A partir do momento que Mac entrou naquele avião, uma luta constante para eu me manter firme deu início. Eu ficava dizendo a mim mesma que Mac ficaria bem e voltaria antes mesmo de nos darmos conta, daí eu poderia retribuir aquele beijo.

***

Ao entrar no laboratório, Stella segue diretamente para o escritório de Mac, onde ficaria enquanto ele estivesse fora. Ela empurra a porta e automaticamente um sorriso surge em seus lábios. A sala estava perfeitamente organizada, conforme Mac gostava.

Enquanto ela caminha até sua cadeira, seus olhos percorrem cada centímetro da sala fazendo-a lembrar da última conversa que tiveram ali. Conversa essa que fora marcada pela promessa de que sempre teriam um ao outro. Depois de um longo suspiro, Stella senta em sua cadeira. Seus olhos correm pela mesa até pararem em um porta retratos que até ontem não estava ali. A foto foi tirada no último Natal. Stella e Mac estavam embaixo do visco. Mac a abraçava de lado enquanto a beijava na bochecha. Hawkes não perdeu tempo em tirar aquela foto.

Junto ao porta retratos havia um post-it dizendo: "Eu sempre estarei por perto". Stella sorri com a lembrança e com as palavras de Mac enquanto pega o retrato nas mãos. Algumas leves batidas na porta atraem rapidamente seu olhar. Antes de voltar sua atenção a Don, Stella olha o retrato mais uma vez.

— Ele vai ficar bem, não vai? - Don se aproxima da mesa e a olha nos olhos.

— Sim, ele sempre fica! - Stella suspira e da um leve sorriso, colocando o porta retratos de volta na mesa.

— Temos algum caso?

— Hum, não.. Na verdade eu queria sua ajuda com uma coisa.. - Don se senta na cadeira a frente de Stella antes de continuar. - É que tem um cara.. O nome dele é Bruce. Ele se tornou nosso informante em troca de reduzirmos sua pena e o colocarmos sob condicional. Ele nos deu o endereço de um dos caras que trabalham para um traficante que estamos atrás. Preciso ir lá ver se ele tem algumas... Informações.. Você sabe.. E, bom, a Lovato está fora por algumas semanas pra resolver assuntos familiares e eu meio que estava precisando de um parceiro. - Stella arquea uma das sobrancelhas antes de soltar uma leve risada desacreditada.

— Don...

— Olha, não é nada demais, é só enquanto não surge nenhum caso. - Stella olha fixamente nos olhos de Don por um momento, o analisando.

— Eu sei o que está tentando fazer, Don, e isso não vai funcionar.

— Qual é, Stella! Eu realmente preciso da sua ajuda. Não posso ir lá sozinho, é contra as regras.

— E por que não leva um dos policiais? - Indaga Stella.

— Você sabe que não é a mesma coisa. - Stella suspira. Ela sabia muito bem o quão ruim era a sensação de não ter um parceiro ao seu lado.

— Então quer que eu seja sua parceira do crime? - Pergunta com um sorriso, o provocando. Don sorri e se levanta.

— "Parceiros do crime." Gostei! - Stella ri e também se levanta, pegando sua jaqueta.

— Deixa só o Mac ficar sabendo disso. Eu prometi a ele que não faria nenhuma loucura.

— Ele vai ficar feliz em saber que o escutou. - Stella ri. - Não é como se fôssemos gastar nossas balas ou algo do tipo. Tá mais pra uma daquelas cenas em que um de nós tem que ser o policial bonzinho e o outro mau.

— Por que tenho a impressão de que ficarei com o papel de boazinha? - Pergunta Stella num tom divertido enquanto sai da sala com Don, indo para o elevador.

— Eu prometi ao Mac que cuidaria de você, então sem loucuras e sem bancar a policial má. - Don diz com firmeza e uma leve confusão se forma no rosto de Stella.

— Prometeu? Isso foi quando?

— Ontem a noite, enquanto você e Lindsay dançavam. - Stella respira fundo e entra no elevador. - Ele só queria ter certeza de que você estaria segura.

— É.. Eu sei.. - Ela sorri de leve e o olha. - Mac te deu uma missão bem complicada, então, boa sorte. - Ela sorri e volta a olhar pra frente.

— Boa sorte? O que quer dizer?

— Quer dizer que se eu pegar um simples resfriado, Mac acabará com você! - Ela brinca e Don passa a mão sobre os cabelos nervosamente. Eles saem do elevador e seguem para o carro.

— Então faremos o possível para que você não pegue um resfriado.

— Claro! É só não me ligar às 5h da manhã que não teremos problemas. - Ela finge seriedade, sem sucesso. - Sabe como Mac é protetor, não é?

— Haha, engraçadinha! - Stella ri da expressão séria no rosto de Don e ambos entram no carro.

***

Don dirige tranquilamente com seu carro pelas ruas do Bronx. Stella alternava seu olhar entre a foto que tinha em suas mãos e as casas e bares que haviam no decorrer das calçadas.

— Don! É ele. - Stella diz com firmeza enquanto aponta para a varanda de uma das casas. Josh, capanga de um dos maiores traficantes do Bronx, estava sentado em sua varanda enquanto fumava um cigarro. Don para o carro em frente a casa e sai junto à Stella.

— Josh Daniels? - Ao ouvir seu nome, Josh imediatamente tenta fugir, mas Don é mais rápido e o impede. - Aonde vai com tanta pressa? Só queremos bater um papinho. - Diz com deboche.

— Eu não sei de nada. Pegaram a pessoa errada.

— Engraçado, é o que todos dizem. - Stella diz com deboche e um pequeno sorriso. - Onde está Gregori James?

— Eu.. Eu não sei.. - Don o empurra contra a porta e o segura pelo colarinho.

— Olha Josh, eu realmente não tô afim de perder meu precioso tempo aqui com você, e tenho certeza que a minha parceira também não. Podemos resolver isso aqui mesmo de modo simples e eu te dou uma forcinha pra não ir parar na cadeia, ou vamos direto pra delegacia. Você escolhe. - Josh respira fundo e empurra Don, ajeitando seu casaco em seguida.

— Eu não sei onde ele está. Tudo que eu sei é que ele fará uma venda grande hoje a noite, a algumas quadras daqui.

— De que tipo de venda estamos falando? - Indaga Stella.

— Do tipo que envolve artilharia da pesada, e alguns kilos de cocaína. De qualquer forma vocês não têm chance. Greg é esperto, ele sente o cheiro da polícia de longe. - Ele sorri e da uma tragada em seu cigarro.

— É, mas advinha? Nós somos muito mais espertos. - Don o provoca e se vira pra sair. - Vê se não sai da cidade, Josh. - Stella o acompanha e ambos entram no carro novamente.

— Por que não o prendeu? - Pergunta Stella enquanto afivela o cinto.

— Acredite, ele é muito mais útil nas ruas. Sem contar que, quando eu o empurrei, pus um localizador nele, e minha intuição diz que ele nos levará diretamente ao Greg. - Stella o olha surpresa e sorri.

— Ual, Don, estou impressionada. - Don sorri. - Mas então, o que faremos com a gangue? Vamos vir a noite e pagá-los no flagra? - O tom na sua voz era de entusiasmo e um pouco de deboche.

— Se com "nós" você quis dizer eu e os policiais, então a resposta é sim.

— Sério? Vai me deixar de fora da melhor parte?

— Sem loucuras, lembra? - Stella suspira. Ele tinha razão.

— Tudo bem! Mas me conte mais tarde como foi.. - Ela esboça um leve sorriso sendo retribuído por Don de imediato.

— É claro, e ainda te darei parte do crédito pela nossa missão que tenho certeza que será bem sucedida. - Stella sorri mais uma vez e sente seu celular vibrar.

— É o Danny.. Temos uma cena próxima ao Marco Zero.

— Vamos lá!

***

Os próximos dias seguiram assim, com Flack tentando manter minha mente distraída nos momentos em que não haviam casos. Mesmo não gostando de todo esse cuidado e atenção sobre mim, eu estava grata ao Don por estar me ajudando naquele momento.

Apesar da saudade que eu estava de Mac, as coisas estavam indo relativamente bem. Bom, pelo menos estavam até o dia em que recebi a breve visita de Sinclair. Foi a partir daquele dia que os pesadelos, literalmente, começaram...

***

23 dias após a ida de Mac..

Stella estava organizando algumas pastas na estante de Mac quando algumas batidas chamam sua atenção.

— Chefe Sinclair! O que te traz aqui? - Sinclair entra na sala e fecha a porta, recostando-se nela em seguida.

— Stella, recebi uma notícia e achei que você deveria ser a primeira a saber. Eu..

— É o Mac, não é? - Stella pergunta com visível preocupação e medo em seu rosto. - Ele está bem? - Sinclair respira fundo.

— Eu recebi um e-mail dos agentes que estão a frente desta operação. O e-mail diz que Mac terá que ficar em Santorini por no mínimo três meses. - A expressão no rosto de Stella era de total perplexidade. Seu coração começa a acelerar rapidamente enquanto seus olhos lacrimejam.

— Eles disseram se ele está bem? - Sinclair simplesmente balança a cabeça negando.

— O e-mail não era detalhado, só falava sobre o tempo que ele provavelmente terá que ficar. - Stella respira fundo e recosta na mesa, olhando para o chão por alguns segundos.

— Não temos nenhuma informação sobre do que se trata essa operação, não é? - Sua voz sai baixa, carregada de incerteza. - E não fazemos idéia se Mac está bem, se está machucado.. - Uma única lágrima rola pelo seu rosto, mas passa despercebido por Sinclair devido a sua posição.

— Sinto muito por não trazer boas notícias. - Brigham abre a porta novamente, mas a olha novamente antes de sair. - Mac é forte, ele vai sair dessa. - Stella levanta a cabeça a tempo de ver Sinclair partindo.

***

Naquele momento em que vi Sinclair saindo, me entreguei as lágrimas que teimavam em cair. Faziam exatos 23 dias que Mac partira e aquele vazio no meu coração só aumentava. Eu só queria saber se ele estava bem, se estava seguro.

Lembro-me que a primeira coisa que fiz após sair daquele escritório foi seguir para o apartamento de Mac. Eu me deitei em sua cama e permiti que as lágrimas rolassem livremente. O perfume ainda impregnado em suas roupas de cama fizeram-me sentir mais próxima dele. A verdade é que no fundo eu sabia que tudo ficaria bem. É do Mac que estamos falando. Ele é um marine e um excelente CSI. Mas o meu coração estava dividido entre simplesmente acreditar que tudo ficaria bem, e no medo que estava crescendo cada vez mais dentro de mim em perdê-lo. E foi ali, bem naquele momento em sua cama que o primeiro pesadelo me atingiu...

***

"Não acha que já passou da hora de ir pra casa? - Indaga Hawkes entrando no escritório de Mac. Stella simplesmente o olha e suspira, voltando sua atenção ao porta retratos em sua mão.

— Amanhã fazem dois anos que ele se foi...

— Stella, ainda não sabemos..

— Sinceramente Hawkes, eu já cansei de ter esperanças. Não tivemos uma notícia sequer desde que ele partiu. - Uma lágrima rola pelo seu rosto e Hawkes percebe a dor que Stella estava sentindo. - Eu quero acreditar, meu Deus como eu quero! Mas está cada dia mais difícil e eu não sei mais o que fazer.. - Finalmente as lágrimas começam a rolar. Hawkes se aproxima de Stella e a puxa para um abraço. - Eu sinto tanta falta dele..

— Eu sei.. - Sussurra Sheldon. De repente a atenção de ambos é direcionada a porta, quando Sinclair entra rapidamente.

— Stella! É o Mac.. - Stella se afasta de Hawkes e se aproxima de Sinclair.

— Ele está bem? Ele está voltando? - Uma pequena semente de esperança brota no coração de Stella por um momento, mas logo é arrancado pelas palavras de Sinclair.

— Houve um problema. O esconderijo de Mac e sua equipe foi encontrado por um grupo de terroristas. - Sinclair respira fundo enquanto passa a mão sobre a cabeça, tentando ver a melhor forma de falar sobre aquilo. - Eles atearam fogo quando todos estavam dormindo e..

— Não... - Stella sussurra.

— Ninguém sobreviveu... Eu sinto muito, Stella! - Hawkes soca a mesa com força, descontando toda sua raiva. Stella estava em choque, desacreditada.

— Não.. Isso não pode ser verdade..

— Eu sinto muito..

— Não, não... Mac não pode... Ele não pode... - Stella entra em desespero enquanto as lágrimas tomam seu rosto por completo. - Por favor, diz que ele está vivo e que está voltando... Por favor, eu não consigo sem ele.. Por favor.. MAC!!!!"

***

Stella acorda abruptamente. O suor escorria pela sua testa e suas mãos tremiam. Ela olha em volta e só aí se lembra de ter ido ao apartamento de Mac e ter pego no sono. Tudo aquilo não passara de um terrível pesadelo.

Mas será que Mac está realmente bem? Será que o pesadelo de Stella se tornará real?

Continue...