Sob suas asas escrita por annaoneannatwo, Kacchako Project


Capítulo 5
Sementes




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Ochako checa a pequena maleta que fez às pressas pra ter certeza que não está se esquecendo de nada. Já tem um tempo que ela não faz uma viagem que não fossem pequenas excursões com a U.A., então está um tanto desacostumada a se organizar assim de última hora. O motorista que o Hawks contratou está esperando por ela e pelo Bakugou na entrada do colégio, então o tempo é curto.

O Bakugou… Ochako estaria infinitamente mais empolgada com essa missão que o herói alado propôs não fosse por seu parceiro de estágio. E “parceiro” parece ter ganhado um sentido mais amplo em questão de pouquíssimos dias. 

Desde o incidente do trem desgovernado, na qual ela teve que engolir toda sua frustração e irritação com o garoto explosivo em prol de se unir a ele para proteger os civis que estavam naquele veículo, seu rosto apareceu junto do dele em jornais, na TV e em sites. E isso não seria um grande problema, muito pelo contrário, seria muito gratificante estar sendo reconhecida por um ato heroico depois de tanto tempo se preparando justamente para situações assim, e é gratificante, mas ao mesmo tempo… ter sua imagem tão atrelada à do Bakugou, com quem vem se estranhando desde o começo do estágio e alguém que já deixou bem claro ter um problema com a postura e atitudes dela não é exatamente agradável.

E se depender do Hawks e da equipe de marketing dele, sua imagem  não vai se desvincular da do Bakugou tão cedo. Eles realmente estão querendo vendê-los como uma dupla, deram até um nome! Dynavity… não soa ruim, mas… mas tirar aquelas fotos ao lado do colega e tentar passar uma energia de companheirismo, de amizade, de… ugh, foi difícil! O Bakugou parece ter um incômodo em nível pessoal em cooperar com ela, e quase não disfarçou isso, a fotógrafa e o Hawks chamaram a atenção dele durante a sessão de fotos diversas vezes, e Ochako também teve dificuldade em suprimir suas emoções e ser profissional, perguntando-se o que há de tão errado em se esforçar para ser alguém agradável perante o público e agir de maneira “política”, como ele apontou.

Tudo bem que… nem ela gosta às vezes, foi um tanto difícil manter a compostura nos últimos dias sempre que se viu sob os holofotes. Aquilo que a jornalista amiga do Hawks lhe falou ficou ressoando em sua cabeça, deixando-a na dúvida se está mesmo passando uma boa impressão, se despertaria mesmo confiança das pessoas ou só as fariam pensar que ela é só uma garota de sorriso fácil que não está realmente preocupada com tudo o que envolve o trabalho de herói nos tempos atuais. O Bakugou pode ser carrancudo e desagradável, mas sua determinação como herói é inquestionável. Mesmo que eles estivessem há anos sem se colocar na linha de frente como fizeram naquele dia, ele agiu com todo o profissionalismo necessário e, no fim, isso deve contar mais do que dar respostas bonitinhas e sair bem em fotos.

Ochako suspira. Será que ainda está muito longe de ser tudo que uma heroína precisa ser? Ela vem se esforçando tanto…

Balançando a cabeça e decidindo que não é hora de pensar nisso. Ela fecha sua mala e, antes de passar pela porta, olha-se no espelho e ajeita alguns fios mais rebeldes do cabelo.

—  Oh!

—  Opa! Que pressa é essa, Ocha? —  ela dá de cara com a Mina vindo do elevador assim que deixa o quarto —  Vai viajar? Aconteceu alguma coisa com seus pais?

—  Ah, não, Mina-chan! Eu… isso é parte do meu estágio! A gente vai pra Saitama!

—  Oh, sério? Que legal! Um estágio com o número 2 é mesmo diferente, eu e a Kyoka só ficamos assistindo nossa mentora gravar entrevistas e comerciais, é meio chato, mas… já é alguma coisa… —  ela dá um sorriso meio triste.

—  Sim… melhor que nada…

—  Pois é, e a Kyoka é engraçada demais, ela é toda travada e fica morrendo de vergonha se alguém liga uma câmera perto dela. —  ela dá risada —  O estágio seria bem mais chato não fosse por ela.

—  Bom… nisso você já tá melhor que eu… —  Ochako revira os olhos, de repente percebendo como poderia ser levada a mal por falar assim de seu parceiro —  Quer dizer, o Bakugou-kun é… nada contra ele, mas…

—  Ai, nem precisa me falar, amiga. Ele tá mais difícil desde que essa história de estágio começou, não dá pra falar um “a” pra ele na hora do almoço, não sei que efeito você tem nele, mas deixa o garoto todo eriçadinho, viu?

—  E-eu? Haha, eu não tenho… efeito nenhum nele, eu não…

—  Claro, claro. Vou ficar quietinha por enquanto, não sei se ainda tenho conteúdo o bastante pra encher a tag Dynavity —  ela lança um olhar malicioso, deliciando-se quando Ochako faz uma expressão mortificada.

—  Aaaaargh, até você, Mina-chan? —  ela leva as mãos ao rosto, quase se esquecendo de erguer os mindinhos.

—  Hahaha, eu achei muito curioso quando vi, vou falar a verdade. Não sabia que vocês tinham toda essa… 

—  Por favor, não fala essa palavra, não fala que a gente tem…

—  Quí-mi-ca. —  ela diz vagarosamente.

—  Aaaaargh, por favor…

—  O quê? Só tô falando de como vocês formam uma boa dupla de heróis, ué.

—  E-eu sei, mas… ainda assim, é tão… eu não consigo entender porque acham isso, e… acho que o Bakugou-kun nem vai com a minha cara.

—  Por quê? Por que ele te responde atravessado e fica bravo do nada? Ah, ele é assim com a gente também, não precisa levar pro pessoal.

—  Sim, mas… aí é que tá, eu acho que… ele tem algo contra mim… pessoalmente. No jeito que eu… ajo e tal.

—  Hum… —  ela cruza os braços e parece analisar —  Você sabe quanto ele tirou na prova?

—  Hã? Não, não sei não… por quê?

—  Eu e a Kyoka temos uma teoria… que não é uma teoria, é verdade. A gente acha que as duplas foram montadas com uma pessoa de nota boa e uma de nota ruim. A Kyoka não tem lá aquela desenvoltura pra dar entrevista e tal, cê sabe, né? Então a nota dela não foi lá aquelas coisas. Já eu até fui muito bem. E pensa nas outras duplas… Kirishima e Todoroki? Koda e Iida? Yaoyorozu e Midoriya? Dá pra saber quem desses foram bem e quem foi mal, né?

—  Hum, então… você acha que o Bakugou tirou nota baixa? —  Ochako não chegou a ver a performance dele na entrevista, mas ouviu dizer que foi bem desconfortável de assistir.

—  Eu tenho certeza. Então, Ocha, não querendo ser maldosa, o Bakugou é meu amigo, mas… a gente sabe como é o ego dele e tal, trabalhar com você deve deixá-lo todo cismado e… sei lá, com inveja?

—  Haha, eu não acho que ele seria tão… —  infantil? Bobo? É, Ochako não consegue duvidar que parte de sua implicância com ela vem de um certo despeito.

Ela entende, pois meio que sente o mesmo: esse jeito irritado dele pode distanciar as pessoas, mas em se tratando de heroísmo em seu estado bruto, o garoto tem todo o necessário, isso sem abrir mão de sua autenticidade. Ochako meio que queria ser assim, não se preocupar com pormenores e detalhes, pois a base do que ser herói representa está ali, no coração dele.

Seus pensamentos são interrompidos por seu celular vibrando em sua mão, Ochako o saca e olha o nome do garoto de quem estavam falando.

—  Falando no diabo?

—  Sim… —  ela suspira ao ler a mensagem nada simpática de “CADÊ VOCÊ, PORRA?” —  Me deseja sorte?

—  Claro, desejo toda sorte à dupla Dynavity! —   ela sorri, ignorando os protestos da morena quando dá um leve empurrãozinho para que se dirija ao elevador logo.

***

Levou menos de uma hora para eles chegarem a Saitama e, assim que chegaram, já foram instruídos pelo Hawks a vestirem seus trajes de herói, eles iriam direto para a estação investigar o acidente que acontecera ali há alguns dias.

Ela e o Bakugou tiveram tempo de ler os dados que estavam no envelope que o Hawks lhes entregou mais cedo. Uma série de relatos de funcionários da estação contando o que testemunharam, que não foi nada diferente do que ela própria vivenciou há alguns dias: um desvio nos trilhos que causou descarrilamento, e uma falha no sistema de segurança que impedia o veículo de ser parado. A única diferença é o depoimento de uma das funcionárias, que alegou ter visto um homem do qual não se lembrava trabalhar na estação, mas que estava vestido como operador de controle e tinha atitude suspeita. As câmeras de segurança de fato registraram uma movimentação estranha de madrugada, e tudo leva a crer que esse homem é o responsável pelo incidente. O rosto dele não foi captado pelas câmeras e, se outro ocorrido similar aconteceu poucos dias depois, obviamente, ele não foi pego.

—  O que a gente vai tentar descobrir é que tipo de individualidade pode ser e verificar se tem registro de alguma parecida no sistema. A gente também tá tentando descobrir um padrão nesses dois incidentes pra, quem sabe, se preparar pra uma emboscada no possível próximo lugar que tiver um ataque. —  o Hawks explica levantando o tom de voz enquanto eles atravessam a estação e adentram a área destinada a funcionários.

Um guindaste ergue e depois posiciona enormes caixotes no chão pedregoso, o herói alado vai ouvindo atentamente ao que o funcionário encarregado de orientá-los explica sobre como foi necessário trocar os trilhos pois o dano foi relativamente grande. 

—  Uma moça veio aqui e tirou fotos, eu nem devia ter deixado ela entrar, mas ela foi insistente. —   o funcionário explica

—  Ah, eu imagino. Eu cheguei a ver essas fotos, mas a gente queria olhar mais de perto, só pra ter certeza.

—  Bom, tá aí. A polícia também já olhou.

Eles encaram o par de trilhos danificados, e Ochako viu as fotos, estavam anexadas no relatório, mas observando assim pessoalmente, é ainda mais evidente que o desvio nas barras de metal é bastante pequena, quase nem dá pra ver a olho nu, é apenas o suficiente para as flanges se soltarem um pouco e fazerem o veículo se desprender.

—  Rapaz, é como se alguém tivesse feito só assim. —  o Hawks faz um movimento de pinça com os dedos —   E na sala de comando?

—  Lá a gente não achou nenhum sinal. É como se ninguém nem tivesse entrado.

—  Como se o erro tivesse de segurança sido causado remotamente. —  o Bakugou pensa em voz alta, encarando os trilhos.

—  Se alguém consegue fazer um desvio tão pequeno, pode fazer o mesmo com um fio e nem ser notado. —  ela complementa.

—  E colocar de volta no lugar do mesmo jeito, aí fica parecendo uma falha qualquer.

—  Não, mas o responsável queria ser notado, se não quisesse, não tinha deixado o trilho tortinho assim. —  o Hawks analisa —  Tem algum recado nisso que a gente só não descobriu qual é ainda.

—  O de Musutafu também ficou assim? —  Ochako pergunta.

—  Tem um desviozinho também, mas o dano foi maior na aparelhagem de segurança mesmo.

—  Ou seja, não tem padrão nenhum, o cara só tá fazendo coisa aleatória pra brincar com a polícia. —  o Bakugou conclui.

—  Talvez sim, talvez não. Vai ver o padrão não tá na técnica usada, é um cara que controla metal, ou é alguém com uma técnica refinada-

—  Ou alguém que só manipula metais minúsculos. —  Ochako analisa, ganhando a atenção dos três homens.

—  Hum… isso é interessante. Vou pedir pra darem uma olhada no registro de individualidades sobre alguém que manipula quantidades pequenas de metal. A gente sempre pensa que alguém com uma individualidade dessas consegue erguer guindastes ou até mesmo um trem, né? Bem pensado, Uravity! —   o Hawks sorri e saca o telefone

Ela dá um breve sorriso também, notando o olhar do Bakugou pairando sobre ela.

—  O quê?

—  E se o padrão for nas horas?

—  Nos horários de ataque? É, talvez…

—  Um de madrugada sem ninguém no trem, o outro no trem lotado na hora do rush de fim de tarde.

—  O próximo poderia ser em outro vagão vazio tarde da noite.

—  Ou num trem lotado na hora do rush de manhã. Onde aconteceu também pode ter a ver.

—  Hum… a gente pode olhar no mapa…

—  Beleza, gente. Já demos o primeiro passo, agora vamos pra segunda parte de hoje. Tão prontos pra um eventinho? —   o Hawks guarda o celular e abre um sorriso, e Ochako começa a desconfiar que quando ele fala no diminutivo assim, é porque está planejando trazer uma grande dor de cabeça pra ela. Pra eles.

***

Se o Bakugou ganha olhares tortos em eventos públicos formados por adultos e profissionais da imprensa, com um público mais jovem ele é bastante popular. Ochako dá um sorriso sem-graça diante dos gritinhos e risadinhas de garotas mais novas, provavelmente estão no ensino fundamental. Os garotos também o olham com admiração, prestando particular atenção nas manoplas em forma de granada nos braços dele. Ela também não fica atrás em despertar olhares curiosos, as meninas a medem de cima a baixo, e alguns garotos coram. Isso é enervante de uma maneira completamente diferente de uma coletiva de imprensa.

O eventinho do Hawks é uma visita a um centro comunitário. Ochako ficou aliviada, pois achou que isso seria um pouco mais tranquilo, e de fato está sendo, mas ainda é estranho ficar tão em evidência como eles estão. O Bakugou mantém a mesma expressão sisuda, então não dá pra saber se ele está mais ou menos nervoso que antes.

—  Então, alguma pergunta pros heróis, crianças? —  uma das mulheres que os recebeu, provavelmente a coordenadora do Centro, apresentou-os a uma das turmas que está praticando judô e ressaltou as qualidades deles em relação a lutas.

—  Eu tenho: Hawks, o senhor tem namorada? —  uma garota de cabelos lilases pergunta, voltando-se às risadinhas com suas amigas.

—  Perguntas sobre técnicas de luta, Mura-san. —  a coordenadora repreende suavemente —  Desculpe, Hawks-san.

—  Nah, não tem problema. —  ele acena com as mãos —  Hum… será que tenho namorada? Nem eu sei… —  a resposta é evasiva, mas a maneira como ele diz arranca risadas das crianças, Ochako se lembra do que a amiga jornalista dele falou sobre não fugir das perguntas assim. Então a garota se pega pensando se sua postura é muito parecida com a do herói alado, que pode se safar com essa atitude devido a posição que ocupa e… ao fato de ser homem. É, talvez ela não receberia essas risadinhas caso fosse questionada sobre ter namorado.

—  Dynamight, qual foi a maior explosão que você já fez? —  um garoto pergunta de maneira muito empolgada.

—  Eu já fiz um monte, não vou lembrar. —  ele coça a cabeça —  Mas a que eu fiz contra ela no Festival Esportivo do primeiro ano  foi uma das maiores. —  e aponta na direção de Ochako. 

—  Ah sim… com certeza, foi. —  ela ri, meio sem graça.

As crianças os observam curiosamente, e Ochako não sabe se acha pior o breve silêncio que se instala ou as pequenas e abafadas risadinhas que podem ser ouvidas aqui e ali. Por que o Bakugou tinha que envolvê-la assim? A pergunta foi pra ele… oh, será que…? Ele está tentando incluí-la porque estão sendo apresentados por aí como uma dupla? Ele… também levou em consideração o que aquela repórter falou? Ou só está cooperando porque achou que Ochako foi útil na investigação mais cedo? A garota não sabe bem como receber esse gesto, então apenas sorri.

—  Uravity, você tem Instagram? Twitter? Tik Tok?

—  Ah, ainda não! Mas pretendo fazer contas em todos, sim! —  algumas das garotas riem —  Eu quero pra… pra poder postar dicas de ginástica, alongamento, talvez até defesa pessoal!

—  Oh, isso parece muito interessante!  Muitas meninas fazem essa aula de judô pra aprender defesa pessoal mesmo. —  a coordenadora junta as mãos e sorri —  Uravity-san, se importa em mostrar alguns movimentos para os alunos? Essa é uma sala iniciante, o que acha de mostrar o que eles podem aprender se praticarem bastante?

—  Ah… eu… claro, não me importo. Só… vou precisar de alguém pra… pra me ajudar a demonstrar. Hã… Hawks?

—  Eu? —  ele aponta para si mesmo com cara de susto —  Ah bom… por que não o Dynamight-kun? Acho que ele tá mais disposto que eu e tal. —  ah sim, o herói quer que ela e o Bakugou ajam como uma dupla, não é nem necessário que ele a olhe de maneira mais incisiva pra entender o recado.

—  T-tudo bem… Dynamight-kun?

—  Tá. —  ele concorda, andando um pouco para trás e tirando as manoplas —  Se coloca em posição.

—  Ok… —  ela engole em seco e olha pra frente —  E-então, crianças, hã… quando um agressor vem por trás de você... —  ela olha pra trás e acena para que o Bakugou venha, ele avança pra cima dela, fechando um braço em seu pescoço —  Você… usa todo seu peso pra… se fincar no chão e… tem duas opções, ou PISAR NO PÉ DELE ou… —  ela ergue o cotovelo com dificuldade, acertando-o nas costelas —  Dá uma cotovelada! Normalmente eles não esperam que você saiba se defender, então o golpe não precisa ser 100% eficiente, só o necessário pra você ganhar tempo e fugir. De preferência, fazendo muito barulho pra chamar atenção mesmo! É normal entrar em pânico e travar na hora de um ataque, mas agressores costumam evitar pessoas escandalosas, então tentem fazer bastante barulho! 

Ochako olha para o Bakugou, que a encara com olhos estreitados, ele claramente não gostou de tomar uma cotovelada, mas o que mais poderia fazer?

—  Olha só, que dica boa, né? —  o Hawks parece animado —  E se um agressor vier pela frente, Uravity?

—  Oh, hã… a melhor maneira de se defender de um ataque frontal é mirar nos pontos mais vulneráveis, como por exemplo olhos e nariz. Uma boa maneira de se defender é usar a palma da mão como uma alavanca contra o nariz do agressor. Você abre a palma da mão assim e curva os dedos. Pra quem sabe linguagem de sinais, é o sinal de “e”. —  ela faz o movimento com a mão —  Aí se o agressor vem… —  e gesticula para o Bakugou vir. Ochako o acerta de baixo pra cima, fazendo o garoto cair e urrar de dor, as crianças fazem um “ohhh” de surpresa e até se levantam pra ver o resultado do ataque —  O importante é fazer o movimento de baixo pra cima, e…

—  E nunca inventa de dar soco. —  o Bakugou se senta, esfregando o nariz —  Soco é só pra quem tem treinamento em artes marciais, se você inventar de dar soco, corre o risco de quebrar o polegar, então nada de burrice. O melhor é nem reagir, mas se você tá numa situação que não tem como, o negócio de mirar nos olhos é bom. —  ele explica, mostrando os olhos avermelhados por conta do golpe dela, as crianças ficam chocadas.

—  Sim! Outra forma é mirar na virilha, e… —  ela começa

—  OK! Acho que já deu pra entender um pouco! Nosso… nosso instrutor pode ensinar mais sobre isso no futuro. —  a coordenadora interrompe, surpreendendo a ela e ao Bakugou —  Então, alunos, não gostaram de conhecer a Uravity e o Dynamight?

As crianças gritam e aplaudem empolgadamente, e Ochako fica meio estupefata por essa reação, ela ficou preocupada por passar uma impressão ruim ao ser muito gráfica na hora da demonstração, mas… parece que gostaram bastante. Quando ela vê até as meninas que pareciam estar desdenhando antes aplaudirem, não contém um sorriso, e oferece a mão para o Bakugou se levantar.

Ele se recusa, mas lança um rápido olhar pra ela, e o que parece ser um meio sorriso.

***

—  Hahaha, isso foi divertido, hein? —  o Hawks comemora no banco de passageiro do carro —  A coordenadora morrendo de medo da Uravity-chan acertar o Dynamight-kun na virilha fez meu dia, vou falar.

—  Tsk, se ela não interrompe, essa doida ia me acertar mesmo!

—  Eu tinha que fazer a demonstração! Você queria que eu só fingisse? —   ela parece tê-lo pegado, pois ele faz seu tradicional “tsk” e olha pro lado —  Me desculpa.

—  Esquece isso. O importante é que rendeu algo de útil.

—  R-rendeu?

—  Rendeu, sim! Vocês tão viralizando de novo! —  o Hawks balança o celular — Claro que essas coisas são espontâneas, não dá pra saber o quê vai viralizar ou quando, mas… que bom que deu certo de mandar vocês nesse eventinho, né? 

— Você já esperava por isso? —  o Bakugou pergunta.

—  Como eu disse, não dá pra saber, mas né? Um bando de crianças com celulares na mão que nunca nem devem ter visto heróis de perto são uma boa opção pra dar visibilidade. A molecada adorou o Dynamight-kun todo cooperativo, acho que você passou uma boa impressão. E a Uravity-chan foi bem didática, bom trabalho, vocês dois! Pra quem diz que não se gostam, vocês funcionam muito bem como dupla!

—  Tsk, que seja. Só não tenta me chutar no saco de novo.

—  O-ok, e se a gente fizer isso de novo, tenta não me agarrar com tanta força, eu quase perdi o ar de verdade, sabia?

—  E você queria que eu só fingisse? —  ele devolve a pergunta de antes num tom insolente, deixando-a sem resposta.

—  Bom, bom… podem descansar agora. Amanhã o esquema é o contrário, a gente vai fazer um eventinho antes e depois sair pra investigar, falou? Vocês têm a manhã livre, podem descansar.

—  Oh, obrigada…

—  Tá. —  o Bakugou resmunga e se vira um pouco de lado, ajeitando-se para tirar um cochilo.

—  Haha, é cansativo assim mesmo. Pode relaxar também, Uravity.

—  Ah sim, obrigada, Hawks-san.

—  Foi bom, não foi? —  ele se vira pra ela —  A sensação de ser gostada.

—  Oh, sim, eu… foi sim.

—  Eu falei aquilo tudo, mas achei legal vocês interagirem com crianças pois elas são bem honestas, às vezes é gostoso receber admiração sem nada em troca, né? 

—  Sim… é bastante. —  ela sorri.

—  E também entra no que a Hana-chan falou, né? De agradar os mais jovens e tal. —  ele se vira pra frente—  Os mais velhos já não confiam mais em nós como antes, então temos que conquistar os mais novos. Eles são como… sementes pra gente plantar e cultivar. Nossa, falei bonito agora, hein? Vou até mandar pra Hana-chan! —   e saca o celular animadamente.

Ochako sorri, recostando-se no banco e deixando seu corpo relaxar conforme o movimento do carro faz suas pálpebras pesarem. Ela adormece antes que perceba.

E acorda apenas quando o veículo para. A garota se assusta ao sentir um certo peso contra seu ombro. Abrindo os olhos, ela tenta se mexer, e o peso continua ali. E só quando se depara com o fato de que está com o Bakugou encostando a cabeça no ombro dela, a garota acorda por completo, sem saber se só se afasta ou se fica parada para não acordá-lo, e só o fato de ficar na dúvida já a deixa perplexa consigo mesma.

Ele resmunga alguma coisa que soa como uma pergunta, e Ochako enrijece o ombro.

—  Bakugou-kun…

—  Hum?

—  Chegamos. —  ela fala baixinho, não sabendo porque está tomando tanto cuidado —  Não chegamos, Hawks-san?

—  Chegamos, sim! E hã… tem alguns fotógrafos na entrada do hotel, então… se quiserem esperar um pouco pra eu ir na frente- 

—  Não, tô cansado, quero deitar logo.

—  Tudo bem, então… cubram o rosto, vocês estão todo amassados, não vai ficar bem nas fotos.

—  Tsk, quem li- —  ele esfrega os olhos, e parece acordar de vez, de repente se dando conta de que isso não teria muita importância mesmo, mas… meio que tem —   Tá, tenho uma toalha na mochila, cabe nós dois, Cara de Lua.

—  Oh, eu… —  ela então se lembra de algo que com certeza esqueceu de colocar em sua mala: uma toalha. Ela não tem uma pra se esconder. E apesar do Bakugou estar implicitamente oferecendo para dividir a dele com ela, isso ainda é um tanto… —  Não sei se é…

—  Todo mundo vai falar mesmo, pelo menos agora a gente tá dando motivo. —  ele dá de ombros e então joga a toalha na cara dela —  Bora lá.

E assim, eles saem em meio ao mar de flashes.


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Notas finais do capítulo

Oi oi! Aqui estou pra atualizar essa fic que me deixa doida huahsuhs. Esse capítulo... meu deus, que parto que foi, eu senti que escrevia um monte e não tava falando nada, torço pra que vocês discordem de mim :')
Bom, ainda no desafio do Kacchako Project, os objetos que citei foram "caixote" e "toalha", a palavra foi "sementes" e a frase é "todo mundo vai falar mesmo, pelo menos agora agente tá dando motivo".
Uma curiosidade é a dica que a Ocha dá sobre defesa pessoal, o sinal com a mão de "e" em japonês é igual ao em português: a palma da mão aberta e os dedos curvados, a diferença é só como se escreve, lógico. O "e" em japonês é representado pelo hiragana え, então pensando na fic onde eles conversam em japonês, ela tava falando do hiragana, não da letra "e" romanizada. Ah, e todas essas dicas de defesa pessoal são reais, mas caso você se veja numa situação perigosa na rua, creio que a melhor opção é mesmo sair gritando e fazendo escândalo, tentar agredir de volta pode ser perigoso, então cuidado com o que vocês leem em fanfics, incluindo essa, hushjsdsdjj
E é isso skjsdjjksdks, o próximo capítulo já tá quase pronto, é provável que seja mais curtinho e aconteça bem menos coisa que nesse, logo logo vocês verão!
Obrigada por acompanharem a história, beijos e boa semana!



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