A Criança do Labirinto escrita por Daniela Lopes


Capítulo 16
Resgate


Notas iniciais do capítulo

Helen recebe uma visita inesperada e todas as suas lembranças retornam. Agora mais do que nunca ela precisará da ajuda de seus amigos do Labirinto para enfrentar um pesadelo criado por Jareth.
Maria chama o filho a tomar consciência de seus atos e as consequências deles.



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Era madrugada e Helen acordou com o som de algo arranhando o vidro da janela. Ela olhou e não viu nada, mas o som recomeçou e ela abriu devagar. Uma forma pálida saltou para dentro e ela gritou, caindo na cama. A criatura era pequena, magra, possuía asas no lugar dos braços e os cabelos eram vermelho fogo, arrepiados e desalinhados. O rosto era infantil, os olhos totalmente negros e a boca fina possuía dentes afiados, tornando-o uma imagem de pesadelos.

Helen afastou-se devagar e procurou algo para se defender, mas a criatura curvou-se diante dela e falou com voz chiada e humilde:

—Minha senhora! Precisamos que venha ao Labirinto! É urgente! Urgente!

Helen estaca. As palavras ecoando em sua cabeça, o coração batendo tão forte que poderia ver o movimento sob a pele do peito. A palavra Labirinto atingiu a mulher como um aríete e ela apoiou-se na parede. Imagens dos duendes, fadas, goblins passaram diante de seus olhos como fantasmas no quarto. As vozes, os sorrisos de Breda e Bone vieram em seguida. Então o choro do seu filho nascendo despertou Helen e ela caiu ajoelhada.

O ser alado se aproximou:

—Minha senhora? Está bem?

Helen toca o rosto dele e lágrimas molham a face dela:

—Eu... Estou sim! Oh, céus! Estou bem sim!

Sem entender, a criatura segue rumo à janela:

—Precisamos ir! O reino não está nada bem! Nada bem!

Apenas de camisola e descalça, Helen salta da janela atrás da criatura e são engolidos por um portal. Ela sente a mente rodopiar, mas não importava. Era tudo real. Não estava enlouquecendo no fim das contas e havia a criança. Seu filho.

Quando acordou, Helen sentiu as mãos calejadas de Hoogle segurando as suas. Estavam num dos longos corredores do Labirinto e Bone estava ao lado dela além de outros dois duendes. O anão sorriu:

—Ah, senhora! Finalmente veio! Estávamos aflitos! Nós...

—Hoogle! Onde está meu filho? Eu... Não sinto a presença dele!

Assustado com aquelas palavras, o anão encarou a serva e respirou fundo:

—A senhora Maria espera por nós. Precisamos ser rápidos!

Correram por algum tempo até Hoogle abrir uma passagem secreta na parede rochosa. Uma escada estreita e acidentada levava ao castelo e pouco depois aos corredores da ala leste.

Ao ver Helen, Maria se levantou da cadeira e correu até a jovem, chorando:

—Oh, minha querida!

—Maria... O que está acontecendo aqui? Porque todo mundo está tão...

Helen calou-se e tocou o peito:

—Onde está meu filho?

Albert estava parado junto à janela e aproximou-se, segurando os braços de Helen com uma força que ela não entendeu. Maria fechou os olhos e o falso Conde falou com a calma que lhe era peculiar:

—Ouça. Quando você partiu, Jareth providenciou uma ama de leite e uma aia para cuidarem do pequeno mestre. Uma carruagem estava preparada para levá-los a um reino vizinho, onde Jareth tem alianças importantes e a criança seria bem cuidada e vigiada até que o inimigo fosse encontrado...

Helen sente a garganta arder e tenta se libertar das mãos de Albert, mas esse continua:

—Ninguém sabe ao certo quando aconteceu... Ambas as servas, a ama e a aia foram encontradas desacordadas e o bebê tinha desaparecido. Quando Jareth soube do ocorrido, mandou prender as duas nas masmorras do castelo até que dissessem onde estava seu filho, mas elas não sabem o que houve. Apenas a aia se recorda de ver sua própria sombra mover-se diferente dela e depois ela foi derrubada.

A voz de Helen é quase um sussurro:

—Quando... Aconteceu?

—Dois dias atrás...

—Oh, céus...

Albert solta Helen e ela abraça o próprio corpo, olhando ao redor. Maria se aproxima e toca seu ombro:

—Ele está no salão do trono... Não come ou dorme desde o ocorrido e já vasculhou o reino inteiro para encontrar nosso pequeno...

Helen fecha o semblante e sai dali a passos firmes, seguindo pelos corredores familiares, arrancando exclamações de surpresa dos habitantes do castelo por onde passava. Ao entrar no salão do trono, encontrou o Rei goblin sentado, curvado para a frente, a cabeça apoiada nos braços e estes sobre os joelhos.

Ele sentiu o cheiro dela e ergueu o rosto. Estava pálido, abatido e parecia alheio a tudo ao seu redor, os olhos opacos e rosto encovado faziam-no parecer um cadáver. Ela sentiu o olhar dele sobre si e esperou. A voz dele parecia à distância:

—Helen.

Furiosa, ela avançou e deu uma forte bofetada no rosto de Jareth, fazendo-o cambalear para o lado. Respirando com força e tremendo, ela falou:

—Sua loucura não tem limites, Rei goblin! Olhe o que fez! Olhe o que fez ao nosso filho! Onde ele está?

Jareth suspira e se inclina para trás:

—Em algum lugar lá embaixo, no Labirinto... Talvez em lugar nenhum... Eu... Não consigo encontrá-lo. Ele se esconde de mim... Meu herdeiro... Se esconde de mim...

Helen sentiu o pesar e a dor que emanavam do rei. Aquela criatura poderosa e soberba, orgulhosa e volátil estava alquebrada. Desde o evento com Sarah Williams, Jareth havia experimentado toda a sorte de sentimentos aos quais não estava familiarizado. O golpe final fora o desaparecimento de sua criança.  

Helen aproximou-se e tocou a mão dele. A raiva que ela sentia deu lugar a solidariedade:

—Eu vou buscar meu filho... Eu vou encontrá-lo, trazê-lo de volta e você vai me prometer não interferir em nada. Não importa o que aconteça...

Ele balança a cabeça e ela sai dali rumo ao jardim de Hoogle:

—Preciso de um guia dentro do Labirinto e uma arma.

Hoogle a encara e vê sua determinação:

—Vai mesmo fazer isso?

—Não importa mais... Se eu não conseguir salvar meu filho, não há sentido em voltar.

Pouco depois, Hoogle está na entrada secreta que acessava um dos corredores do Labirinto. Helen recebeu uma adaga de ferro frio e o anão explicou:

—Ferro é veneno para a maioria das criaturas mágicas. Não sabemos o que encontrar lá embaixo...

Helen sente um calafrio percorrer seu corpo até a base da nuca. Jamais se imaginou envolvida em algo tão bizarro, mas o desespero de recuperar sua criança era mais forte que o medo que sentia. Nisso, uma mão firme segurou o ombro dela e Helen gritou, fazendo Hoogle gritar também.

Era Albert, o falso conde, que sorriu-lhe:

—Vim ajudar.

Ele trazia uma espada e Helen colocou a mão na testa:

—Oh, senhor! Eu quase tive um enfarto!

Ele balançou a cabeça:

—Um o quê?

—Esqueça! Eu fico feliz que me ajude!

Hoogle murmura:

—Devo estar fora do meu juízo! É a segunda vez que me aventuro nesse maldito labirinto...

Helen se ajoelha ao lado dele:

—Eu não posso colocar você em perigo, Hoogle. Me trouxe até aqui, é comigo de agora em diante.

—Oh, senhora! E-eu não quis dizer que não vou com...

Ela aperta a mão dele e sorri:

—Obrigada. Cuide do jardim. Se tudo correr bem, vou levar meu filho pra brincar nele...

Dizendo isso, a mulher avança pelo corredor, tendo Albert ao lado dela. Hoogle baixa a cabeça e suspira:

—Hoogle... Você é um covarde.

Então ele segue atrás dos dois e os alcança, fazendo Helen sorrir.

O entardecer alcançava o Labirinto, fazendo as sombras se moverem, confundindo as curvas e retas, subidas e descidas, mas Hoogle era um grande frequentador daqueles corredores e sempre sabia onde tinha uma passagem para fora do lugar. Criaturas apareciam e sumiam entre as pedras ou por entre a vegetação rasteira, mas aquilo já não assustava Helen.

Determinada, ela esperava encontrar logo o local onde o filho estava escondido o quanto antes e sair daquele pesadelo. Hoogle agachou-se perto de uma parede e tocou o chão:

—Tem algo solto aqui...

Albert se aproxima e enfia a ponta da espada entre as pedras, levantando uma delas com facilidade. Outra em seguida é retirada por Hoogle, que vê um pequeno buraco:

—Aqui!

Ansiosa e determinada, a jovem mulher ajuda seus companheiros a retirarem o restante das pedras, que formavam um “L” em junção com a parede. Através dessa abertura, era possível ver que havia muito espaço embaixo deles.

Albert desceu primeiro e Helen, ajudada por ele. Hoogle apanhou uma tocha do corredor e saltou para dentro do buraco:

—Eu sempre ouvi histórias sobre o que tinha debaixo do Labirinto, mas nunca tinha arriscado vir aqui... Vou acender essa tocha...

Helen ergue os olhos para a estrutura colossal à sua frente. Toneladas de rocha formavam um intrincado arabesco que descia do teto ao solo, com aberturas e saliências gigantescas, emudecendo os visitantes. Aquilo era a raiz do labirinto, tudo que o moldava e sustentava por eras sem fim. Para Helen, outro labirinto para percorrerem atrás de seu precioso menino.

Enquanto desciam uma pequena encosta rochosa, Hoogle à frente perguntou:

—Helen? Já... Escolheu um nome para o pequeno mestre?

A moça exclamou:

—Ainda não! Tudo foi tão rápido que não pensei em nada! O Rei goblin já...

—O Mestre não é bom nessas coisas. Certamente deixaria para a senhora Maria a escolha do nome...

Helen olha Albert, que caminhava em silêncio, observando as frestas escuras do teto acima deles. Ele percebe o olhar dela e sorri:

—Maria não me disse nada sobre nomes para o pequeno... Acho que deixará a seu cargo a escolha. Nada mais justo, eu acho.

A jovem mulher agradece com um sorriso. O falso conde era uma criatura calma, ponderada, reta e decidida. Helen soube que ele fora criado pelo Rei para aplacar a dor da perda e solidão de sua mãe, o que ninguém esperava era que a criatura fosse realmente se apaixonar pela humana e viver com ela uma vida que o verdadeiro Albert Tyton se negou a viver.

Seguiram mais alguns metros à frente e perceberam uma leve inclinação para baixo. O som de água correndo podia ser ouvido e Hoogle exclamou:

—Há um rio aqui!

Albert apanhou a tocha das mãos do anão e avançou devagar, pedindo que os outros esperassem ali. Caminhou até uma curva rochosa e sumiu de vista. A escuridão total envolveu Helen e Hoogle e ele, sem pensar muito, agarrou a mão dela e segurou com força. Ela sorriu e falou:

—Vamos ficar bem...

Ele suspirou mais calmo e permaneceram ali, calados e atentos. A luz voltou e Albert falou à distância:

—É seguro continuar. Tem uma fenda gigantesca na rocha por onde é possível ver a água lá embaixo. Não vai nos impedir de avançar.

Assim foram pelo caminho, atentos a movimentos, sombras e sons que indicariam a presença da criatura rastejante ou do filho de Helen.

Numa pequena passagem que surgia mais baixa que o nível do teto acima deles, Hoogle percebeu um estranho tipo de teia e falou:

—Não estou gostando disso...

Albert tocou o material que aderia à parede de pedra e esfregou na ponta dos dedos:

—É viscoso... Não é uma teia normal.

Helen olhou ao redor:

—Que tipo de aranha ia produzir algo assim?

Antes que qualquer um respondesse, uma estranha criatura, misto de centopeia e goblin saiu de uma fenda e avançou contra eles. Hoogle saltou de lado, enquanto Albert puxou Helen pela cintura e afastou-se rapidamente do ataque, colocando-se na frente da moça, empunhando sua espada e esperando a criatura tentar novamente. O que o trio pode perceber é que a mesma teia pegajosa envolvia parte das costas e peito do ser assustador, como fios de uma marionete, o que fazia os movimentos do ser parecerem pouco natural.

Hoogle agitou a tocha contra o bicho e este virou-se. Aproveitando a distração, Albert golpeou o flanco esquerdo do monstro e este gritou de dor. Outro golpe e parte da teia se soltou do corpo dele, diminuindo sua velocidade e força. Helen percebeu isso e falou:

—Devemos cortar essa teia! É isso que está controlando a criatura!

Albert e Hoogle concordam com a observação de Helen e atacam em conjunto, rompendo todos os fios que se ligavam ao corpo do bicho, reduzindo seu avanço. Após momentos de tensão e medo, o trio viu o corpo do ser tombar no chão rochoso e esperaram seus movimentos. A criatura não se moveu.

O falso conde pegou a tocha das mãos de Hoogle e ateou fogo na teia que subia pelas paredes e descia como fios até o chão. Helen aproximou-se com a adaga de ferro erguida em defesa e analisou a criatura:

—Meu Deus! Que bicho é esse?

Hoogle dá de ombros:

—Um habitante dos túneis... Normalmente são arredios, mas esse aqui não estava agindo normalmente... Essa... Teia estava controlando ele...

Albert tocou a barriga do ser com a ponta da espada:

—Parece morto...

Hoogle sorri:

—Não acredite em tudo que vê, senhor...

Helen respira fundo:

—Vamos continuar.

Eles se afastam e entram mais fundo naquela caverna. Então eles ouvem o som de couro se arrastando rapidamente e um chiado baixo, desaparecendo pouco depois. Hoogle aponta:

—Aquela coisa... Com certeza voltou pra sua toca.

Helen toca o peito, sentindo o coração acelerado. Rezava para não encontrarem outros pesadelos como aquele em seu caminho.

Pouco depois de uma caminhada longa em solo acidentado, a mesma teia surge em todas as direções, do solo ao teto. Buracos ao longo das paredes davam a entender que outros seres estariam espreitando, prontos para atacar. Apreensivos e atentos, seguiam o mais silenciosamente possível e saíram para uma galeria mais ampla, onde uma pequena cachoeira descia pelo paredão rochosa e desaparecia numa fenda logo abaixo.

O ar ali era mais frio e fresco por causa da água, contrastando com o caminho que seguiram. Hoogle andou pelo local à procura de alguma passagem e falou:

—Fim da linha.

Helen olhou para todos os lados:

—Não pode ser! Nós seguimos até onde era possível! Não há outro caminho? Será que nos perdemos em algum ponto e...

Albert observa a cachoeira à frente deles. A estreita faixa de água em queda se movia para frente em alguns momentos, levando o conde a crer que uma corrente de ar vinha de trás dela:

—Acho que o próximo caminho está atrás dessa cachoeira...

Hoogle olhou para a queda d’água que vinha de uma altura surpreendente:

—Vamos entrar aí? A tocha vai se apagar!

Helen avança e para por um momento:

—Se meu filho está aí dentro, não me importo!

Albert analisa a situação:

—Precisamos de um plano...

Muitos metros acima dali, Maria estava parada junto ao trono de Jareth. Ele permanecia curvado sobre os joelhos, silencioso e imóvel. Ela aproximou-se e falou, suave:

—Quando eu enfrentei o Rei coruja, não tive a ajuda do homem que amava para recuperar meu filho. Se não fossem meus amigos do Labirinto, eu teria perecido e você... Não seria a pessoa que é agora. Seria apenas uma casca vazia, ocupada pela mente daquela criatura horrível que quase te tirou de mim...

Jareth ergue o rosto e os olhos de Maria estão duros e fixos nele:

—Helen está lá embaixo, lutando pela coisa mais preciosa que ela tem. E você está aqui... Prostrado e insensível a isso? Quando foi que se tornou uma criatura tão... Desprezível?  

Maria enxuga as lágrimas do rosto e sai dali rumo ao seus aposentos na ala leste. Jareth segura uma esfera de cristal e vê as imagens de Helen, Hoogle e Albert diante de uma cachoeira. Outra esfera mostra uma movimentação estranha no corredor que chegava até o trio. Mais de uma dúzia de criaturas desciam das fendas e buracos na rocha, cobertas com uma estranha teia, ávidas por encontrar a carne dos invasores da superfície.

Com uma careta de dor e repulsa, Jareth se ergueu do trono e correu até a janela, saltando dela e transformando-se numa enorme coruja. Seu voo alcançou o Labirinto e após buscar um ponto específico no solo de pedra, mergulhou no ar e foi recebido por uma fenda que se abriu para ele, fechando-se em seguida.

Na escuridão dos túneis e passagens, a coruja buscava aumentar sua velocidade. Naquele momento, o trio já ouvia os sons vindos do corredor atrás deles e Albert ergueu a espada:

—Estamos presos aqui... E imagino que esses sons atrás de nós só indicam uma coisa...

Hoogle põe as mãos na cabeça:

—Estamos mortos!

Helen sentiu uma pressão no peito e ergueu os olhos. Analisou a água que caía e falou:

—Talvez... Possamos subir ao invés de atravessar a cachoeira! Olhem lá em cima!

Albert ergue a tocha e uma pequena passagem surge sob a luz. Estava localizada pouco acima da saída da água e podia ser uma chance de fuga. Até lá, uma parede íngreme e de superfície irregular mostrava a eles qual seria o nível de dificuldades que enfrentariam para subir.

Hoggle foi o primeiro, testando os pontos de apoio e a segurança das pedras. Em seguida, Helen imitou-o e Albert permaneceu algum tempo no chão, espada frente ao corpo e a tocha erguida para ajudar iluminar o caminho de seus companheiros. Quando escutou o som mais próximo, embainhou a espada e tirou o casaco, colocando fogo nele, como um tipo de barreira a partir do ponto onde começou a escalar.

Com a luz da roupa queimando, os três puderam ver o movimento no solo abaixo deles. O som rastejante e as formas se contorcendo pelo chão, farejando, murmurando e procurando por eles, fez com que aumentassem a velocidade da subida, rezando para que a fumaça da roupa camuflasse sua presença.

Num ponto da escalada, Helen cortou a mão na rocha afiada e desequilibrou-se, caindo pela parede. Albert esticou o braço e agarrou seu pulso, ficando com ela pendurada e seguro apenas por um nicho na rocha dura. A força que fazia para se manterem ali foi sentida nos dedos dele, cuja estrutura mecânica começou a se romper.

Helen falou:

—Me solte! Se continuar, vamos cair os dois! Salvem meu filho! Por favor! Salvem meu bebê!

Para o desespero de Hoogle e Albert, Helen se move e solta seu pulso da mão do falso conde. A queda não foi de muito alto, mas Helen caiu sobre o ombro direito e gritou com o impacto. As criaturas pararam de se mover e balbuciar e focaram sua atenção na mulher. Ela se levantou e encostou-se na parede atrás dela. Então a espada de Albert caiu ao lado dela, que prontamente ergueu a arma na direção dos seres.

Hoogle fez menção de descer, mas Albert falou:

—Não podemos parar agora, Hoogle! Não vamos desperdiçar o sacrifício de Helen e deixar seu filho nas mãos da criatura!

No chão, atenta aos movimentos daqueles seres de pesadelo, Helen respirou fundo. Uma criatura avançou, mas foi rechaçada por um golpe rápido da ponta da espada. Aquela presa não dava sinais de desistir, aumentando ainda mais a ansiedade da caçada naqueles monstros.

Hoogle alcançou a abertura e exclamou:

—Isso atravessa a parede! Podemos passar de pé!

Albert entregou a tocha e olhou para baixo. Helen estava sozinha e decidida a resistir. A chama da roupa já diminuía e a escuridão envolvia o local. O falso conde olhou os dedos danificados e falou com Hoogle:

—Nossas chances de sucesso são tão boas quanto as dela, meu amigo... Não temos como saber a situação do pequeno mestre...

—Então sugiro que voltemos pra junto dela!

Sorrindo para o anão, Albert se vira e grita:

—Senhora! Não vai lutar sozinha! Estamos voltando!

Helen grita:

—Não!

Então uma criatura salta na direção dela com presas e garras prontas para matar. Helen ergue a espada com o braço bom e espera o desfecho. Súbito, frente a ela, uma forma branca e esguia pousa no chão e a criatura é arremessada metros à frente, chocando-se com outras semelhantes.

Confusa e assustada, Helen cai sentada no chão e o ser frente a ela se vira. Na semiescuridão, ela vê os olhos brilhantes do Rei goblin:

—Eu assumo daqui...

Com um gesto rápido, ele ergue o corpo de Helen, fazendo-a flutuar até Albert e Hoogle, que a seguram e puxam para dentro da passagem. Num último segundo, Helen direciona seu olhar para Jareth, mãos erguidas frente ao corpo, sendo cercado pelas criaturas dominadas pela estranha teia viscosa. Ela podia sentir a fúria e o desespero nele. Não havia volta para nenhum deles.

Continua...

 


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Notas finais do capítulo

Os planos do Rei goblin não ocorreram como o esperado e Helen se lança numa perigosa empreitada para salvar seu filho. Sua coragem pode mudar tudo?



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