se levanta, deixando Bokuto e Kuroo continuarem a conversa sobre seus sentimentos.

O moreno retorna após alguns segundos e se acomoda ao lado do platinado. Ele carrega um novo aparelho eletrônico consigo, que faz um leve bip ao ser ligado. Akaashi direciona seu olhar para o telefone. Bokuto percebe que o aparelho na mão de seu namorado é um Nintendo Switch.

— Kenma-san, qual seu usuário?

Bokuto e Kuroo ficam em silêncio e encaram seus namorados enquanto eles trocam amizades no jogo e começam a comunicar-se pela tela do Switch, ignorando-os na ligação – aparentemente, sobre algo de compra, venda e trocas de legumes. Bokuto realmente não entendia esse jogo.

Apesar disso, Tetsuro e Kotaro veem a cena com muita felicidade e muita emoção estampadas em seus rostos, agindo como dois bobos apaixonados durante alguns... minutos.

Os dois mais quietos e antissociais estão interagindo entre si a seu modo, e isso faz o coração de seus namorados derreter por completo.

— Kuroo, eu vou-...

— Eu também.

Os dois apertam o botão de desligar a chamada no mesmo instante. Bokuto quase pula sobre Akaashi, num grande abraço choroso e emocionado. Keiji cai de cosas na cama sobre seu travesseiro, igual acontecera na sala na noite passada.

— Bokuto-san, não é para... – Akaashi é calado pelos lábios do outro e cede, deixando o Nintendo apoiado na cama e passando os braços ao redor do pescoço do platinado. – ... tanto.

— Eu te amo – Bokuto afasta os lábios e encara os olhos do moreno, com uma expressão de felicidade tão grande que Akaashi o imaginou explodindo – Eu te amo. Eu te amo. Eu te amo.

Keiji deixa um sorriso escapar enquanto suas bochechas esquentam.

— Eu também te amo, Bokuto-san.

E suas bocas selam um beijo novamente. Dessa vez, ele é lento e devagar, assim como na varanda. Ambos sentem seus corações palpitando sobre o peito.

Por mais que Bokuto não tivesse voltado para casa para aquele Natal, nada o poderia ter feito tão feliz quanto Akaashi.


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Notas finais do capítulo

¹Referência à arte da Vria, disponível no link: https://br.pinterest.com/pin/815081232557176911/

Bem, espero que tenham gostado desse meu pequeno projeto de final de ano! Fiquei feliz com o resultado e acho que é a primeira história yaoi que eu escrevo até o fim e posto.

Agradeço por lerem até aqui e tenham um ótimo final de ano! Usem máscara, passem álcool gel e se cuidem!

Beijokas e até a próxima! ♥



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