I see the signs escrita por Black


Capítulo 1
Exile


Notas iniciais do capítulo

Oi gente eu tô nervosa!!!!!!

Morg, que espero do fundo do meu coração que você tenha gostado. Escrevi com muito carinho e fiquei muito feliz de ter tirado você!! Gostei muito de escrever essa história e amo demais a música na qual ela foi baseada, mas sem pressão, se você não gostar eu escrevo mais quantas histórias você quiser, viu? Estou a seus serviços, minha rainha, pede que eu faço, beijos!!

Boa leitura e feliz aniversário da Taylor!



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A festa anual do Ministério da Magia não poderia ser pior. A música era repetitiva, as pessoas conversavam por puro interesse e James Sirius não tinha nada para fazer ali - exceto por observar Rose dançando com Scorpius Malfoy a festa inteira. Sentado sozinho na mesa reservada para a família Potter enquanto seus pais e irmãos conversavam com outras pessoas pelo salão, James sustentava um olhar furioso mesmo que tentasse disfarçar. Em suas vestes a rigor, não poderia estar mais desconfortável com a situação.

Como em várias outras ocasiões, Rose e ele haviam discutido. A diferença é que, dessa vez, a discussão de duas semanas antes daquela festa levou a um término doloroso.

Rose havia sido promovida em seu trabalho e recebeu a oportunidade de ser nomeada Agente de Integração representante da Grã-Bretanha nos Estados Unidos; passaria a morar definitivamente em Nova Iorque, para que pudesse trabalhar no Congresso Mágico dos Estados Unidos da América. Rose amava James, mas também amava seu emprego. Optou por sua carreira quando James nem ao menos considerou mudar-se com ela antes de supor que iriam terminar o namoro.

James era capitão dos Falmouth Falcons no Reino Unido. Passava a maior parte do dia nos treinos e foi titular na última Copa Mundial de Quadribol. James gostava de ser uma celebridade do mundo mágico e jurava que não trocaria Londres por nada. James amava Rose, mas também amava o quadribol. Não soube o que fazer quando viu Rose querer ir embora sem considerar ficar.

Depois da primeira discussão sobre o assunto, eles se tornaram estranhos. Rose não lhe contava mais as coisas com o mesmo entusiasmo de sempre e parecia perdida em outro mundo. No fatídico dia do término, ela disse inúmeras vezes o quanto estava cansada de sentir que estava sempre se esforçando sozinha, lutando sozinha, namorando sozinha, enquanto James não demonstrava a mínima perspectiva de um futuro diferente do que estava acostumado.

Quando James Sirius a viu dançando com Malfoy naquela noite, tudo passou a fazer sentido (ou o máximo de sentido que poderia fazer em sua mente). Rose falava muito sobre sinais e o quanto era importante percebê-los sem que precisassem ser ditos. James havia passado as duas últimas semanas pensando no que diabos seriam esses sinais e, na ocasião em que se encontrava no momento, acreditava ter visto o mais claro de todos: Rose estava usando a comemoração do Ministério para assumir seu mais novo relacionamento. Ela havia superado James, afinal.

Aquela festa era especial. O Ministério organizava essas comemorações restritas aos seus membros sempre que alguém era declarado chefe de algum departamento. Aos 28 anos de idade, Rose Granger-Weasley foi promovida à Chefe dos Inomináveis da Câmara do Tempo do Departamento de Mistérios graças a seu excepcional trabalho nas missões em que liderou; isso era tudo o que poderia ser dito, considerando que não havia nada mais secreto do que as funções de um Inominável. Essa promoção levaria Rose para o outro lado do Atlântico.

James Sirius foi quase arrastado pelos pais; Ginny tinha muita influência sobre seus filhos mesmo depois de terem deixado sua casa, tanto que fez questão de ir até o apartamento de seu filho mais velho e esperou pacientemente até que ele estivesse pronto a fim de garantir que ele compareceria à comemoração. Albus e Lily estavam radiantes com a conquista da prima, assim como o primogênito Potter, mas ver Rose sem poder tocá-la como antes era uma tortura insuportável para o melhor jogador de quadribol de sua geração - ou segundo, como Roxanne gostava de destacar.

Para seu desespero, as músicas irritantes e lentas não paravam de tocar e, do outro lado do salão, Rose não parava de dançar, rindo de alguma coisa que com certeza não tinha graça nenhuma e parecendo extremamente confortável com o aperto de Scorpius em sua cintura. Duas semanas. Duas semanas foram o suficiente para que Rose pudesse superá-lo. James não podia acreditar no que seus olhos lhe mostravam.

Uma bandeja com bebidas passou flutuando ao seu lado; sem exitar, o Potter pegou o segundo copo de whiskey de fogo. Ou talvez o terceiro. A música acabava, as pessoas aplaudiam, a banda começava outra música, Rose e Scorpius voltavam a dançar e James pegava outro copo. A sequência durou pelo que pareceram horas. James estava sem esperanças e sem um pingo de coragem para ir até a ruiva de vestido verde musgo e tirá-la dos braços daquele que costumava ser um amigo. O jogador, diferente da confiança que sustentara até o início da festa, passou a acreditar que tudo estava perdido e que Rose já teria se livrado de qualquer resquício de sentimento que pudesse direcionar à ele.

Em certo momento, a música finalmente parou de tocar. Todos tomaram seus lugares e James pensou que pudesse ser o momento certo para encontrar Rose e declarar-se para ela, tirar de dentro dele tudo aquilo que segurou por muito tempo. Ao invés disso, permaneceu sentado, ficando ainda mais irritado quando seus pais o olharam com pena enquanto Lily segurava a risada e Albus o olhava com uma careta de reprovação.

— Estou tão feliz de ter vindo - disse Lily.

— Cala a boca, Lily Luna - implicou James, atirando um guardanapo amassado na direção da irmã e acertando Albus ao invés disso, que jogou de volta o pedaço de papel.

— Eu não tenho nada a ver com seu mau humor, James Sirius - reclamou Albus - Mas bem que eu te avisei que sua burrice te faria perder a melhor coisa que já te aconteceu.

— Se eu precisar chamar a atenção de três adultos com quase trinta anos de idade - Ginny interrompeu -, vocês vão ficar traumatizados para o resto da vida.

— Sua mãe está certa - Harry concordou, colocando a mão no ombro de seu primogênito ao continuar - Vocês podem rir do seu irmão mais tarde.

— Como é bom ter o apoio da família - ironizou James, ficando em silêncio logo depois para tentar prestar o mínimo de atenção no discurso do Ministro da Magia. O Sr. Kingsley levou um bom tempo parabenizando todos os que haviam subido de cargo, chamando um a um até o palco para que recebessem algum objeto que fosse símbolo de sua posição. Quando Rose foi chamada, James se ajeitou na cadeira e chegou a sorrir, feliz por vê-la atingindo o tão almejado sucesso, como boa sonserina que havia sido nos tempos de Hogwarts.

— Meus parabéns, senhorita Granger-Weasley - disse o Ministro - e, em nome da comunidade Mágica do Reino Unido, agradeço por seus feitos no exercício de sua profissão. A Câmara do Tempo está absolutamente segura sob o seu comando e tenho certeza de que fará maravilhas no Novo Mundo.

Rose agradeceu e abaixou-se para que Kingsley pudesse lhe dar seu presente: um vira-tempo. A corrente dourada era longa e descia até a cintura da mulher após ser colocada em seu pescoço. Rose ajeitou os cabelos, apertou a mão do Ministro e posou para as fotos que tiravam ali. Orgulhosa dessa conquista, agradeceu a todos e seguiu até a mesa com seu irmão e seus pais, conversando um pouco com Roxanne na mesa ao lado antes de se sentar.

A pequena cerimônia havia terminado e o banquete seria servido. As mesas da família Weasley-Potter estavam, agora, unidas, permitindo que todo o clã pudesse se comunicar e se aproximar como gostavam de fazer. Por um infortúnio - ou muita sorte - Rose se sentou de frente para James, sendo obrigada a encará-lo vez ou outra. 

James estava sorrindo outra vez, observando cada movimento que ela fazia. Rose estava linda; seu cabelo estava preso em um coque no meio da cabeça, mas algumas mechas estavam soltas - de propósito, ele acreditava. Seu colo, antes livre de qualquer acessório, era agora adornado pelo vira-tempo dourado que ela apertava entre os dedos enquanto sorria. Seus lábios, tão lindos como sempre, estavam pintados com um vermelho escuro, contrastando com a leveza da sombra em seus olhos. Seu vestido acompanhava seus movimentos e tudo o que James pensava era o quanto ela estava bonita naquele verde.

Apesar de orgulhoso, o olhar de James era triste. Ele finalmente percebeu: havia se tornado um mero espectador da vida de Rose. Estava exilado, alheio a tudo aquilo que amava, longe da mulher que por tanto tempo havia sido seu lar. Seus olhos estavam marejados quando decidiu que o melhor a se fazer era deixar ir. Não poderia pedir que ela ficasse, afinal, sempre soube o quanto Rose valorizava sua carreira.

A mesa deles era, de longe, a mais barulhenta. Era uma pena que, em meio a tantas conversas animadas, James não estivesse com a mínima vontade de forçar nenhuma risada. Brincou com a comida no prato por um tempo, evitando olhar para Rose para que não fosse atingido pela frieza que com certeza receberia.

— Ei, Ross - chamou Fred II, cutucando a prima -, o que vai fazer agora? Roxy disse que você não quer ir comemorar depois daqui.

— Viajo amanhã de manhã, Fred - respondeu ela, levantando a taça e fingindo não se abalar com a imagem de um James cabisbaixo à sua frente - Além do mais, pretendo passar a noite dançando. E depois vou pra casa, pros meus gatos.

Assim que Rose terminou de falar, James entrou em pânico. Arregalou os olhos, levantou a cabeça e quase sorriu, tendo a mais absoluta certeza de que aquilo era mesmo um sinal lançado especificamente para ele. Até abriu a boca para tentar dizer alguma coisa, mas Scorpius Malfoy apareceu ao lado da ruiva - de novo.

— E aí, James? Não te vi hoje - disse ele, virando-se para Rose e estendendo-lhe a mão, sem perceber a carranca no rosto do Potter - Tenho certeza que ouvi você dizer algo sobre dança. Vamos, Ross.

Rose deu risada e pediu licença, levantando-se e seguindo Scorpius quando a música recomeçou. James Sirius estava no inferno.

Durante toda a noite, Rose sentiu suas costas queimarem com o olhar de James em suas costas. A expressão dele era furiosa; ela tinha certeza de que ele poderia se levantar e socar Scorpius a qualquer momento, o que não fazia o mínimo sentido considerando o quanto os dois eram amigos.

Houve um tempo em que Rose era extremamente apaixonada por James Sirius. Ela amava voltar para casa e vê-lo assistindo algum jogo de quadribol ou mesmo buscá-lo nos treinos. James era um ótimo ouvinte, mas às vezes ficava quieto demais. Sem a menor dúvida, era uma pessoa incrível e Rose jamais poderia odiá-lo, mesmo que tentasse.

Rose queria viajar. Queria ver o mundo e trabalhava duro para isso, sua carreira sempre foi uma prioridade e todos sabiam disso. Odiou se ver obrigada a escolher entre a carreira e seu grande amor e, às vezes, duvidava se havia feito a escolha certa. James não tinha exatamente exigido uma escolha, mas Rose sabia que não podia exigir que ele abandonasse tudo por ela.

— Ele ainda está olhando - disse Scorpius, tirando-a de seus devaneios - Igualzinho ao começo da festa. Talvez um pouco mais bêbado. E irritado.

— Ótimo - respondeu Rose, revirando os olhos -, é uma pena que não me interessa. Vamos continuar dançando e depois volto para casa descansar.

— Isso é triste - afirmou ele, ainda que apenas para provocá-la - É lindo quando você realmente quer isso, mas pare de mentir: você só não quer sair com a gente pra não trombar com James Sirius. Além do mais, você não vai pra sua casa, vai pra casa da Roxanne.

Rose mostrou a língua para ele, afastando-se e fazendo uma reverência exagerada quando a música acabou. Sem conseguir esconder sua curiosidade por muito tempo, olhou mais uma vez para James - como havia feito a noite inteira, mesmo que mais discretamente do que o artilheiro dos Falmouth Falcons. Ele parecia um pouco melhor do que antes. Conversava com Roxanne sobre algo que Rose não sabia o que era, mas morreria para descobrir.

— Eu não aguento mais te ver com essa cara, James Sirius - exclamou Roxanne, estapeando o braço do primo - Quando vai falar com ela? E por que é que não foi você quem saiu do apartamento? Rose está me estressando. Mas viaja amanhã, sabe?

— Você não tem mais o que fazer, Roxanne? - perguntou ele - Olha lá o Zabini te chamando. Ele está bem, aliás?

— Lucas está ótimo, muito obrigada - respondeu a Weasley - Agora pare de enrolar e vai falar com a Rose.

— Eu não vou lá, Roxanne - apontou ele, irredutível - Eu não vou pedir pra voltar. Rose está feliz com o sucesso dela e eu também estou.

— Ah, por favor, James - reclamou ela - Você pode até estar orgulhoso dela, não duvido disso, mas não minta dizendo que está feliz. Qualquer um vê que você está miserável e não vê a hora da Rose voltar correndo pros seus braços, mas isso não vai acontecer se você não for atrás dela. Você precisa parar de achar que tem as pessoas o tempo inteiro, sabe? Nunca é uma garantia. Se você a ama-

— Eu amo.

— Se você a ama - continuou ela -, não vai explodir se disser isso de vez em quando. Ou fazer um grande gesto pra mostrar isso.

James ficou em silêncio por alguns minutos. Sabia que estava errado, mas quase não podia resistir ao orgulho, ao ponto de estar prestes a se esquecer do que ouviu mais cedo. Por isso, não segurou o comentário infame que vinha segurando a noite toda.

— Não importa mais - deu de ombros - Ela parece bem ocupada com o Malfoy.

A gargalhada de Roxanne deixou James vermelho. Ela continuou rindo por minutos a fio, chamando a atenção das pessoas ao redor da mesa enquanto limpava algumas lágrimas que escapavam de seus olhos. O Potter respirou fundo, bebeu um pouco da cerveja amanteigada do caneco à sua frente e voltou-se para a prima.

— O que foi agora? Eu não vejo a menor graça.

— Ah, meu querido, amado primo - disse Roxanne, entre risos - Seus belos olhos verdes escondem sua burrice. O Scorpius tá saindo com seu irmão há semanas, finalmente. Em que mundo você vive?

De braços cruzados, James absorveu a informação que acabara de receber. Estava tão preso em seu próprio sofrimento - e doses excessivas de drama - que nem ao menos se lembrava de que Scorpius vivia perguntando por Albus e vice-versa, ambos fingindo que não se gostavam por anos a fio. Se viu de olhos arregalados outra vez, sentindo uma ponta de esperança voltar para seu peito. Levantou-se e ajeitou seu paletó, arrumando as abotoaduras nas mangas.

— E o que vai fazer agora, Jay Six? - provocou Roxanne, bebendo de sua taça - Sua coragem já voltou? Espero que seja rápido já que logo, logo Rose vai embora de vez.

— Por favor, Roxanne. Eu nunca perdi minha coragem. E claro que serei rápido - disse ele, tomando mais uma dose de whiskey de fogo de uma só vez - Eu sou o artilheiro mais rápido dos Falcons.

— Não me faça rir outra vez, Jay - implicou ela, corrigindo o primo ao vê-lo se afastar - Você é, no máximo, o segundo mais rápido.

James até responderia, mas já havia se afastado o bastante, seguindo a passos firmes na direção de Rose e Scorpius. Durante toda a noite, James pedia para todas as entidades que permitissem que ele ainda tivesse alguma chance com ela. Rezou para que ela ainda o olhasse da mesma forma. Até que aconteceu: durante a bela execução de alguns passos de dança, Rose se virou e, por um descuido, seus olhos encontraram os de James.

Ele a viu. Viu seus olhos brilharem, viu seus lábios estremecerem e viu em sua expressão a confirmação que precisava: Rose ainda o queria. O momento em que se olharam havia realmente sido um acidente ou seria, talvez, um sinal? James passou a pensar que era muito mais do que coincidência.

Rose pensou o contrário. Por muito tempo, buscou sinais em tudo: em meias palavras, olhares e gestos. Viu algo nos olhos de James que achou nunca ter visto antes, mas ignorou essa dúvida por completo. Estava cansada de procurar coisas que nem ao menos existiam, exausta de implorar por coisas que deveriam ser espontâneas e, por isso, forçou sua mente a acreditar que James estava olhando para qualquer outra coisa que estivesse naquela direção. Talvez outra pessoa.

James, na verdade, caminhava em sua direção com passos firmes, apertando as mãos em punhos ao lado do corpo. Scorpius sorriu, achando graça do desespero da amiga. Soltou de sua cintura e beijou sua bochecha, afastando-se logo em seguida.

— Boa sorte, Ross - disse ele - Vai precisar.

Ela se sentia forte o suficiente para resistir, mas os olhos dele seriam sempre a coisa mais bonita que Rose já vira em sua vida. Estavam tão brilhantes quanto no dia em que terminaram, mas ao invés de mágoa, o verde reluzia determinação.

— Eu preciso falar com você - disse James, mexendo nas mãos como se não soubesse o que fazer com elas. Ele também parecia esperançoso, mesmo que confiante, não muito certo se Rose estaria disposta a escutá-lo ou não. Rose queria dizer não.

— Não dá, James - negou ela, tentando olhar em qualquer outra direção - Já chega. Já fizemos isso antes. Vou pra casa agora, vou-

— Ver nossos gatos - James enunciou, dando de ombros - Você sabe que Morgan e Perséfone estão comigo esse fim de semana. Vamos pra casa, Ross.

— Tchau, James Sirius.

— Mas, Rose, eu quero-

— James, eu não consigo! - interrompeu ela, tentando parecer mais firme - Estou cansada de ficar presa numa cena horrível de um filme que já acabou.

— Por favor, me escuta - pediu ele, seguindo-a pelo salão quando ela se afastou para uma das saídas - Eu sei muito bem de todos os problemas que tivemos nas últimas semanas, mas você não pode realmente duvidar do que eu sinto por você, Rose!

— E o que é que você sente, afinal, James Sirius? - ela levantou a voz, voltando-se para ele quando pararam nos jardins - Conforto? Se sente acomodado? Não aguenta nada de diferente, nenhuma mudança, não consegue dizer o que não te agrada e espera que eu adivinhe?

— É você quem fala o tempo inteiro em sinais - acusou ele, irritado outra vez - Você mesma diz que tem coisas que não precisam ser ditas pra-

Não — corrigiu ela - Não comece. Eu digo que há coisas que não precisam ser exigidas. Eu não deveria ter que pedir que você me dissesse o que sente. Eu não posso esperar pra sempre, sabia? Eu tenho coisas pra fazer, lugares pra ir. E você também tem.

— Acha que não sei disso? Mas que diferença faz uma grande declaração depois de tudo o que já vivemos, Rose?

— Você não entende, não é? - questionou ela, parecendo decepcionada - Não preciso de uma grande declaração, James Sirius. Eu preciso…

Rose suspirou. Passou as mãos pelo rosto e olhou para James outra vez, juntando forças para ir embora - ou, talvez, buscando razões para ficar. James deu alguns passos até se aproximar dela, com cuidado, parecendo feliz em ver que a ruiva não se afastou.

— Eu tenho que ir, James - ela disse, sentindo o corpo relaxar com as mãos grandes de James em seu rosto - Você sabe que meu trabalho é importante pra mim. Não me peça pra ficar.

— Por que não pediria? - questionou James - Não é tão fácil ver você me deixar, Rose.

— Porque eu iria ficar.

James fechou os olhos e encostou sua testa na de Rose, sentindo as mãos dela por  cima das suas. As bochechas de Rose estavam geladas pelo vento frio, mas as lágrimas teimosas que escorriam de seus olhos eram quentes. Quando Rose confessou aquilo, ele soube: jamais poderia pedir que ela ficasse.

— Tenho que te perguntar uma coisa - começou ele e, diante do silêncio dela, resolveu continuar - Quando discutimos você disse que não queria me pedir pra deixar minha carreira aqui, mas preciso ouvir de você. Você quer que eu vá, Rose?

Aposto que essa é uma das coisas que não precisam ser pedidas, pensou James enquanto a ruiva estava apenas em silêncio. Rose queria não ter que escolher. Queria não querer se afastar ou ter sonhos diferentes, mas gostava dos sonhos que tinha e lutava por eles. Não pediu que James fosse com ela por medo de que ele recusasse e por não achar justo, mas seu peito ardia com a vontade de gritar para que ele a acompanhasse. Eventualmente, James escutou.

— Eu vou com você.

— Mas, Jay… - começou ela, surpresa com o que acabara de escutar - James, você não pode. E seus irmãos? Seus pais? E os Falcons e a liga, você não pode simplesmente-

— Lily e Albus vão ficar bem - interrompeu ele - Hugo consegue ficar sem você. Tenho certeza que a Lily não vai se importar. Albus também, assim como meus pais. E Roxanne vai adorar assumir os Falcons. Ela será uma capitã muito melhor do que eu, só não conta pra ela que eu disse isso.

— Você tem certeza? - ela perguntou, ainda com medo de que James mudasse de ideia, mas ele deixou escapar uma risada fraca e acariciou seu rosto com delicadeza.

— Eu cruzaria o Atlântico a nado por você, Rose Weasley - ele disse - Mas me contento com uma chave de portal.

Rose encarou James sem saber o que dizer, deixando mais algumas lágrimas descerem em seu rosto. Ela apertou suas mãos no peito dele, puxando a camisa branca com os dedos. James usou esse momento para observá-la com muito mais atenção. A boca carnuda e vermelha tremia um pouco com o frio e o choro, mas uma sombra de um sorriso podia ser vista no canto de seus lábios. Os olhos de Rose eram as mais belas orbes que James já viu; olhos tempestuosos e firmes, dispostos a tudo. James amava aqueles olhos.

Sua pele estava em arrepios e ela se aproximou dele com pressa, tentando se aquecer e interrompendo o momento de James com um beijo desesperado. Quando Rose o beijou, ele teve ainda mais certeza de sua decisão. Ele a abraçou forte, apertando sua cintura e deixando suas mãos tocarem cada centímetro do corpo dela, como tanto gostava de fazer. Por míseros instantes, se afastaram para respirar e aparataram em seu apartamento, fazendo o caminho desajeitado e apressado até o quarto do casal que, por noites a fio, Rose ficara longe.

A última noite que tiveram enquanto moradores da bela Inglaterra, por sorte, pareceu durar muito tempo; mal perceberam as horas passarem e o dia amanhecer, a não ser pela luz que atravessava as cortinas. Abraçados por baixo do edredom, aproveitaram os instantes em silêncio antes que James precisasse correr para arrumar suas malas.

— Você estava certa sobre os sinais, Rose - disse James, deixando-a confusa com a fala. Rose levou um bom tempo para entender o que aquilo significava.

James passou muito tempo tentando ver os sinais, tentando entendê-los. Procurava dicas em meio às discussões, perguntava a outras pessoas, tentava desvendar todos os mistérios que o universo colocava em seu caminho. O tempo que passou exilado foi como uma prisão, sendo constantemente torturado com a terrível agonia que fazia doer até seus ossos até que, finalmente, ele entendeu: todos os sinais apontavam para Rose.


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Notas finais do capítulo

Tomara que tenham gostado pois tô me roendo de nervoso.

Muito obrigada a todas as meninas do Pride por todo o apoio e carinho. Um abraço forte apertado e cheio de orgulho pra todas! Obrigada também pra Isa e Fefê que leram e me ajudaram a dar uma segurada no surto!!

Até a próxima, amoras!!

Beijos, black ♥