E Se... escrita por Vincent Verdt


Capítulo 1
Nas Sombras


Notas iniciais do capítulo

Sou escritor meio novato, mas gosto muito de ler, gostei muito do filme e da HQ V de Vingança, por isso decidi reescrever os acontecimentos a partir dos momentos finais do filme... espero que gostem.
Deixem comentarios se possivel.
Obrigado.



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Andar por aquele labirinto subterrâneo nunca fora muito fácil para ela, apesar do lugar em si permanecer tão bonito e diferente quanto na primeira vez em que o vira a sensação incomoda de estar com os inimigos acima de sua cabeça às vezes não lhe dava paz.
“Não tenho tempo para pensar nisso.” Ela se repreendeu apressando o passo e ignorando com muita facilidade as explosões ao longe, que se danasse o parlamento.
— V? – Chamou entrando no quarto atulhado de livros onde despertara certa manhã. O mascarado estava atirado na cama, manchando – a com o sangue que saia de seu ferimento no ombro. – Esta acordado?
— Sim. – Ele respondeu calmo se colocando sentado no colchão com certa dificuldade. – Você baixou a alavanca...
— Era preciso. – Evey ressaltou sentando – se ao lado dele. – Trouxe agulha e linha para dar os pontos.
— Obrigado. – V agradeceu parecendo cansado. – Eu cuido disso.
Notando a clara dispensa que ele lhe fazia a mulher estreitou o cenho irritada, por Deus como V pretendia costurar a si mesmo com uma mão só? Será que ele nunca confiaria completamente nela?
— Não. Eu faço. – Retrucou pegando a agulha já com a linha das mãos enluvadas dele.
— Evey... – V começou em um tom que tinha tudo para ser apaziguador.
— Posso faze – lo. – Afirmou com segurança. – Já costurei muito.
— Costurar roupas e pessoas é diferente. – O homem argumentou, a expressão de seu rosto impossível de se ler devido a mascara.
— O principio é o mesmo.
V se calou e a encarou por um tempo, parecia temeroso ou nervoso com algo como se pesasse uma decisão importante. Evey o viu movimentar a cabeça para olhar o ferimento e em seguida examinar as próprias mãos encobertas e para o espanto dela percebeu que as mesmas tremiam levemente.
— V... – Começou preocupada que ele já tivesse perdido sangue demais.
— Faça. – Suspirou o mascarado rasgando a camisa em volta do ferimento revelando também a pele queimada.
A primeira reação de Evey ao ver aquilo, fora a mesma que tivera em sua primeira manhã naquele lugar quando vira as mãos dele sem as luvas, preocupação.
Mordeu o lábio inferior, sentindo um misto de emoções toma – lá em um segundo, curiosidade sobre o incêndio que o deixara tão machucado, raiva pelas pessoas que infligiram aquilo a ele e certa dose de (por mais que dificilmente fosse admitir em voz alta) admiração, pois mesmo depois de tudo pelo que passara V ainda tinha esperança de conseguir um futuro melhor, não para si mesmo era verdade, mas pelo menos para que outras pessoas não sofressem o que ele sofrera. De um estalo saiu de seus pensamentos e meneou a cabeça com força, não era hora para pensar naquilo, precisava agir se quisesse salva – lo.
Desviou os olhos da pele exposta e voltou – os para a mascara notando só naquele instante que o mesmo a fitava, ela podia sentir a tensão que emanava dele quase como se estivesse esperando algo ruim acontecer, quase como se estivesse esperando a sua partida mais uma vez...
Evey engoliu em seco e com cuidado tocou a área ao redor do machucado, o toque apesar de ter sido leve o fez sobressaltar instintivamente, coisa que ela já esperava, afinal ele não devia estar acostumado a ter contato direto, estando tão escondido por aquelas roupas negras.
— Vou começar agora. – Avisou e um instante depois o viu concordar com a cabeça, parecendo visivelmente aliviado, possivelmente ele esperava - e temia- por perguntas que não queria responder no momento.
Com muito cuidado esterilizou toda a extensão do ferimento, percebendo para a sua surpresa que o mascarado não esboçou nada diante daquilo, levando – a crer que ou a pele perdera a sensibilidade devido as queimaduras profundas ou o sofrimento passado no incêndio fora tamanho que ele se tornara imune a dores menores.
Controlando o aperto no peito que ameaçava toma – lá Evey começou lento processo de dar pontos. Cada vez que a agulha entrava ela esperava por alguma demonstração de desconforto, porem durante os dez minutos seguintes V não fez mais do que suspirar.
— Terminei. – Anunciou dando o nó final devagar, temendo machuca – lo ainda mais. – Como esta se sentindo?
— Estou bem, Evey. – Respondeu tocando o rosto dela com a mão enluvada fazendo – a olhar diretamente nos olhos da mascara. – Obrigado.
— Afinal o que aconteceu lá, V? – Evey finalmente permitiu – se questionar, já que quando o viu chegar sangrando no metro ocupou – se em socorre – lo.
— Foi um erro confiar no senhor Creedy. – Foi tudo o que ele respondeu testando o ombro devagar, ao passo que ela recostou – se mais contra a mão dele. – O nosso encontro terminou com uma armadilha muito bem montada.
— Como você escapou? – Perguntou vendo – o voltar a cobrir a pele queimada dessa vez com parte do lençol.
— Com uma boa dose de sorte e uma ajuda inesperada de um policial...
— O meu parceiro. – Completou uma terceira voz sobressaltando Evey que olhou rápido para a entrada do quarto onde um homem apontava uma arma para o mascarado.
— Boa noite, inspetor. – V saudou sem se alterar ao passo que ela se colocou em guarda. – Demorou um pouco para chegar aqui, caminho tortuoso, não?
O inspetor parecia nervoso a arma tremia em suas mãos e ele alternava o olhar entre o terrorista e a sua cumplice como que tentando decidir o que fazer a seguir.
— Dominic... como ele ficou daquele jeito? – Questionou depois de alguns minutos de mudo enfrentamento.
— Seu parceiro entendeu o meu proposito e em um ato de coragem lutou contra os próprios companheiros apenas para me salvar. Os homens de Creedy não pouparam balas.
Evey engoliu em seco chocada enquanto o inspetor baixava a arma ainda receoso. Ele tremia e não foi surpresa nenhuma para V quando o mesmo desabou no piso do quarto, visivelmente chocado.
— Não acredito... aquele idiota.
— Sinto muito inspetor. – O mascarado disse em um suspiro.
— Por que ele não ficou no carro como mandei? – Perguntou – se o outro.
— Dominic deixou algo para o senhor. – V contou parecendo um pouco cansado. Mas a sua voz voltou ao normal quando virou – se para a ‘enfermeira’ ao seu lado e pediu. - Pode pegar o cinto para mim, Evey?
A mulher estreitou os olhos para o inspetor ainda meio relutante de sair de perto do mascarado, mas ao ver o mesmo menear a cabeça, levantou da cama e caminhou até o cabide onde o cinto com as facas ensanguentadas estava pendurado.
— Evey? Evey Hammond? – Finch questionou saindo de seu estado de transe de um estalo.
— Sim, sou eu. – Ela respondeu entregando a V o que ele queria.
— Então você era mesmo a cumplice...
— Na verdade ela é a minha hospede, inspetor. – O terrorista interrompeu a linha de raciocínio do policial enquanto estendia uma foto que retratava três pessoas, um garotinho e um casal todos sorrindo em frente a...
— Estatua da liberdade... – E de imediato a razão para a rebeldia de seu parceiro tomou uma forma em sua mente. – Ele era norte – americano... agora faz sentido...
A Galeria das Sombras mergulhou no mais completo silencio por alguns minutos, para muitos aquele tipo de cena seria no mínimo esquisita. O terrorista mais temido da Inglaterra sentado em uma cama com um lençol cobrindo o seu ombro, com a sua ‘cumplice’ ao seu lado olhando alternadamente entre ele e o policial escorado na parede de pedra, policial esse que tinha como a sua missão primaria capturar aos dois.
— O que fará agora? – Finch questionou do nada, rompendo a calmaria.
— Bem... – V começou ainda não parecendo se importar por ter a sua casa invadida por uma autoridade. –... o chanceler esta morto e minha mensagem foi passada ao povo.
— Creedy ainda vive.
— Um mero detalhe que pretendo retificar em breve.
— Então vai mata – lo?
— Obviamente.
O inspetor torceu a boca e por um momento Evey achou que ele tentaria impedi – lo, afinal mesmo que tivesse abaixado a arma ainda era um policial e V ainda era um procurado que havia matado muitas pessoas, mas o que saiu dos lábios do oficial fez o seu queixo cair.
— Como posso ajudar?
— Você entende em que estaria se metendo? – O mascarado questionou sem demonstrar surpresa. – Ao que tudo indica o Sr. Creedy é a nova autoridade máxima na Inglaterra.
— Não. Só o que entendo é que esse desgraçado matou o meu parceiro por mero capricho e que ele apoiou a criação de um vírus mortal.
— Ah. Vingança... – V suspirou extasiado ao passo que Evey se contorceu desconfortável. – Se quer ajudar, inspetor há uma ou duas coisas que pode fazer, mas isso exigira certa dose de atuação de sua parte, esta preparado para isso?
Finch concordou com um firme aceno de cabeça, inclinando – se em direção ao terrorista para ouvir o seu novo plano e assim na Galeria das Sombras, aquele trio improvável se uniu para dar continuidade a uma revolução que deveria ter acabado naquela mesma noite.


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Notas finais do capítulo

Por enquanto é isso, caso tenha uma boa recepção postarei o segundo capitulo (Ja o tenho pronto). Para quem leu até aqui muito obrigado.