A linha tênue entre o amor e o ódio escrita por GomesKaline


Capítulo 9
Capítulo 09




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— Mamãe, esse é meu novo amigo - a menininha de longos cabelos pretos disse sorridente.

O mais novo amigo dela era mais velho. Ela era uma garotinha de quatro anos e ele um garoto de oito. Tinha várias crianças correndo pelo parque naquela tarde. Era o aniversário de alguém.

Sua mãe não ficou feliz em conhecer seu novo amigo.

— Vamos, querida. Vamos para casa.

A garotinha não entendia, devia ser aquelas coisas adultas de novo.

— Mas mamãe, ainda não comi bolo. Não quero ir para casa - resmugou a menina.

— Se formos para casa agora, podemos passar na sorveteria e você pode escolher o sabor que quiser.

— Sorvete! - disse a garotinha animada. Ela virou para seu novo amigo e acenou - Tchau.

Seu novo amigo sorriu e lhe deu tchau também.

Quando eles estavam no carro, na limousine, para ser mais exato, sua mãe lhe pegou no colo. Ela sorriu, pois gostava quando sua mãe a pegava no colo, isso não acontecia com muita frequência.

— Escute, querida, eu não quero que você fale e nem brinque com aquele garoto.

— Por quê? Eu gosto dele.

— Mas você não pode, está me entendendo? Se você continuar a brincar com ele, darei todas as suas bonecas para sua prima Sophia.

— Liz... - ela escutou seu pai dizer, com um tom que ele usava quando ela se comportava mal.

— William, eu não vou deixar minha filha brincar com aquela gente.

— São só crianças. - Seu pai tenta mais uma vez.

— Não! Minhas bonecas não! Por favor mamãe, serei boazinha.

Emily acordou conturbada. Era a terceira vez que ela teve esse sonho. Ela não sabe se são memórias esquecidas ou memórias criadas por sua mente. Ela só sabe que não faz sentido algum. Por que esse cenário insiste em atormentar seus sonhos?

Ela olhou para o relógio. 00:45. Ela deita a cabeça no travesseiro e avalia se ela deve levantar ou não. Acaba decidindo que sim. Quando ela estava a caminho da cozinha, viu que a luz estava acessa. Ela não era a única acordada. Quando ela entrou na cozinha, viu seu pai de pé à  frente fogão.

— Oi, caçula. Quer um pouco de leite? Acabei de esquentar.

Emily sorriu.

— Eu sou a mais velha, papai. E sim, leite seria bom.

— É a mais velha e mesmo com 31 anos, você ainda me chama de "papai" - diz enquanto serve um copo de leite quente para ela. Emily sorriu, não se encontra muitos adultos que usa o termo "papai", a maioria preferem "pai" - Era assim que eu te chamava quando você nasceu. Era minha única filha, então era minha caçula. Quando Theodore nasceu, eu simplesmente não consegui transferir o apelido, e você sempre atendia quando eu te chamava assim. Para evitar uma confusão decidi manter isso.

Theodore nunca se importou com isso, mas com Amélia teve um leve conflito. Quando alguém se referia a Amélia como tal, Emily sempre intervia. O mais comum era "sua caçula é adorável" e então Emily se intrometia "eu sou a caçula" seguido de "papai diz para ele (ou ela) que eu sou sua caçula".

Como Emily foi sua primeira filha, William Prentiss era mais apegado a ela, mas ele amava todos os seus filhos na mesma quantidade. Mas ele mimou Emily muito mais do que os outros. Ela sempre o teve na palma da mão, porém ele nunca a deixou saber disso. Foi um milagre ele não ter estragado sua filha. Nas discussões de Emily com Elizabeth sempre era difícil para ele, ficava dividido entre a mulher que ele amava e sua filha querida. Ele tentava se desvencilhar da discussão, mas sempre terminava com uma das mulheres irritadas com ele.

William olhou para a filha e ela pareceu que estava voando bem longe

— Você parece perturbada. - A voz de seu pai a trouxe de volta.

— Eu sou de muitas formas.

— O que está errado?

Ela esperou alguns instantes antes de realmente contar o que a perturbava.

— É um sonho que eu estou tendo há alguns dias, ele sempre me acorda.

— Posso perguntar que sonho é esse? - Ele leva o copo de leite a boca.

— Sim. Podemos ir para o sofá? - seu pai assentiu com um aceno de cabeça. Quando estão sentados lado a lado no sofá, Emily começa a contar - Nesse sonho estamos em um parque, é o aniversário de alguém. Têm muitas crianças lá. Acho que eu tinha uns quatro anos, mas tinha crianças mais velhas. Eu levo um menino para apresentar a vocês, ele era alguns anos mais velho que eu. A mamãe fica bastante irritada e me leva embora. Ela me diz para nunca mais falar com ele.

William respira fundo. Ele não lembrava desse dia até que Emily lhe contou esse sonho.

— Nesse sonho sua mãe não ameaça tirar suas bonecas, não é?

— Sim, como você sabe disso?

— Você realmente não lembra? - ela faz que não - Era o aniversário do Cameron, neto do secretário de educação em 1977. Ele deu uma grande festa no parque e convidou todos os filhos de pessoas importantes. Naquele dia você conheceu Aaron, você foi animada apresentá-los a nós.

— Eu e Aaron? Como isso é possível? - Emily perguntou colocando o copo de leite na mesinha de centro.

— Eu não sei, mas vocês brincaram naquele dia e parecia que tinham se divertido. Isso pisou nos calos de Elizabeth.

— Não pisou nos seus? - Afinal seu pai era um Prentiss também.

— Um pouco, mas vocês eram apenas crianças, não iriam desequilibrar a ordem natural do universo, vocês queriam apenas brincar.

William entendia a rixa familiar, mas ele não gostava da ideia de ter as crianças no meio desse fogo cruzado. Ver sua filha aos sete anos dizendo que odiava alguém partia seu coração. Aos ver eles arrumando confusão na escola e por aí foi. Ele queria que esperassem até os quinze para corrompê-la. Mas ele ainda é grato por isso ser a única mancha nas suas vestes branca, no resto ela sempre passou com louvor. Claro que ela foi rebelde, ainda era, mas ele sempre teve orgulho de quem ela se tornou.

Nunca passou pela cabeça de William que Emily bloquearia esse evento, no entanto ele mesmo não lembrava que já era um adulto de boa memória.

William lembra de sentir uma ponta de pena do pequeno Aaron na época, problema de Craig com álcool começou naquele ponto. No entanto, Aaron não era preocupação dele, seus filhos eram.

— Mas por que estou sonhando com isso?

— Eu não sei. Pode não ser absolutamente nada, ou pode ser que alguma coisa puxou o gatilho. Aconteceu algo entre vocês nos últimos dias?

Parecia uma acusação.

Emily sentiu seu corpo empertigar, fez uma oração silenciosa para que seu pai não notasse.

— Não. - Ela respondeu mais rápido do que deveria. Comportamento de culpado, ela pensou.

Seu pais aperta os olhos para ela, ele não acreditou, é claro. Ela sempre se incriminou com seu pai, ele era tão dócil que lhe arrancava uma confissão sem esforço. Com sua mãe era fácil ganhar, Emily sempre foi boa de luta.

Ela sabia que tinha que inventar uma coisa logo, antes que ele arrancasse algo dela com um gesto gentil. Seu pai não podia saber que ela beijou Aaron Hotchner! Duas vezes! Ou sobre seus encontros em salas e corredores desertos.

— Okay, talvez tenha algo. Em uma dessas festas Aaron fez uma piada sobre a voz da tia Flor e eu ri.

Boa jogada, Em. Ela se deu um tapinha imaginário nas costas.

— Florence? Por que ele faria isso? Ela é um doce de mulher.

— Oh papai, eu amo, mas... - ela aperta o nariz para poder imitar a voz da mulher - "Obrigado a todos que apoiam meu projeto".

William Prentiss caiu na gargalhada. Era verdade, porém não o impediu que ele se sentisse culpado por rir de sua amiga.

— Sim, caçula. Acho que você rir com Aaron pode ter sido um gatilho, vocês estavam alegres naquele dia. Ou deve ser porque a festa de Cameron está chegando, daqui a três dias, não é? - Ele sabia disso porque a mãe de Cameron não parava de falar disso. Pelo jeito que ela falava parecia que fariam uma grande festa e não que ele comemoraria em uma boate.

— Merda - praguejou Emily.

Ela tinha esquecido completamente da festa de Cameron. Ela nem comprou um vestido de festa. Ela precisava ir as compras com JJ e Penelope o mais rápido possível.

— Olha a boca. - Ele a repreende, não tão severamente como quando ela era uma adolescente.

Ela sorrir para seu pai. Ele diz que pode sentir o sono chegando e levanta do sofá. Então algo que ela vem pensando a algumas semanas lhe bate com força. Ela segura o braço de seu pai.

— Mas uma coisa, pai. -  Ele acena com a cabeça, sinal de que ela podia prosseguir - O que você diria se eu fosse morar sozinha?

William engole em seco. Ele ama o fato de todos os seus filhos morarem em casa, ele não tem certeza se está pronto para perder agora.

— Morar sozinha ou isso é outra maneira de dizer que vai morar com um homem?

— Sozinha, papai. Eu nem tenho namorado. E então, o que você acha?

Ele não quer isso. Ele é um papai coruja que gosta de ter os filhos embaixo de suas assas.

— O que você quiser, caçula. Te apoiarei no que você decidir.

Ela levanta do sofá e o abraça. Seu pai já foi, agora só falta sua mãe.

Isso exigiria um pouco de luta.

...

Emily sempre achou que fosse a vida zombando dela quando ela e Aaron tinham uma intercessão de amigos. Como uma pessoa poderia ser amigo dos dois? E quando eles não se encontravam em eventos políticos, eles se encontravam em viajes e festas desses amigos. Como se estivessem fadados a se encontrarem.

Olhando o preço de 892 dólares ela lembrou do discurso de Aaron. Esse era mais ou menos o valor salário mínimo. Era um vertido vermelho de alças finas, na altura do joelho e uma fenda que ia até a metade da coxa, o estilo preferido dela. Ela gostou do que viu quando provou, mandou a voz da consciência calar a boca, que curiosamente se manifestava na voz de Aaron, porque era o dinheiro dela, ela trabalhou por isso, então se ela quiser gastar em um vestido ridiculamente caro, ela vai gastar.

Quando fizeram pausa para o almoço, Emily contou sobre seu plano de ir morar sozinha para as amigas. As duas loiras ficaram animadas, elas sempre se sentiam como adolescente quando iam visitá-la na casa dos pais. Elas se perguntava se Emily conseguia levar algum homem para lá ou se todos os seus arranjos eram em hotéis onde a confidencialidade era seu maior ponto.

— O que fez você querer sair de lá? - Penelope perguntou.

— Algumas semanas atrás tive uma epifania. Eu não tenho um lugar só para mim. Acho que isso é motivo suficiente, não acham?

Penelope e JJ se entreolharam.

— Você conheceu alguém? - A malícia na voz de Penelope não passou despercebido por ninguém naquela mesa.

— Conheço pessoas todos os dias - retrucou.

— Qual é, Em, deve ter acontecido alguma coisa para você querer sair da casa de seus pais - Foi a vez de JJ contribuir.

Isso veio a ela quando ela estava sozinha com Aaron em uma cabana no meio do mato, mas elas não precisavam saber disso. Pelo menos não ainda.

— Não é nada demais. Eu não tenho espaço um espaço só meu. Estou fazendo isso por mim.

— Tudo bem, mas só feche o negócio se tiver um quarto de hóspede, pois você vai nos receber muito lá - JJ brincou.

— E vamos usar hoje à noite para comemorar - disse Penelope erguendo o copo com água.

— Vamos com calma, ainda nem comecei a procurar um lugar.

Mesmo assim elas brindaram com seus copos de água.

...

Aaron estava sentado no bar da boate que Cameron pagou um absurdo para ter sua festa particular, uma bebida na mão enquanto observava o local encher. Ele quase engasgou com o licor escuro quando a viu chegar acompanhada das suas contrapartes loiras. Ela parecia uma Dasymutilla occidentalis com aquele vestido vermelho, perigosamente linda e com uma picada extremamente dolorosa. E inferno, ele sempre gostou de perigo, exatamente o que ela era naqueles saltos que valorizava suas pernas, com aquela maquiagem mais carregada que o normal, cabelos com ondas que na maioria das vezes ele ver liso. De repente o local ficou mais quente. Felizmente o evento de hoje não pedia gravata nem paletó.

Ele viu muitos vestidos vermelhos desde que chegou, então por que ele não conseguia tirar os olhos daquele específico?

— Está olhando o quê? - Pergunta Derek perto do seu ouvido e ele teve que juntar todas as suas forças para não dá um soco em seu amigo. Ele não gosta que invadam seu espaço desse jeito.

Derek seguiu seu olhar e viu o que ele estava olhando. Ela estava cumprimentando Cameron junto com as amigas. Bela vista, pensou Derek.

— Estaria mentindo se dissesse que ela não é bonita, porque ela é. Não posso te julgar por tirar uma casquinha dela.

— Cala a boca, Derek. Não estou tirando casquinha de ninguém.

— Ela é perigosa demais para você admitir isso, não é?

Aaron lança uma carranca. Ele não sabe se foi abençoado ou amaldiçoado com dois melhores amigos tão brincalhões. Se Dave tivesse vindo à festa, Aaron tinha certeza que ele estaria fazendo o mesmo.

A música estava ficando mais animada e as pessoas estavam se amontoando para dançar. Uma mulher de pele morena conseguiu arrastar Derek para a pista sem esforço. Antes de sair ele lançou um sorriso divertido para Aaron, o qual não se esforçou em esconder o revirar de olhos. Pois eles não estavam em uma festa política.

Bryana, uma garota que ele cometeu o erro de namorar há quase três anos, foi até e tentou levar para pista de dança. Bryana era uma garota grudenta, mais do que pode ser considerado normal, ele pode dizer com certeza que não é o tipo dele. Ela flertou com ele, ofereceu-se é uma palavra melhor. Ele a tentou dispensar com máximo de educação que conseguiu reunir. Ela, é claro, saiu insultando-o e Aaron sentiu se preencher com raiva. Merda, ele queria realmente se divertir esta noite. Ele não precisaria permanecer estoico, fingir que uma conversa era agradável ou ter que escutar mães de mulheres solteiras perguntar se ele queria um encontro.

Ele acena para o bartender encher seu copo.

— Não comprou nenhuma mulher esta noite?

Ao escutar a voz dela, ele se sente entorpecer por outra coisa, não é pelo álcool ou a raiva de seus momentos atrás com Bryana, mas por algo que ele não tem um nome.

Ele vira e a ver com um sorriso que ele poderia catalogar como sedutor, mas esta é Emily, ela não jogaria seu charme para cima dele, a menos que seu plano final fosse ele em uma cova no meio da floresta onde ninguém o encontraria.

Ela é ainda mais linda de perto. Ele diz a si mesmo que a secura em sua boca é devido ao calor que está aumentando gradativamente no local. Ela não podia ser feia? Isso com certeza tornaria as coisas um pouco mais fácil para ele.

— Eu não compro mulheres, querida - diz com atrevimento, sorriso nunca deixando o rosto - Elas vêm até mim de livre e espontânea vontade.

Ela revira os olhos para a provocação dele, então se aproxima do balcão e solta 'gin tônica' para o jovem do outro lado que logo se apressa para preparar sua bebida.

— Cuidado com esses apelidos carinhosos, Aaron, eles sempre voltam para puxar seu pé.

— Oh não, 'querida' é inofensivo. 'Meu amor' e 'minha vida' esses sim são os perigosos - ele diz isso e não tenta ser discreto quando percorre seu corpo com o olhar. Aqui ele tem permissão para ser um canalha, contanto que não extrapole. Da cabeça aos pés, dos pés à cabeça. Deslumbrante não chega nem perto de como ela está esta noite.

O bartender coloca seu pedido na frente dela, ela pega a taça com seu drink e antes de levar á boca, ela ver que ele está olhando. Ela sente aquele arrepio familiar subir pela sua coluna vertebral.

— Já te disse que você fica bonita de vermelho? - Há uma ousadia nessa frase, porque não é só um comentário para provocá-la, é a verdade.

Ela estremece. Leva sua bebida aos lábios para esconder o rubor que ameaçava aparecer. Eles estiveram aumentando as apostas em seus comentário ultimamente, é um risco que eles nunca correram antes, pois ele sempre conseguiam manter a distância. Porque eles sabem que há uma linha tênue entre tudo que é oposto; Luz e escuridão, felicidade e tristeza, amor e ódio... uma linha tão fácil de romper.

Mas os dois sempre foram atraídos pelo perigo e por tudo que parece que vai acabar errado. Então qual era o problema em cruzar algumas linhas?

Flerte provocativo. Onde a única intenção era irritar o outro.

Enquanto ela bebe de sua bebida mais uma vez, ela parece perdida e distante. Antes que ele pudesse fazer uma provocação, ela fala primeiro.

— Aaron - ela chama suavemente, apesar da música alta.

— Sim?

— Você lembra da festa que Cameron deu no parque quando éramos crianças, em 1977 para ser mais exato.

— 1977? Eu tinha o que, oito ano?

Ela assentiu com a cabeça.

— Eu tinha quatro. Nos conhecemos naquele dia, eu te levei para conhecer meus pais. Você lembra disso? - Então ela sorrir - Estava usando um vestido vermelho naquele dia, você me chamou de pimentinha.

Ela viu quando algo acendeu nele. Parece que ele bloqueou esse dia também.

— Oh Deus - ele exalou - Isso faz tanto tempo. Eu tenho vagas lembranças desse dia, mas não lembrava de conhecer você. Uau! Porque eu esqueci disso? Com oito anos minha memória já armazenava bastante coisa. Mas... - ele a olhou um pouco inquieto - como você lembra disso?

— Meu pai me contou.

— Seu pai?

— Sim, Aaron, meu pai - disse com um rolar de olhos - Eu entendo por que eu não lembro desse dia, mas você eu não entendo. Como você disse, sua memória com oito anos já era uma caixinha bem grande.

— Isso é esquisito - ele diz, mas para ele do que para ela. - Bem, acho que isso responde a pergunta de que seríamos amigos se não fosse pelas nossas famílias. - Ele para um pouco, como se analisasse as possibilidades. Um absurdo que eles poderiam ser algo além de duas pessoas que se odeiam - Você também foi subornado para que não brincássemos mais juntos?

Algumas memórias estavam se encaixando.

Ela solta uma risada seca.

— Sim. Minha mãe ameaçou mandar embora todas as minhas bonecas. Ganhei também uma taça grande de sorvete.

— Meu pai ameaçou quebrar todos os meus carrinhos e meu minis soldados. E Eles me deixaram brincar na rua.

Eles ficam em silêncio por um tempo, tomando sua bebidas e digerindo o que foi dito.

Amigos ou inimigos, os caminhos deles foram feito para se cruzarem.

Desde que seu pai lhe contou, ela não para de imaginar como seria a vida sendo amiga de Aaron. Ela não sabe dizer se isso é assustador ou não, porque ela não conhece a vida onde não se odeie Aaron Hotchner.

— Bom, - ela diz antes que chafurde mais nisso - eu estou indo, obrigada pela bebida. - Ela lhe dá uma picadela e caminha de volta para festa.

Flerte provocativo.

O local estava cheio demais para uma festa particular, mas Cameron sempre gostou de ostentar, mostrar que ele podia dá uma grande festa. Os convidados tinham a opção de levar uma ou duas pessoas. Estava impossível dar dois passos sem esbarrar em alguém.

Cameron estava dançando no meio da pista com duas garotas loiras, se é que podia chamar aquilo de dançar, era um esfrega-esfrega devasso. O aniversariante já estava bastante bêbado e a festa estava bem longe de acabar.

Emily encontrou Penelope do outro lado da boate incrivelmente cheia. A morena perguntou por JJ e Penélope apontou para ela dançando com um cara. Alguém vai se dar bem essa noite, Emily pensou. Penelope puxou Emily um pouco mais para a pista e a fez dançar. Ela dançou com alguns cara que não eram diferentes dos que ela dançava nos bailes, todos queriam apalpá-la no final. Mas diferente de lá, aqui ela podia reclamar e soltar palavras que ofende suas masculinidade sem terminar em uma catástrofe política.

Mas apesar de todas as mãos bobas, ela estava se divertindo. Até que alguém esbarrou nela e ela sentiu um calafrio.

As bebidas finalmente estavam cobrando de Aaron, então ele se levantou para ir ao banheiro. Ele esperava que nos fundos da boate não estivesse tão cheio, mas ele se iludiu. Ele respirou fundo, era isso ou nada, ele estava apertado e se ele quisesse continuar bebendo, ele teria que urinar imediatamente.

— Emily - Penelope chamou com urgência.

— O que foi?

— Eu deixei meu batom no banheiro, preciso dele de volta.

— É só um batom, Pene. Você tem muitos.

— Não, não é só um batom, é meu batom preferido. É o tom de rosa mais perfeito de todo os tempos. Venha comigo. - Penelope pegou a mão de Emily e começou a arrastá-la em direção ao banheiro.

Emily riu da reação de Penelope a perda do batom.

Emily perguntou a quanto tempo que ela esteve no banheiro pela última vez, a amiga respondeu que foi por volta de 45 minutos. Emily queria dizer que havia passado muito tempo e que alguém já poderia ter levado o batom, mas escolheu não dizer nada.

No meio daquela confusão de pessoas bêbadas, dançando e fumando um baseado, Emily conseguiu ver Aaron. Era curioso que entre tantas pessoas seu olhar caiu exatamente em cima dele. Ela viu alguém esbarrar em Aaron com força e o que parecia ser um homem alto e forte o segurou para que Aaron não tombasse para trás. Aaron com certeza se desculpou. De onde ela estava podia ver claramente a lateral de Aaron e ela viu a expressão de dor que ele fez antes de cair no chão com a mão lateral do abdômen e o tal homem fugiu como se nada tivesse acontecido. Ninguém pareceu notar.

— Aaron! - ela gritou em pânico e correu em direção à ele. Penelope ficou perdida por alguns instante, não entendo porque a amiga estava gritando esse nome em específico - Aaron. - Esse saiu um sussurro angustiante.

A mancha em sua camisa azul estava aumentando.

Os ouvidos de Aaron ficaram surdo por um momento. Ele não escutou a música e com certeza não escutou os gritos preocupados de Emily. Tudo que ele estava focado era que quando respirava doía pra cacete. O que diabos está acontecendo? Ele gritou em sua cabeça.

— Aaron... - Ele escutou uma voz chamar bem perto dele. Era uma voz suave. Era um anjo? 

A voz chamou de novo.

Não era um anjo, era Emily. Tão bom quanto. Ele viu seu rosto acima dele, ela parecia perturbada. Ele picou algumas vezes, porque sua visão estava escurecendo. Aaron não podia sentir, mas Emily estava pressionando seu ferimento. Na sua cabeça ecoou o grito dela chamando aflita para emergência. Ele queria dizer para ela não se preocupar, que ele estava bem. Mas ele estava? Ou era apenas a adrenalina deixando ele livre da dor momentânea.

Ela focava e desfocava. A boca dela se mexiam, no entanto, ele não escutava nada. Sua visão escurecia e de repente um brilho quase cegante. Ele só queria fechar os olhos por um momento. Só um pouquinho.

— Aaron. olhe para mim, okay? Você tem que olhar para mim. Eu sei que tudo que você quer é fechar os olhos, mas olhe para mim.

Ela estava certa. Ele queria tanto fechar os olhos. Isso é tão mais fácil.

Agora ele estava se sentindo tão leve, sem dor. Pronto para dormir.

— A ajuda está chegando. Não feche os olhos, por favor Aaron.

Derek estava ajoelhado ao lado dele também. Mas Aaron nem sequer notou.

Ele achou que podia está louco, porque ele agora estava deitado na areia da praia e Emily estava sorrindo para ele enquanto seus cabelos voavam com o vento forte. O clima estava agradável, tinha uma bela paisagem ao seu redor, mas tudo que ele conseguiu pensar era que o sorriso dela era a coisa mais linda que ele já viu.

— Aaron, cara, não feche os olhos! - gritou seu amigo.

Ele estava na boate novamente. Droga! Ele queria a praia! Na praia estava melhor.

Emily não estava sorrindo mais.

Derek olhou para Emily Prentiss, ela parecia preocupada para alguém que odiava o homem ao qual estava prestando socorro. Ele a escutou dizer algo baixinho a Aaron.

— Você não pode morrer, Aaron. Com quem eu vou brigar?

— Você... - Derek escutou o amigo falar. Sua voz era áspera e parecia exigir muito esforço dele - você não vai se livrar de mim tão fácil.

Ela sorriu, e Derek quase podia ver um brilho de lágrima em seus olhos, mas era Emily. Ela não derramaria uma lágrima por Aaron.

Os paramédicos estavam e pedindo para os dois se afastarem. Emily relutou um pouco, mas deixou eles fazerem seu trabalho. Eles podiam ajudar mais do que ela.

Emily nem notou que que sua amigas estavam ao seu lado.

Esfaqueado, Aaron? Poderia ser mais dramático?

Isso não foi aleatório, não podia ser. O cara esbarrou especificamente em Aaron.

— Ei! - Emily chamou Derek quando ele estava começando a seguir os paramédicos - Você pode...? - então ela balançou a cabeça - Nada, esquece. Vá com ele, não esqueça de avisar a família.

Ela ia perguntar se ele podiria manter ela atualizada sobre o estado de Aaron, pois sabia que a família Hotchner nunca iria permitir que ela esperasse junto com eles, mas para evitar que o homem a quem ela estava falando risse da sua cara, ela deixou isso passar. Boa notícia ou não, ia se espalhar rapidamente.

Derek voltou a seguir os paramédicos, depois de alguns passos ele olha para Emily que levou uma das mãos à testa, ela claramente esqueceu do sangue em suas mãos, ele viu de longe que ela soltou um palavrão. Ela parecia genuinamente preocupada, mas não era como se ela se importasse, não é?

...

Eram 3:20 da manhã, Emily não conseguiu dormir nem por um segundo. É por isso que ela arrastando os pés pelo piso vínilico do hospital Virgínia Hospital Center. Não foi difícil saber em qual hospital ele estava, os noticiários informava a situação o tempo todo. Precisou um pouco de esforço para ela passar pelo amontoado de jornalistas e outros sanguessugas sem ser notada.

As portas do elevador estavam para fechar quando ela escutou.

— Segura o elevador!

Ela estremeceu. Ela conhecia aquela voz, mas não podia ser.

Antes que pudesse se julgar louca, ela o viu sorrindo enquanto as portas do elevador abria novamente. Desgraçado.

— Olá, amor.

— Não me chama assim. O que está fazendo aqui?

Ótimo, um pesadelo por outro.

— Como está seu namorado?

Por um momento ela não soube do que ele estava falando. Mas então ela se de por que estava no hospital para começar. Aaron.

— Ele não é meu namorado... - Ela olha para ele, seus olhos não deviam se arregalar, mas eles fizeram. Ela devia saber. - Você - Ela diz com acusação na sua voz - Você fez isso. Tommy, qual é o seu problema?

— Eu não fiz nada, amor. Não pode sair por aí acusando os outros de uma coisa tão séria.

Ela tinha razão, não teve nada de aleatório em Aaron ser esfaqueado em uma boate. No fundo dos seus olhos ela sentiu arder. Tudo que aconteceu foi culpa dela. Ela consegue machucar todos em sua vida, amigos e inimigos. Ela conseguiu machucar literalmente dessa vez!

— Claro que você não fez, nunca sujaria suas mãos. No entanto, eu sei que você mandou alguém fazer por você. Então eu pergunto de novo, qual é o seu problema? Terminamos, Tommy. Acabou. Saia disse e lide com o término como um adulto e não como um adolescente ciumento.

— Eu só estou cuidando de você enquanto você não vê que eu sou o cara certo para você.

— Oh, por favor, você só insiste nisso por que eu chutei sua bunda. Isso é loucura, Tommy, não é paixão nem amor, é apenas uma obsessão doentia. É apenas um jogo de quem mija mias longe para você, nunca foi sobre sentimentos.

— Éramos bons na cama, Emily, você não pode negar.

Idiota, idiota!

Aquele terror que ela sentiu naquela noite no bar quando Aaron interveio, não estava mais lá. Ela estava com muita raiva desse idiota, raiva dela mesma por ter se envolvido com ele e raiva de Aaron por dá uma de herói naquela noite. Tudo culminou para esse momento, tudo que ela queria era que isso fosse um pesadelo e ela acordasse logo.

— Sexo não é tudo Tommy. Do que adianta ser bom nisso e ser ruim em todo o resto. - O elevador se abriu - Vá embora, por favor. Você já causou estrago demais.

...

Emily perguntou educadamente a uma enfermeira jovem onde ficava o quarto de Aaron Hotchner. Emily sabia que uma enfermeira veterana nunca iria lhe dar informações e jogaria aquele papo de "apenas família" para cima dela. Ela estava nervosa quando pegou o elevador para descer mais alguns andares. Ela entrou no elevado anteriormente tão horrorizada que esqueceu de pedir informação na recepção. Então teve Tommy, então ela apertou o botão que faria o elevador abrir o mais rápido possível.

Enquanto ela caminha para o quarto dele, olhando para suas botas pretas e apertando sua bolsa sob o braço. Seus pés pararam por um momento. O que eu estou fazendo aqui? ela se perguntou. Ele não pode receber visitas de qualquer maneira, ele provavelmente deve está descansando, o que é bom, por que ele precisa depois de todo o estresse que seu corpo passou.

Na sua mente era uma boa ideia dirigir até o hospital naquela altura para ficar sentada no corredor sem poder fazer nada. Contudo, sua mente esqueceu de um pequeno detalhe. A família.

Ela não pensou que a família de Aaron até ver todos eles no corredor de espera, alguns de cabeça baixa e outros dormindo. Ela deu meia volta rápido e em desespero.

O que ela pensava, que a família dele estaria em casa no conforto de suas camas enquanto deixavam Aaron sozinho no hospital? Ela fez uma oração silenciosa para que ninguém a tivesse visto.

Ela não era bem vinda ali. E se eles soubessem que o que aconteceu com Aaron era culpa dela, ela teria sorte se ele não a amarrassem numa praça e ateassem fogo nela. Tudo bem que ela não era uma bruxa, mas ela sabia que os Hotchner adorariam fazer isso.

— O que você veio fazer aqui? - Emily escutou atrás dela e tudo que ela pôde fazer foi congelar.

Ela se virou para ver Christine Hotchner à alguns metros dela. Apesar do cansaço ela parecia bem para alguém com câncer.

— Escute Sra. Hotchner, eu não vim aqui sufocar seu filho com um travesseiro ou algo do tipo.

A mulher mais velha esfregou os olhos por causa do sono e exaustão. Ela estava bem ao mesmo tempo que não estava.

— Então o que veio fazer? Vocês já não causaram estragos demais?

Emily sentiu seus olhos queimarem, a mãe de Aaron falava como se ela soubesse que o que aconteceu com Aaron foi culpa dela. A notícia sobre o câncer de mama dela explodiu há pouco tempo e agora isso.

Emily sabia que a mulher merecia uma resposta, com um pouquinho de sinceridade.

— Eu estava pressionado os ferimentos dele na boate e... - sua mente ficou em branco, ela ficou sem saber o que dizer - e eu fiquei assustada. - Confessou - Queria saber se ele estava bem. Podemos não nos dar bem, mas eu não desejo sua morte. - Emily viu que estava ficando um pouco sentimental, então resolveu agir como ela foi programada para ser - Além do mais, do que adiantaria ser a melhor se ele não estaria lá para ver.

Emily viu a outra mulher respirar fundo depois de ouvir seu comentário arrogante.

— Ele está fora de perigo por enquanto.

Emily se forçou a parecer indiferente, quando tudo que ela queria era soltar a respiração que prendeu desde que Aaron foi levado pelos paramédicos.

— De qualquer maneira eu estou indo. Quando Aaron acordar diga a ele que seu sangue estúpido estragou meu vestido.

Emily não esperou resposta, apenas girou os calcanhares e começou a caminhar para longe de Christine.

Christine olhou para mulher se afastando e avaliando suas palavras contraditórias. Devia ser por que era tarde, ou cedo para alguns, mas as linhas de sentimentos da jovem pareciam borradas. Comentários temerosos encobertos com comentário arrogante. Mas Christine Hotchner não deu muita importância para isso.

O que ela sentia por seu filho não era relevante.

Pelo menos era o que ela achava.


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