Naquele dia, um abraço escrita por Maldoror


Capítulo 1
Medo, eu?




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— Ei, Hirotaka, eu fiquei tão apavorada de perdermos o primeiro lugar, ah-ha! Seria uma pena não sermos os primeiros a terminar esse passeio tenebroso. Ma-mas logicamente eu não estou falando isso porque estou com medo, não, eu estou pensando no seu bem estar! - Narumi parecia uma metralhadora nervosa disparando palavras.

Assim que ela retomou seu fôlego, depois de se acalmar, juntou as mãos em seu peito com receio do que estava prestes a dizer.

— Se você ficar com medo … - Olhava para o chão enquanto as bochechas tornavam-se cada vez mais rosas e brilhantes. — … Pode segurar minha mão se quiser. - Narumi finalmente havia tomado coragem pra dizer aquilo! Seus olhos subiram vagarosamente, indecisos se queriam, ou não, ver a reação de Nifuji.

Olhou para aquelas mãos avantajadas e fortes, depois para os braços colados ao corpo, “típico de um cara tímido como o Hirotaka! ”, pensou, e assim que subiu mais um pouco .... Seu rosto ficou branco de espanto. E pelo visto, o da outra pessoa também.

“ ka-ka-kaba-KABAKURA-SENPAI?!?!!”

O carrinho começou a se mover lentamente, fazendo ruídos sombrios ecoarem pelo completo escuro que era aquele local.

— EI, SENPAI! POR QUE VOCÊ ESTÁ COM OS OLHOS FECHADOS DESSE JEITO?! - Narumi não queria ser a única com os olhos abertos quando alguma coisa aparecesse, mas o brinquedo nem sequer havia andado ainda! 

— É ÓBVIO QUE EU NÃO QUERO ME ASSUSTAR E GRITAR PARA DAR SPOILER PRO CARRINHO DE TRÁS, MOMOSE! - Kabakura estava com os olhos apertados e a cabeça praticamente enfiada no tronco, como uma pequena tartaruga.

— MAS DESSE JEITO VOCÊ ESTÁ DANDO SPOILER PRA MIM! É AGORA QUE VAI APARECER ALGUMA COISA, SENPAI? EIN?! EI, VOCÊ PRECISA ABRIR OS OLHOS, EU NÃO CONSIGO VIVER COM TANTA TENSÃO!

—ENTÃO É SÓ FECHAR SEUS OLHOS TAMBÉM, MOMOSE!

— NÃO! - Pela primeira vez Narumi se inflou de coragem para falar. — Eu paguei pelo ingresso e esperei uma hora na fila, seria um baita desperdício se eu fechasse meus olhos! - O que ela disse pareceu ter surtido efeito no ruivo, que logo abriu lentamente um olho e, depois, o outro. Kabakura relaxou a postura e olhou para ela, assentindo com a cabeça. Narumi também assentiu. O olhar dos dois flamejava de coragem … até que o brinquedo finalmente começou a andar de verdade.

Toda vez que um esqueleto ou fantasma pulava na direção deles, Narumi rapidamente cruzava os braços abaixo do peito e gritava em coro com Kabakura. Aquilo se repetiu várias vezes até que uma pequena brecha naquele passeio permitiu que ambos retomassem o fôlego.

— Oe, Momose, por quê você fica ‘desse’ jeito quando está assustada? - O ruivo apontou para os braços cruzados de Narumi enquanto franzia as sobrancelhas de curiosidade. Ela precisou se deter por um momento para pensar melhor no que ia responder.

“Por mais que eu esteja com medo, não seria justo abraçar alguém que não fosse o Hirotaka. Mesmo que esse alguém fosse o Senpai.”

— Bom … - Tentou responder com a voz mais científica e firme que conseguiu emular, levantando o dedo indicador e arrebitando o nariz durante a explicação. — ‘Isso’ serve pra fazer com você fique com menos medo. É comprovado!

Mesmo fazendo cara de quem não acreditava muito, Kabakura aceitou a resposta e tentou fazer o mesmo.

— MOMOSE! ABSOLUTAMENTE NADA MUDOU! - Ambos estavam de braços cruzados enquanto um demônio vermelho vinha vazante na direção deles. — Tsc! - Kabakura estalou a língua, impaciente, e rapidamente desfez sua posição, que não tinha o ajudado em nada, para colocar o braço ao redor de Narumi, puxando-a para perto de si até que seus corpos se colassem e a batida acelerada de seus corações pudessem ser sentidas um pelo outro.

— Ei, Momose … - A voz dele era rouca e calma, fazendo o coração de Narumi disparar ainda mais com aquela proximidade. — Me desculpe por isso. Eu sei que não sou o Nifuji e que não deveria ter te abraçado. Mas é que não aguentava mais te ver assustada e não poder fazer nada.

Naquela mesma hora, como se fosse um feitiço milagroso, todo o medo juvenil que Narumi estava sentindo sumiu. Mas outro ainda mais complicado e confuso, tomou seu coração.

[ Música melancólica de fim de anime ]


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