Sacrifícios escrita por Shalashaska


Capítulo 8
Dignos




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03/10/2023

Complexo dos Vingadores, NY

16:11

08/11/2013

Asgard

14:32

 

O ritmo da sua corrida mais veloz jamais poderia se comparar com a sensação de cair através do tempo e espaço no Reino Quântico. Era uma viagem sem peso por um túnel colorido e gradativamente distorcido, numa versão estranha de um caleidoscópio enorme. A adrenalina da queda fez Pietro gritar e sorrir ao mesmo tempo até que, num átimo, lá estavam os três da equipe em Asgard.

Pietro piscou várias vezes, como se seu corpo tivesse chegado primeiro do que sua consciência, e depois passou a observar o ambiente onde se encontrava. Ele soltou um assovio impressionado. Talvez nunca tivesse testemunhado tamanha grandeza na vida. Enquanto Thor e Rocket pareciam se acostumar também com a sensação do fim da viagem no tempo, o mutante encarava as colunas colossais do palácio, as tapeçarias pesadas e todos aqueles entalhes de runas em pedra. Já era estranho o suficiente conhecer um deus nórdico, aquele mesmo de histórias absurdas e fantásticas, e mais bizarro ainda era adentrar o suposto reino dos deuses aesires. Ah, se ele pudesse contar à Wanda…

De repente ele se corrigiu mentalmente. Não “se”, mas “quando”. Estava lá para trazê-la de volta, afinal. Os pensamentos velozes de Pietro afinal se focaram em seus dois colegas de equipe, que passaram a discutir praticamente no momento seguinte que adentraram Asgard. Ele não queria ser insensível, mas se entendiava fácil e achava a discussão infrutífera, pois já tinham tocado no assunto antes.

O ano em que adentraram era 2013, data da morte da rainha, Frigga, a mãe de Thor. Como era de se esperar, o assunto era delicado para o asgardiano, que já atravessava coisas difíceis demais para a própria saúde mental. Talvez fosse melhor que ele começasse uma terapia, Pietro pensava, mas aquilo também teria que aguardar. A missão era séria e a pessoa que mais deveriam contar para essa parte do plano justamente era o deus do trovão.

E ele, naquele instante, surtava por ter visto a mãe atravessar o corredor oposto de onde estavam, há uma distância não muito grande.

— Eu não consigo… Eu não consigo. Eu não deveria estar aqui e não devia ter vindo! É uma má ideia.

— Vem cá. — O guaxinim disse, de pé sobre a balaustrada do andar. Seu tom era curto e agressivo, com o focinho franzido, de modo que Pietro já sabia o tamanho da fúria que viria a seguir. Suas palavras anteriores não tinham adiantado para acalmar Thor e, apesar de querer ajudar, não sabia como abordar a situação. Geralmente era ele próprio que precisava ser contido e acalmado. Pietro inspirou fundo. O aparelho que retiraria o Aether de Jane Foster estava nas patas de Rocket.

Se Pietro estivesse com aquilo em mãos, a missão já teria acabado.

— Não, não, não, não. — Thor repetiu, seu terror nítido. — Eu tô tendo um ataque de pânico, eu acho.

— Vem cá!

O som da patada de Rocket no rosto de Thor ecoou pelo corredor inteiro, despertando até Pietro de seus devaneios:

— Pra quê isso?

— Quieto, ligeirinho! — O guaxinim grunhiu, cortando-o. — Ele precisava cair na real.

O mutante soltou um suspiro exasperado e sonoro, irritado com a confusão e com a atitude de Rocket. Com os fones de ouvido já devidamente encaixados em suas orelhas, ele apertou o botão play e deixou a música levá-lo para longe do diálogo de seus colegas. Era uma batida que sempre o fazia pensar em luzes neon no meio da noite, uma visão completamente diferente do dourado de Asgard. Sem poder fazer nada para ajudar a situação, uma vez que agora o guaxinim se punha a discursar longamente para Thor; e sem como concluir a missão, pois estava sem o aparelho correto, Pietro decidiu apenas…

Correr por aí.

Ele passou por salões enormes, decorados por tapeçarias que se estendiam por metros junto a mesas de carvalho. Pelo visto um banquete seria servido em breve, portanto os criados do palácio ajeitavam os talheres, taças e chifres de auroque para o hidromel. É claro que as pessoas não conseguiam vê-lo devido sua velocidade, e elas não passavam de figuras lentas demais aos olhos de Pietro Maximoff.

Se pôs a observar esculturas em corredores, tentando decifrar a história por detrás delas, depois seguiu rápido para uma área externa, onde um idoso com tapa-olho treinava um par de corvos. Foi até mais longe, no começo de uma ponte de piso feito de um material parecido com cristal, depois voltou para o palácio e desceu as escadarias para os níveis subterrâneos. Talvez tenha chegado numa prisão, pois viu várias criaturas mal encaradas, embora o sujeito de cabelos pretos e roupa verde fosse bem normal. 

Na área dos jardins e fontes, uma coisa o fez diminuir o volume da música e parar por alguns segundos. Não havia ninguém no local àquela hora, mas ele viu uma pessoa que definitivamente não deveria estar ali: Steve Rogers. Ele ainda vestia a roupa vermelha e branca da missão, porém carregava uma maleta compacta e… Um martelo nórdico, o mesmo que Pietro tentou pegar, em vão, em 2015. Parecia ter algum objetivo em mente devido a sua expressão séria.

Pietro parou a sua frente.

— Steve? Você não deveria estar em Nova York em 2012?

— Ah. — Ele arregalou os olhos, depois sua face relaxou. — Mas eu estou.

— Oh. Oh.

Era um Steve Rogers do futuro.

O coração de Pietro pulou uma batida depois dessa conclusão absurda e certeira. Choque, entendimento, curiosidade: todas as emoções foram refletidas por seus olhos. Queria perguntar tudo para aquele Capitão América. Tudo. Tinham conseguido? Sua irmã estava bem? E por que algo lhe dizia que Rogers estava um tanto triste?

Steve apenas soltou o martelo no chão e levou o indicador aos lábios, pedindo silêncio, segredo. 

— Continue a missão, Mercúrio. Rápido.

Hmf. Exibido. Pietro sorriu, ainda irritado por não saber o que mais tinha acontecido e por ter recebido uma ordem sigilosa, mas enfim partiu de novo, correndo. Aumentou mais uma vez o volume dos fones e permitiu suas coxas e pés trabalharem com pressa.

Já estava do outro lado, mais especificamente na ala leste do palácio, quando uma lança quase lhe atravessou ao meio. Pietro foi obrigado a desviar, xingou em sua língua materna e tropeçou até voltar a velocidade normal do mundo. Quase bateu a cabeça, embora estivesse mais abismado por algo ter chegado próximo a sua velocidade. Caiu sentado aos pés de um guerreiro alto, inteiro coberto por uma armadura dourada e grossa.

— Então pensas que consegue passar por mim, o guardião de Asgard? — Ele tirou a espada da bainha, apontando-a para seu queixo. Pietro engoliu seco, sem saber o que parecia mais perigoso: a ponta da lâmina ou os olhos dourados daquele homem. — Revele como vocês, impostores, passaram pela Bifrost e poderemos mostrar clemência. 

Era um milagre que os fones de ouvido não tivessem caído de suas orelhas, mas agora Pietro já não conseguia prestar muita atenção na música, mesmo que também não tivesse entendido ao certo o que o guerreiro tinha dito. Tirou o fone esquerdo e, oferecendo aquele seu sorriso nervoso, pediu:

— Poderia repetir? A música tá um pouco alta…

— Está debochando de mim?

— Claro que não, vossa… Sua graça… Senhor...

O guerreiro recolheu a espada, aborrecido e intrigado.

— Heimdall.

Isso. Estamos só… — Pietro se levantou, alongando um pouco o corpo como se se sentisse dor. Colocou o fone no lugar — De passagem.

E voltou a correr, agora na direção oposta, como se sua vida dependesse disso. Talvez dependesse mesmo, caso aquele tal Heimdall lançasse mais algo com bruta velocidade em sua direção. Chegou ao exato lugar de onde havia partido no momento em que Thor fugia do guaxinim e o pobre Rocket mal fazia ideia disso.

— Beleza, bonitão. — Disse ele para o nórdico, que dobrava o corredor lá atrás. — É a nossa chance. Thor? Thor?!

Pietro não tinha tempo para a irritação do colega. Ainda afobado, impediu que o guaxinim desatasse a xingar e grunhir por causa dos impulsos da ansiedade do outro:

— Você já pegou o Aether?

— Como assim, “?” O Thor acabou de fugir e… Ah, — Ele franziu o focinho,  se segurando para não esgana-lo. — Eu não acredito que você não estava nem ouvindo.

Pietro bufou.

— Céus, me dê logo o treco! — Arrancou o aparelho das patas dele e se foi num borrão prateado. Espetar a pobre cientista Jane Foster foi um trabalho objetivo e fácil, mesmo que a moça tenha apenas desmaiado no processo. Coitada. Colocou-a de volta na cama do quarto, imaginando o que ela acharia de tudo isso. Retornou ao seu colega de equipe no segundo seguinte, com o aparelho cintilando com a cor vermelha da Joia da Realidade. — Pronto, satisfeito? Agora a gente tem que sair daqui. Tem um maluco que sabe que somos intrusos com uma espada enorme atrás da gente.

— Pera, pera. Ele te viu?

— Não exatamente. — Jogou o aparelho de volta para as patas dele. Não queria ficar segurando algo que parecia tão frágil, ainda mais quando uma queda sua tinha um potencial desastroso. Antes que Rocket pudesse perguntar mais alguma coisa, o som de inúmeros passos se aproximou do corredor. Guardas. — Rápido! Temos que achar o Thor!

Guerreiros apareceram naquele instante, cada um com lanças e espadas tão pesadas quanto as de Heimdall.

— Parem onde estão!

Eles não pararam. Seria mais fácil se Rocket aceitasse fugir nos ombros ou nos braços de Pietro, entretanto ele reclamou sobre o quanto aquilo seria humilhante, pois ele não era nenhum bichinho de estimação ou pelúcia. No fim, passou a correr com todas as quatro patas. Pietro apenas o considerou tonto e disparou a sua frente para encontrar o deus do trovão. A última coisa que ouviu foi:

— Peguem a lebre!

A cada vez que cruzava um pátio ou adentrava um quarto vazio, um xingamento beirava seus lábios. Onde estava Thor, afinal? Era como se ele tivesse evaporado junto com o álcool que tanto tomava ou então adquirido uma espécie de super velocidade análoga à de Pietro, escapando deles com verdadeira agilidade. Quando finalmente o encontrou, ele estava num cômodo amplo e afastado, ao lado de uma senhora de pose elegante, vestes ricas e cabelos loiros. Frigga.

Pietro retornou ao ponto onde Rocket corria e pegou-o no colo, tirando o aparelho encaixado em suas costas para segurá-lo com a mão livre. Antes que ele xingasse ou pior, lhe mordesse, Pietro rosnou:

— Quieto, Rigby!

Levou-o até onde Thor estava.

Demorou alguns instantes para que ambos recuperassem o fôlego. Pietro ardia por algum petisco que lhe aliviasse a fome, enquanto Rocket se ocupava em tirar o aparelho da mão dele e voltar a segurança do chão. Talvez estivessem seguros, mas por quanto tempo? Heimdall não parecia o tipo de sujeito que brincava em serviço.

Thor e Frigga encaravam os dois.

— Oi! Você deve ser… a mãe. — O guaxinim comentou, querendo ser minimamente educado. Frigga olhava para a criatura com curiosidade, mas o trio não podia mais desperdiçar seus preciosos minutos. Rocket então exibiu o aparelho já cheio do Aether e disse: — Eu peguei o treco. Vem, temos que correr.

Você pegou o treco?

Pietro, de braços cruzados, fuzilou-o com os olhos, mas nem Thor, bem sua mãe se afetaram pela briga dos dois. E, na realidade, aquilo logo perdeu importância. O jovem sokoviano não era exatamente próximo dele, mas entendia o que era perder alguém. Família. Se, naquela missão de viagem no tempo, ele visse de novo sua irmã ou seus pais, também iria desejar alguns instantes com eles, assim como Thor. 

— Eu te amo, mãe. — O deus murmurou, desenlaçando o último abraço com Frigga.

— Eu te amo. E coma salada!

— Thor, — Rocket avisou, já com a pata sobre o dispositivo no pulso. Era só girar e pressionar para retornar ao ano de 2023. — Temos que ir. 3, 2…

— Não, espere aí.

O deus esticou o braço para o nada, em direção a janela, e fechou os olhos. Alguns segundos escorreram sem que nada de fato se alterasse, o que fez Pietro e Rocket se entreolharem confusos.

— Pera, o que tá acontecendo?

Frigga mostrou um sorriso ansioso, respondendo à questão do guaxinim.

— Ah, às vezes leva uns segundos.

O som de um raio foi ouvido, embora o horizonte estivesse limpo: Era o martelo voando até a mão esquerda do deus nórdico. O barulho foi alto, poderoso e etéreo, mas não mais do que a risada grave dele:

— Eu ainda sou digno!

Pietro sorriu de lado, satisfeito — e talvez até contagiado — com o alívio e a alegria de Thor. Suspirou enquanto outra música invadia seus fones de ouvido, conferindo uma trilha sonora interessante para a viagem no tempo. Rocket pressionou o botão justamente no segundo em que os guardas adentraram o quarto, apenas para eles encontrarem o ar vazio e sua rainha sorridente, sem nada a dizer. A sensação de falta de peso alcançou os três logo, assim como a enchente de cores do Reino Quântico.

Retornaram à plataforma da máquina exatamente 60 segundos após terem partido.

O coração de Pietro parecia querer queimar para fora do tórax, pois eles tinham conseguido. Conseguido de verdade! Foram até um reino dourado de deuses — no passado — e retornaram em segurança, coisa que meses atrás lhe soaria como um sonho febril. Ele não fazia ideia de como fariam para montar uma manopla capaz de segurar o poder das Jóias ou quem daria o estalo, mas sabia que logo teria sua irmã de volta. 

Ainda de pé, como se seu corpo não tivesse viajado o espaço e tempo, Pietro ajustou a própria visão. Estava ainda muito claro e o reflexo dos espelhos acima deles, cuja função científica ele não se deu ao trabalho de compreender, somente reforçava a sensação de luminosidade. Seus olhos buscaram o rosto de seu pai fora da plataforma, porém encontraram mais do que a expressão severa de Erik Lensherr.

Emma Frost estava de pé na frente dele, inteira vestida de branco e talvez gastando toda a sua voz num discurso que Magneto certamente não queria ouvir. Natalya jazia ali perto, sem ousar interromper a discussão, com Psylocke próxima de si.

— É claro que eu notei algo de diferente em Genosha! Raven já não me falava nada, você sumiu e nenhuma desculpa da Betsy foi convincente. 

Erik a encarou com raiva, pois a missão no Complexo dos Vingadores deveria ser um segredo, mas Psylocke apenas deu de ombros e cruzou os braços. Odiava que alguém a chamasse pelo apelido carinhoso na frente de outras pessoas.

— Erik, não foi de mim que Emma soube a verdade. Tenho bloqueio telepático, lembra?

Ele suspirou. A conclusão era óbvia de quem tinha vazado a informação, mesmo que sem querer — pois Emma poderia descobrir qualquer coisa de alguém que não tivesse meios de se defender telepaticamente:

— Onde Raven está?

— Em Genosha. — Frost reconquistou a atenção dele, longe de sua compostura tão habitual. — Alguém tinha que ficar enquanto eu vinha pra cá, pra ver a porcaria irresponsável que você estava arrumando, de novo. Sério, viagem no tempo? E, além de eu identificar a mente distante de vocês, há um minuto o Pietro parecia ter desaparecido da face da Terra. É óbvio que eu iria me preocupar! Ele é meu paciente!

Ninguém parecia prestar atenção de que existia um grupo inteiro na plataforma da máquina e a discussão era tamanha que nenhum deles, simplesmente parados ali, se manifestou. Pietro encarou seus companheiros de soslaio, Rocket e Thor, para depois voltar os olhos para os mutantes acumulados do outro lado. A viagem no tempo, por si só, já era o suficiente para deixar a cabeça de alguém fora de órbita por alguns instantes, de modo que era difícil decidir no que deveria se focar agora. Na discussão? Na missão?

Foi quando notou que outras pessoas acompanhavam o falatório com caras entediadas: Scott Summers. Psylocke. Uma moça de cabelos coloridos — entre o roxo e um tom vibrante de rosa — que Pietro não fazia ideia de quem era. O alvo do profundo deboche do jovem sokoviano, Kitty Pryde. E Logan Howlett e sua filha.

— Laura!

Pietro deu um passo à frente e acenou para a garotinha, a mesma que tinha salvado há um ano de um laboratório no México, numa das primeiras missões realmente perigosas dele. Ela estava maior agora, com uns 13 anos talvez, mas ainda guardava aquela sua expressão um tanto tímida e um tanto selvagem no rosto. O mutante velocista tinha boas lembranças dela, embora se vissem apenas ocasionalmente, e Laura parecia se recordar também dos momentos em que se divertiram juntos. Tirou o pirulito da boca e acenou de volta. Logan, ao seu lado, abriu um sorriso de lado, explicando a presença deles:

— A guria também quis te fazer uma visita.

Pietro sorriu de novo para a garota, mas essa expressão em seu rosto morreu depois de apontar para Kitty Pryde: 

— E o que ela tá fazendo aqui?

Primeiro a menina fez um “Hmf", depois cruzou os braços e abriu a boca, prestes a dizer mil coisas. Antes disso, ela pensou de novo e resumiu:

— Eu não posso deixar a Laura sofrer sua má influência.

Poderia retrucar o que ela tinha dito de inúmeras formas, mas seu objetivo era sempre parecer a pessoa mais legal na frente de Laura. Com histórias sobre Asgard e viagem no tempo não seria difícil, porém Pietro sabia que existia uma nuance de rebeldia em Laura e quis aproveitar a deixa:

— Não diga a Laura o que fazer.

A menina concordou veementemente apenas com o olhar.

— E como diabos vocês vieram? — Rocket questionou, sua voz rouca e sua figura inusitada atraindo atenção. — Se estavam em Genosha há tão pouco tempo e parecem ter chegado há… Um minuto.

A moça com cabelos roxos, quase rosa choque, se pronunciou, levantando a mão.

— Fui eu. Hã, eu abro portais. — Completou, com pressa de desviar o olhar. Mesmo à distância, no entanto, foi possível ver alguns desenhos sobre a pele de seu rosto e a cor verde, quase neon, de suas íris. — Senhorita Frost pediu que eu a acompanhasse.

Maneiro.

Através daquele diálogo, finalmente todos se deram conta que sim, o grupo que viajou pelo Reino Quântico para chegar a lugares e tempos diferentes, afinal estava de volta. A discussão entre Erik e Emma enfraqueceu, enquanto todo o resto parecia aliviado por não ter que ouvir mais desentendimentos entre os dois. Scott suspirou, agora intrigado ao ver o resto dos Vingadores, enquanto Psylocke descruzava os braços, relaxando os ombros.

O rosto aliviado de Frost não podia ser mais diferente do que sua expressão de fúria no momento anterior. Ela se adiantou alguns passos e murmurou:

— Pietro, querido. Suas consultas…

— Atrasadas, eu sei. Podemos remarcar, mas… Eu tô bem. — Ele girou os calcanhares, alternando o olhar entre seus colegas e contando as Jóias. Todas estavam lá e isso significava que… Wanda estava mais perto. — Eu tô muito bem.

E então notou que Clint estava ajoelhado no chão da plataforma, sua cara inchada como quem havia chorado por minutos. Fez-se silêncio súbito, pesado. Scott Lang se agachou para ajudá-lo a levantar e Thor questionava o que tinha ocorrido, mas o Gavião Arqueiro nada dizia. 

Talvez eles não estivessem tão bem assim. Faltava alguém do seu lado, uma mulher ruiva.

A mente de Pietro se aquietou, ao contrário de todas as vezes que o estresse e a adrenalina tinham lhe obrigado a cogitar uma cascata de possibilidades. Engoliu seco, com uma certeza aguda formando-se em sua mente. Lembrou do encontro estranho com um Steve Rogers do futuro e a melancolia latente em sua face, compreendendo exatamente a razão por trás de sua tristeza. Com os olhos arregalados e sem nada para falar, Pietro encarou o rosto lívido do Capitão América, que por sua vez mirava o ponto onde ele havia visto o sorriso de Natasha há sessenta segundos.

Steve tinha a mesma horrível certeza de Pietro.

— Clint, — Banner questionou. A força para controlar a voz, para que ela saísse calma e lógica, era notável. — Cadê a Natasha?

 * * *

Uma alma por outra. 

Foi isso que o guardião da Jóia da Alma dissera à Clint Barton e foi isso o que ele repassou ao restante dos Vingadores, explicando a razão de Natasha Romanoff não ter voltado de Vormir. Eles tinham só uma chance, não? Era a luta de suas vidas e havia muito em jogo, embora poucas peças. Natasha não hesitou em se sacrificar para salvar a todos e pegar a Jóia, afinal, era esta sua missão. 

Mas saber de tudo isso não fez doer menos.

Thor parecia não acreditar que aquilo tinha acontecido. Sua reação foi questionar o Gavião Arqueiro, como se não pudesse sequer compreender o que ele tinha contado em lágrimas: Natasha pulou do penhasco por vontade própria. Eu tentei impedir, mas… Ela é boa em enganar a gente, vocês sabem. Ela disse que estava em paz. Eu não estou certo disso. Mas aqui está a maldita Jóia da Alma. 

Banner extravasou sua raiva ao quebrar algumas coisas do lado externo do Complexo dos Vingadores. Barton se isolou dos demais, indo sorver do silêncio na base aérea estacionada ali perto, Outer Heaven. Steve chorava aquele choro quieto, discreto, numa tentativa de não piorar as coisas, enquanto Tony havia pesquisado um pouco mais sobre preparativos de um velório, embora fossem postergar a cerimônia para após o estalo. Mais pessoas iriam querer prestar seu luto, afinal.

A morte dela cobriu todos de uma cinzenta mortalha. Mesmo as pessoas que não eram exatamente próximas dela, como Scott Lang, Erik Lensherr, Natalya Maximoff e Frost, pareciam abalados com a notícia. Pietro questionou se não podiam só voltar no tempo de novo, mas… Já não existiam mais partículas Pym. Portanto, enquanto os cientistas e engenheiros se esforçavam para criar a manopla capaz de suportar todas as Jóias do Infinito, o resto do clima entre o grupo era um tanto frio, cru. Se antes havia esperança, agora existia a noção de que tal heroísmo tivera um preço alto.

Era madrugada quando Tony Stark se aventurou pela cozinha do Complexo dos Vingadores. Ele já tinha ingerido quantidades nada saudáveis de cafeína a ponto de Friday, a Inteligência artificial, desligar o funcionamento de certos aparelhos que ele necessitava apenas para forçá-lo a comer alguma coisa. Dormir era uma tarefa impossível naquele ponto, então ela nem insistira com seu criador. Cada um lidava com a perda de seu modo e Tony já era inclinado a trabalhar demais, mas ao menos isso gerava frutos. A manopla estava praticamente pronta e o dia seguinte seria o episódio final. Abrindo a geladeira e prestes a desistir de comer algo saudável, ele afinal notou que existia outra pessoa ali dentro, apoiada no balcão.

Steve Rogers.

— Hey, Capicolé. Vai querer alguma coisa ou…

O loiro fez um gesto negativo com um aceno breve. Na luz oblíqua, era possível enxergar o reflexo do rastro de lágrimas no rosto dele. Tony nada comentou e Steve limpou o choro com as costas da mão, rápido..

— Sem fome.

Hm

Suspirou. Lhe deu as costas, pensando no que poderia dizer ao mesmo tempo que mexia nos armários da cozinha. Talvez tivessem pedido muita comida pronta nos últimos dias, pois ele não encontrava nada interessante ali. O pior, porém, era não achar as palavras certas para Steve. Só que isso não era motivo para não dizer nada, correto? Se Tony tinha uma qualidade além de ser inteligente, era conseguir entreter as pessoas com seu carisma e histórias tolas. 

— Logan e a filha foram embora com aquela menina, a tal da Blink. A dos portais, sabe? — Ouviu Steve concordar. — Você acha que a Laura daria uma boa amiga para Morgan? Fiquei pensando nisso quando a vi brincar com Pietro e com a Kitty, além daquele cachorro e o gato preto doido. E, já que a Nebula está toda estranha desde que voltamos no tempo, talvez fosse melhor a Morgan arrumar mais uma parceira no crime… — Tony balançou a cabeça. A andróide azulona estava particularmente amarga, tanto que até Natalya havia notado que ela parecia diferente, e o próprio humor dele jazia ácido depois de não achar um único salgadinho ali. — Pfft, acredita que ela nem quis jogar futebol de mesa igual costumávamos fazer na nave?

Mas Steve não estava ouvindo, não verdadeiramente. Seu olhar perdia-se no horizonte, encarando não a luz artificial das lâmpadas ou a busca de Tony por um lanche, mas sim memórias enterradas no fundo de suas órbitas. O engenheiro se calou, soltou um suspiro e tamborilou os dedos na pedra da bancada da pia. Poucas vezes tinha visto o Capitão América assim, desolado, e era horrível de se ver, pois Steve sempre carregou aquela imagem de otimismo estúpido e a certeza pura em cada palavra na boca. Poderia ser aquele ícone sólido e perfeito que a propaganda e Howard Stark tanto falaram ao longo das décadas, no entanto… Não era.

Rogers era só mais uma pessoa. Um bom homem, é claro, talvez um extraordinário; Mas não era falho e com certeza não era feito de aço. Por muito tempo, Tony achou que lhe faltavam vícios e defeitos para deixá-lo real. Seria mais natural ver um homem enlutado tomar alguma reação extrema, e quem sabe a figura deprimida dele não lhe causasse tamanho espanto se ele tivesse um cigarro na mão.

Tony Stark tinha deixado uma gravação para a esposa e para filha em caso de algum… Infortúnio. Queria que Natasha tivesse feito o mesmo. Uma mensagem, um bilhete. Qualquer coisa. Inspirou fundo, ficou à frente dele, no lado oposto do balcão.

Independente de tudo, ele era seu amigo. Continuava seu amigo, apesar das dificuldades, das discussões e de um período de anos que achou que jamais conseguiria conversar com ele sem surtar.

— Escuta… Eu conversei com a Pepper. A gente pode… — Franziu a testa, sua expressão torcida. Pensar na colega ruiva fazia seus ombros pesarem mais do que trajar uma armadura no corpo. — A gente pode fazer uma despedida pra Natasha lá no lago. Vai ser bonito e… Pacífico.

O outro anuiu levemente, depois apoiou os cotovelos na bancada e segurou as próprias têmporas. Engoliu fundo, os olhos azuis com as bordas avermelhadas.

— Eu não achei que…  — Ele começou, sua voz vulnerável. Começara a deixar a barba crescer. — Céus, não imaginei…— Steve interrompeu o próprio pensamento, tentando formar uma frase coerente. Tony aguardou com paciência e dor. — Quando eu disse “custe o que custar”, eu me referia a minha vida, não a dela.

Uma pausa. Tony recordou-se das palavras de Clint Barton, calculando as consequências e implicações de cada nuance. Pensou muito sobre o que ele dissera, sem encontrar uma saída ou qualquer outra forma lógica de resolver a questão. Ele era engenheiro e o problema era morte, uma tal que nem mesmo as Jóias poderiam reverter com um estalo. Preferiu se ater aos fatos.

— Ela preferiu assim. — Murmurou, resoluto. — Natasha sempre foi uma pessoa prática.

— Eu não posso trazê-la de volta, Tony, e eu preciso. Faria qualquer coisa, qualquer coisa.—  Repetiu, muito sério. — Clint disse que as Jóias... 

— Eu sei.

Não era sua intenção cortar sua fala e Steve entendia isso. Só era… Angustiante demais ficar frente a um beco sem saída. Encararam-se.

— Parece tão injusto. Estamos todos aqui e logo o resto estará também. Mas Natasha não.

— Natasha sabia o que estava fazendo. Acho que… É nosso dever agora concluir a missão e não deixar que o sacrifício dela tenha sido em vão. 

— Eu sei. — Foi a vez de Steve dizer aquilo. Passou as mãos no rosto, tentando recuperar o fôlego e a paz de espírito ao mesmo tempo em que limpava as lágrimas. — Eu sei, é só que…

Ele a amava. Estava estampado na cara dele a cada vez que seus olhos procuravam a figura de Natasha no mesmo ambiente, estava nítido em sua voz em toda ocasião em Tony que ouvia-os conversar. A dinâmica entre os dois era tão fluida que ele poderia comparar a peças que foram fabricadas para funcionar juntas, lado a lado, como engrenagens interdependentes. E se uma não estava no local…

Tony desviou o olhar. Natasha tinha mesmo levado o coração de Steve quando decidiu saltar daquele penhasco em Vormir e ele não o culpava por se sentir tão incompleto e miserável. Os dois nunca se permitiram desenvolver aquele relacionamento, pois o dever sempre vinha primeiro. 

Então certa compreensão inundou o cérebro do engenheiro. Era uma conclusão imprópria, talvez, uma teoria a não ser dita e nem testada, mas que o fez refletir. Se Tony considerava Steve, ao menos em um nível superficial, um exemplo perfeito, uma figura emblemática, era simplesmente irônico que ele tivesse perdido tanto. A oportunidade e o amor sempre escorriam por seus dedos. Tony Stark, por outro lado, era um homem frequentemente errático que agora tinha uma família, uma segunda chance e um final feliz.

O Homem de Ferro não admitiria em voz alta, mas já sentira inveja do amigo. Rancor até, pelo loiro ser foco de verdadeiro afeto de Howard Stark. Naquele instante, o sentimento havia se dissipado por completo, substituído por outro: compaixão. Tony desejava fazer algo por ele.

— Bom, — Relaxou os ombros. — Podemos fazê-la rir, onde quer que esteja. Ou então ficar absurdamente brava. Que tal ser assombrado por uma assassina russa?

Steve o encarou com curiosidade.

— Do que está falando?

— Da vodka dela.

— Tony…

Mas ele já tinha tirado a garrafa do freezer, colocado na bancada e procurava dois copos de vidro baixo, que Thor geralmente usava para preparar uma bebida mais simples e forte. Não demorou para achá-los. Serviu uma dose para si e para Steve, passando-lhe o copo em seguida.

— Em honra a Romanoff. — Ergueu o copo, num brinde. — Nazdarovya!

Nazdarovya.

Beberam em silêncio a primeira dose, depois a segunda e a terceira. Tony definitivamente teria que dormir em breve depois daquilo e até questionava o estado de seu estômago, mas seu amigo permanecia sóbrio. Vantagens do soro do supersoldado, ou então desvantagens.

— Obrigado, Tony. Por tudo.

— Eu nunca quis que a gente ficasse separado, Steve. 

Era verdade. Não desejava que o grupo se dissolvesse no Acordo de Sokovia, na Lei do Registro ou por causa da Equipe Mata-Capas da ONU. E no fim, o que se dissolveram-se também os tratados e leis escritas, junto com metade da vida no universo. 

— Nem eu. Somos uma família.

— Disfuncional. — Constatou, depois sorriu. — Agora temos o tio alcoólatra, crianças… Um guaxinim.

E para, seu alívio, Steve sorriu também. Mirou-o com atenção, reparou no tom um tanto grisalho de seus cabelos e provocou:

— Temos idosos...

— O álcool está te deixando corajoso? — Ele reclamou, mas aquilo era uma atuação. É claro que lhe irritava que Steve ainda conservasse certa juventude, outro efeito do soro, no entanto não estava verdadeiramente bravo. Só queria participar daquela brincadeira inócua. Tomou outro gole e continuou: — Porque pelo o que me lembro, o fóssil é você.

O sorriso de Steve apagou. Quem o chamava assim era Natasha e, naquele breve momento de descontração somado ao álcool, Tony pôde até esquecer que…

Ela se fora.

— Me desculpe.

— Tá tudo bem, Tony.

Não estava tudo bem. Ele tinha os olhos vermelhos de novo, o rosto naquela expressão de quem se segurava para não se partir em mil pedaços. Talvez não fosse álcool ou piadas que precisasse. Tony contornou a bancada da cozinha e o abraçou, meio sem jeito.

E Steve Rogers pôde finalmente desabar.

 * * *

Na ala dos dormitórios no Complexo dos Vingadores, Natalya Maximoff caminhava pelo corredor com o gato preto a sua frente. Acabara de ter um diálogo com Emma, Psylocke e Scott Summers, buscando uma segunda opinião sobre Nebula. Achava o comportamento da androide um tanto… Singular depois que retornou da viagem no tempo, para dizer o mínimo. Não lia auras como sua sobrinha e nem mesmo tinha poderes telepáticos — e talvez nada disso adiantasse para entender o que se passava dentro dos circuitos de Nebula, mas Natalya podia certamente dizer que havia algo de errado com ela. Mal se dirigia a pessoas com quem se importava, como Rocket e Tony Stark. Não perguntara de Morgan. Era vaga e talvez até hostil.

O pior: Suas cartas nada disseram. Ela tentou consultar sua pequena bola de cristal, mas as mensagens eram difusas e um tanto… agourentas. A última vez que isso acontecera foi há cinco anos, quando as Joias do Infinito desintegraram pessoas amadas, famílias inteiras.

Scott prometera ficar de olho, mas Emma e Psylocke não garantiram desvendar algo por telepatia. De qualquer modo, era tarde e ela desejava dormir. Os dias não vinham sendo nada fáceis e seu coração apertava-se toda vez que pensava em Natasha Romanoff.

Neste momento, ela viu Ebony usar seus poderes místicos para atravessar a porta do quarto de Pietro. Soltou um suspiro cansado, pois sabia que o gato podia ser um tanto inconveniente quando queria atenção, e foi atrás dele, antes que atrapalhasse o sono de seu sobrinho.

A porta estava apenas encostada e havia luz saindo pela fresta. Natalya franziu os cenhos e tentou não se preocupar muito, mas avançou para investigar mais um pouco. No fim, abrindo a porta, se deparou com Pietro com roupas folgadas e ouvindo música enquanto apertava o gato contra o peito, num gesto que mais parecia ter saído de Wanda. A mulher sorriu e disse:

— Toc, toc.

Pietro soltou o bichano e tirou os fones. 

— Pode entrar, Natalya.

— Vi Ebony vindo para cá e notei a luz acesa.— Por ele ter falado na língua materna de ambos, Natalya se sentiu mais em casa e respondeu no mesmo idioma. Quase sentiu o vento do inverno de Sokovia na boca. — Não consegue dormir?

Ele balançou a cabeça.

— É amanhã, tia. Amanhã eu vou ver a minha irmã de novo.

— Aposto que vai ser tão absurdo para ela quanto pra você.

Natalya se aproximou, sentando na beirada da cama. Agradou Ebony, que ronronava, e pensou em quando pegou os gêmeos ainda bebês no colo. Viu-os crescer pouco, mas gostava do jeito quieto e adorável da menina e a vivacidade do menino. Wanda e Pietro, seus sobrinhos não de sangue, mas de coração.

Puxou-o para perto, assim como fazia com os dois na infância. Abraçou-o de leve e ele só fechou as pálpebras. Apesar do deboche e dos impulsos, Pietro sabia ser doce.

— Às vezes eu sonho com ela. — Disse, suspirando. — Wanda está num lugar alaranjado e estranho…

— Não posso confirmar nada desse sonho… As possibilidades das Jóias do Infinito vão além do que meus poderes podem supor. Mas quem sabe, huh? — Ela acariciou os cabelos prateados dele. — Você viu a morte. Talvez saiba mais coisas que compreendemos.

Pietro se desenlaçou do abraço e lhe ofereceu um sorriso desdenhoso.

— A maior parte das lembranças escorrem assim que levanto minha cabeça do travesseiro.

Ela deu de ombros. Esquecer fazia parte.

— Tente descansar, querido. — Beijou a testa dele. — Amanhã será um dia cheio.

E Natalya esperava esquecer o mau augúrio que pressentia. Levantou-se e, antes de sair, perguntou para o rapaz:

— Vai ficar com o Ebony?

— Acho que sim. Não é como pudéssemos impedi-lo de ir e vir.

Já quase atravessava a porta quando Pietro chamou-a.

— Tia?

— Sim?

— Quando Wanda voltar… — Ele começou, bem devagar. Natalya desconfiava daquele tipo de comportamento anômalo ao sobrinho, de modo que só estreitou os olhos e esperou a próxima bobagem que iria dizer. — Como você vai contar pra ela que tá de rolo com nosso pai?

— Pietro! Faz três anos que te falo que não… — Sentiu o rosto arder, lembrando-se da face séria e intrigante de Erik Lensherr. Mal conseguia repetir as palavras de Pietro. —  Não tô “de rolo” com seu pai.

— E faz três anos que não acredito nisso.

Até o gato parecia rir.

— Vá dormir, seu diabrete.

— Minha pergunta é séria!

— E cadê a coragem de perguntar isso pro teu pai?

Pietro fez bico e olhou para o lado.

— Eu acharia legal se… Sabe, se vocês dois…

Ela sacudiu o rosto e deu um passo pra fora, interrompendo o raciocínio torto do sobrinho.

— Boa noite, Pietro.

Natalya apressou-se em voltar para o seu quarto e tirar tais sugestões da cabeça. Quem a visse no corredor, porém, iria vislumbrar seu sorriso vulpino.


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Notas finais do capítulo

* Capítulo mais tristinho, mas eu juro que melhora depois.

* O capítulo foi revisado, mas existe a possibilidade deste arquivo ser sabotado pela I.M.A. Caso encontre algum erro (seja gramatical ou de continuidade), favor reporte à Shalashaska.



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