A Pedra que Carrego escrita por DathomirGirl


Capítulo 5
Aprendiz e Padawan




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/797044/chapter/5

 

Hoje logo quando acordei recebi uma carga valiosa, uma caixa acinzentada que só poderia ser aberta por mim. Quando faço o reconhecimento facial, a trava é aberta e em seguida a caixa. Dali retiro uma túnica, botas, cinto de utilidades e um par de lentes para que eu possa esconder a coloração de meus olhos. Coloco-as e retiro da mesma caixa uma corrente de contas Silka, isso me identificaria como Padawan Jedi, hesito mas a enrolo em um de meus chifres. Nojento, estou igualzinho a eles. Também na caixa havia um robe com capuz, para vestir por cima. Em baixo de tudo, a última coisa era uma caixa menor, a razão para toda essa blindagem: ela guardava um sabre de luz Jedi. Seguro o objeto em minha mão, sinto seu peso, o toque, a sensação estranha de possuí-lo. Ativo-o, libertando um brilho amarelado. Único, não posso negar. A conexão com seu usuário é tão distante, não creio que ainda esteja vivo, parece não estar entre nós há muito tempo.

 Gostaria de ter algum tempo para meditar, canalizar minhas emoções, neutralizá-las para ficarem imperceptíveis aos sentidos dos Jedi mas esse é um luxo que não tenho então terei de me concentrar nisso no caminho para Coruscant. 

 Depois de tanto tempo, coloco meus pés na grande capital. Coruscant é bem diferente do cotidiano com o qual estou acostumado, diferente da inospidez de Mustafar, Coruscant transpira vida. Estou a frente do edifício do Senado, posso sentir a presença "dele", mas nem sinal de Sidious e o que sinto quando meu mestre está por perto, que é uma presença massiva, poderosa e sombria, não sei como ele consegue esconder isso tão bem, ainda mais em uma cidade recheada de Jedi. Sei que me encontrarei com ele, que ele está ali me esperando, mas não estarei me encontrando com "Darth Sidious" e sim com o "Senador Palpatine", essas duas pessoas são bem diferentes entre si. 

 Caminho por corredores que são como um desfile de políticos de diversos sistemas, todos tão bem apresentáveis em suas vestes caras que escondem uma densa sujeira por baixo. Peço permissão para entrar em uma sala e é concedida. Lá dentro, Palpatine conversava com uma segunda pessoa, era "ele".

— Padawan Paaek, já nos vimos mas nunca tivemos a sorte de nos conhecermos. - Diz se levantando.

Esse nome de novo não...

Me calo por alguns segundos, as palavras que estão prestes a saltar de minha boca reviram meu estômago e cada sílaba delas me causa repulsa em pronunciá-las.

— Mestre Dyas, é uma honra. - Me pergunto o que uma cabeça como essa faz atada a esse corpo, seria um prazer solucionar esse problema agora mesmo. Sidious nota que estou prestes a perder a compostura, posso ver em seus olhos a ordenança de que eu me concentre melhor no que vim fazer e obedeço. 

— Senador, este é Zarek Paaek, estará me acompanhando em uma viagem, portanto infelizmente terei de me ausentar agora.

— Senador.  - O cumprimento, ele retribui.

— Não tomarei mais seu tempo Mestre Jedi, desejo-lhes uma viagem segura.

— Grato Senador, tornaremos a nos comunicar. 

 Ao se despedirem, rumamos dali para uma estação de transporte público. Viajar em uma nave particular Jedi traria muitas preocupações caso nos seguissem e tentassem entender o que estávamos fazendo.

— Você parece ansioso Padawan.

— Me preocupo com a viagem, ainda não fui informado de para onde vamos.

— Não se preocupe, assim que estivermos em segurança todos os detalhes serão esclarecidos. Sua Mestre me falou muito bem de você, disse que confia muito em seu potencial.

— Sempre procuro me superar, Mestre.

— Há quanto tempo passou pelo conselho de redesignação, Padawan Paaek?

— Eu era menino quando minha Mestre me avistou no Torneio de Aprendizes e pediu por minha redesignação para o Corpo de Exploração. Não sei o que ela viu, mas ela diz que tenho sensibilidade na Força. Agora me concentro em aprender a arte da Navegação da Força. - Ele não tem idéia do esforço que estou fazendo para tornar esses diálogos convincentes, se dependesse de mim ele não precisaria de garganta para produzi-los nem de ouvidos para ouvi-los.

— É uma causa nobre Padawan, deve se orgulhar muito disso.

— Obrigado, Mestre. 

 Chegamos até a estação de transporte, a viagem foi praticamente toda em silêncio uma vez que o Jedi em tese estaria em uma missão que apenas ele e outros três do alto conselho sabiam. Isso é o que ele pensava. Nem posso imaginar o quanto Sidious teve de mover para tornar tudo isso possível. Meu mestre tem planos grandiosos, sempre soube disso mas ver que essa parte tão crucial deles está se desdobrando bem na frente de meus olhos e me tendo como uma peça tão importante me faz sentir mais do que parte de algo muito maior do que eu, algo glorioso, que mudará esta galáxia para sempre. Meu mestre me falou de guerras que virão, que trarão a dissensão em um nível muito mais profundo do que apenas política. A traição dos Jedi será paga com traição, o sangue que um dia derramaram cairá sobre suas cabeças e as vidas que arrancaram serão uma a uma substituídas pelas suas. Ele fala de um grande exército que se voltará contra a república e extinguirá os Jedi. Minha ânsia por esses dias é quase insuportável, toma volume em meu corpo a ponto de tentar rasgar meu peito e sair para fora, ela dói e me corrói por dentro. Meu mestre me pede paciência, tudo o que me pede é isso. Para ele pode parecer um pedido muito simples mas nem mesmo caçar Rathtars em Twon Ketee pareceu tão desafiador. Se meu mestre soubesse de meus planos... 

 Chegamos a um sistema onde o Jedi iria adquirir uma nave particular que nos levaria ao sistema de Kamino. Ele iria negociar uma que estivesse em condições perfeitas para nos levar até lá mas ainda sim ter uma venda fácil após nosso uso. Enquanto isso me distancio e procuro por um bar, sempre encontrei neles um ótimo ponto de partida para as mais variadas necessidades. Ao colocar os pés ali, olhos curiosos param suas conversas buscando o rosto extrangeiro por debaixo do capuz negro, algumas mãos discretas procuram descansar sob blasters ao lado de cinturas, sorrateiramente rostos se escondiam encobrindo suas identidades. Eu era um desconhecido e enquanto aqueles indivíduos de caminhos tortuosos não pudessem determinar minhas intenções ali, pisavam em ovos para proteger seus interesses. 

 Meus olhos batem em um Rodiano, pude sentir sua preocupação mas não era isso que demonstrava, tentando parecer indiferente ao que estava acontecendo ao seu redor. Conheço esse egoísmo, se meus instintos estiverem certos - e sempre estão - é quem eu procuro.

 A passos largos vou em direção ao balcão, logo o barman vem até mim.

— Olha nós não queremos problemas, se estiver atrás de confusão é melhor dar o fora daqui. Você é um Jedi? Jedi não são bem vindos aqui. 

  E em nenhum outro lugar.

— Uma segunda rodada ao Rodiano. - Ignorando tudo o que ele mesmo havia dito, o barman pareceu não se importar muito com minha identidade quando viu os créditos sendo deixados do balcão. Aos poucos os outros da cantina também o acompanhavam nessa atitude e voltavam ao que quer que estavam fazendo. Me dirijo para uma mesa mais afastada e espero. Não demora muito para meu alvo fisgar a isca aparecer em minha frente com seu copo recém cheio de licor. Tinha um meio sorriso de interesse mas a tensão exalava de seus grandes olhos escuros.

— Precisando de ajuda para se virar aqui amigo?

— Me diga seu preço.

— Oh vamos com calma! - dá um gole em sua bebida - Não é assim que fazemos as coisas. - Começo a me levantar para encontrar alguém que não vá titubear quando eu propor um serviço. - Espera, espera, espera! Sem pressa, só fiz uma brincadeira, de que alvo estamos falando?

Ganancioso, flexível. Esse vai servir.

— Quero que derrube uma nave, preciso que a faça cair comigo dentro. Quero que desça para me buscar quando eu terminar o que tenho de fazer.

— Certo, não prefere que eu abata a nave sem você? Se for lidar por si mesmo com quem vai estar com você ou seja lá o que queira fazer, não quero me responsabilizar por um crime mal resolvido se é que me entende... - Agarro em sua camisa o puxando pelo colarinho por cima da mesa

— Faça o que eu mandar e receberá os créditos.

— Está bem eu farei - diz com aquela voz fina e irritante de Rodiano, que parecia mais aguda ainda quando temperada com medo.

 Eu lhe instruí que me seguisse, não poderíamos ter qualquer envolvimento. Tinha de parecer que algum pirata ou oportunista tentou confrontar a nave para se apossar de uma possível carga ou a própria nave, investida sem sucesso pois ela acabaria caindo em um planeta inabitado danificada e impossível de reaver.

***

— Ah, Padawan Paaek! Onde estava? Estamos prontos para partir.

— Perdão Mestre, pensei ter sentido um distúrbio mas me enganei.

— Tome muito cuidado Padawan, em lugares como esse, seus sentidos podem facilmente lhe trair.

— Tomarei, Mestre.

 Adentramos a nave. A essa altura o Rodiano deve ter acoplado um localizador no casco. O Jedi espera que estejamos no hiperespaço para me explicar o que iríamos fazer em um sistema tão pouco conhecido. Ele me disse que em Kamino se encontram clonadores, os melhores deles e estavam trabalhando para criar um exército clone para a república. Disse que no templo Jedi, alguns mestres estavam tendo premonições, visões que alertavam da ameaça de uma ação das sombras, não sabiam ao certo o que tudo isso significava mas tempos muito sombrios estavam por vir e um preparo imediato era necessário. Bom, tudo isso era verdade mas o resto disso era a parte duvidosa de suas memórias, que foi inserida e manipulada por Sidious. O Jedi afirmou que dados esses acontecimentos, o Alto Conselho decidiu que a República precisava de um exército para que quando essa ameaça se levantasse, não estivessem desamparados. 

 Eu agora estava designado para uma missão de exploração acompanhando esse Jedi, era como ele chamaria isso para minha suposta mestre do ExploCorp, para que assim eu pudesse o acompanhar nessas inspeções regulares em Kamino e os demais preparativos desta operação. Apesar de tudo isso ser uma farsa, eu me tornaria de fato seu acompanhante, teria de me portar como um Jedi e suprimir minha sede a partir deste dia convivendo com um Jedi até o início das Guerras Clônicas e sabe lá até quanto mais. Eu sou a ferramenta de meu mestre para o cumprimento de todos os seus planos, estou disposto a dar minha vida para dobrar os joelhos desses cretinos perante nós, mas não é dessa forma desrespeitosa que vou viver todos esses anos até os dias da guerra, não. 

 Chegamos em Kamino durante uma tempestade, posteriormente descobriria que aqui a chuva cai ininterruptamente. Pousamos e sigo atrás do Jedi que desce da nave e vai até uma entrada onde alguém estava a sua espera. Havia orientado ao Rodiano que não viesse à superfície de Kamino, não deveria ser registrado nos radares do planeta. 

— Mestre Jedi, estávamos aguardando sua chegada. - Diz a voz sem pressa da kaminoana. 

— Saudações Taun We, trouxe um Padawan comigo, este é Zarek Paaek e estará me acompanhando pelas próximas inspeções.

— Seja bem vindo Padawan Paaek. - ela gesticula receptiva, eu retribuo. - Acompanhem-me, o Primeiro Ministro Lama Su está ao nosso aguardo. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Pedra que Carrego" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.