A Very Weasley Christmas escrita por Morgan


Capítulo 6
Epilogue




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CINCO ANOS DEPOIS – 25 DE DEZEMBRO DE 2000

Jenna Fitzpatrick-Morgan
(1960 – 1995)
A melhor artilheira, esposa e mãe que 
o mundo já teve o prazer de receber.

— Oi, Tia Jenna – disse Fred, abaixando-se para colocar algumas das flores que havia colhido do jardim encantado pessoal da madrinha. – Georgie está tentando estacionar o carro. Quer aprender a dirigir de maneira trouxa agora, então pensei em vir aqui. Queria conversar com você antes, sabe? 

Fred se abaixou, apoiando os braços nas coxas, como se assim ficasse mais perto de Jenna.

— Acho que a pior parte de namorar Georgiana é saber que você não está aqui. Você torceu tanto por nós e nem conseguiu nos ver juntos. Mas eu juro que estou fazendo um bom trabalho! – apressou-se a dizer – Já fazem cinco anos e até mesmo Tio Elliot passou a acreditar em mim... Apesar de que Bill ainda pega no meu pé. Principalmente depois de fazer Georgie e eu padrinhos de Victorie. 

Ele suspirou, passando a mão sob a parte de cima da lápide e tirando a neve de cima. 

— Ontem eu fui até a sua casa falar com Elliot. Na hora do treino de Georgie. A diretoria do Holyhead Harpies está furiosa com ela por ter recusado o convite deles e feito sua estréia no Puddlemere United – disse Fred com um sorriso no rosto. – Mas veja, eu não vou reclamar. Não perdemos um jogo ainda! É muito bom ver a sua namorada jogar no time que você torce – comentou – Apesar de que acho que acabarei torcendo para seja lá qual o time que Georgie escolher ir. Vou segui-lá até nisso. 

Fred suspirou novamente. Estava começando a enrolar e a se sentir nervoso. Não sabia se era porquê estava falando sozinho ou se porquê, mesmo sozinho, ainda era importante fazer isso.

— Me pergunto o que você diria se soubesse que – ele parou olhando para o relógio. – daqui a quatro horas eu planejo pedir Georgie para se casar comigo. Acho que você diria que eu enrolei demais – ele riu. – Foi o que Tio Elliot disse. Sei que não pode me responder, tia, mas quero dizer assim mesmo. Quero dizer que sua filha é a mulher mais sensacional que eu já conheci e que eu a amo tanto que às vezes até parece impossível. Mas não é. É a melhor coisa que já senti na vida e mesmo depois de cinco anos nada mudou e acho que nunca vai, como o jardim encantado de Elliot para você. Não sei se é possível, mas hoje ele parece ainda mais bonito. Acho que são as lembranças de você – disse Fred, ficando de pé ao perceber que Georgie se aproximava. – Não vou te decepcionar. Georgiana e eu seremos as pessoas mais felizes que já pisaram nesse país. Prometo, madrinha. E ainda com uma Taça do Mundo a tiracolo. 

Georgie se aproximou correndo do namorado com um sorriso largo. 

— Oi mamãe! Acabei de estacionar! E nem bati em nada, Freddie! 

Ele sorriu para a namorada e passou o braço em volta dela.

— O que estava falando?

— Estava contando que Audrey está grávida e em breve teremos mais pessoas como Percy no mundo – disse Fred torcendo a boca, resultando em um tapa de Georgie. 

— Mamãe, Molly acredita, por algum motivo, que o pequeno Teddy e Victorie vão ficar juntos no futuro. Acredita nisso? – Georgie riu. – Não sei se Bill gosta dessas conversas, mas eu não vou duvidar de Molly nunca mais. Não depois de me apaixonar pelo gêmeo que vocês escolheram para mim – disse Georgie trocando um olhar rápido com Fred, que sorria. 

*

— Finalmente! – exclamou Molly quando Georgie ia entrando na casa. 

Era véspera de natal e, como sempre, Georgie estava na casa dos Weasleys. Ao contrário dos outros anos, não pôde ir alguns dias antes. Oliver Wood realmente se empenhava nos treinos do Puddlemere United agora que era capitão. Mas Georgie podia mesmo reclamar? Ela sabia no que estava se metendo.

— Quase todo mundo já chegou – disse Molly – A casa está cheia.

— A casa está sempre cheia, tia.

— Graças a Merlin!

Georgie sorriu, dando um beijo na bochecha de sua madrinha enquanto Fred fazia o mesmo do outro lado. Quando se afastaram da mais velha, perceberam que a maioria das pessoas realmente já havia chegado. Percy e Audrey estavam sentados no sofá, a barriga da mulher estava maior do que da última vez Georgie havia visto. Arthur estava sentado na poltrona com a pequena Victorie nos braços, o que fez com que Fred corresse até a garotinha loira e começasse a perturbar o pai para que deixasse que ele a segurasse.

Fred gostava tanto de Vic, Georgie sempre se derretia quando via os dois brincando juntos. Fazia com que ela se deixasse pensar como seria Fred com seu próprio filho.

Do lado de fora da casa, estavam Harry, Ginny, Rony e Hermione sentados em uma pequena roda na sombra, apenas conversando. Havia demorado para acontecer, mas Harry e Rony finalmente perceberam, um ano atrás, que as garotas para eles sempre estiveram bem embaixo de seus narizes. 

O que fez com que ela lembrasse subitamente de seu melhor amigo, George. 

— Onde está George? – perguntou ela.

— Ele saiu de casa antes de mim – disse Fred, que havia vencido o pai pelo cansaço e agora segurava uma sonolenta Vic que estava agarrada ao seu pescoço.

Victorie também gostava muito de seu padrinho.

— Foi buscar Daze, mas já deveriam estar aqui. 

— E a namorada misteriosa dele?

Fazia meses que George saía com uma garota, mas se recusava a falar sobre ela.

— Ele disse que ela viria para o natal – disse Fred remexendo os ombros levemente para não aborrecer Vic –  Mas acho que virá sozinha.

Georgie bufou.

Era ridículo como George estava se comportando. Como ele podia não querer contar para os amigos quem era essa tal garota? Georgie e Fred contavam tudo a ele! 

A garota se sentou com Fred no sofá a frente de Percy e de sua esposa.

— Como está sendo, Audrey?

A mulher suspirou, jogando seus cabelos pretos para trás – Mais difícil do que eu pensava. Não para de mexer.

— Já está perto de nascer? – perguntou Fred sem desviar o olhar de Vic, que agora estava mais desperta e havia se sentado em seu colo soltando risadinhas cada vez que Fred balançava as pernas.

— Sim – respondeu Percy – Acho que na primeira semana de janeiro. No máximo na segunda.

— E vocês ainda se recusam a descobrir se é menino ou menina! – Georgie jogou as mãos para o alto – Que família! 

— Que famílie nada – disse Fleur que descia as escadas com Bill – Nós descobrimes Victorie no terceire mêss.

O inglês de Fleur estava três vezes melhor agora do que quando Georgie a havia conhecido, então era muito mais fácil de se comunicar.

— Menina ou menino vai crescer sabendo que os tios são muito mais legais do que seu pai mala.

— George! Daisy! – exclamou Georgie vendo os amigos entrarem na sala. Daisy vestia um vestido azul-escuro com uma meia calça e um casaco. Estava incrivelmente fofa, como sempre. Eles se sentaram ao lado de Fred que, relutantemente, entregou Vic aos pais. 

— Não vai ser esforço nenhum mesmo perceber o quanto Percy é um boboca – comentou Fred fazendo o irmão revirar os olhos antes de se virar para George ao seu lado – Vocês demoraram.

— O que importa isso?! Vamos falar sobre a sua namorada misteriosa – disse Georgie apontando o dedo para o amigo – Onde ela está?

— Ahn... 

— Não acredito que você escolheu logo o natal para apresentar ela para todo mundo de uma vez – disse Percy – Não conhece a própria família que tem? Por que traria a garota para essa bagunça?

— Bom, eu vou ter que concordar com Perce – disse Fred.

— Do que você está falando? – questionou George apontando para a amiga – Você namora ela! 

— Bem, sim – disse Fred olhando para Georgie e segurando seu rosto com os dedos, apertando de leve e fazendo com que um biquinho se formasse no rosto da garota – Mas ela já estava preparada. Estava preparada desde que nasceu. Georgiana Morgan tem doutorado nas esquisitices da nossa família.

George revirou os olhos, mas não contestou. Sabia que era verdade.

— Bom, ela vai chegar na hora do jantar, então até lá, não me perturbem. 

— Estou feliz que conseguiu vir este ano, Daze – disse Georgie, dando um tapa no braço de Fred para que ele soltasse seu rosto – Vamos passar nosso primeiro natal todos juntos! Estou muito animada.

— Sim, levou apenas uma década para isso acontecer – a garota sorriu.

— Eu acho que foi na hora certa – disse Fred e Georgie o olhou confusa, ele apenas deu de ombros – Acho que vai ser um bom natal, é só isso.

[...]

Algumas horas mais tarde, a casa estava definitivamente cheia. Ginny estava sentada com Georgie falando sobre o teste que faria para o Holyhead Harpies assim que o ano acabasse, recebendo todo apoio e dicas possíveis de Georgie, que mesmo em pouco tempo, já havia aprendido uma coisa ou outra sobre ser jogadora profissional. Harry a ouvia falar com os olhos brilhando e Georgie achava muito engraçado e fofo ao mesmo tempo. Harry, Rony e Hermione estavam no ministério da magia. Hermione estava trabalhando no departamento das leis bruxas, enquanto Harry e Rony haviam virado aurores. Embora Georgie e Fred tivesse tido um debate muito interessante enquanto cozinhavam outro dia sobre como Harry se daria bem como professor de Defesa Contra as Artes das Trevas. 

Quase todos os filhos de Arthur e Molly haviam ido para o ministério da magia, exceto Charlie, que ainda morava na Romênia, Ginny que havia decidido seguir seu sonho de ser jogadora assim como Georgiana e Fred e George, é claro, porque ninguém poderia realmente esperar que os dois desperdiçassem seus talentos em um escritório. 

Fred e George haviam abandonado Hogwarts pouco tempo depois que voltaram do natal, durante o sétimo ano. Abriram sua loja de logros no Beco Diagonal e desde então, ela nunca havia ficado vazia. 

Era um sucesso total, assim como tudo que eles faziam.

Demorou, mas Molly aceitou depois de um tempo, afinal, os dois estavam indo bem e não havia do que reclamar.

Todos estavam bem. Bill havia parado de viajar para todos os lugares possíveis como um Desfazedor de Feitiços e agora se concentrava em Gringotes e em sua pequena família, que ele confessou a Georgie estar querendo aumentar novamente.

E tudo estava bem na família Morgan também. Após o natal de 95, ela e seu pai voltaram a se aproximar, sabendo que deveriam passar por aquilo juntos. E passaram. 

A dor de perder Jenna nunca havia passado, é claro. Era um sentimento que viveria para sempre com eles, no entanto, era um sentimento que poderia ser ressignificado, e é o que eles tentavam fazer todos os dias. 

Georgie sabia que não ia tão bem assim, ainda sentia o natal como uma data diferente, mesmo que não tanto quanto antes agora que tinha os Weasleys ao seu lado muito mais do que antes. O aniversário de Jenna também era uma data extremamente difícil, mas ela e o pai se reuniam para assistir os filmes favoritos de Jenna enquanto se enchiam de doces. 

E havia o quadribol... 

Georgie não conseguia negar que sua mãe era parte do motivo para ter recusado estrear no Holyhead Harpies. Não porque tivesse medo de acharem que ela só havia conseguido por ser filha de quem era, não, ela não se importava com isso, pois sabia que era boa. Mas ainda não se sentia boa o suficiente para entrar no lugar de sua mãe, lugar que ela sabia que todos estavam esperando que ela ocupasse. O Puddlemere United era o seu time desde criança, era um time bom e misto. E seu amigo de escola, Wood, era o capitão. Pareceu um bom começo para ela. 

Elliot estava sentado com Arthur, James Potter e Sirius Black perto do galpão do sr. Weasley, onde Sirius havia estacionado sua motocicleta e agora os quatro comentavam sobre ela. 

Lupin estava assistindo Victorie e Teddy brincarem no tapete da sala junto de Bill, enquanto Fleur, Tonks e Molly estavam na cozinha conversando. Daisy, que agora estagiava em Hogwarts para se tornar professora de Tratos das Criaturas Mágicas (o queixo de Georgie, Fred e George literalmente caiu quando ela contou a eles: nenhum dos três esperava que Daisy, tão pequena e delicada, pudesse querer cuidar de criaturas mágicas), conversava animadamente com Hermione e Rony. 

Fred assistia tudo em pé, no canto da porta da sala, gostava da agitação e da casa cheia, como sua mãe. Gostava de saber que sua família estava crescendo de todos os jeitos possíveis, por casamento e sangue ou apenas por terem amigos próximos demais. George parou ao seu lado e o olhou com expectativa. Fred suspirou. 

Sabia que o irmão estava utilizando de toda sua força de vontade para não ter irrompido no meio da sala, gritando...

— Então? Onde está, onde está? Me mostre!

— Está no quarto, mas...

— Vamos lá ver então, ande! 

George saiu puxando Fred pelo braço escada acima. Algo que ninguém achou esquisito, nem mesmo Georgie. O irmão bateu a porta atrás dos dois e o encarou com expectativa.

— Sabe, George, você realmente é muito fofoqueiro. Não sei como conseguiu guardar por todo esse tempo quem é a sua namorada misteriosa. 

— Não me enrole, Frederick.

— Na verdade, acho que só vou te mostrar se você me contar quem é ela.

George franziu o cenho para o irmão.

— Estou muito ofendido com a sua chantagem – disse –, embora não muito surpreso.

— Vamos lá, você já escondeu por muito tempo. Não pode ser assim tão ruim.

George suspirou, mordendo o lábio inferior em seguida – Me mostre primeiro.

Fred deu um sorrisinho para o irmão e abriu a terceira gaveta da cômoda que costumava ser deles, mas agora apenas guardava alguns livros e roupas antigas que sua mãe não tinha mais onde colocar, tirando de lá uma pequena caixinha de veludo vermelho. Sabia que depois de mostrar o objeto ao irmão, ele não teria nenhum motivo para contar quem era a garota, mas a verdade era que ele também queria compartilhar aquilo. George arfou e passou as mãos pelos cabelos, sem palavras. 

— Não acredito – foi tudo que ele disse enquanto caminhava até o irmão e o assistia abrir a pequena caixa, revelando o anel que havia comprado para fazer de Georgiana Morgan uma Weasley por completo. 

O anel era de ouro branco com pequenos diamantes em volta de uma pedra de Água Marinha que ficava no centro, reluzindo tão azul quanto o próprio céu. 

Ou os olhos de Georgie, que foi o que fez com que Fred se apaixonasse pelo anel assim que o vira.

— Parece uma flor – disse George.

Fred assentiu.

Sempre que abria a pequena caixa, ficava mais emocional do que gostaria de admitir e nem havia feito o pedido ainda. Desde que percebeu que estava apaixonado por Georgie, sabia que amaria a garota até o fim de sua vida. Este era o início de tudo aquilo. 

— Ah, cara... – murmurou George, baixinho – As duas pessoas que eu mais gosto no mundo vão se casar. 

— Ela nem disse sim ainda, George – disse Fred.

— Mas você sabe que ela vai dizer – argumentou o ruivo – Não acredito mesmo nisso.

— Diga o nome – disse Fred, tirando o irmão de seus pensamentos emocionados sobre o irmão e a melhor amiga – É de Hogwarts? Eu conheço? Quando ela chega?

George riu fraco dando um passo para trás e desviando o olhar do irmão. 

— Vamos, George, diga. Não preciso contar a Georgiana – disse mais uma vez, encorajando o irmão gêmeo. George soltou mais um suspiro e olhou para o irmão.

— Ela meio que já está aqui.

— Aqui? Mas apenas a família está aqu... – Fred parou de falar de repente, seu queixo quase indo ao chão fazendo George rir da expressão surpresa do irmão – Daze? Você não está falando sério! Daisy? Depois de todos esses anos?!

— Aconteceu naquele dia em que combinamos de ir ao Beco Diagonal e você e Georgie nos deram um bolo. Saímos como sempre, mas... – ele parou por um momento – Algo foi diferente. Não sei explicar.

— Você está namorando a nossa amiga, isso é... – Fred balançou a cabeça – Inacreditável.

— Você sabe que namora a nossa outra amiga, não é? – questionou George com uma sobrancelha arqueada fazendo Fred rir – Na verdade, está prestes a virar noivo dela! 

— É um inacreditável bom, George! Você sabe como Daisy é incrível – disse – Não sei como nunca pensei nisso antes... Você e Daze faz muito sentido. Mais do que eu e Georgie para quem quer que olhe de fora. Deveria ter nos contado!

— Você e Georgie são muito emocionados. Eu e Daisy estamos indo devagar. Somos amigos e não queríamos estragar isso. Só começamos a namorar de verdade a algumas semanas.

Fred assentiu.

— Você está feliz? Gosta dela?

George sorriu para o irmão.

— Estou mais feliz do que já estive em muito tempo. Me sinto meio burro, afinal, nos conhecemos desde os onze anos.

— É, estou familiarizado com essa sensação – George soltou uma risada alta – Se você está feliz, isso é tudo que me importa. Georgiana ficará em êxtase quando descobrir.

— Vamos contar na troca de presentes – respondeu e Fred sorriu com a ideia de ter Daisy participando da troca de presentes tradicional entre os três no natal depois de tanto tempo. George fez uma careta – Ah, ela vai surtar. Só não mais do que quando for contar que você a pediu em casamento. Sério, eu ainda não acredito nisso.

— Eu estou planejando isso desde o nosso aniversário em abril, George – disse Fred arqueando uma sobrancelha e colocando a caixa em seu bolso.

— Eu sei disso – George deu de ombros – Só que parece mais real agora. Como você irá pedir?

— Que bom que perguntou, querido gêmeo cabeça-oca que terminou de tirar do mercado o resto das nossas melhores amigas, porque tenho uma tarefa para você.

[...]

Algumas horas mais tarde, mas não antes do jantar de natal da família, Fred avistou Georgie entregando Victorie para Fleur. O garoto caminhou até a namorada e a abraçou por trás. 

— Posso te mostrar uma coisa legal? – perguntou, fazendo Georgie abrir um largo sorriso antes de virar-se para encarar o ruivo.

— Eu sempre quero ver uma coisa legal, Freddie. 

Fred sorriu e apertando a mão de Georgie, aparatou junto com ela para a grande árvore no fim do pomar de Molly Weasley.

Georgie passou a mão pela trança ruiva que havia sido desfeita ao desaparatar com Fred, olhou em volta e soltou uma risadinha.

— Cinco anos e já estamos nos tornando repetitivos, Frederick?

— Cale a boca – respondeu ele, mas não sem um sorriso. 

— Sua mãe vai nos matar se nos atrasarmos para a ceia de natal – disse Georgie enquanto Fred tirava a varinha do bolso e batia levemente no tronco da árvore, fazendo com que a pequena escadinha aparecesse. 

Os dois fizeram o caminho para o local que conheciam tão bem e se sentaram na ponta da passarela que Fred havia criado anos atrás, deixando que seus pés balançassem no ar enquanto observavam a Toca a distância e os pequenos vales montanhosos atrás dela. 

Georgie suspirou observando o céu que começava a escurecer. 

— Gosto tanto desse lugar.

— Eu também.

— Foi aqui que quase nos beijamos pela primeira vez – disse ela.

— Segunda vez você quer dizer – corrigiu o garoto e dois riram.

— Sim, pela segunda vez. 

A risada de Fred morreu aos poucos enquanto ele a emendava com uma respiração profunda, pronto para fazer o pedido que havia pensado por todo aquele tempo.

— Georgie... – começou ele quando a mão da garota encostou na sua, mas algo nos olhos azuis de Georgie o fizeram parar. Ela o olhava com tanta intensidade que se tornou desconcertante, parecia conseguir ler cada um de seus pensamentos e saber cada coisa que ele havia planejado. 

— Fazem cinco anos desde que tudo aconteceu – disse ela – Que nós acontecemos. 

Georgie havia virado metade de seu corpo para ele e parecia ter muito o que dizer, então Fred deixou que dissesse. 

— Acho que eu nunca cheguei a dizer de verdade o quanto eu sou grata por você, Freddie.

— Você já disse, sim. várias vezes e eu já disse que não faz sentido – retrucou ele com um sorriso, mas Georgie afastou o pensamento com a mão.

— Você não entende, nunca entendeu – disse – Eu amo você, Freddie. Você é o amor da minha vida e sei que vou te amar para sempre não importa o que aconteça. Sou feliz e grata por ter encontrado você, mas sou mais grata ainda por você ter me encontrado do seu jeito quando eu mais precisava.

Fred puxou a mão de Georgie para o seu colo, onde começou a fazer pequenos círculos lentos ao perceber que a voz da namorada começava a falhar pela sua respiração acelerada, deixando-a muito mais frágil do que ela parecia ser normalmente. 

— Sei que sempre estivemos aqui um pelo outro. É isso que George, você e eu fazemos desde que nascemos, mas você... Você pegou o pior ano do mundo para mim e o iluminou de ponta a ponta, Freddie. E isso mudou toda a minha vida. Sem você, eu não sei o que teria sido de mim.

— Teria sido a mesma coisa – retrucou novamente.

— Não, não teria – disse Georgie com firmeza – Em poucos dias você me fez ver coisas que eu recusava a ver e tudo porque me amava – ela sorriu, seus olhos brilhando com as lágrimas que ameaçavam descer – Seu amor foi como um bote salva-vidas, Fred e desde então você passou a me ajudar todos os dias, até hoje. E é por isso que eu nunca vou ser grata o suficiente, é por isso que penso em você cada vez que estou prestes a subir em uma vassoura ou sempre que eu e meu pai estamos rindo juntos de alguma bobeira em casa e o porquê de cada um dos meus gols serem para você. Porque você não é só o meu melhor amigo ou o meu amor, você é a razão de eu estar fazendo todas essas coisas. 

As lágrimas já desciam de maneira tímida no rosto de Georgie e Fred estava virado para ela segurando seu rosto com uma das mãos enquanto tentava pará-las com o polegar.

— Conseguiria ver a minha vida sem você, Fred, mas eu não quero – disse balançando a cabeça enfaticamente – E isso é mais do que posso pedir. 

Fred não sabia como responder. Havia subido naquela árvore com um discurso pronto e o anel que pesava em seu bolso, agora nem parecia estar mais ali. Tudo que ele via era Georgie com seus olhos azuis brilhando colocando todos os seus sentimentos para fora. E, maldição, como ele amava aquela garota, a amava tanto que mal cabia dentro de si.

Georgie era como uma força da natureza para Fred. Sempre que entrava em um local era percebida e admirada, era inteligente, corajosa, forte e leal. Era uma garota incrível e uma amiga mais ainda, mas não era por isso que ela era como uma força da natureza para o garoto. Ela era assim porque Fred não conseguia se lembrar de um único dia desde que a conhecera onde ela não havia feito seu coração acelerar de alguma forma. Mesmo antes de saber que gostava dela, Fred se lembrava das inúmeras vezes onde sua mente parecia virar fumaça apenas porque Georgie sorrira de maneira travessa para ele. Ela o dominava mais do que sabia. E ele gostava.

Ele sorriu, suas mãos tremendo levemente e seu coração batendo forte dentro de si, enquanto segurava o rosto de Georgie e se inclinava para selar seus lábios de maneira rápida, mas ao mesmo tempo, muito doce. 

— Eu amo você. Sei que você me ama e sei que se eu disser que a amo mais, entraremos em uma discussão, mas Georgie – ele riu fracamente, sua testa encostada na testa da garota, que também sorria. –, Eu vou te amar de maneira perfeita. Exatamente como você merece. 

— Para sempre? – perguntou ela em um sussurro.

— Para sempre, Georgiana. Vou amar você com cada batida do meu coração. Não te prometo nada menos do que isso. 

— Então passe o resto da sua vida comigo – soltou ela de repente. Georgie se afastou apenas o suficiente para Fred ver uma pequena caixa preta em suas mãos, erguida entre eles. Fred não disse nada. Não conseguia dizer nada. E quando ela a abriu, ele arfou. Ali, dentro do pequeno compartimento, havia um pequeno anel prata, não muito grosso e totalmente liso.

Georgie estava o pedindo em casamento.

Georgie estava o pedindo em casamento?!

Ele deve ter ficado calado por tempo demais encarando a caixa escura em suas mãos, porque Georgie se mexeu.

— Frederick, eu estou te pedindo em casamento caso não tenha percebido!

Ele desviou o olhar da caixa e mirou no rosto de sua garota. Os olhos azuis de Georgie não estavam mais vermelhos com as lágrimas, mas elas haviam deixado um pequeno rastro em sua maquiagem. Seus cabelos vermelhos esvoaçavam-se ao seu redor e ela havia contraído os lábios, formando um bico impaciente.

E foi sua expressão que despertou a maior risada que Fred já soltara na vida. Ele riu tanto que mal conseguia falar. Georgie colocou a pequena caixa que segurava no chão entre eles e o encarou com as sobrancelhas arqueadas, incrédula e ofendida.

— Você está rindo?! – questionou ela.

Fred, que havia jogado a cabeça para trás, voltou a olhar para a namorada e percebeu que devia estar sendo extremamente constrangedor e esquisito para ela, então ele balançou as mãos e tirou de lá sua própria caixinha. 

— Você está brincando comigo! – exclamou ela, cobrindo a boca quando Fred abriu a caixa, revelando o anel de diamantes azul que havia comprado – Está brincando, está brincando! 

Eles riam e choravam ao mesmo tempo, cada um segurando o próprio anel que havia comprado, olhando um para o outro como se não pudessem acreditar que aquilo realmente havia acontecido. E então, não tão distante deles, George Weasley soltou a primeira leva de fogos de artifício, assim como o irmão havia instruído. Primeiro o céu explodiu em laranja, depois azul, rosa e tantas cores que Georgie nem conseguiu mais identificar. 

Fred a segurou pelo queixo, fazendo com que olhasse para ele.

— Acho que ultrapassei todos os limites possíveis agora, Georgiana – ele sorriu de lado, fazendo o coração dela disparar –, e acho que vamos nos casar.

Georgie sorriu sarcástica, arqueando uma das sobrancelhas. 

— Não se preocupe, Frederick. Existem novos limites no matrimônio que podem causar o seu nariz quebrado.

Fred soltou uma risada alta e se aproximou de sua agora então noiva, tomando-a nos braços para dividirem um beijo suave e lento em meio a risos de felicidade, onde os dois pensaram a mesma coisa, exatamente como no dia em que correram juntos de mãos dadas por uma Hogsmeade cheia de neve. A diferença é que agora enquanto os fogos que o outro gêmeo havia soltado brilhavam em cima deles, iluminando toda propriedade dos Weasley, eles não pensavam que aquele momento nunca mais voltaria.

Eles sabiam que voltaria. Sabiam que um beijo doce com risos no meio era exatamente o que teriam para o resto da vida.

E não poderiam estar mais satisfeitos com isso. 

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Obrigada a todos que leram. Espero que tenham gostado de conhecer um pouco de Fred e Georgiana, como eu. Feliz natal! ♥



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