Pétalas do Caos escrita por BellatrixOrion


Capítulo 3
Capítulo 2 – O Castelo no Meio da Floresta


Notas iniciais do capítulo

Hello guys!
Estava programado para postar o cap esse próximo sábado, maaaas não estarei por aqui.

Entonces espero que gostem desse pequeno adiantamento!!!

Beijinhos e nos vemos lá em baixo ♥

~Bellatrix ♥



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Capítulo 2 – O Castelo no Meio da Floresta

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“Esconde-esconde

Em um amplo castelo

O frio lá me faz congelar

O medo desce sobre mim

Eu não estou assustada

O medo está dizendo nos seus olhos

Você e eu somos uma verdade em algo”

Gonna Tell a lie – Elaine – It’s Okay not be Okay

}|*|{

Vilarejo de Konoha – Primavera – Sete anos depois.

Flores.

Pétala por pétala.

Dançavam da copa das árvores de encontro ao chão.

A primavera regozijava os corações de todos os habitantes da pequena cidade portuária de Konoha. Todos celebravam a chegada do período, deixando para trás o rigoroso inverno e dando boas-vindas para a calorosa e colorida estação das flores.

Mas, talvez, aquela que mais se alegrava entre todos ali era justamente uma exótica garota de cabelos rosa claríssimos, que tão bem se encaixavam com a paisagem florida da cidade. Sakura caminhava pelas ruas sorridente, quase saltitando, de volta para sua casa, entretanto, não era só a primavera que a alegrava daquela maneira, mais um livro acrescentaria em sua vasta coleção, coleção está que já ocupava uma estante inteira de seu quarto.

Os anos podiam ter se passado, mas o amor de Sakura pelos seus tão fieis amigos não diminuíra nem um centímetro si quer desde sua infância. Os mundos mágicos continuavam a encantar, os seres místicos sombreavam seus pensamentos e as infinitas possibilidades apenas a incentivavam a embrenhar-se o mais fundo possível nos portais mágicos que aquelas simplórias páginas podiam lhe levar.

Entretanto, talvez a maior mudança que lhe ocorreu tenha sido algo que ela nunca pensou que poderia acontecer. O que antes em sua infância sempre foi seu maior fardo, agora, com seus 18 anos, tornou-se o que mais a fazia se destacar entre as pessoas da cidade e, em especial, entre os rapazes da cidade.

Veja, dentre todas as pessoas daquele vasto vilarejo, ela era a única que possuía a característica mais marcante já antes vista, seus cabelos eram longos, lisos de uma maneira imaculada, bonitos e brilhantes, mas a sua verdadeira beleza estava na cor que eles possuíam, um rosa claro, como as flores de cerejeira da primavera, que chamava a atenção por onde quer que ela fosse.

Mas, claro, esse fato não passava desapercebido pela população masculina do lugar. Porém, mesmo já tendo uma idade boa para casar, quando os pretendentes vinham aos montes pedir sua mão ela sempre acabava por dispensa-los, dando a desculpa de queria ficar mais tempo com seu pai e suas irmãs.

Mas, a verdade era que em seu coração já havia um habitante antigo, nunca esquecido, que continuava a pairar nas suas longínquas memórias.

Enfim, a menina atravessou toda cidade até alcançar a trilha que a levaria até a floresta, sua casa ficava consideravelmente afastada do centro, algo não muito comum por sua família ser o que era. Seu pai, Kisashi Haruno, foi um pescador por muitos anos, seu amor pelo mar era algo que não podia ser descrito, as ondas e os mistérios o encantavam desde sua infância, seguindo-o para a vida adulta. Porém, ao perceber que precisaria pensar grande caso quisesse ter alguma chance com a bela mulher de família nobre por quem ele sempre fora apaixonado, Kisashi mergulhou de cabeça no ramo de transporte de mercadorias, comprou um pequeno barco com as economias que tinha e dedicou-se a tornar sua realidade diferente, o que realmente conseguiu depois de alguns anos, sendo hoje um dos homens mais ricos de Konoha e talvez também daquele país.

O pai dava às filhas tudo o que queriam, e também uma boa educação, as duas irmãs mais velhas não ligavam muito para essa parte, gostavam mesmo era de se vestir elegantemente e dançar a noite inteira nos bailes chiques que sempre eram organizados na cidade, já Sakura, por outro lado, não era o tipo de pessoa que gostava de sair muito, a companhia de seus fiéis amigos livros sempre era mais prazerosa que a companhia de outras pessoas, principalmente em lugares cheios e que estaria rodeada de olhares curiosos sobre sua figura.

— Estou de volta! – Anunciou assim que pisou com os pés no salão principal da mansão onde morava, mesmo sem pretensão alguma de receber qualquer resposta de volta. O lugar não era o maior daquela região, haviam muitas outras casas ainda maiores e glamurosas perto do centro da cidade que seu pai poderia conseguir com sua fortuna, mas aquela propriedade era diferente, especial e única, pois fora sua falecida mãe, Mebuki Haruno, que escolhera. Seu pai conta que Mebuki sempre gostou da paz da floresta, da beleza do verde e das árvores a rodear todo o lugar, obviamente Karin e Ino não pensariam duas vezes se pudessem sair daquele “fim de mundo”, como elas mesmas gostavam de enfatizar, mas Sakura compartilhava muito dos gostos de sua mãe, não conseguia imaginar-se vivendo na cidade, com todo o movimento e vozes propagando-se por cada canto, ali era seu pequeno refúgio de paz, e nada poderia faze-la sentir-se mais satisfeita.

Cumprimentou as empregadas que encontrou pelo caminho até seu quarto, não viu e nem ouviu Karin ou Ino pelo trajeto, o que significava que elas provavelmente haviam saído para fazer compras de novo, atravessou os longos e requintados corredores até alcançar a porta que a levaria para seu quarto a qual entrou sem pensar duas vezes.

O cômodo era amplo, mas certamente menor que o quarto de suas irmãs mais velhas. O estilo Vitoriano emaranhava-se por toda a casa, desde os moveis até as mais simples das decorações, e ali não era diferente, a cama era de uma madeira escura muito bonita, cheia de detalhes talhados, as roupas de cama eram delicadas com pequenos desenhos de flores rosas e havia também uma grande e bonita janela, tão adornada e detalhada como cada pequeno canto da mansão, a luz que entrava por ela iluminava e aquecia todo o quarto, além de proporcionar a melhor vista que a casa tinha para a grande floresta.

Abaixo da janela ainda tinha um largo beiral acolchoado onde Sakura passava a maior parte do seu tempo, já perdera até as contas de quantas vezes acabava trocando o conforto de sua cama por aquele pequeno espaço aconchegante, seja para apenas apreciar a bela floresta ou embrenhar-se em uma nova aventura, e foi justamente isso que ela fez.

Depois de se desfazer das botas incomodas e das roupas desconfortáveis, pegou alegremente o livro que havia comprado na cidade, sentou-se sobre o beiral e se pôs a aventurar naquele mundo desconhecido que a aguardava.

O dia passou voando.

Ino e Karin chegaram em casa logo para o fim da tarde, mas Sakura não se preocupou em ir cumprimenta-las pois as veria de qualquer forma no jantar, estava completamente envolta pela história de seu novo amigo, o lia com tanto gosto que achava que poderia chegar na metade dele ainda naquele dia, mas internamente já se preparava para o arrependimento que viria assim que o terminasse e sentisse que deveria tê-lo apreciado mais.

Estava totalmente perdida dentro de seu próprio mundo quando um barulho estrondoso ecoou pela casa. Levantou-se assustada e correu até o corredor, dando de cara com Ino e Karin, que pareciam tão assustadas quanto a mais nova.

— Você também ouviu esse barulho? – A ruiva perguntou.

— Sim, eu ouvi...

Encararam-se temerosas, mas rapidamente se puseram a descer as escadas procurando o motivo de tamanho barulho. Já na entrada, os empregados também ajuntaram-se ali, falando preocupados uns com os outros, mas o burburinho era tão intenso que não se podia compreender absolutamente nada.

— O que está havendo? – Ino inqueriu elevando a voz e chamando a atenção de todos – Preciso que um de vocês nos explique o que acabou de acontecer!

— Minhas senhoras – A governanta se curvou, sendo seguida pelos outros empregados que se calaram imediatamente – O barulho de agora pouco foi vosso pai.

— Nosso pai? – Indagou Karin – Explique melhor.

— Sr. Kisashi entrou como um raio e não nos respondeu quando o chamamos, apenas passou por nós, mas sua expressão parecia muito preocupada e angustiada – A mulher falava, mas aparentava estar tão temerosa quanto as filhas estavam – Pensei em ir até ele, mas não sabia se seria adequado, peço perdão se fiz mal.

— Não se preocupe com isso, apenas nos diga onde ele está – Ino tomou a palavra.

— Ele foi para o escritório.

Sem perder mais tempo, as irmãs foram todas juntas até a sala particular do pai, ela ficava no térreo do casarão, bem aos fundos, num lugar calmo e reservado. Ao chegarem ao corredor que as levaria até lá, logo notaram que a porta estava escancarada e um barulho de movimentação e bater de portas se fazia dentro do cômodo. Sakura foi a primeira a alcançar a porta e dar de cara com seu pai, totalmente desorientado indo de um lado para outro com algumas dezenas de papeis em suas mãos.

— Pai? – a mais nova o chamou, atraindo só ai sua atenção para a presença das filhas no escritório – O que está acontecendo?

— Oh... Minhas meninas – Suas feições que já estavam contorcidas, agora contorciam-se ainda mais em um misto de tristeza e desespero, a ponto de lágrimas grossa caírem de seus olhos e preocupar os corações de suas filhas que não sabiam mais o que pensar – Algo terrível, algo muito terrível.

}|*|{

As três moças viveram como princesas por toda a sua vida, mas definitivamente, nenhuma delas estava preparada para o que as aguardava naquele momento.

Kisashi havia recebido a pouco uma mensagem lhe informando que sua frota de navios havia afundado no mar durante uma tempestade.

E de repente, como num piscar de olhos, toda rotina da família foi transformada.

Ele agora estava endividado até o pescoço e em menos de um mês teve de vender tudo o que possuía, mandar embora os empregados e reduzir todos os gastos, mas ainda sim, não foi capaz de se desfazer da amada casa pelo qual sua falecida esposa tinha tanto apreço.

Claro, ela não parecia nem mesmo a sombra do que um dia foi, sua exuberante beleza foi-se esvaindo com o tempo, não havia mais alguém para aparar a grama do jardim, ou limpar os grandes cômodos, agora vazios. Os moveis de madeira finíssima se foram, restando apenas o básico do básico para os Harunos conseguirem sobreviver um dia após o outro. Até mesmo os vestidos das meninas tiveram que ser vendidos, Ino e Karin choraram por dias pelas suas amadas roupas e joias que se foram, mas não mais que Sakura quando teve que se desfazer de sua preciosa estante de livros, se contentando em ficar com apenas três que o dono da livraria a convenceu a não vender.  

Os dias foram difíceis, mas com o pouco de dinheiro que Sakura conseguiu juntar fazendo pequenos serviços de limpeza na livraria da cidade, tratou de fazer uma horta e criar gansos e galinhas. Todos ajudavam , mesmo que as irmãs mais velhas o fizessem a contragosto, alimentavam os animais todos os dias e o que conseguiam da horta vendiam na feira da cidade. Isso ajudou a família a se estabilizar, é verdade, mas eles continuavam na pobreza.

Porém, numa certa manhã de início de inverno, o comerciante recebeu uma nova carta dizendo que um dos seus barcos havia chegado ao porto a duras penas, o que já parecia impossível depois de tanto tempo, e que, se ele fosse correndo para a cidade, ainda poderia resgatar uma parte da mercadoria.

Não se podia mensurar a alegria da família! Todos estavam extremamente animados e esperançosos! Depois de tantos meses vivendo daquela maneira, não parecia certo se prender a suas antigas vidas, sonhando com algo que jamais poderia voltar, mas agora talvez pudessem voltar a ter esperanças.

— Tem certeza de que leu direito, pai? – Ino lhe perguntava ainda perplexa – Como pode ter certeza de que não se trata de uma brincadeira de mal gosto?

— Eu não sei minha querida – Kisashi respondeu afobado, enquanto corria atrás de roupas quentes e um chapéu dentro de seu escritório – Mas, eu preciso ir ver com meus próprios olhos!

— Acha que conseguirá nos trazer algo, pai? – Foi a vez de Karin perguntar, talvez ela seja entre as três a que mais estava animada com a notícia.

— Se for verdade, trarei o que vocês desejarem minhas queridas! – A euforia era totalmente visível em seus olhos azuis. Certamente, nenhuma das irmãs lembravam-se da última vez que viram seu pai tão feliz. Após a morte de Mebuki uma sombra sombria de tristeza rondava constantemente Kisashi, e a única coisa que o manteve são nos últimos treze anos depois da tragédia daquele fatídico dia foram, além de suas filhas, é claro, suas embarcações e o comercio. Tentou ao máximo manter-se ocupado a ponto de não ter tempo de mentalizar pensamentos ruins, mas depois de perder tudo, ficou muito mais difícil se afastar daquilo que ele sempre tentou fugir – Nossas vidas terão luz novamente! Vocês terão o melhor que sempre idealizei para vocês três! Trarei vestidos para Ino, joias para Karin e... – Fez uma pequena pausa, direcionando seu olhar para figura de Sakura que apenas observava tudo em silêncio – E você minha flor? O que deseja?

— Oh... Bem... – A menina realmente não sabia o que poderia pedir, não tinha mais tanto tempo para ler seus queridos livros graças a horta e os animais. Roupas e joias também não eram de seu agrado. Depois de muito pensar, finalmente o respondeu com um sorriso doce – Traga-me algo que o faça se lembrar de mim.

Assim, o patriarca Haruno foi-se em direção a cidade. Ainda não havia si quer passado da metade do dia, porém o homem acabou sendo surpreendido com a neve que já cobria o chão, curiosamente a massa branca acobertou o lugar muito mais cedo que nos outros anos, o que poderia complicar consideravelmente seus planos de chegar rápido ao porto. Veja, em dias sem neve, ele poderia facilmente chegar ao centro da cidade com seu cavalo em menos de uma hora, mas aquele empecilho poderia até triplicar o tempo.

Tentando não deixar seu coração se desesperar, o pai foi o mais depressa que pôde, mas, quando chegou enfim ao porto, o navio já tinha sido esvaziado pelos credores, não sobrando absolutamente nada para ele. Muito triste e com o coração em pedaços, resolveu voltar logo para casa porque não tinha dinheiro nem para passar a noite numa pousadinha. Deixou Konoha por volta das quatro da tarde, ainda estava claro, mas ele sabia que logo a noite viria, já que durante o inverno os dias se encurtavam consideravelmente.

Mas, como se não tivesse o que mais piorar, de repente o tempo se fechou, e a chuva começou a cair. E com a chuva chegou também a neve.

Antes que se desse conta, ele tinha se perdido na vastidão da escura e sombria floresta.

Na esperança de que o cavalo soubesse voltar para casa, deixou que ele escolhesse o caminho. De fato, não demorou muito para avistar uma luz ao longe, acalmando o preocupado coração de Kisashi. Entraram numa trilhazinha estreita margeada por altas árvores. O cavalo avançava aos trancos e barrancos, contra o vento, a chuva e a neve, em direção àquela luz que estava a cada passo mais brilhante.

Porém, ao fim daquele caminho, não encontrou sua amada casa, aquecida e iluminada por uma calorosa lareira, e sim um jardim que rodeava um grande castelo. O lugar tinha um ar diferente do clima gelado do bosque. Ainda havia neve, mas o tempo ruim parecia ter se dissipado por completo, nem mesmo conseguia mais sentir a brisa fria de outrora, ou os flocos gelados que já estavam atrapalhando sua visão. Tudo ali parecia congelado numa paz inexplicável.

O comerciante então apeou e levou sua montaria para o que ele julgou tratar-se de um estábulo, este estava vazio, mas acabou encontrando algumas porções de grãos em um balde, com isso pode alimentar o animal que estava faminto depois da longa e difícil viagem.

Deixando-o ali para descansar, foi até a exuberante porta do castelo.

O edifício era gigante, esplendoroso em todas as suas formas. Mesmo que as paredes estivessem todas revolvidas por galhos, e também muito desgastadas pelo tempo, suas torres belíssimas erguiam-se até o céu, trazendo uma aura de grandeza muito surpreendente e inexplicável. A noite, apesar de muito escura, ainda conseguia iluminar sucintamente o lugar com o brilho da lua, claro, quando está não se encontrava coberta por alguma nuvem. Entretanto, a luz que guiou o comerciante até ali não era a da lua, e sim de um dos cômodos do castelo.

Bateu temeroso na gigantesca porta de carvalho, mas ninguém atendeu. Averiguando mais atentamente, notou que a porta não estava trancada. Como um movimento cauteloso, Kisashi a empurrou e entrou. Logo de cara deparou-se com um corredor comprido, poucas velas estavam acesas, apenas lhe permitindo andar sem tropeçar em algum móvel, outra coisa que chamou sua atenção foi o fato de não sentir cheiro de poeira ou bolor, mesmo que o lugar parecesse ter sido abandonado a muito tempo, uma fragrância fresca e agradável exalava por cada novo cômodo que ele ia descobrindo ao longo daquele corredor.

Por fim, chegou ao final deste, deparando-se com uma grande sala aconchegante, iluminada por uma frondosa lareira. Diante da lareira havia uma mesa posta, com frango assado, pão fresco e uma garrafa de vinho. Kisashi olhou ao redor assustado, temendo ter invadido a casa de alguém.

— Tem alguém aí? – Ele chamou, mas não obteve resposta.

Passado um tempo, não pôde mais resistir. Sentou diante do fogo numa cadeira confortável e comeu o frango inteiro, também bebeu alguns copos de vinho, e quando menos pode notar, adormeceu ali mesmo.

Quando acordou, a mesa estava limpa e posta com chocolate quente, pãezinhos frescos e frutas. Kisashi não fazia ideia do que estava acontecendo, mas não recusou o pequeno presente. Assim que terminou e se levantou, percebeu que sua capa de frio havia sido substituída por uma de lã grossa, muito melhor que a anterior, suas botas não estavam mais sujas de barro, e nem seu chapéu coberto de neve.

Mesmo depois de um dia tão cheio de emoções, ainda pode ser bem cuidado naquele lugar inóspito, e isso ajudou a amenizar a tristeza de seu coração, porém, não queria continuar a ser inconveniente para quem quer que tenha cuidado de si. Por isso, arrumou suas coisas e foi-se de volta pelo corredor que o levou até ali, caminhou por alguns minutos, sofrendo um pouco para encontrar o caminho que tinha feito na noite anterior, mesmo com a luz do dia para ajuda-lo a se guiar, não conseguia encontrar a saída do castelo.

Depois de entrar e sair de muito cômodos, avistou uma grande porta de carvalho, imaginando que se tratava da mesma que ele usou para entrar, foi todo contente até ela, mas, assim que a abriu, notou que não era a mesma porta.

Aquela provavelmente era a sala do trono, deduziu isso assim que colocou os olhos sobre as duas grandes cadeiras douradas ao fundo, mesmo que uma delas estivesse tombada. Ambas se encontravam no topo de uma belíssima escadaria de mármore, rodeadas pelos mesmos galhos e cipós que cercavam o resto do castelo. Aquilo trouxe uma verdadeira dúvida a sua mente, Kisashi e toda sua família sempre viveram em Konoha desde que nasceu, mas nunca ouviu falar que ali já havia sido um reino. Mesmo pela boca do povo... ou do que conseguia se lembrar.

Todavia, logo foi tirado de seus pensamentos ao avistar a coisa mais bela que já viu em sua vida.  

No meio daquele gigantesco salão, erguia-se uma belíssima e frondosa árvore, seus galhos longos quase alcançavam o alto teto, enquanto que pétalas cor-de-rosa de suas flores caíam delicadamente, como numa dança, até os pisos quebrados e escavacados.

A visão tomou todo o seu folego, deixando o homem completamente embasbacado.

— Mas... Como é possível? – perguntava a si mesmo enquanto aproximava-se aos poucos da árvore.

Quanto mais perto chegava, maior ela parecia ficar.

Haviam tantas flores nos galhos que eles até chegavam a ficar pesados.

Ajoelhou-se diante da bela árvore e abaixou-se para pegar algumas pétalas, elas eram sedosas e macias, quase causando cocegas nas palmas de suas mãos. Ele também pode concluir que o cheiro inebriante que sentiu pelos cômodos do castelo provinha diretamente daquelas flores, a fragrância era inconfundível na sua simples singularidade.

Logo a imagem de Sakura surgiu em sua mente, e ao mesmo tempo, o pedido que ela havia lhe feito. Não poderia levar os vestidos e as joias que prometera para Ino e Karin, mas ao menos o presente de Sakura ele poderia conseguir.

Analisou o tronco robusto, tomando o cuidado de escolher um galho que não fosse influenciar na bela copa de flores, e encontrou um jovem, porém ainda sim belamente florido, quase ao alcance de suas mãos.

Num pulo, o puxou, arrancando-o da árvore.

Entretanto, no mesmo instante, uma rajada de vento forte invadiu o local.

Foi tão inesperado que o comerciante se desequilibrou e acabou indo ao chão. O piso sobre seus pés rachou-se ainda mais, abrindo longas e largas fendas por todo o salão, o homem tentou se reerguer, mas os tremores e a idade não o permitiram se levantar, e quando achou que acabaria despencando no escuro sem fim, sentiu algo lhe agarrar pelo grosso casaco de lã.

Estava com os olhos fechados, tremendo mais que vara verde, mas ao sentir o tranco de ser agarrado, abriu-os num rompente, tentando enxergar o que quer que tenha salvado sua vida.

Porém, Kisashi definitivamente não estava preparado para o que viu.

Não haviam palavras que ele pudesse usar para descrever o que exatamente era aquilo, tinha forma humana, mas não era humano, sua pele cinzenta parecia com a de um morto e os olhos vermelhos cor de sangue o encaravam num misto estranho de raiva e preocupação.

A coisa o puxou para o piso firme e os tremores pararam imediatamente, mas os solavancos descompassados do coração do pobre comerciante não o permitiam se acalmar. Olhou amedrontado mais uma vez para seu “salvador”, mas quanto mais o encarava mais notava o quanto ele era monstruoso, não trajava roupa alguma do torço para cima, de suas costas assas grotescas erguiam-se, seus cabelos eram desordenados e longos, num cinza-azulado envelhecido, mas o rosto do mostro era o que mais lhe fazia tremer a espinha, uma grande marca em forma de X demarcava o centro de seu nariz e os olhos carmesins pareciam atravessar sua alma por completo.

“Poderia tudo isso não passar de um pesadelo cruel?” Pensou consigo mesmo, mas não pode se ater muito as confusões de sua própria cabeça, pois logo foi interrompido pela criatura.

— COMO PODE?! – O monstro gritou furioso enquanto agarrava Kisashi pelo colarinho da roupa, erguendo-o novamente do chão – CONDENOU A TODOS NÓS!

— E-eu n-não e-entendo, me-meu se-senhor... – Kisashi nunca gaguejou tanto em sua vida, encolheu-se numa tentativa medíocre para tentar se proteger, mesmo que em seu âmago soubesse que aquele seria o seu fim.

— Cuidamos de você! O aceitamos neste lugar para protege-lo! Demos-lhe o que comer e o que vestir para no fim nos condenar a destruição pela sua grande avareza! – Arrancou o galho que ainda estava sendo firmemente segurado pelo homem – O caos não perdoará.

Ainda sem conseguir compreender do que ele estava falando, voltou seus olhos para a grande árvore e assustou-se com a nuvem de pétalas que haviam caído durante o terremoto. Pouquíssimas flores ainda resistiam presas aos galhos, mas a impressão que dava era que a menor das brisas poderia facilmente arranca-las dali.

— E-eu n-não s-sabia! – Kisashi disse, voltando-se para a coisa que estava a sua frente – Juro por tudo que é sagrado! Só queria presentear minha filha!

— Mesmo com boas intenções, isso não muda o que aconteceu! – Refutou o monstro – Quando a última flor deixar aqueles galhos, a maldição jamais poderá ser quebrada! –Largou abruptamente o homem sobre o chão – Por anos eu protegi esse lugar! Por anos aguentei o maldito fardo da maldição! Mas, você! – Apontou o dedo indicador muito próximo dos olhos de Kisashi, a longa unha quase alcançando o globo ocular do homem, causando-lhe um tórrido frio na espinha – Em um único dia, condenou a todos nós... E a você mesmo também.

— O que quer dizer com isso?!

— Você feriu a árvore, tomou-lhe uma parte dela – Pôs-se a explicar, enquanto deixava o homem onde ele estava – A magia do caos só funciona com trocas equivalentes... – Com suas asas, sobrevoou as grandes fissuras recém abertas até alcançar as raízes sobressaltadas, ali ajoelhou-se e depositou o galho cuidadosamente encostado ao robusto tronco enquanto o encarava melancolicamente – Ao roubar da árvore... Ela também lhe tirou sua liberdade.

— Va-vai me aprisionar aqui?! E-eu não poderei nunca mais ver minhas filhas?!

— Acredite, eu jamais desejaria que outra pessoa carregasse meu fardo... – Ainda de costas, a criatura acariciou com ternura o tronco da grande árvore – Mas, não posso fazer absolutamente nada. Não há como controlar a magia do caos. Tudo o que fiz até hoje foi justamente evitar que nossas vidas fossem consumidas pela maldição... E se você deixar as terras deste lugar... Algo ainda pior pode... – Interrompeu sua fala imediatamente assim que virou-se e notou que o velho homem já não estava mais ali para lhe escutar.

— Droga!

}|*|{

Kisashi corria pelos corredores do castelo desesperadamente.

Abria e fechava as portas sem qualquer delicadeza, pouco se importando com o grande barulho que estava fazendo, ele precisava encontrar a saída, não ficaria nem mais um único segundo naquele castelo amaldiçoado independente do que aquela terrível criatura tenha lhe dito.

Para sua sorte, enfim conseguiu encontrar a saída, dando mais uma vez de cara com a branca e pura paisagem nevada. Mas não deixou-se encantar, correu até o estábulo onde seu cavalo o aguardava, montou sobre ele e saiu dali a galopes apressados. Nem si quer ousou olhar para trás afim de ver se a criatura o estava seguindo ou não, sua única preocupação agora era alcançar sua casa.

E salvar suas meninas do que poderia vir a acontecer.

}|*|{

— Jovem mestre! Jovem mestre! O homem! Ele, ele...!

— Eu sei... – A criatura respondeu ao chegar diante da porta de entrada por onde Kisashi saiu – As sombras logo o alcançarão.

— O que faremos?

— Oh por tudo que é bom! O que será de nós?

— Depois de tudo o que fizemos! Estamos condenados! Condenados!

— O que vai fazer... Sasuke?

— Vou ... Traze-lo de volta.

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Notas finais do capítulo

E aqui estamos!
O que acharam? Estão gostando da história? Não deixem de dizer o que estão achando!!!

E se não nos encontrarmos mais nesse ano, desejo um feliz Natal e Ano novo a todos ♥ Obrigada por acompanharem a finc!!!

Até o próximo!

Beijinhos estelares!

~Bellatrix ♥

P.S. Agora temos capas para os capítulos!



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