Keybringer Pirates escrita por Kardio


Capítulo 12
Capítulo XII


Notas iniciais do capítulo

Olá a todos! Como estão? Espero que bem! Perdão pela demora ao postar esse, normalmente posto pela manhã, mas essa manhã foi bem movimentada para mim (tava dormindo), mas sem mais delongas, espero que gostem!



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Capítulo XII – O Ataque das Najas. 

— - Clair - - 

O sol nascia timidamente no horizonte, lançando seus raios sobre a imensa montanha de  pedra conhecida como Red Line, os pássaros arrulhavam e grasnavam em meio a seus voos  matutinos, o mar encontrava-se calmo e o os ventos não estavam fortes, só o suficiente para  não deixar o clima abafado, o dia começara a nascer, mas já havia confusão no convés. 

O comandante Joseph ainda não havia saído de sua reunião, o que deixava os tripulantes  relativamente sossegados e, ao mesmo tempo, inquietos, essas eram as horas de diversão que  tínhamos e eles escolheram passar elas da forma que mais gostavam: assistindo e apostando  em lutas. Apesar da nossa divisão ser conhecida dentro do Bando das Dez Mil Mãos como a  mais forte, não somos o que pode ser chamado de unidos. 

Diferente dos outros esquadrões, nossa hierarquia de comando não se caracteriza por um  comandante dando cargos, simplesmente é uma escada de força. Com exceção do  comandante, que só pode ser retirado ou substituído com ordens do capitão da frota, todos  devem lutar contra a pessoa que tem maior cargo se quiser crescer em respeito na tripulação;  ou seja, se você quer se tornar o imediato e braço direito do comandante, você deve ser o  mais forte e derrotar todos os outros tripulantes em um mano a mano, quanto maior o cargo  que almeja, mais desafiador será e, por ser a vice imediata, naturalmente sou a segunda  pessoa com maior influência na tripulação, atrás apenas do imediato... Não vou nem falar o  nome desse desgraçado que pode ser que eu fique furiosa e acabe matando alguém. 

Os subordinados rodeavam-nos por todos os lados, gritando e apostando em quem acham que  se sairia vitorioso do combate, posso escutar alguns murmúrios dizendo que as apostas  estavam a favor de mim, mas que o comandante da infantaria, vulgo meu adversário, também  não estava muito atrás. Nos últimos dias ouvi boatos de que ele estava treinando muito, logo  não foi surpresa alguma quando ele chegou para mim e me desafiou, afinal, esse é o tipo de  pessoa que Tracey, mais conhecido como a Víbora Púrpura, é. Ambicioso e obstinado. Se ele  quer algo, ele vai atrás até conseguir, e agora ele quer meu cargo. 

Ponho a mão por sobre o ombro, estalando os ossos dali enquanto me aquecia, à minha frente  estava Tracey. Ele usava sapatos sociais perfeitamente polidos, calças e camisa negras por  debaixo de um paletó sem gravata, existe algo em seus orbes púrpuras que sempre me  incomodou e esse algo é o brilho predatório que eles sempre demonstram, como se todos  fossem apenas presas que ele observa cautelosamente até realizar seu bote, o que lhe rendeu  sua alcunha. Seus cabelos negros levemente arroxeados chegavam-lhe até a nuca, raspados no  lado direito da cabeça, uma franja cobria-lhe o olho esquerdo, chegando até a bochecha, um  pequeno brinco prendia-se à sua orelha direita. Suas mãos enluvadas seguravam seu chicote e  seu sorriso debochado mostrava-se confiante. 

— Preparada, Clair? Não pense que irei pegar leve só por que você parece uma fedelha  anêmica. – A víbora zomba, arrancando gritos de empolgação da plateia. 

— Pelo menos eu não tenho que ficar lambendo os sapatos de meus superiores até ter coragem  suficiente para enfrentá-los igual você, sua biscate. – A gritaria já se transformava em uma  ovação indiscriminada a essa altura, Tracey apenas sorri. 

— Não por muito tempo, Clair. – seu sorriso zombeteiro ainda mais. – Aliás, pensei que você  fosse muito melhor no que se trata de insultar os outros. 

— Piranha. – respondo imediatamente e ele apenas parecia se divertir. 

— Isso é um elogio. – retruca ele. 

— Cachorra. 

— Você só sabe usar animais como xingamentos? Que falta de criatividade. – zombava ele. 

— Hétero. – de repente suas feições se enrijecem e o silêncio toma conta, desta vez Tracey  parecia furioso. 

— Agora pegou pesado, vou acabar com você. – sorrio de canto, sacando e girando uma de  minhas garruchas em meus dedos. 

— Pode vir. 

Um silêncio sepulcral se instala no convés, o vento parecia recusar-se a se mover e um  pelicano solitário batia suas asas até alcançar a proa do navio, onde pousa e, quando suas  garras tocam o chão, dá-se início a luta. 

Giro a garrucha uma última vez e realizo um disparo mirando o maxilar de Tracey enquanto me  movo para a esquerda, a Víbora Púrpura brande rapidamente seu chicote, estalando-o no chão  antes de rotacionar seu corpo, posso ver seu chicote, apenas com a velocidade do movimento,  partir minha bala ao meio, inutilizando-a, ao mesmo tempo, a arma de couro de Lagarto  

Gigante de Shandora mirava meu rosto, deslizo pelo chão, passando por debaixo da mesma,  dando em seguida dois tiros que são facilmente desviados por ele, provavelmente Tracey  “escutou” os tiros e suas trajetórias assim que elas saíram da arma e se moveu de acordo. 

O chicote retorna a sua mão, dessa vez lançando um golpe de cima para baixo, dou um passo  para o lado enquanto o chicote afunda na madeira do convés, espatifando-a em parte. Ergo  meu braço, mirando em Tracey, mas a Víbora púrpura balança seu chicote que acerta minha  mão com força insana, jogando longe minha garrucha. Antes que eu pudesse raciocinar, outros  dois golpes foram realizados, um acerta minha bochecha, abrindo um pequeno corte, o outro  mira em minha outra garrucha, localizada em minha cintura, também a tirando de mim, a  arma de couro retorna às mãos de Tracey, que olhava com desdém. 

— Bom, suas armas já se foram. – debocha ele, seus olhos brilhavam à luz do sol. – Agora me  diga, o que é você, Clair do Tiro-Rápido, se não puder dar um tiro? – meu corpo pulsa e ambos  os meus antebraços se preenchem com o material negro misterioso. 

— O que sou eu não sei, mas sei que ainda serei mais forte que você. – os olhos dele brilham  predatoriamente. 

— Como imaginei, vai recorrer ao Armamento com seus punhos, assim como esperado de uma  selvagem como você. – sem mais tempo para conversas, avanço ferrenhamente contra Tracey,  ele brande seu chicote, como se tentasse me forçar a recuar com um golpe no braço. 

Me defendo com o metal escuro em minhas mãos, agarrando e envolvendo meu punho com o  chicote, puxo forte, obrigando a Víbora Púrpura a se aproximar e acerto um soco poderoso em  seu estômago, o corpo de Tracey se curva e é então que agarro seu cabelo e o puxo para  baixo, acertando uma poderosa joelhada em sua face, tão forte que o tira do chão, mas então 

Tracey puxa com força seu chicote que, ainda amarrado em meu punho, me faz girar e cair no  chão. 

Giro rapidamente para o lado, escapando de uma chicotada vertical, logo após pulando para  escapar da sequência horizontal do golpe, o chicote volta novamente para a mão de Tracey  que dessa vez encobre a ponta de sua arma com o mesmo material negro que revestia meus  punhos. Agora a situação ficou complicada. Ele estala o chicote contra o solo do navio e posso  sentir o mesmo abalar-se por inteiro, logo após me atacando, só tenho tempo de erguer meus  braços e o chicote explode contra minha defesa, lançando faíscas e uma ínfima onda de  energia do local do impacto. 

— Bom, acho que isso é o suficiente, acabou a brincadeira. – exclama Tracey, começando a  balançar seu chicote freneticamente, o couro da arma envolvia-se por todos os lados ao redor  de seu usuário, servindo como uma barreira impenetrável, a ponta do chicote consegue  alcance para me atacar mesmo de tão longe à medida que realizava seus recuos defensivos.  Entendo. Eu não conseguirei atacá-lo, mas ele sim, mesmo que não seja muito, ele está  querendo me cansar para depois acabar comigo, mas não tenho muita escolha, tenho que me  aproximar ou não conseguirei vencer, não com minhas garruchas do outro lado do convés. 

Avanço rapidamente, tentando usar meus braços para me defender, mas quando a ponta do  chicote acertava meus braços, eu era empurrada para trás, em certo momento ele acertou meu  ombro e tenho certeza de escutar o som de meu osso quebrando com isso, ergo minha guarda  e fecho os olhos, se não consigo ver um caminho, tenho que simplesmente “ouvir” um. 

Escuto tudo, o movimento do chicote, o açoite da ponta, o bater do coração, o ranger dos  dentes, o caminho que devo seguir, ok, vamos nessa. Dois passos pra frente, um pra direita,  um pra trás, dois pra frente, quatro pra esquerda, um pra frente, agache-se, dois passos pra  frente e agora... Jogo com força meu punho para frente, acertando novamente o estômago  dele, noto que ele desfez sua defesa, mas que rapidamente seu chicote me envolvia,  prendendo-me, dou um leve salto, tentando chutá-lo, ele ergue um braço pra se defender, ele  consegue, mas uso seu braço como ponto de apoio para empurrar-me para trás com o pé,  girando o corpo para me livrar do chicote, em meio ao giro pego uma das balas que estava em  meu bolso e revisto-a com o mesmo metal negro de minhas mãos, ao aterrissar, ponho-a entre  os dedos e miro, estalando meu polegar e indicador a bala é disparada com a potência de um  tiro de fuzil. 

Tracey deve ter “escutado” meus movimentos e desviou a cabeça, fazendo com que a bala  apenas raspasse seu rosto, chocou-se contra o mastro, o atravessasse e se perdesse em meio  ao mar, a Víbora parecia paralisada ao notar que por pouco escapou da morte, todos os outros  estavam atônitos com o que haviam acontecido, mas agora o resultado era claro: o espírito de  Tracey estava quebrado, ele não lutaria mais com tudo que tinha nem que quisesse. Eu venci. 

— Clair. – Uma voz me chama firmemente, viro-me vendo que se tratava de Joseph, nosso  comandante. – Quero falar com você, venha até minha cabine. – ele adentra novamente a  porta que levava as escadas para a parte inferior ao convés, ando calmamente até as  garruchas, guardando-as nos coldres em minhas cinturas, dou uma última olhada para Tracey,  ele ainda parecia abalado enquanto se sentava ao chão do convés, a multidão a seu redor  começava a se dissipar após dar tapinhas em seus ombros tentando animá-lo, é uma pena,  mas no momento eu ainda não estou pronta para perder meu posto, jogo um beijinho pra ele  enquanto começo a descer as escadas, posso ver o rosto da Víbora contorcer-se de raiva à medida que desapareço no interior do convés.

Percorro o caminho já tão conhecido até a cabine do comandante Joseph, com o inútil do  imediato Oren sempre escapando para fazer o que bem entender, eu sou a única que participa  das reuniões que Joseph realiza. Quando avisto a porta, ela estava entreaberta, adentro o local  fechando a porta às minhas costas. 

O grande mapa-múndi ainda estava desenrolado sobre a mesa, assim como na última vez que  vim aqui, provavelmente Joseph, o Arquiteto da Guerra, está bolando algum plano que mais  ninguém conseguiria pensar. Ou então olhando para os nomes para ver se ele acha uma ilha  com o nome dele, o que vier primeiro. Pendurada sobre a mesa havia uma lamparina acesa,  nunca entendi o porquê de ele gostar tanto de luz vinda do fogo a ponto de negar ter uma  lâmpada em seu próprio quarto, ele realmente é um homem muito metódico. Joseph estava  sentado em um banco de ferro aparentemente desconfortável, mas duvido que ele costume  descansar, o fato de não haver sofás ou camas na cabine pessoal dele é prova disso, então  aquele pequeno móvel feito de ferro era provavelmente um luxo para o Comandante. Sobre  sua coxa havia um caracol com um transmissor de voz equipado a ele, um dos famosos Den Den Mushi, este aparentemente é o telefone pessoal do capitão. Joseph parecia cansado, fito o inexpressivamente. 

— Reunião problemática? – Ele limita-se a abrir um sorriso no canto dos lábios duros e coçar a  barba. 

— Problemática é uma palavra gentil para se usar. – ele vira seu olhar para mim, me convidando  a tomar assento, nego educadamente com a cabeça, preferindo me manter em pé encostado à porta, assim eu poderia “ouvir” mais claramente se alguém quisesse bisbilhotar nossa  conversa. – Acho que o termo adequado seria caótico. 

— O Capitão apareceu desta vez? – ele ergue a sobrancelha, como se estivesse surpreso que eu  ainda ousava perguntar isso. 

— O Capitão? Khair das Dez Mil Mãos? Abandonar sua sessão de treino para participar da  reunião estratégica? Impossível. – seu tom era sério, ele não costuma ser um homem brincalhão de  qualquer forma. – Ele faz certo, se quisermos sobreviver nesses tempos que virão, precisamos  que ele esteja em seu auge, ele que deixe a estratégia conosco. – mesmo dizendo isso, ele  ainda parecia frustrado e tenso, provavelmente tivera outra discussão acalorada com... 

— Barkan, o Vulcão, correto? – vejo Joseph bufar só de ouvir o nome dele. 

— Sim, esse cara tem sido um pé no saco já faz um tempo. – ele volta a erguer a cabeça,  olhando para o teto. – Ele é muito impaciente. 

— Bom... – abaixo a cabeça antes de continuar a falar. – Se me permite dizer, a impaciência dele  tem motivos, afinal, faz meses que estamos aqui. 

— Meses, mas no momento temos controle sobre 75% do East Blue, e isso sem termos nos  envolvido em confusões desnecessárias. – argumenta o comandante, claramente irritado com  a cobrança sobre si. – Se fosse qualquer um dos loucos que o Capitão chama de Comandante,  já teriam destruído o East Blue inteiro e despertado a fúria de Luffy, e todos nos lembramos do  que aconteceu da última vez que o Rei dos Piratas ficou furioso. – sim, era impossível não  lembrar, afinal, a última vez que o mundo presenciou a fúria de Luffy, foi iniciada a mais longa,  sangrenta e importante guerra, aquela que colocou o mundo nos moldes de como o  conhecemos hoje, acho que ninguém gostaria de enfrentar uma situação dessas novamente,  eu particularmente prefiro apenas ouvir sobre as lendas que rodeiam tão imensa batalha. – O 

problema não é entrar em guerra, nunca foi. – continua Joseph. – Mas é tolice desafiar um  adversário que não se pode vencer quando ele está no território dele. – ele solta um longo  suspiro. – De qualquer forma, estou cansado, e preciso de um café, e um calmante. – pego um  dos comprimidos que estava sobre uma das estantes com mapas, jogando para ele, o  Comandante o engole sem fazer cerimônias, começo a servir-lhe um café antes de perguntar. 

— A reunião girou apenas ao redor de nós? – ele meneou negativamente a cabeça, solvendo um  pouco do líquido escuro. 

— Vários outros relatórios a respeito de piratas importantes se movendo, nada que eu já não  tenha previsto antes. – era realmente incrível como Joseph se dispunha a planejar seus  movimentos prevendo o de todos os outros antes, e com todos, me refiro até mesmo ao  mascote da tripulação mais fraca do mar mais fraco, existem rumores de que ele pode dizer  tudo que alguém fará se ele tiver visto-o pelo menos uma vez, mas não sei até onde tais  rumores são verdadeiros. Ele continua tomando seu café até que, aparentemente nota algo  quase o faz engasgar. – Clair, lembre-me o nome daquele pirata que derrotou os  sequestradores que mandamos para levar Lyon. – ele ergue-se de sobressalto, deixando o café  perigosamente sobre o banco estreito.  

— Acho que... Luke Hardy. – falo após alguns momentos de reflexão, ele parecia ávido em sua  procura, estava fuçando a mesa que continha os cartazes de recompensa, mas é impossível, eu  já chequei várias vezes, o tal Luke não tem recompensa alguma. 

— Achei. – murmura Joseph, seu tom era mais sério que o habitual, mas ao mesmo tempo  demonstrava certa incredulidade. – Eu sabia que esse nome me era familiar. – ele fala  enquanto ergue um dos cartazes. 

— Quem é este? – falo de longe, sem conseguir saber de que cartaz se tratava. 

— Provavelmente, o pai de Luke Hardy, nunca o notamos por quê raramente nos referimos a ele usando o sobrenome, já que só pelo nome é o suficiente para sabermos quem é ele. – ele engole em seco e sinto como se uma mão se  fechasse ao redor de minha garganta com as palavras que são pronunciadas a seguir. – O  homem com quase 6 bilhões de recompensa, Lance Hardy, a Hidra Branca, um dos 4 Yonkous, junto do nosso capitão. 

— - Luke - - 

— Luke. – uma voz me chama, distante, quase inaudivelmente, ela me soa familiar... – Luke! – era urgente e desesperada, seu tom era masculino... Zodick? – LUKE! – exaspera o moreno,  chacoalhando-me sobre a cama, acordo assustado, sentando-me sobre o colchão, olhando os  arredores, o rosto de Zodick estava pálido e seus olhos pareciam inquietos. 

— Que? Que foi? Que houve? – ele se põe em pé com urgência. 

— Temos problemas. – fala ele rumando para o lado de fora do quarto, puxando-me pelo braço. - Ei, calma aí, o que houve? 

— Aqueles piratas que derrotamos junto de Torui no restaurante são do bando de Mark, o Naja.  – lembro-me vagamente de escutar Torui falando algo sobre isso, mas por que ele puxou esse  assunto tão de repente? – Eles descobriram que nós e Torui estamos aqui e querem vingança,  eles começaram a atacar a mansão faz uns dez minutos, Torui e Sofie estão lutando junto dos  guarda-costas para pará-lo. 

— Quê? E porque foram para a luta sem mim? – posso ver uma veia de irritação pulsar na  têmpora do negro.

— Por que você não acordava! – esbraveja. – Estou há um tempão te chamando e  você nada de acordar. 

— Ah, bem, desculpa aê. 

— Isso não importa agora, vamos nos juntar aos outros. – assinto com a cabeça, descendo as  escadas junto a ele. No caminho, posso ver Joy, a governanta da mansão, evacuando todos os  serviçais, era perigoso para eles aqui e eles provavelmente apenas iriam atrapalhar. 

Quase saltamos escada abaixo, ao chegarmos no térreo, Zodick dispara em direção à porta,  irrompendo através dela, mas algo não me cheira bem, tipo, literalmente. Paro poucos passos  antes da porta. Estou com um mau pressentimento. Ouço um barulho estranho e viro-me,  vendo um vulto se arrastar em direção à cozinha. 

Dou uma última olhada em direção à porta, posso escutar o som de tiros e gritos, a situação  não parecia estar nada boa lá fora. Mas mesmo assim, devo seguir minha intuição, dou meia  volta, rumando para o caminho que vi o vulto seguir. 

— - Torui - - 

Meus sapatos sujam-se à medida que corro por sobre a grama, as balas saíam avidamente de  minha garrucha, consigo acertar um dos oponentes no ombro, outro tem seu crânio perfurado  e mais dois caem ao chão com suas coxas baleadas. Escondo-me atrás de uma das paredes.  Todo o pátio virou uma zona de confronto muito rápido, eu e alguns guardas estamos  cuidando daqueles que tentam avançar pelo portão principal, somos poucos, acho que eu,  quatro guardas e Chief, o chefe dos guarda costas de Kaya. Apesar de tudo, ainda sou o melhor  de nossos atiradores, então tenho que me arriscar ainda mais para conseguir pegar o máximo  de adversários que posso. 

Zodick fora buscar Luke e ainda não voltara, Sofie unira-se a alguns guardas e interceptava  aqueles que buscavam invadir a mansão pulando por sobre os muros, mas não tenho tempo  para ficar verificando como está indo do lado dela, tenho que agir. 

Uma bala chocou-se contra a parede de concreto no qual eu estava escondido, logo após saio  de lá, um, dois, três e quatro tiros depois, havia quatro piratas a menos no bando do Naja,  dou uma olhada melhor no lado de fora e vejo o quão crítica era a situação. Haviam cerca de  50 ou 60 piratas, mas esse não era o problema, poderíamos derrubá-los um por um se fosse  necessário, contanto que mantivéssemos o portão intacto, era possível ganhar. Mas eles já  

haviam notado isso, nesse exato momento havia dois canhões posicionados exatamente a  frente do portão gradeado. Não tinha chance de ele resistir a isso. Fiquei tão atônito com a  cena que não notei que havia parado de correr, abrindo espaço para um dos piratas acertar  uma bala em meu ombro. 

A garrucha cai de minhas mãos e caio sentado, por sorte conseguindo evitar mais alguns tiros,  Chief e um dos guardas se desesperam e começam a me puxar em direção ao muro para que  me escondesse, neste percurso o guarda mais jovem é baleado fatalmente na cabeça e cai ao  chão já falecido. 

— Torui, você está bem? – ele me questionava preocupadamente, afastando minha camisa para  poder ver o ferimento. Surpresa e incredulidade rapidamente tomam conta de sua face ao ver  que a bala não me perfurara, na verdade, havia uma marca roxa no ponto de impacto, mas o 

projétil estava parado, como se estivesse preso a superfície de minha pele, ao redor da mesma  minha carne parecia repartida e demonstrava uma sutil coloração em vermelho-vinho. 

— Eu estou bem. – afasto-o, escondendo novamente meu ombro abaixo da camisa. – Mais  importante que isso, temos que dar um jeito naqueles canhões. – Antes que eu terminasse de  falar, vejo alguém se aproximar em grande velocidade, se jogando contra o portão de ferro. 

Lion’s Paw! – esbraveja ele antes de acertar violentamente a estrutura de metal, vejo a  mesma estremecer e ser arrancada de suas dobradiças, logo após sendo arremessada como  uma bala a frente, vejo que os canhões e metade dos piratas foram atingidos pelo ataque  surpresa, abro um largo sorriso, chamando aquele que acaba de chegar para nos ajudar. 

— Zodick! – o moreno me fitou, sorrindo, parecia aliviado por ter chegado a tempo. 

— Desculpa a demora, Torui. – ele aponta para o espaço vazio atrás de si. – O Luke demorou  muito para acordar, mesmo nessa confusão toda. 

— Mas cadê ele? – ele me olha confuso, logo após virando-se e se surpreendendo. Será que Luke  deveria estar com ele? 

— Merda, cadê ele. – ele vira-se novamente para dentro. – Bom, não importa, vamos acabar  logo com isso. – assinto com a cabeça, recarregando minhas garruchas e me preparando para  o segundo round. 

— - Sofie - - 

Giro meu corpo, ambas as Kukris em minhas mãos já estavam banhadas em sangue, mas ainda  não havia acabado, logo após minha rotação, mais dois piratas caem sem vida no chão com  suas gargantas cortadas, um terceiro parte em minha direção brandindo amadoramente um  machado de mão, dou um salto em direção a parede, coloco meu pé direito no mesmo e uso a  estrutura de concreto como apoio ao me impulsionar em direção ao pirata oponente,  chutando seu pulso antes que ele pudesse me acertar, ou talvez causar mais vergonha a si  mesmo pela maneira como estava lutando, aterrisso graciosamente, cravando a Kukri na carne  do ombro do homem que já agonizava de dor. Puxo sua cabeça pra baixo e rolo por sobre suas  costas enquanto ele cai, termino a rotação já ajoelhada para trespassar o peito de outro pirata  que se aproximava. 

Vejo mais dois se aproximarem, um de cada lado, aparo o golpe do primeiro, que usava um  punhal, com minha Kukri, já o outro usava uma espécie de porrete, seguro com a mão  esquerda, a que antes estava segurando a Kukri que agora estava cravada no peito do homem  que neste momento iniciava sua trajetória rumo ao solo, conduzo o homem com o punhal,  usando seu próprio peso contra ele e forçando-o a esfaquear seu companheiro do porrete, ao  mesmo tempo agacho-me, pegando uma garrucha que estava na cintura de um dos homens  caídos no chão, baleando o homem do punhal pela parte inferior de seu queixo, o topo de sua  cabeça explode ao ter a bala terminando sua trajetória e ambos os homens caem ao chão. 

Ergo-me calmamente, dando uma melhor olhada na situação atual, os piratas tentavam invadir a  mansão pulando por sobre os muros, mas eram facilmente abatidos pelos guardas que os  esperavam pacientemente no chão, eles estavam em maior número, mas a vantagem de  terreno era nossa. 

Dou uma olhada mais detalhada e vejo um dos piratas, que de algum jeito sobreviveu,  correndo em direção aos fundos da casa, resolvi segui-lo. Seria um problema se mesmo um só 

deles conseguisse adentrar o local. Rapidamente me aproximo e arremesso duas das facas de  arremesso em minhas coxas, o matando facilmente, mas algo chama minha atenção quando  me aproximo mais um pouco. Havia um enorme buraco no muro dessa parte da mansão e dois  guardas mortos próximo a ele, alguns piratas também se encontravam mortos ou gravemente  feridos, mas isso era estranho.  

— Se existe um buraco desse tamanho em nossas defesas, por que eles continuam a nos atacar  pela frente? – meus olhos notam algo ainda mais estranho, uma parte da grama parecia estar  esmagada, como se algo muito pesado tivesse se arrastado por lá, sigo o rastro até chegar a  um buraco do mesmo tamanho do que havia no muro, mas dessa vez estava na parede da  mansão. – Droga... Isso não é uma invasão afobada. – engulo em seco ao perceber o quão  tolos fomos. – É uma distração. 

— - Luke - - 

Assim que chego a cozinha noto que algo estava errado. Muito errado. O cheiro no lugar era  bem forte e tudo que estava sobre as mesas e pias parecia ter sido jogado no chão, um fedor  de gás e de réptil se espalhava pelo local à medida que eu me aproximava, mas vejo algo que  chamava mais atenção do que qualquer coisa. 

Um imenso buraco no teto abria caminho para o andar superior. Será que eles conseguiram  entrar? Corro o mais rápido que minhas pernas me permitem, indo até o andar de cima, faço  um mapa mental para saber onde aquele buraco daria e a resposta era assustadora. Rumo até  o quarto da velha Kaya, quase derrubando a porta em um chute. Ao chegar lá, percebo o quão  feio estava a situação 

Havia um ser imenso na sala, seu corpo era coberto de escapadas marrons com eventuais  listras negras, ele era imenso, devia medir uns nove metros, tinha a parte superior de seu  corpo como a de um humano, embora também houvesse escamas, seu sorriso era maligno,  suas presas estavam à mostra e secretavam um líquido esverdeado, ao redor de seu pescoço  parecia haver uma protuberância também coberta de escamas, a metade inferior de seu corpo  era uma longa e grossa cauda, na ponta da mesma a velha Kaya debatia-se inutilmente, seu  rosto estava roxo e ela parecia sufocar. 

— Ora, parece que chegou mais uma presa para mim. – o ser proclama sadicamente. 

— Maldição, que droga é você? – sua língua bifurcada mexe-se freneticamente para fora de sua  boca, logo voltando para dentro da mesma. 

— Eu sou aquele conhecido como o Naja. – esse deve ser aquele cara que foi responsável pelo  naufrágio de nosso barco e o ataque no restaurante. 

Ok, agora tô irritado. 

— - Continua - - 

 


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Notas finais do capítulo

Olá! O que acharam? Novas informações importantes hoje hein? Espero poder encontrá-los novamente semana que vem, deixem suas dúvias/sugestões/reviews/opiniões e até a próxima!



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