beyond death | the originals escrita por majestyas


Capítulo 4
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— Fogueira Grega? — Gianna levanta uma sobrancelha, observando o lugar.

Acabamos de chegar no bayou e nenhum lobo veio nos recepcionar com insultos mal disfarçados, o que me faz ficar mais relaxada.

— Sim — olho com nojo para algumas pessoas caídas — onde Hayley está?

O cheiro de fumaça é forte, graças a fogueira. Álcool disputa, garrafas vazias caídas por todo lado. O cheiro da natureza não consegue sobrepor essa bagunça, infelizmente.

— Lá — ela aponta com o queixo e então pega minha mão, indo animadamente — e os bonitões estão com ela!

— Você sabe que eles podem te ouvir, não é? — sorrio.

— Claro — pisca para mim, sorrindo travessa.

Chegamos até uma das muitas cabanas, onde Hayley está sentada nos degraus da varanda. Com ela está Elijah, ainda vestido com as roupas de ontem. Percebo que Hayley também. Provavelmente eles passaram a noite conversando.

— Nós podemos trocar de roupa? — ele olha para mim, pensativo.

— Até mesmo de aparência — responde Gianna, estendendo sua mão para ele — Gianna Sinclair.

— Elijah Mikaelson — o aperto deles é breve. Percebo Hayley de olhos cerrados para o contato.

— Eu sei quem você é, bobinho — Gianna revira os olhos — e onde está o temido híbrido?

— Bem aqui — Niklaus sai da cabana, nos olhando com um arzinho psicopata. Não consigo desviar os olhos dele.

— Tão diabolicamente charmoso quanto o que eu ouvi falar — minha amiga com certeza não nasceu com bom senso.

— Não faz jus ao que eu realmente posso fazer — ele sorri.

— OK, agora que todo mundo se conhece — Hayley corta o assunto, se levantando e aproximando-se de mim — eu preciso de um favor seu.

— O quê?

— Klaus precisa ver uma pessoa... E só você pode chegar até ela agora.

— Sonhos? — questiono e ela assente.

— Ele realmente precisa vê-la — ela abaixa mais o tom de voz, mesmo que qualquer um aqui ainda possa ouvi-la com clareza — eu sei que é pedir muito, talvez eu esteja extrapolando dessa vez... — percebo sua ansiedade — mas sei que vai ser pior se ele não encontrá-la logo.

Assimilo suas palavras e penso na conversa que tive mais cedo com Gianna.

— É melhor irmos logo — franzo as sobrancelhas, receiosa — quanto mais tempo passa, mais elas se organizam contra nós. Digo, eles.

— Tudo bem — Hayley assente e então sorri, mesmo que o sorriso seja nervoso — obrigada.

— Estamos juntas nisso — retribuo o sorriso.

— Então, vamos? — Niklaus se intromete, vindo até mim. Assinto, estendendo as mãos para ele, que apenas as encara.

— Vamos precisar ser rápidos e discretos. Lá é perto do território das bruxas, então elas estarão de olho — explico — preciso que me dê as mãos e só solte se eu soltar primeiro, entendido?

Ele assente e segura minhas mãos. Uma leve corrente elétrica passa por nós e me causa arrepios. Ignoro.

Em um piscar de olhos, estamos em frente ao Lafayette Cemetery. Me solto dele e começo a andar rapidamente.

— O que ela poderia estar fazendo aqui? — Niklaus questiona.

Não faço ideia a quem ele se refere, mas deduzo que é a tal pessoa que precisa encontrar.

— Tenta não chamar atenção, o pessoal daqui é muito fofoqueiro  — falo apenas.

— Não muito diferente dos vivos — ele bufa — mas posso lidar com os daqui também.

— Eu ouvi algumas histórias — comento — você é o Lobo Mau de muita gente.

— O lobo sempre será mau se você só ouvir a versão da Chapeuzinho Vermelho — ele rebate — é claro que eu sou o vilão de todas as histórias, eu nunca as conto.

— Se contasse, seria quem? O herói?

— Não — ele sorri e eu sinto meu coração acelerar — o rei.

Retribuo o seu sorriso e me foco novamente no caminho que precisamos fazer. O poder que exala do lugar não deixa dúvidas: o pequeno, entretanto majestoso, mausoléu tem os portões fechados.

— Precisamos ser rápidos, as bruxas sentem quando alguém mexe aqui — abro os portões e entro, me deparando com um painel brilhante para colocarmos as mãos. O resto é apenas uma parede escura.

— É aqui? — estranha Niklaus, olhando para a parede com confusão.

— Sim — murmuro — qual o nome dela, o que era quando morreu e qual foi a causa da morte?

— Camille O'Connell, vampira e envenenamento.

— Camille O'Connell, vampira e morreu envenenada — repito, sentindo minhas mãos esquentarem. Me afasto alguns passos e observo uma porta surgir no meio da parede escura. É toda branca, com alguns detalhes em vermelho e amarelo.

— É só entrar? — Niklaus me questiona, ficando ao meu lado.

— Sim — respondo — quando estiver lá, chame por ela e explique toda a situação. Depois de um tempo ali dentro, eles podem se esquecer que estão mortos. Não demore muito. Vou ficar aqui de guarda.

— Tudo bem — ele diz e corajosamente abre a porta, entrando. Deixo-a aberta e evito espiar, não querendo ser intrometida.

O tempo parece se arrastar enquanto eu ando de um lado para o outro, ansiosa para que tudo acabe. Mas quando Niklaus sai, parece devastado. Há tanta vulnerabilidade que eu fico desconfortável em encara-lo, mas é quase como um acidente de carro — tão raro acontecer diante nossos olhos que é impossível olhar para o outro lado. O choque te prende. E talvez algo no fundo da nossa alma, algo que admira o caos.

Talvez eu admire um pouco demais o olhar totalmente entregue que Niklaus tem agora. É algo perto da inocência. Provavelmente o mais perto que eu chegarei a ver nele.

— Tem certeza? — ele pergunta. Olho para o outro lado da porta, onde uma loira o encara.  Reparo também que a cidade dos seus sonhos continua sendo New Orleans.

— Você sabe a resposta — ela sorri amavelmente e então olha para mim — cuide dele, por favor.

Não sei o que responder, então apenas assinto.

Camille fecha a porta, deixando eu e Niklaus para trás. A porta então desaparece. Saio do lugar, sendo seguida pelo híbrido. Andamos em silêncio e pressa até a saída do cemitério.

— Ela escolheu ficar — ele sussurra, desviando seu olhar para o chão, parando.

Novamente, não sei o que dizer. Meu coração se aperta, sensibilizada com a situação.

— Eu quero te mostrar uma coisa — falo suavemente, pegando suas mãos novamente e encarando seu rosto cheio de lágrimas.

Ele não diz nada, apenas fecha os olhos. Fecho os meus também e logo estamos em frente a mansão branca onde eu moro.

        

— Minha casa? — questiona.

— Minha casa — corrijo, fazendo uma pausa — Niklaus Mikaelson está permitido entrar — entro e ele entra hesitante. O ar ondula por onde passa, mostrando o quão forte a magia que fiz é. O loiro parece impressionado — desse lado ninguém tem realmente nada. Apenas pegamos para nós o que achamos. Então, quando eu morri, decidi ficar aqui — continuo explicando enquanto ando e ele me segue — ninguém parecia gostar muito desse lugar graças a sua família, me pareceu adequado, afinal.

— Adequado?

— Que alguém tão odiada quanto vocês ficasse com o lugar — dou de ombros — pensei que nunca iria ter com quem disputar a propriedade, já que todos os Mikaelson até aquele momento eram imortais.

— Hayley é uma Mikaelson — Klaus comenta.

— Mas ela nunca fez questão de ficar, apesar de vir me visitar regularmente — conto — Jackson a convenceu a ficar no bayou.

Ouço Niklaus bufar, mas não presto atenção.  Abro a porta de um dos quartos, sentindo imediatamente a atmosfera mudar.

— Não toque em nada, não olhe nada que esteja coberto ou leia em voz alta palavras expostas — instruo. Ele assente, cauteloso, mas parecendo curioso.

— O que quer me mostrar afinal? Sua varinha de condão? — zomba.

— Não — vou até o coelhinho de pelúcia que deixo guardado e estendo para ele, que o reconhece na hora — é algo melhor que isso.

Quando ele toca no bichinho, eu murmuro algumas palavras. Em um piscar de olhos, estamos em um lugar completamente diferente. Um outro quarto, no mundo dos vivos. No quarto de Hope Mikaelson, que dorme como um anjo bem a nossa frente.

— Ela sente nossa presença — comento com ele, estranhamente orgulhosa da garota — é tão sensível... Sempre que Hayley a visita, ela sente a mãe.

— Ela parece tão abalada — comenta Niklaus, se aproximando dela.

— Perder quem ama não é fácil — falo — ser órfã... — minhas palavras morrem.

— Ela é uma Mikaelson — ele toca seu rosto, mesmo que nenhum dos dois possa sentir nada fisicamente — vai honrar seu legado.

Hope sorri e sua face se torna mais tranquila.

— Ela vai — concordo — mas agora precisamos ir. Ok?

Ele assente e se afasta, lançando um último olhar a sua filha antes de segurar o coelhinho em minhas mãos. Repito as palavras e logo estamos na sala de feitiços novamente. Coloco a pelúcia no lugar e faço um agradecimento silencioso por tudo ter dado certo. Quando vejo, Niklaus já está no corredor, me esperando.

Fecho a porta e começo a andar até a cozinha, sendo seguida de perto pelo original.

— Aceita um chá? Vai te fazer se sentir melhor  — ofereço.

— Sim, por favor — sua educação é um pouco surpreendente, dada a sua fama.

Assinto, preparando o chá em tempo recorde. Vamos até a sala, onde me sento confortavelmente no sofá, tirando as botas e colocando as pernas para cima e Niklaus se senta em uma das poltronas.

— Como você morreu? — ele quebra o silêncio depois de um tempo.

— Assassinada — respondo  — as bruxas armaram para mim.

— Você estava sozinha?

— Sim — mas eu achava que não, completo internamente — foi enquanto eu dormia.

— Covardes — comenta o híbrido com uma expressão clara de desprezo.

— E espertas. Infelizmente — suspiro.

— Está morta há muito tempo?

— Ah, você sabe... Tempo o suficiente — encolho os ombros — mas os anos passam de maneira estranha aqui. Eu quase não noto.

— Você não age como uma velha — ele pontua.

— Gosto de me manter atualizada. Apesar de ainda não entender alguns conceitos, como meme ou sex-texting...

Ele engasga com seu chá, se recompondo em seguida.

— Tem algumas coisas que não precisamos entender — diz, pigarreando.

— É, não faz sentindo mesmo já que não temos internet aqui — suspiro desejosa — ela é tão boa quanto dizem?

— A internet? Bom, — ele parece se esforçar para lembrar — eu não uso muito, mas é bem prestativa.

Sorrio triste com o "uso". Ele ainda está se adaptando em estar morto.

Sinto que alguém está se aproximando da mansão. Gianna. E... Elijah. Ele está se aproximando rapidamente e o território está resistindo.

— Tudo bem? — Niklaus se inclina em minha direção.

— Só um minuto — peço, me focando — Elijah Mikaelson está permitido entrar.

— Cheguei! — Gianna grita na entrada alguns segundos depois. Em um piscar de olhos ela entra na sala, com Elijah ao seu lado — ou melhor, chegamos.

— Estavamos preocupados pela demora — Elijah explica — então a senhorita Sinclair sugeriu vir aqui checar.

— Só Gianna, querido, só Gianna — ela sorri e se senta ao meu lado — então, o que estão fazendo de interessante?

— Conversando — dou de ombros para seu olhar curioso.

— Camille? — Elijah questiona a Klaus, que desvia o olhar.

— Ela escolheu ficar — respondo pelo híbrido — ficar lá é uma escolha muito difícil e muito pessoal. Não podemos... Julgar.

— O que é exatamente esse lugar? — Elijah se senta em uma poltrona ao lado do irmão.

— Existem vários lados. O Lado Original — começo a explicar.

— A área dos vivos — completa Gianna.

— O Outro Lado — continuo.

— Aqui. Lar dos sobrenaturais mortos — a loira continua também.

— O Lado dos Sonhos — solto um suspiro.

— Que é onde os seres sobrenaturais daqui podem escolher reviver suas memórias e viver em um mundo onde eles ditam as regras.

— Você disse algo sobre trocar de aparência — Elijah lembra.

— Sim — penso sobre o assunto — podemos mudar nossa aparência de acordo com a idade que queremos. Se eu quiser, posso usar a aparência que tinha aos quinze.

— Mas só podemos usar até a idade em que morremos — completa Gianna.

— E continuamos com a mesma mentalidade — finalizo.

— Exemplificando: eu estou com a aparência de quando eu morri, mas se eu escolher ter de quando tinha dez anos, eu posso. Continuarei com os pensamentos de uma adulta, mas com meu corpo de criança.

— Então cuidado se virem alguma criança por aqui, com certeza não é uma criança — reviro os olhos.

— Como assim? — Elijah pergunta.

— Crianças não vem para cá — encolho os ombros.

— Por quê? — desta vez é Niklaus quem pergunta.

— Boa pergunta. Ninguém nunca nos contou — Gianna responde.

Um breve confortável silêncio se faz.

— Hayley falou que vem para o jantar — Elijah avisa olhando para mim.

— Com Jackson? — faço uma careta. Não que eu deteste ele, mas também não vou com a cara.

— Eu falei que a entrada de animais de estimação não é permitida — a loira pisca para mim.

Elijah e Niklaus trocam sorrisos, enquanto eu me permito rir com Gianna.

 


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Notas finais do capítulo

o que acharam dessa aproximação de Klaus e Elle? ai eu já shippo tanto...

então, o Lado dos Sonhos é algo que eu inventei, inspirado em Supernatural (lá, quando você morre e vai pro céu, vive meio que em seu próprio "mundo da fantasia")

quero saber oq vocês gostariam de ver na fic... mais interação entre quais personagens (pense nos que morreram em New Orleans)? querem que eles visitem algum lugar em especial (TEM que ser em New Orleans)? querem que eles façam algo juntos (encontro em um teatro, parque de diversões, um baile...)?



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