Entre Lobos e Monstros escrita por Nc Earnshaw


Capítulo 7
Quil + Embry = Fofoca




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Capítulo 6

por N.C Earnshaw

 

— CARA, NÃO FOI tão ruim assim.

O consolo de Quil não funcionou para Embry, que lançou um olhar desacreditado ao amigo. Por mais que Erin tivesse os defendido da garçonete idiota, não tinham trocado mais que uma palavra depois que ela os atendeu e levou seus pedidos. E, mesmo que tivesse comido lentamente para ter mais tempo de observá-la trabalhando, viu-se sendo chutado com força na perna por ficar encarando-a feito um paspalho. Estava mais para um stalker idiota que para um amigo em potencial. 

— No ritmo que eu vou, só vou conseguir alguma conexão com essa garota daqui a uns quinze anos — reclamou Embry, chutando algumas pedrinhas espalhadas pelo estacionamento. — Mas é que toda vez que vejo ela, eu…

Quil mordeu a bochecha com força, tentando segurar a risada. Estava adorando ver seu amigo tão desesperado pelo imprinting depois de longos meses aos quais ele tinha zoado seu imprinting por Claire.

Ah! O doce sabor da vingança. 

— Não vou dizer que sinto muito. — O Ateara sorriu, malandro. — Na verdade, estou bem feliz por sair do foco daqueles desgraçados e dar o posto pra você. As piadas repetidas já estavam cansando.

— Nossa, Quil! — O sarcasmo transbordava na voz de Embry. — Que belo amigo você é.

O outro lobo deu de ombros, não se sentindo nem um pouco culpado. 

— Eu faço o que posso.

Ambos ficaram em silêncio, encostando-se na cerca de metal próxima a entrada da lanchonete e a alguns metros de onde os carros estavam estacionados. 

Embry analisou o lugar, lembrando das poucas vezes que tinha ido ali após a transformação. Por ser a única lanchonete nas terras quileutes, era bem frequentada especialmente pelos mais jovens. Os mais velhos eram um tanto mais ariscos com os caras-pálidas e apreciavam a comida feita em casa, evitando a ir a um lugar ao qual o dono era um forasteiro. 

O lobo não negava, a comida era boa e, apesar do ambiente precisar de uma boa mão de tinta e alguma reforma, era até um lugar legal para comer e passar um tempo. 

Antes da transformação, quando não tinha a casa de Emily para ir e encher sua barriga, comprava comida ali quando tinha preguiça de cozinhar. Sua mãe trabalhava em Port Angeles e diversos eram os dias que ela passava a noite na casa de uma amiga quando precisava fazer hora extra. Na época, era meio solitário, mesmo que Quil e Jacob aparecessem para fazê-lo companhia, mas agora ele estava muito bem fazendo moradia na residência dos Uley. 

Embry imaginou como seria se ele continuasse a comer naquele lugar. Talvez, se tivesse dado de cara com Erin em algum turno dela, estariam… 

Não. 

Não devia pensar nisso. 

Não deveria se iludir quando mal tinha trocado algumas palavras com Erin. Tinha que enfiar em sua cabeça que o relacionamento deles podia não evoluir para mais que uma mera amizade. Ele seria o que o imprinting precisasse, sem levar em conta seus desejos pessoais.

Então, se ela o quisesse apenas como um amigo pelo resto de suas vidas, seria somente seu amigo pelo resto de suas vidas. 

— Poderia ser pior, sabe? — Embry virou a cabeça para encarar um de seus melhores amigos. — Você podia ter tido um imprinting por uma bebezinha de 3 anos, que você vê como uma irmã mais nova. E precisar engolir que daqui a uns anos ela pode virar para você e dizer que está apaixonada e quer tentar algo. Ou pior, ficar para sempre no posto de irmão mais velho enquanto ela vai ser feliz com outro cara, e você vai passar a vida inteira vivendo das migalhas de atenção que ela vai te dar, porque ninguém mais nesse mundo importa. Nenhuma mulher é ela. 

— Estou reclamando de barriga cheia, não é? 

Quil assentiu sem pensar duas vezes.

— Entre todos nós, o que saiu mais sortudo com essa história de imprinting foi… — Os olhos do Ateara brilharam com malícia. Aparentemente, tinha mudado de ideia. — o Jared. 

— O Jared é um filho da mãe — concordou Embry. 

Kim foi apaixonada pelo Cameron durante anos, e por ser tímida demais nunca tinha nem sequer trocado mais que algumas palavras com ele. Quando Jared teve o imprinting após a primeira transformação, não foi preciso muito esforço da parte dele para conquistar a garota. O coração dela pertencia a ele há muito tempo. 

— O Paul também — lembrou Quil.

O Call não conseguiu segurar a risada.

— Ela é uma vampira e ele quase morreu tentando evitar o imprinting.

— É, foi sim. Mas você viu a cabeça daquele cara nos últimos dias? Ele tá vivendo a melhor fase da vida dele!

— Ah, você está se referindo àquilo? — indagou, torcendo para não deixar escapar em uma ronda que estavam fofocando feito duas senhoras linguarudas.

— O Paul tá transando mais que aqueles cantores famosos de boyband. 

Embry gargalhou alto, chamando a atenção de um casal que entrava na lanchonete.

— Aquela vampira é alguma deusa do sexo ou algo assim. 

— E o Paul não merece — incentivou o lobo. 

— Não mesmo! — A empolgação de Quil era nítida. — Caramba, depois de ser um cafajeste por tantos anos, ele merecia ficar uma década e meia em celibato. 

Após passar alguns minutos rindo e pensando no que Paul faria se soubesse que eles estavam comentando sobre a mulher dele, ambos se acalmaram.

— A Wendy é legal. — Embry se sentiu mal por falar aquelas coisas de uma pessoa tão adorável. Mas era isso que garotos virgens e idiotas faziam quando se juntavam. Falavam bobagens. 

— Ela é. E eu não me importo de ficar 30, 4O anos, ou para sempre em celibato, se for para ver a Claire ter uma vida longa e feliz. 

O Call percebeu que o amigo tinha sentido necessidade de afirmar aquilo, porque apenas o pensamento de que seu imprinting soubesse daquela conversa onde ele “ansiava” pelo relacionamento de outras pessoas, machucava.

Antes ele acharia a maior bobagem, no entanto, após sentir na própria pele o poder do amor que um lobo sentia pelo seu imprinting, não julgava Quil.

Ele deu dois tapinhas amigáveis no ombro do Ateara, buscando se certificar que seu irmão de bando soubesse que ele tinha entendido, e que estava ali para o que desse e viesse. 

Uma música irritante tocou, assustando os dois. Eles procuraram ao redor de onde vinha o barulho. Sem sucesso. E, após segundos ouvindo aquele lixo sonoro, Quil se deu conta que era o toque do seu celular. 

Embry assistiu o amigo se distanciar para falar com o que ele deduziu ser a mãe de Claire, e se voltou para a lanchonete, torcendo mentalmente para pegar um vislumbre de Erin. 

Ele suspirou quando o máximo que conseguiu ver, foi um cara nojento tirar uma meleca do nariz e colar no vidro da janela. 

Bizarro — comentou Quil, que tinha retornado e observava a mesma cena que ele. — Te desafio a entrar e lamber aquela janela.

— E porque eu faria isso? — Ele franziu o cenho com incredulidade. — Não somos mais crianças, idiota. 

— Se o Jake estivesse aqui, ele com certeza… — O Ateara se interrompeu no meio da frase. Anos antes, quando eles eram somente um trio de bobocas que encontraram um no outro seu lugar, Jacob Black aceitava qualquer desafio proposto. No entanto, após a transformação… Não. Após Bella Swan entrar na vida dele, as coisas mudaram. 

— Aquela meleca deve ter uns três centímetros — afirmou o Call, voltando ao assunto. O clima tinha ficado tenso ao falarem de Jacob.

— Acha que o Paul vai acabar com ele? 

O lobo suspirou, sabendo que o amigo insistiria no assunto; principalmente pelo fato de que foi ele, Embry, a presenciar toda a cena de um dos amigos atacando o imprinting de Paul. 

Ele se lembrou do jeito que Wendy ficou até Paul chegar. Se algum dia, dissessem para ele que ficaria com pena de uma vampira, riria na cara da pessoa. Entretanto, quando viu a expressão fragilizada no rosto da Cullen, sua vontade foi também de dar uma surra em Jacob.

Vampira ou não, ela era uma garota. E sua mãe o tinha ensinado muito bem que nunca se levantava a mão para uma mulher, nem se ela estivesse errada. O que não era o caso de Wendy. 

— Eu não julgaria o Paul se ele fizesse — determinou com um olhar sombrio, mas que passou rapidamente. — E então, o que a mãe da Claire queria falar com você? 

Quil coçou a nuca e não conseguiu conter o sorriso largo.

— A mãe da Claire me pediu pra ficar com ela o resto do dia. Ela vai sair para procurar emprego e…

Embry balançou a mão, como se não precisasse de mais explicações. 

— Vai nessa, cara. — Eles trocaram um aperto de mão esquisito. — Nos vemos na casa da Emily. 

O Ateara assentiu e em poucos segundos já tinha se embrenhado na floresta, sumindo de suas vistas. 

Embry encarou o céu nublado, pensando que deveria estar na escola aquela hora do dia, não plantado na frente de uma lanchonete feito um bobo, esperando que os ancestrais o ajudassem a ter mais alguma oportunidade de conversar com Erin. A necessidade de estar perto dela acabava com qualquer resquício de razão que ele possuía, e o quileute apostava que ainda se meteria em muitas situações vergonhosas para chamar a atenção da Landfish. 

— Você parece pensativo.

O lobo deu um pulo no lugar, perguntando-se como tinha sido idiota a ponto de ser pego de surpresa. Ele se virou na direção da pessoa que tinha falado, e mesmo que ele tivesse sentido pelo cheiro que era Erin ali, não conseguiu não demonstrar surpresa. 

— E-eu… — gaguejou. 

A garota riu, e o mundo de Embry se iluminou. Era a risada mais incrível que ele já tinha ouvido na vida.

— Não precisa ter vergonha de mim, Call. — Ela cruzou os braços e se aproximou alguns passos. — Eu só mordo se você pedir

Ele abriu a boca sem saber o que falar, e se xingou mentalmente por ser tão mal articulado. Para piorar, sua mente foi levada a um lugar perigoso, em que ele imaginava Erin… Chega, Embry! 

— Tá legal, tá legal, não precisa desmaiar — brincou Erin, limpando as mãos no avental. — Só vim até aqui me desculpar.

— Se desculpar pelo quê? — Embry chegou a se sentir ofendido por ela pedir desculpas sobre qualquer coisa que fosse. Seu imprinting não tinha feito nada de errado. 

— Pela Jane noite passada e pela Andy agora há pouco. 

— Parece que você tem muito pelo que se desculpar — ironizou ele, ganhando coragem. — Não precisa se desculpar por nenhuma delas. A culpa não é sua. 

Ela deu de ombros, como se o que estivesse fazendo não fosse nada de mais. 

— A Jane é uma vadia às vezes. Ela é uma das minhas melhores amigas, mas passa dos limites quando se interessa por alguém. 

Embry se engasgou com vento, entretanto, buscou se controlar. Bastavam as vergonhas que já tinha passado. 

— E ela se interessou por mim assim? Do nada? — inquiriu o lobo, desacreditado. 

O sorrisinho malicioso que escapou dos lábios de Erin deixou o quileute assustado. 

— E é com isso que ficou impressionado? O fato de ela ter se interessado por você, e não que ela quase te agarrou contra sua vontade? 

— N-... Eu… Bem, talvez… — Ele puxou o ar com força, tentando se acalmar. — Garotas como vocês não se interessam por caras como eu. 

Erin cruzou os braços e não comentou nada sobre o que ele falou. 

— E a Andy…

— Quem? — perguntou ele, confuso ao ouvir o nome pela segunda vez. — Andy é a mulher que quis proibir nossa entrada? 

Ela assentiu.

— Não leve para o lado pessoal. Aquela ali é uma vaca com todo mundo, e vocês meio que acabaram chegando numa hora delicada.

Embry se empertigou, curioso, e a garota percebeu. 

— Ela tem um caso com o chefe — cochichou a Landfish, como se não fossem as únicas almas presentes no estacionamento. 

— E? — O incentivo do lobo fez ela se aproximar ainda mais. E o coração de Embry acelerar tanto que ele chegou a pensar que ia pular do seu peito. 

— Ele é casado! 

— E a esposa dele sabe sobre o caso? 

Erin fez uma careta. 

— Eu não duvido, toda vez que a Tasha vem aqui, ela dá um jeito de humilhar a Andy. 

— Eu já vi o dono daqui. Ele não é o bastante para ter duas mulheres brigando por ele — comentou ele, sentindo-se à vontade. 

— Exatamente! 

Assim que ela percebeu sua animação excessiva, limpou a garganta.

— Hã… Tenho que voltar ao trabalho. Acho que já ultrapassei meu tempo de intervalo. 

Ela amassou o avental nas mãos, esperando Embry dizer algo. No entanto, a única coisa que ele conseguia fazer era encará-la feito um bobo apaixonado. 

— Ei, você tá legal? 

— Sim! — respondeu ele alto demais. Constrangido, coçou a nuca e suspirou. — Te vejo depois… Quero dizer, — atrapalhou-se o quileute. — te vejo por aí. 

Embry observou Erin se distanciar quase uivando de alegria. Tinha finalmente conseguido ter uma conversa decente com o seu imprinting e queria sair gritando e correndo, para o mundo todo saber. 

— Ah! E Embry, — gritou a Landfish sobre o ombro, fazendo com que ele quase saltasse de susto. Não esperava nada mais depois da despedida. — não ache que esqueci de você encarando meus peitos no dia do penhasco. 

Embry corou furiosamente enquanto apreciava o som de sua risada. 


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