Não Se Apaixone Pelos Rosemberg escrita por Melrianne soares andrade


Capítulo 13
Capítulo 13: Trabalho como Cegonha




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/797671/chapter/13

Nicholette não parecia surpresa ou envergonhada por ser pega bisbilhotando minhas coisas, pelo contrário. 

 

Blake não se encaixaria nos critérios da nossa família nem mesmo se quisesse. Se fosse realmente meu "irmão", saberia quem eu deixo ou não entrar nos arredores do meu quarto. Não é qualquer um que permito conhecer meu quarto a fundo, e os que têm esse privilégio; só eles sabem o quão difícil foi fazer isso acontecer. Se bem que antigamente eu era bem mais rígida quando declarei quais pessoas poderiam conhecer meu território. 

 

Atualmente, tudo o que está acontecendo, está me afetando e talvez eu não seja mais tão dura nos dias de hoje como costumava ser.

 

— Alguém vai me explicar o que está acontecendo aqui? E o que ela... — aponto para a garota, olhando Blake — faz no meu quarto? Deus sabe muito bem que é zona proibida que lhe informei nas minhas regras que te entreguei — levanto uma sobrancelha.

 

— Hmm... Não me entregou nenhuma regra pelo que eu me lembre — passa o dedo entre os cabelos. — Seu suco — entrega para Nicholette meu copo preferido onde continha seu líquido.

 

Minha vontade era de quebrar aquele copo na cara dos dois. Parando para pensar, o mais apropriado seria não fazer o que estou pensando, a menos que minha intenção seja rasgar a sua cara. 

 

Posso me enganar em relação a garotos e fatos sobre a puberdade, mas não quando o caso é reconhecer algo que pertence à mim. Visto que sei que é meu copo, pois no vidro de porcelana há desenhado um coração rosa mal terminado. Foi eu quem o desenhou com o esmalte caro da mamãe quando era apenas uma garotinha. E o motivo do coração estar pela metade é pela justa causa que o esmalte estava prestes a acabar, não dando tempo de terminar minha arte. Mamãe me puniu depois que a dei o copo de presente. 

 

Me deixou de castigo. Foi nas melhores das intenções o que fiz e ela sabe, por isso o guardou até hoje e acabei tomando o copo de porcelana para mim.

 

— Zona proibida? — Nicholette levanta as sobrancelhas — Aqui tem algo que eu não deva ver? — pega o copo da mão de Blake — Obrigada, Key — me olha enquanto tomava o suco. — Que arte bonita... — sorri —  foi você quem desenhou? — analisa o desenho, não bastava apenas estar em meu quarto e beber do meu copo, estava tocando meu desenho também. Atrevida. — Confesso que não sabe diferenciar uma tela de um copo.

 

— Eu tinha 7 anos, Nicholette — comprimo os lábios.

 

— Eu aos 7 já sabia tocar piano e pintar quadros em telas... Você sabe, aquelas que utilizamos para desenhar — morde o lábio, esperando ver minha expressão de raiva surgir em minha face.

 

Aconselho o filho bastardo do meu pai, tirar alguns pares de fotos do rosto e do corpo, antes que eu acabe com ele e tenham que o reconstruir novamente. 

 

Não tenho culpa que Nicholette teve uma infância onde passou mais tempo se dedicando bruscamente a ter varias habilidades para depois se gabar, do que passar um tempo com seus pais. 

 

Ainda bem que mamãe teve consciência e me permitiu ter uma infância em que eu poderia me recordar aos risos, e não pensando que poderia ser diferente. Ao que parece serei obrigada ter que ms retirar meu próprio quarto porque não consigo ter um pingo de privacidade. E quem sabe deixar eles confortáveis! Claramente, foi uma ironia.

 

 Não que eu estivesse sendo forçada a fazer isso, mas eu não consigo ficar lá dentro com aquela garota insuportável; já não basta no colégio onde sou definitivamente obrigada a conviver com ela.

 

— Por que a deixou entrar aqui? — passo o olhar para o prato de salada que mamãe coloca em cada lugar na mesa, incluindo o meu.

 

— Apenas achei que fosse sua amiga — dá de ombros.

 

— Pois achou errado, você menos que ninguém sabe como não gosto nem um pouco da Nicholette, mamãe — debruço sobre a mesa de vidro. — Ela vai ficar muito tempo aqui? Preciso começar a desinfetar meu quarto — rolo os olhos.

 

— Não seja ciumenta com seu irmão, Mel. O mundo não gira em torno de você, deixe ele passar um tempo com a namorada dele — papai se senta no topo da mesa, desafrouxando sua gravata.

 

— Você se enganou papai — rio por ter se enganado sobre a relação que Blake tinha com a loira — eles não estão namorando — esclareço.

 

— Tenho certeza que meu filho não beijaria essa garota, a não ser que fosse sua namorada — engulo seco quando inclui "meu filho" e "namorada" em uma mesma frase.

 

Quando Nicholette me perguntou o que eu e Blake tínhamos, não era porque estava interessada em saber se estávamos junto  para postar no blog, e sim porque tinha interesse pelo meu meio-irmão? Me causa arrepios só de pensar que ela poderia ser minha cunhada, se é que já não se considera uma. 

 

O plano perfeito, se infiltrar na minha família. Pra quê ficar escondidas em arbustos e descobrir meus segredos, quando se já é convidada pra entrar em minha casa e ser uma de nós? 

 

Não entendo porque o alvo dela sou eu, poderia pelo menos fingir que não sabe da minha existência, igual a maioria dos alunos. Todavia, não é isso o que está acontecendo atualmente.

 

— Vai ficar muito tempo pela cidade, mamãe? — reviro com o garfo a salada.

 

— Tá tão desesperada assim pra me ver fora daqui? — talvez.

 

— Da onde tirou isso? — junto às sobrancelhas — Só achei que já tinha terminado seu trabalho como cegonha, trazendo seu pacote e ir embora logo depois... E também não se esqueça que tem um marido em Paris — olho papai.

 

— Ao menos queria visitar minha filha querida e passar um tempo com ela depois de ter feito meu trabalho como cegonha — forço um sorriso — E o Robert, seu padrasto sabe se cuidar muito bem sozinho.

 

— Deveria se preocupar com as francesas ao redor dele — me viro ao ouvir uma voz interromper nossa conversa — Elas são... —Blake solta um suspiro, pensativo — irresistíveis! — ele puxava Nicholette com a mão entrelaçada com a dela. Ambos se sentaram em minha reta, o lugar da mesma  já estava com o jantar posto e o lugar marcado. 

 

 Por isso que questionei mentalmente a justificativa de ter um lugar a mais na mesa. Ella Roosevelt já sabia que essa garota viria jantar conosco. É inacreditável como todos sabem que eu não me dou muito bem com ela e mesmo assim fizeram o favor de não me contarem que iria comer uma refeição conosco.

 

<•>

 

De acordo com o livro que ensinava algumas regras básicas sobre como dirigir, a primeira ordem é ajustar o banco. O motorista tem que ter com uma postura ereta, ajustar os retrovisores e o mais importante, colocar o cinto de segurança.

 

— Pode me responder quais são os pedais, Sra. Berkeley? — o senhor ao meu lado segurava uma prancheta, avaliando cada movimento meu com sua caneta.

 

— Claro. Tem a embreagem, que é o pedal da esquerda; o freio é o pedal do meio; e o acelerador. A embreagem sempre é pisada com o pé esquerdo e o freio e o acelerador com o direito, mas jamais ao mesmo tempo — dou uma explicação decorada dos pedais.

 

— Só... dirige — me olha por cima de seus óculos quadriculados, escrevendo algo com uma caneta vermelha em sua prancheta. Sinto minhas mãos suarem pelo medo de fazer tudo errado e ser reprovada.

 

Ligo o carro, engato a marcha, fazendo o automóvel andar. Agora seja o que Deus quiser. 

 

Deus, eu sugiro que me faça passar nesse teste, acho que é a vontade tanto do senhor quanto a minha. Pense nisso, eu poderia dirigir até Stanford quando fosse para a universidade, isso se eu passar no teste. 

 

O senhor estaria me ajudando a ser uma pessoa melhor, eu não precisaria do dinheiro do papai pra me virar por lá; estaria me dando uma grande lição de vida!

 

Não posso me dar sempre o crédito em tudo que consigo, não conseguiria nem se quisesse passar nesse teste sem meu esforço e meus milhares de pedidos que fiz para Deus. O que felizmente, ele me concedeu.

 

Eu passei no teste! Meus amigos ainda não sabem dessa grande e maravilhosa novidade, mas antes... tenho que fingir primeiramente que não passei, o que de fato vai choca-los.

 

— Como foi o teste?! — Every me pergunta empolgada ao me juntar à eles na sala. 

 

Me sento em cima da minha mesa, Evan também estava sentado em cima da sua mesa que se localizava em minha frente. Every e Aiysha mantinham seus bumbuns onde realmente deveriam se sentar, na cadeira.

 

— Eu-E-Eu...não passei — gaguejo, simulando uma cara de coitada. 

 

Caramba, eu sou uma boa atriz!

 

— Quem sabe na próxima — Eve acaricia meu braço.

 

— Está mentindo — seguro o riso por Evan ser o único a ter percebido minha farsa.

 

— Não, não estou não — mando um olhar feio para meu amigo ficar quieto. 

 

Ele não pode estragar minha oportunidade das meninas me comprarem coisas para tentarem me fazer esquecer  que não passei no teste.

 

— Claro que está — Aiysha concorda com ele, analisando minha face. 

 

— Tá, eu passei! — me rendo — Eu deveria tê-los enganado um de cada vez...  Every por exemplo, acreditou em mim — aponto para a loira.

 

— Não sou tão ingênua assim — sorrio por notar que está mentindo — Eu que estava mentindo...

 

— Aham — Aiysha apoia a cabeça na palma da mão esquerda, segurando sua cabeça. 

 

Evan Sherwood estragou meu plano de conseguir coisas grátis e caras como consolação.

 

— Como sabia que eu estava mentindo? Qual é o seu truque? — levanto a sobrancelha esquerda e inclino minha cabeça.

 

— Eu apenas vi pela janela você chegando com seu novo carro — dá de ombros — Não tem truque.

 

— A aula com os Rosemberg foi revigorante? — Every toca no assunto que eu queria esquecer.

 

— Estou surpresa que Evan não te contou — passo o olhar para o loiro.

 

Não sirvo para esse papel onde tenho que ser professora dos três irmãos, o mais apropriado seria Henk Rosemberg ter contratado uma professora de verdade, uma profissional; e não uma aluna que ainda está terminando seu Ensino médio e ainda está aprendendo com mentores profissionais. 

 

Eu vou entregar hoje o contrato na mansão deles, vou encerrá-lo por vez. Esse contrato nem deveria ter acontecido pra início de conversa.

 

— O Evan não conta nada sobre o que acontece entre vocês dois — Aiysha ao meu lado, concordava com o que a Every dizia.

 

— Te dou as honras, Aiysha — finjo fazer uma reverência. 

 

Aiysha não dispensou mesmo nenhum detalhe do que ocorreu no dia anterior; ainda bem que não contei tudo realmente, pelo menos o que eu não queria que soubessem. 

 

Quando enfrentar toda a pressão que estou sentindo e entregar o contrato que estará acabado para Henk, vou poder continuar a desfrutar da minha antiga vida normal de adolescente. 

 

Voltarei a me focar na minha universidade, a quem serei destinada a ser colega de quarto; meus estudos enquanto ainda estou no ensino médio e possivelmente a ter um namorado que não seja disputado e nem cobiçado. Essas sim deveriam ser minhas preocupações.

 

— Você novamente, Sra. Berkeley? — fito o segurança da mansão. 

 

— É a última vez Charles, eu lhe garanto — sorrio simpática.

 

A cada vez que eu entrava na mansão deles, uma pessoa diferente vinha me atender. Suponho que hoje seja a vez de Maison e eu estava certa, ele e seus cachinhos brilhosos foram quem fizeram o favor de abrir a porta dessa vez para mim. 

 

— Aí está a moça que fugiu ontem — diz em tom calmo, me examinando com o olhar. 

 

— Peço desculpa por ontem, só de pensar me sinto envergonhada. No entanto, não é sobre isso que vim falar... — assisto Liam escancarando a porta que seu irmão segurava. Arregalo os olhos com sua atitude brutesca.

 

— Não temos tempo para isso, precisamos ir — Maison faz o que seu irmão ordena.

 

— Seu pai está aí? — questiono, tentando enxergar através da porta. 

 

— Vamos — Liam pega em meu braço, me puxando. 

 

— O quê? Para onde? — tento me desvencilhar — Não tenho nada a ver com o que vão fazer. 

 

— Claro que tem, Henrik fugiu do horário que era para estar acontecendo nossas  aulas e foi para uma rixa de carros. — arqueio uma sobrancelha. 

 

— Ainda não descobri o meu papel nisso — franzo a testa.

 

— O Henrik escuta você — mordo o lábio com a revelação de Maison.

 

Acho que estou delirando, não posso realmente ter ouvido isso. Desde quando Henrik me escuta? Ele não obedece a ninguém e não serei eu, uma estranha que fará mudá-lo de ideia.

 

Possivelmente o garoto solitário também não ouve o que seu pai diz, ou talvez eu esteja completamente enganada. Ainda não sei como funciona esse tipo de relação que eles mantêm como pai e filhos.

 

Mesmo sabendo que é uma péssima ideia e que minha consciência inteligente esteja dizendo para não fazer isso. Entro em seu carro, me sentando no banco de trás. 

 

— Senta aqui na frente — Liam da dois tapas no lugar vago ao seu lado.

 

— Tenho certeza que o Maison vai sentar aí — recuso educadamente.

 

— Ele não vai não — Maison entra no carro, se sentando no banco de trás ao meu lado. O próprio falava de si mesmo em terceira pessoa, 

 

— Prefiro aqui atrás.

 

— Qual é, Melinda. Eu não quero parecer o motorista de vocês — rolo os olhos com o pedido do garoto.

 

— Claro, porque isso seria muito ruim para a sua reputação, não é? — passo pelo vão que existia entre os dois bancos da frente, me sentando ao lado de Liam.

 

Não passou nenhum segundo que não me senti desconfortável com Liam ao meu lado, mesmo querendo negar, eu podia sentir seus olhares queimando em minha pele. Não demorou muito para chegar nesse local que se denominava de rixa de carros.

 

— Como sabe que ele está aqui? — saio do carro, dando uma averiguada no local.

 

Mesmo com toda a adrenalina de corridas de carros, aquele lugar não me admirou muito. 

 

— Meu pai colocou rastreadores em todos os nossos carros, e ele também sempre foi pego vindo aqui — caminho até um corrimão. De onde eu estava dava pra ver a corrida acontecendo — Aquele é o carro dele — Liam pega um binóculo de dentro de seu automóvel e me entrega. 

 

O carro de Henrik corria em uma velocidade extrema.

 

Uma coisa inesperada acontece, o que eu achei que nunca iria assistir acontecer. Levo um assusto quando o carro de Henrik bate contra as paredes enormes que separavam as arquibancadas da pista. 

 

Toda a plateia estava torcendo para ele...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Não Se Apaixone Pelos Rosemberg" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.