Aesthetic - Drarry escrita por Lecah


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Olaa,

Essa história é de autoria minha, postada pela primeira vez (e atualmente) no site Spirit!
Espero que gostem!



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Quando você é uma criança seus pais te ensinam o básico da vida, você precisa comer para ficar forte e saudável, dormir cedo para acordar disposto para brincar, escovar os dentes e assim não terá cáries, olhar sempre por onde anda e dessa forma não irá se estatelar no chão e quebrar um osso. Meus pais foram esse tipo de pais, cuidadosos, amáveis, protetores e só. 

Meu padrinho também tivera sua cota de ensino, "seja gentil com as garotas", "não seja tão certinho", esse era tio Sirius, sempre preocupado com a minha conduta amorosa, sempre ansioso por minha ascendência na vida conturbada e popular de um típico adolescente britânico, a expectativa por minhas escapadas noturnas para ir as festas - nunca aconteceu -, a aprovação no time de futebol americano, isso também não foi possível. Eu era o Harry tímido, notas médias e que se sentava no fundo da sala. 

Fui ensinado toda minha vida que seria a cópia do meu pai com a inteligência surpreendente da mamãe, mas ocorreu um problema, não sei se na criação ou nos meus genes, afinal eu não era o Harry esperado. Não cresci galã, descolado e popular. Eu era só o Harry, e aí estava o impasse, meus pais me ensinaram todo o básico, mas o essencial me faltou, como lidar com o inesperado? E quando você não excede as expectativas criadas pelos seus genitores e demais familiares.

Eu não só era o oposto de James Potter na adolescência, atrevido e destemido, como também não era o gênio excepcional que minha mãe ainda era. Eu era apenas Harry.

Dezesseis anos, introvertido e de poucos amigos, eu não era uma párea, apenas era tranquilo, calmo, comum, despercebido e - ah, claro - talvez gay.

Eu lembro da primeira garota que beijei ainda no primário da escola local, se chamava Lucile, com longos cachos loiros e bochechas rosadas, ela queria ser a minha namoradinha, palavras da própria. Eu lembro de ter ruborizado, no auge dos meus nove anos eu apenas queria voltar cedo para casa e jogar meu videogame conquistado no último natal, mas Lucile era sagaz e determinada, agarrou minhas duas bochechas com afinco e roubou aquilo que eu nem pensava em dar a alguém ainda. Foi molhado, grudento - a loira amava pirulito - tinha gosto de morango e foi péssimo, eu a empurrei e ela chorou caída no chão do pátio. Naquele dia fui para a sala da direção, meus pais foram me buscar, meu pai dono de cabelos revoltos como os meus se acabara de rir, orgulhoso e empolgado para contar a seu melhor amigo Sirius, mamãe apenas me ensinou que eu poderia dizer não, invés de optar pela rejeição agressiva, mas havia um sorriso divertido em seu semblante também, eu me senti ridículo.

Lucile foi o meu primeiro e único beijo, e isso até poderia ser deprimente, mas a equação é simples: Aos doze eu mudei de escola e conheci Liam Clowney, tão loiro quanto a responsável pelo fatídico roubo do meu beijo, contudo sem os cachos, sem as bochechas coradas, sem a voz esganiçada e divertida. Ali, no corredor apinhado de alunos eufóricos eu descobri o embaraço da primeira paixão - mas na época eu não chamava assim. O equívoco do resultado daquela questão era que eu sentia vontade de beijar lábios e saber se todos os ósculos eram úmidos e desconfortáveis, mas eu queria desbravar isso com Liam Clowney - e bem -, era errado.

Errado, por quê? Eu não sei. Ninguém nunca havia dito nada sobre garotos que beijam garotos, meus pais eram opostos, tio Sirius dizia que eu teria lindas garotas, então como poderia eu sentir vontade de segurar as mãos de Liam e rir de suas piadas? Era certo eu deitar a cabeça no travesseiro a noite e lembrar da face do loiro de olhos castanhos? Não, foi uma conclusão minha no auge da minha ignorância de pré-adolescente.

Foi assim que eu decidi que se eu não poderia beijar quem eu queria, também não beijaria ninguém.

E segui assim por toda puberdade, garotas eram insossas ao meu ver, aos treze anos eu ficava fascinado com os cabelos ruivos de Jaden O'brien, ele era divertido e gentil, com sardas por todo o rosto e lindos olhos cor de chocolate, fez dupla comigo em laboratório de ciências I, mas então ele beijou Hermione Granger atrás da arquibancada poliesportiva e eu fiquei furioso. Não com O'brien, com Hermione, a invejei por poder fazer o que eu não poderia, então mudei minha dupla e continuei a vida.

Aos catorze eu estava encantado pelos gêmeos Weasleys, três séries a mais que eu, foi quando tive minha primeira fantasia erótica - sim, com os dois -, eu acordava excitado após sonhos vívidos, eu os admirava no refeitório na hora do intervalo, eles eram os espectros perfeitos, engraçados, divertidos, populares, amáveis e irmãos do meu até então único amigo. Naquelas férias eu frequentei tanto a casa dos Weasleys que até mesmo perdi o gosto por habitar meu próprio quarto, meus pais acharam que eu estava finalmente me libertando para a vida divertida e impagável do jovem adolescente londrino. Mas a verdade é que os Weasley tinham piscina, e Fred e George - os gêmeos - amavam nadar com seus calções de banho. Eu estava extasiado com a pele dos ruivos tão bronzeada, as risadas sonoras, as brincadeiras animadas, eles me divertiam, falavam comigo e provocavam o irmão mais novo, desconfio que minha amizade com Rony tenha se aflorado por esse meu súbito fascínio nos gêmeos, era um segredo bem guardado. Claro que nem tudo eram flores, Jordana e Maggie - suas respectivas namoradas - eram como um balde de gelo nos meus sonhos delirantes, mas devo ser grato a elas, dessa forma Rony acreditava que eu ficava fissurado no corpo das duas, como o próprio estava, não do de seus irmãos, então eu apenas poderia encará-los em silêncio sentindo a dor no meu íntimo por nunca ter o que eu almejava.

Aos quinze eu superei os gêmeos, me libertei das raras paixões e me fechei para o mundo, Rony estava diferente com seus ombros largos, havia ganhado incríveis oito centímetros de altura e consequentemente jogava no time de futebol, mas ainda era meu amigo nas poucas horas vagas e durante às aula. Ele estava envolvido com Hermione Granger, exatamente a mesma garota que já havia passado em minha cara que ela poderia beijar quem eu queria e eu não - claro que indiretamente, coitada, eu a odiava gratuitamente, um invejoso.

Então o ano seguinte finalmente floresceu, o verão fora quente e fresco como deveria, eu não me refugiei com os Weasleys, me limitei ao meu quarto e a voltas de bicicleta no quarteirão, eu gostava da tranquilidade e da paz. Aos sábados eu tomava sorvete no parque com Rony e Hermione, uma mera formalidade, eles não namoravam, não, era algo sem denominação, coisa da garota que detestava rótulos, Rony acolheria qualquer coisa que ela desejasse, o ruivo estava apaixonado. 

O primeiro dia de aula foi o tumulto de sempre, eu me refugiei na sala seguido por meus colegas, procurei por um lugar já familiar aos anos anteriores.

Ainda me acostumando com os dezesseis anos de vida eu avistei Draco Malfoy, o sentimento de "lá vamos nós de novo" apunhalou meu estômago. Não era como Liam Clowney, Jaden O'brien ou Fred e George Weasley, Draco era um demônio invocado do meu próprio inferno com seus cabelos quase brancos de tão loiros, pestanas e sobrancelhas iguais que emolduravam olhos acinzentados e duros, o rosto lívido e pálido com minúsculos pontinhos pretos, a boca rósea e quase carnuda, maxilar marcado, expressão neutra quase apática, absurdamente lindo e distante, doía só de olhar.

Eu estava sentado pronto para começar a aula de História quando ele cruzou a porta tranquilamente, com passos calculados e precisos, os olhos analisando o ambiente e eu gravando cada detalhe seu sem me importar com qualquer educação. A Sra. Parkinson o apresentou a turma, era um aluno transferido, sotaque britânico carregado, não como o de toda Londres, não, Draco tinha uma áurea superior e convidativa, gemi inconformado por ter sido atingindo por sua beleza e trejeitos de forma tão avassaladora, abaixei a cabeça no tampo da mesa e rezei, me permiti rezar sem a ocasião especial do natal e da páscoa, medidas extremas pedem atitudes desesperadas, querido Deus se existe está na hora de me conhecer e fazer algo por mim, não?

— Com licença. - Eu repuxei o lábio em um sorriso que não gostaria, a voz clara e audível, sem traços de emoção, era apenas um pedido, minha mochila ocupava seu novo lugar, claro que ele viria sentar-se ao meu lado, Rony Weasley estava atrasado para o primeiro horário, eu era o lugar vazio naquele momento, amaldiçoei meu suposto amigo e ergui a cabeça observando-o. - Posso?

— É claro. - Respondi mordendo interior da minha bochecha, puxei minha mochila, observei a sala, os olhares em nós, não, em Draco, captei outros três locais vazios, dois a frente, um no fundo, mas o loiro preferiu a minha companhia, ou fora apenas uma escolha aleatória, eu encostei na cadeira, insatisfeito com meu descontrole mental.

Não houve troca de conversas, eu não lhe desejei boas vindas, ele não se voltou para mim com alguma dúvida sobre o caminho para a próxima aula, eu observei o relógio, então era assim que paixão a primeira vista funcionava? Não, fascínio, sim, fascínio a primeira vista. Rony entrou afobado na sala se desculpando, me encarou confuso quando viu seu lugar ao meu lado ocupado, eu o encarei dando de ombros, ele se acomodou aonde havia espaço, eu arrisquei um olhar sobre Draco Malfoy, a expressão entediada, contive o sorriso, voltei meu olhar ao livro aberto em minha mesa, chateado por não ter crescido como meus pais previram, inconformado por não estar falando sobre as mudanças que as férias de verão trouxeram as garotas de minha classe, triste, acima de tudo triste, porque eu tinha agora outra paixão platônica para me atormentar, dessa vez um pouco mais forte, quem sabe. Eu queria chorar só de imaginar quando Draco fosse se aventurar pelo leque de garotas existentes em Hogwarts High School.


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Notas finais do capítulo

Como tenho muitos capítulos postados, estarei atualizando diariamente!



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