Indecisões escrita por Marie Pevensie


Capítulo 1
01 - Sofrendo Em Silêncio


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Mônica acordou se espreguiçando depois de uma boa noite de sono. Quando olhou pro relógio, viu que era mais ou menos 6:00 da manhã. Teria tempo de sobra pra se arrumar pra ir pro colégio. Era o primeiro dia de aula, e Mônica estava ansiosa não só por isso, mas também por estar no último ano do ensino médio, coisa que a garota almejava desde o primeiro ano. Se perguntassem à ela o que ela pretendia fazer, Mônica não saberia responder. A dentuça ainda não tinha ideia de que área ela pretendia seguir depois do ensino médio, claro que estava nos planos dela fazer uma boa faculdade, um mestrado e doutorado, mas ela ainda não sabia no quê. Meio relutante, a garota foi pro banho, onde ficou pensando por um tempo, principalmente em Cebola. Cebola. Já fazia mais de um mês que eles não conversavam. O motivo? Cebola simplesmente disse que tinha mais coisas com o que se preocupar do que ficar dando atenção pra Mônica. Qual não foi a surpresa da garota uma semana depois ao ver Cebola de papo com Irene? Nesse momento, Mônica havia se dado conta de que ela merecia alguém melhor do que ele. Alguém que fosse maduro o suficiente pra respeitar as escolhas dela, o jeito dela, e que a amasse de verdade, invés de ter um complexo ridículo como o do Cebola.

Só vou namorar você depois que eu te derrotar. Mônica perdeu a conta de quantas vezes ouviu Cebola dizer essa frase. Isso só provava o que Mônica já sabia muito tempo: que Cebola era uma pessoa extremamente infantil e de ego frágil, que jamais admitiria ser ultrapassado por uma garota com uma força enorme. Por isso aquela obsessão de derrotá-la falava mais alto do que o amor que ele dizia sentir por ela. Pra falar a verdade, Mônica não sabia se Cebola gostava mesmo depois, pois sempre o via acompanhado de outras garotas. Às vezes Mônica achava que era pra provocá-la, ou então porque ele gostava mesmo da companhia delas.

Depois de um tempo no banho, se enrolou na toalha e saiu do banheiro. Foi até o guarda-roupa, onde pegou suas peças íntimas, um short jeans, uma blusa de manga curta cinza e uma blusa xadrez vermelha pra usar por cima. Logo depois Mônica penteou seus cabelos curtos, pegou sua mochila e seguiu pra cozinha pra tomar o café da manhã, onde seus pais já estavam fazendo.

Seu Souza: Bom dia princesinha - disse o pai da dentuça - dormiu bem?

Mônica: Maravilhosamente bem - sorriu mostrando que estava calma - O que tem pro café?

Luíza: Bolo de cenoura com cobertura de chocolate, suco de uva e aqueles biscoitos de goiaba que você adora - falou dona Luísa colocando a bandeja em cima da mesa.

Mônica: Mãe, obrigada - disse a dentuça - mas eu estou de dieta.

Seu Souza: Mônica, minha filha - disse usando um tom repreensivo - você sabe que eu não gosto quando você faz essas dietas.

Luíza: Eu também não filha - se serviu de um pouco de suco de uva - você já é linda naturalmente.

Mônica: Eu sei mãe - suspirou - mas é que às vezes eu sinto que não me encaixo no padrão de beleza das outras garotas.

Luíza: Mônica, você não precisa seguir padrão nenhum - disse segurando a mão da baixinha - só seja você mesma.

Mônica: Está bem mãe - disse por fim cedendo e comendo um pedaço do bolo que sua mãe tinha preparado com tanto carinho.

*****
NA CASA DOS LIMA...

Lili: Magali - gritou da cozinha - acorda! Já está na hora de ir pro colégio.

Nenhum sinal. Lili suspirou, sabendo que teria que ir ela mesma acordar a filha. Resignada, a mãe da comilona foi até o quarto da filha, que ainda se encontrava na cama, mas acordada.

Lili: Magali - disse calma - você já está atrasada. É o seu primeiro dia de aula.

Magali: Eu não quero ir mãe - falou sem emoção nenhuma na voz - pra falar a verdade eu não quero nem mais estudar.

Lili: Filha - se sentou na beirada da cama de Magali - o que está acontecendo com você? Antes você era tão animada, agora está desse jeito.

Magali: Desse jeito como? - questionou franzindo o cenho.

Lili: Desanimada, triste - falou passando a mão nos cabelos da filha - Olha só o seu estado. Você não se arruma mais, não se maqueia mais. E eu sei que você adora fazer isso. Então eu te pergunto: o que está acontecendo com você?

Magali queria poder falar tudo. Mas tinha medo. Medo dele fazer algo com ela, ou pior, com sua família ou seus amigos. A verdade é que a comilona, agora ex-comilona, estava sofrendo em um relacionamento abusivo há mais de dez anos com Quim. Pois é. Quem diria que aquele menininho fofo que nós conhecíamos se tornaria um jovem violento e abusivo com a própria namorada? A garota vinha sofrendo com isso em silêncio, pois Quim ameaçava machucar todos ao seu redor caso ela falasse alguma coisa pra eles. Então por isso, Magali se calou. E principalmente: se afastou de quase todos os seus amigos. Quim tinha ciúme de tudo e todos que fossem próximos da garota, por isso fez a mesma se isolar e ficar só com ele. Os encontros entre os dois eram frios e sem emoção. Magali queria terminar, mas Quim havia deixado claro que se ela fizesse isso, alguém ia sofrer bastante. Claro que a garota se assustou com isso e nunca mais tocou no assunto. Isso só permitiu que Quim controlasse ainda mais a vida da menina. Agora quem determinava que roupa ela usaria era ele, o perfume, o penteado etc. Quim estava fazendo da própria namorada uma boneca. Fez Magali trocar as roupas alegres e com aspecto jovial pra fazê-la usar roupas escuras, sóbrias e desleixadas. A mudança causou estranhamento nos pais da magricela e nos amigos da mesma, mas não entraram mais a fundo, pois Magali tinha garantido que ela mesma quis trocar o estilo de se vestir. Mal sabiam as pessoas que viviam ao redor dela que a menina vinha sofrendo com uma relação tóxica, abusiva, e que não tinha como encerrar esse ciclo vicioso.

Magali: Não está acontecendo nada mãe - disse a magricela com um nó na garganta - eu só... não quero mais estudar.

Lili: Magali - disse suspirando - eu não vou insistir pra que você me fale o que está acontecendo. Mas eu quero que você vá pra escola. Faça um esforço filha. Por mim.

Magali: Tudo bem mãe - disse respirando fundo - eu vou tentar. Vou tentar.

Ela sabia que teria uma briga feia com Quim depois, mas não se importava. Ela não se importava com mais nada. Só queria morrer e deixar aquele relacionamento doentio que estava a matando aos poucos.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem. Digam nos comentários o que acharam. Até a próxima!



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