Sob suas asas escrita por annaoneannatwo, Kacchako Project


Capítulo 10
Futuro




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A esse ponto, ter diversos pares de olhos voltados para ele já deveria ser algo com o qual já está acostumado e, ainda assim, Katsuki não consegue deixar de se sentir incomodado. Puto, melhor dizendo, porque desde o dia em que ele e a Uraraka voltaram pra escola, todo mundo fica olhando com curiosidade e algo mais que parece pena às vezes, mas é diferente: o Kirishima anda lhe tratando como se ele fosse criança, os outros também andam enchendo bem menos o saco, só ficam por perto, mas não fazem as mesmas gracinhas de sempre.

—  Sua entrevista deixou a todos eles meio preocupados. —  o Meio a Meio explica de repente, depois que eles deixam os treinos da tarde e pegam suas coisas no vestiário para tomar banho.

—  Preocupados com o quê, caralho?

—  Ninguém foi fazer missões ou correu grandes riscos nesse estágio, ver você e a Uraraka em uma situação perigosa deixou a maioria um pouco tensa.

—  A gente é treinado pra essas merdas.

—  Mas já faz um tempo que não colocamos esses treinos em prática, por isso muitos se impressionaram com ela ferida e você na TV quase chorando de medo.

—  VAI SE FODER, MEIO A MEIO!

—  Só estou dizendo o que ouvi por aí, não é como eu me sinto. —  ele dá de ombros —  Eu sabia que, por pior que fosse a situação, você e a Uraraka se sairiam bem.

—  Tá, tá, que seja. —  ele resmunga, não esperando e não sabendo de onde veio a necessidade desse moleque de elogiá-lo de repente.

—  E aí, rapaziada? —  o Kirishima se aproxima, jogando a toalha no ombro e se apoiando no armário ao lado —  Tão fofocando sobre o quê aí?

—  Só explicando para o Bakugou porque vocês andam o tratando como se ele fosse de louça. —  Caralho! O Meio a Meio fala na lata mesmo, deixando o Kirishima, e até o próprio Katsuki, um tanto surpresos.

—  Tá doido, Todoroki, você não prestou atenção em nada do nosso estágio, hein, bro? Te falaram pra você diminuir um pouco na sinceridade.

—  Eu continuo não vendo o ponto nisso, não quero e nem vou mentir pra poupar as pessoas. Se elas descobrem que estou mentindo, acaba sendo pior.

—  Não precisa mentir, mas também não precisa falar tudo que passa por essa sua cabeça meio a meio, idiota. Tem que no mínimo pensar um pouco antes de falar. —  Katsuki resmunga, odiando-se por replicar falas que ouviu do Hawks e daquela jornalista descabelada.

—  Oh… nunca achei que ia ouvir você falando um negócio assim, mano! —  o Kirishima soa surpreso e orgulhoso.

—  E eu nunca achei que você ia começar a me tratar igual a um idiota por causa de uma entrevistinha na TV. —  Katsuki rebate.

—  Ah… todo mundo ficou preocupado com vocês dois, e você… —  ele coça a cabeça.

—  Eu o quê, caralho?

—  É meio raro te ver daquele jeito, e você tava lá na TV pra todo mundo ver, foi bem… acho que foi um baque de realidade muito grande pra gente, porque a gente fica aqui treinando pra ser herói, mas quase não vive isso na prática, né? Então sentir esse medo de ver uma colega mal e um outro colega preocupado com ela é… um pouco chocante.

—  Foi exatamente o que eu falei. —  o Todoroki aponta.

—  Tsk, vocês são dramáticos pra caralho! Tâmo aqui, não tâmo? A Uraraka tá bem, logo volta a falar pelos cotovelos como sempre.

—  E você? —  o Meio a Meio pergunta.

—  Eu o quê?

—  Vai ficar bem?

—  Tsk, não tão vendo que eu tô bem, porra?

—  Você parecia bem… mexido com essa história, cara. Entendo que tenha sido dureza vê-la mal. Mas… bom… vocês dois tão aqui e tão bem, é o que importa.

Katsuki acha que esse assunto não acabou de verdade, nunca acaba. Desde a guerra há dois anos, é como se houvesse um ou outro intervalo em que eles fazem e pensam em outras coisas, mas acabam voltando sempre pra mesma: aquela sensação de incerteza e de medo pro futuro. O Kirishima é um dos que não costuma interromper esse assunto quando surge novamente, mas hoje, vendo que realmente tá tudo bem, talvez ele esteja percebendo que, independente do quão fodido tudo esteja pra heróis no momento e possa continuar estando num futuro não muito distante, é isso que eles vão fazer: respirar fundo e experimentar uma sensação de paz sempre que algo der certo, mesmo que essa paz possa ser passageira.

—  Sim, porra. Não é o que eu falei?

—  Uhum, mas então… diz aí… qual é a dessa “química” com a Uraraka, hein? —  e de repente o idiota muda completamente de assunto. Ugh. 

Tem mais essa que vem lhe deixando puto. Katsuki não ouviu diretamente de ninguém, mas sabe o que os imbecis andam falando dele e da Uraraka, é basicamente o mesmo que aquele pássaro metido sugeriu e o que um bando de gente sem o que fazer na internet comentou: a tal da química entre ele e a Cara de Lua. Há quem jure que ele soou tão abatido naquela entrevista porque a pessoa que tava machucada era “importante” pra ele. Não que a Uraraka seja desimportante, mas ele sabe bem em que sentido andaram comentando, gente estúpida.

É tão ridículo que eles mal têm conversado. Já faz uma semana que eles voltaram pra escola, o estágio foi suspenso por uns dias para que os dois descansassem de toda aquela merda e, desde então, ela nem tem falado com ele, sempre dando no máximo um tchauzinho e um sorriso quando o encontra na hora das refeições e na aula. Tsk, agindo assim parece até que tá com vergonha por conta do… daquele beijo lá. Maldita, falou que não foi nada demais e agora fica aí evitando-o como se ele tivesse alguma doença contagiosa.

—  Tsk, cala a boca, Kirishima. —  ele bate a porta do armário, descontando nela a raiva que não entende muito bem porque está sentindo.

***

—  Bu. —  Katsuki nem ergue o tom de voz quando encontra a Uraraka de costas na cozinha, e ela ainda assim pula e dá um gritinho, encarando-o com aqueles olhos enormes dela.

—  Bakugou-kun, que susto! —  a voz dela sai audível e límpida.

—  Você voltou a falar.

—  Hum? Ah… sim, minha voz já voltou. —  ela sorri —   Você… precisa de alguma coisa? —  e o observa cautelosamente —  É meio raro te ver acordado a essa hora.

Ele já tava mesmo se preparando pra ir dormir, mas não vai assumir isso e dar essa satisfação pra ela. A verdade é que já faz um tempo que ele anda querendo falar com a Uraraka, mas ultimamente é difícil pra caralho de encontrá-la sozinha, então quando ele desceu pra buscar uns livros que deixou na mesa de estudos e viu que ela tava na cozinha de bobeira, decidiu pegá-la no pulo. Talvez seja coisa da cabeça dele isso de ela estar evitando-o, mas… é bem possível que não seja, e Katsuki quer saber o porquê.

Mas falar sobre isso vai fazer eles retomarem aquela conversa —  que nem foi uma conversa, já que ela não tava conseguindo falar —  sobre o jeito que o rapaz encontrou de salvá-la, e… porra, ela também vai querer falar sobre a entrevista dele, vai ser um porre! Katsuki não quer ter essa conversa, mas também acha uma merda a forma como ela só parou de olhar na cara dele desde que foi liberada do hospital.

Pelo menos há uma boa desculpa em mãos. Quando pegou os livros, ele viu que o gravador que aquela repórter lhe deu tava junto. O loiro o puxa do bolso e o balança levemente:

—  A gente tem que entregar esse negócio pro Hawks.

—  Oh… verdade! —  ela parece se lembrar —  Ah, será que ele vai mesmo fazer questão de receber? Ele nem parecia tão interessado em passar esse dever de casa, acho que até  já deve ter esquecido.

—  Tsk, eu não quero arriscar ficar sem nota nessa caralha porque não entregamos essa merda.

—  Ah… é, pois é. Bom… você quer fazer isso agora?

—  Por quê? Tem coisa mais importante pra fazer, Cara de Lua?

—  Não, não! Eu… eu vou buscar o meu gravador e já venho, tá bom? —  ela balança as mãos e passa por ele, indo em direção ao elevador.

Observando-a se afastar, Katsuki pensa que ela parece um pouco tensa na presença dele, mas não tá corando e gaguejando igual a uma idiota, então vai ver ela não tava o evitando de propósito. 

Bom, é algo pra ele descobrir logo. Enquanto espera, o garoto decide arranjar o que fazer, providenciando um pouco de chocolate quente, não é algo que ele costuma beber pois acha muito doce e enjoativo, mas sente que essa conversa vai precisar de algo desse tipo mesmo.

Não demora até que ela volte com o gravador em mãos e um caderno, Katsuki acharia engraçado como a garota de repente resolve brincar de ser repórter. Ele se senta no sofá da sala de estar, colocando uma bandeja com  as duas xícaras na mesinha de centro, ganhando um olhar curioso dela.

—  Que foi?

—  Você… não precisava ter feito chocolate quente.

—  Eu fiz porque eu quis, qual o problema, porra?

—  Nenhum, nenhum! Só achei curioso você ter feito chocolate quente, ué. —  ela dá de ombros, sentando-se ao lado dele —  Então… quer começar ou eu começo?

—  Você já tem suas perguntas pra mim?

—  Hum… tenho algumas que eu anotei, mas… se você tiver as suas, pode começar.

—  Vai você primeiro. —  ele decide, imaginando que se não fizer isso, ela vai ficar nessa de jogar pra ele a noite toda.

—  Ok! Bom, então… —  Uraraka franze o cenho enquanto liga o gravador e o ajusta, limpando a garganta e se virando pra ele —  Bakugou-kun, por que você sempre dorme tão cedo?

—  Quê? Que porra de pergunta é essa? —  maldita, ela não tá levando isso a sério ou o quê?

—  É assim que você responderia pra uma repórter de verdade? —  ela o olha feio, mexendo no raio do gravador e o apontando de novo pra ele —  Por que você dorme tão cedo?

—  Tsk, não é questão de dormir cedo ou tarde, é questão de manter uma rotina pra conseguir fazer tudo o que eu tenho que fazer num horário certo. —  ele explica com o máximo de paciência que consegue.

—  E o que é esse “tudo” que você tem que fazer?

—  Quer saber minha rotina de treino? —  ele revira os olhos diante da afirmativa dela —  Dia de semana eu acordo às 5 pra correr ou pedalar, tomo café e já deixo pronto o que tenho que comer no almoço, tomo banho e vou pra aula, almoço, vou pra aula da tarde e depois treino na academia ou faço regulagem da individualidade, volto, faço lição e vou dormir. Fim de semana eu não saio pra correr de manhã, mas faço os treinos da tarde. Pronto, quer saber mais alguma coisa?

—  Você tem tudo tão planejadinho… o que acontece quando não dá pra cumprir essa rotina?

—  Como assim? Eu sempre cumpro essa rotina.

—  Ah, não sempre, né? Esses dias de estágio você não tava fazendo assim, tava? E… sei lá, o que acontece caso aconteça alguma coisa que te impede de seguir essa rotina à risca? 

—  Tipo o quê?

—  Tipo… o que acontece com um estudante de um curso de heróis, imprevistos e tal.

—  Ah. Aí não tem o que fazer, eu deixo de seguir a rotina, mas… aí volto quando dá.

—  Você falando faz parecer tão fácil… —  ela parece estar medindo as palavras dele.

—  Isso foi uma pergunta?

—  Não, desculpa… —  ela dá uma risadinha sem graça —  Como você consegue fazer isso? De só voltar à rotina sem ficar, sabe? Remoendo tudo o que acontece.

—  Não consigo, só faço porque… é o que tem que fazer. —  ele admite quietamente.

—  Oh… entendo. —  ela não parece surpresa com a resposta — Mas sabe, eu nem acho que isso é tão ruim. É importante a gente não esquecer o que passou, quem a gente perdeu, até pra não cometer os mesmos erros.

—  É, mas é foda também, parece que ficar preocupado com as merdas não acontecerem de novo faz elas acontecerem.

—  Ah, isso… tem a ver com você ter me salvado? Você sabe que fez tudo dentro do possível e eu tô bem graças a isso, né?

—  É, mas agora fica aí toda esquisita por causa do… jeito que eu te salvei. —  ele resmunga, sabendo bem que isso não tá mais com cara de entrevista —  Já tá bom, não tá? Eles não falaram quantas perguntas a gente tinha que fazer e responder, e eu fiz o que me ensinaram. Minha vez agora. —  Katsuki puxa o  seu gravador.

—  Você… você vai querer saber por que eu tô meio distante?

—  Quero saber, mas não vou perguntar isso nessa merda aqui, né? Que repórter ia perguntar isso? —  ele responde impacientemente, guardando o aparelho pra não intimidá-la ainda mais —  E então?

—  Não é nada pessoal, é só que… é meio isso que a gente tava falando de não ficar remoendo coisas que passaram. É muito difícil, ainda mais porque eu não lembrava direito e agora tô lembrando e… é só meio vergonhoso.

—  Tsk, e eu não sei? Nem por isso fico correndo de você.

—  É que… foi meu primeiro.

—  Seu primeiro o quê?

—  Sabe…? Meu primeiro. —  ela balança a cabeça de um jeito estranho, o que só o deixa mais irritado —  Você vai mesmo me fazer falar? Foi meu primeiro… com a língua.

—  Quê? O pri- ah. —  ele entende —  Pera, como assim? Você já beijou sem língua?

—  E-eu… foi um selinho, só que… meio longo. —  ela parece mortificada em falar isso pra ele, e porra, agora Katsuki também tá constrangido, mesmo que uma parte dele esteja doida pra perguntar com quem foi esse tal selinho longo. Tsk, foda-se isso!

—  E daí? Não foi um beijo de verdade porque eu não tava com intenção de te beijar!  —  ele vocifera —  Porra, não acredito que é por isso que você tá desse jeito! E eu achando que era alguma coisa importante!

—  É importante! 

—  Se fosse importante, eu também tinha que ficar choramingando por aí por ter sido o meu primeiro! —  ele dispara sem pensar muito. Ah, porra!

—  Oh… você? Sinto muito, Bakugou-kun… agora eu tô… ainda mais envergonhada.

—  Que se foda isso! Não foi um beijo!

—  M-mas ainda assim, a gente… você não teria que ter feito isso se eu só… tivesse prestado mais atenção. —  ela abaixa a cabeça, fazendo-o perceber que talvez isso não seja exatamente sobre o beijo que não foi beijo. Uraraka usa coisas pequenas pra esconder suas preocupações com coisas maiores, isso ele entende bem.

—  Você tava ocupada salvando a velha e o gato. Uma missão em equipe serve pra esse tipo de coisa mesmo, pra gente se dar cobertura, foi isso que eu fiz.

—  Mas eu f-

—  Foi nada! A gente resolveu o problema, você tá aqui, aproveita que conseguiu voltar a falar e para de falar merda! —  isso surpreendentemente a faz rir —  Qual é a graça?

—  Você… você fala que eu mudo muito quando tô fazendo pose pra dar entrevista, mas você também mudou. Enquanto o gravador tava ligado, você tava bem mais calmo!

—  É, é, pra você não falar que eu não aprendi nada com você, e o que você aprendeu comigo, hein? —  ele ergue uma das pernas e dá um leve chute no joelho dela, que tomba para o lado do sofá, ainda rindo. Katsuki tá puto com a petulância dela, mas… isso é melhor que o jeito nervoso que essa bochechuda tava falando com ele antes.

—  Eu ainda não consegui pôr na prática, mas aprendi com você, sim. —  ela fala, recuperando o fôlego —  Você é bom em distração, né? Me fez esquecer o que eu tava falando e me fez rir, já entendi sua técnica de sempre ser o mais grosso possível pra ninguém prestar atenção no que você fala, vou aderir.

—  Cala a boca, eu não f-

—  É brincadeira! —  ela se endireita no sofá, respirando fundo e enxugando o canto dos olhos —  Não, eu… eu aprendi algumas coisas, sim. Eu… admiro como você é autêntico.

Ela o olha e sorri, e Katsuki não sabe porque sente esse calor lhe subindo pela nuca, ele nem tá bebendo o chocolate quente pra ficar assim, que merda é essa? 

—  Tá. —  o loiro murmura, puxando o gravador do bolso —  Minha vez. Por que você é desse jeito?

—  Que pergunta é essa? —  ela questiona, ainda num tom meio risonho.

—  Por que você… sei lá, por que você duvida tanto de si mesma?

—  Eu… —  isso a pega de surpresa —  Não é que eu… eu não duvido de mim mesma, eu… acredito no treino que a gente recebeu aqui, sei que aprendi tudo o que é necessário pr-

—  Não foi isso que eu perguntei, não vem com essa! Quero saber por que você não acredita na sua capacidade?

—  Eu… eu acredito, na… na maior parte do tempo, eu acredito. O problema é quando… eu me pego pra comparar com outros colegas, sabe? —  ele abre a boca pra falar, mas ela ergue a mão para impedi-lo —  E é, eu sei que não deveria, que isso nunca traz nada de bom, mas… às vezes acontece, e eu me pergunto se o que eu sei é o suficiente, se eu vou chegar no nível do Hawks, por exemplo.

—  Você é bem ambiciosa.

—  Isso foi uma pergunta? —  ela manda no mesmo tom dele de antes.

—  Tsk, você… se considera ambiciosa? —  ele revira os olhos diante da pergunta idiota.

—  Eu… não me considerava até um certo tempo, eu queria ser heroína pra ajudar meus pais financeiramente, aí isso foi mudando um pouco e além de ainda querer ajudar meus pais, também quero salvar as pessoas, e… bom, a gente viu aí o quanto esse negócio de ranking pode ser prejudicial pra todos os heróis, coloca uma pressão absurda em alguns, mas… se ainda houver um ranking quando a gente for profissional e eu aparecer bem alto nele… não seria ruim.

—  E por que você acha que pode não ter um ranking? —  agora ele quer ver ela tentar escapar dessa.

—  Porque muita coisa precisa mudar, a gente precisa mudar pra ser o que as pessoas precisam. —  e ela não escapa —  Você não concorda?

—  Eu que tô fazendo as perguntas, Cara de Lua.

E eles permanecem na sala de estar se entrevistando por um bom tempo, Katsuki acaba indo dormir mó tarde, talvez fique com preguiça de sair pra correr amanhã de manhã. 

Dá pra pular essa rotina um dia só, ninguém vai morrer por causa disso.

***

—  Bom, tão prontos? —  o pássaro pergunta, olhando-os de cima a baixo —  Essa vai ser nossa saideira, então eu acho que não tenho mais nada pra explicar pra vocês, façam o que sabem fazer.

—  Sim, senhor. —  a Uraraka responde animadamente.

—  Tá. —  ele responde com menos entusiasmo.

—  Ok, antes da gente ir pra lá, só queria agradecer pelo trabalho, viu? Já fazia um tempo que eu não entrava em contato com heróis em treinamento, tinha até esquecido de algumas das partes legais desse nosso trabalho. Eu queria falar que aprendi algumas coisas com vocês dois também, ser bem cafona, mas acho que não aprendi, não. Mesmo assim, foi muito legal! Quando estiverem pra se formar e precisarem de recomendações, podem contar comigo! Ou se quiserem vir trabalhar pra mim, devo ter lugar pra vocês. A Uravity eu tenho certeza que se daria muito bem na minha agência. —  ela cora, e Katsuki dá um risinho sem que ela note —  Então é isso aí! Bora lá fechar esse estágio!

—  Hã… Hawks-san, sobre aquelas gravações que nós fizemos de nós mesmos, você vai… avaliar aquilo? —  a garota pergunta.

—  Hum? Ah, aquele dever de casa, né? A Hana-chan e eu ouvimos, e eu adorei! Vocês pareciam entrosados e relaxados, fizeram as perguntas que gostariam de receber, o que é um grande passo pra saberem o que precisam responder, então… parabéns! Vocês passaram! —  ele claramente acabou de inventar isso e nem lembraria das entrevistas se ela não tivesse falado. 

Que se foda, pelo menos aquela merda serviu pra botar os pingos nos i com a Uraraka. Tem muita coisa que ele não sabia sobre ela, ela de verdade, não a que ela tenta passar por ser na frente de uma câmera. Vai ver ela é um pouco de tudo, autêntica de um jeito diferente do dele. Katsuki ainda não sabe.

Mas não tá sendo uma merda completa tentar descobrir mais sobre ela.

—  Bom, vamos lá? —  ela pergunta, apontando na direção da porta, onde é possível ver os flashes de câmeras. 

—  Já que não tem jeito mesmo. —  ele diz num muxoxo, ajeitando a postura e acenando pra ela. 

Uraraka puxa a mão dele, apertando-a levemente e soltando-a logo depois. É quase um déjà-vu daquele sonho esquisito que ele teve no hotel aquela vez, que coisa bizarra!

Mas de toda forma, ele não achou nem um pouco ruim. É, tem muita merda rolando, a sombra da desconfiança causada por aquela guerra segue pairando, Katsuki nunca vai se esquecer de nada daquilo ou deixar de remoer esses eventos, mas… olhando pra Uraraka avançando pela porta com confiança, fazendo-o se sentir igualmente confiante, ele começa a pensar que o passado ficou no passado, e foi uma merda.

Mas o futuro? Esse pode ser do caralho se depender de pessoas como ela. E como ele próprio.

 


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Notas finais do capítulo

Ufa, acabou! Huhahudhud
Bom, sendo bem sincera, esse não é dos meus trabalhos favoritos, sinto que devia ter tido um pouco mais de planejamento pra desenvolver essa história, talvez ter pensado em algo mais curto, não sei o que faltou pra eu gostar do que escrevi.
Mas vocês gostam dessa história, então tô aqui pra encerrá-la, e bem em cima do prazo de 6 meses que eu tinha lá no Kacchako Project, ufa!
Agradeço a você que leu, não posso prometer fics melhores no futuro, mas vou sempre me esforçar pra escrever coisas das quais me orgulho e que trazem alegria para as pessoas nesses tempos tão difíceis. Essa fic cumpriu um desses dois objetivos, é um aproveitamento de 50%, então fico meio feliz jksjjsdkkls
E é isso, muito obrigada mesmo pelos comentários e pelo carinho! Nos vemos em breve, se tudo der certo! ;)



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