Entre Lobos e Monstros escrita por Nc Earnshaw


Capítulo 29
Aaron Stirling




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Capítulo 28

por N.C Earnshaw

 

O SORRISO IDIOTA não queria sair do seu rosto mesmo enquanto ele dormia. Cada centímetro do seu corpo estava colado ao de Erin, deixando pouco espaço para a garota se movimentar se quisesse se ver livre do seu agarre. Na primeira noite após sua primeira vez, ele descobriu o porquê a Landfish precisava de tantos cobertores na cama. Ela sentia mais frio do que uma pessoa normal, e necessitava de várias camadas de pano para não ter hipotermia durante a noite. Para a sorte de Erin, o quileute se ofereceu prontamente como seu aquecedor particular, e prometeu deixá-la aquecida pelo resto da vida. 

— Você é tão quentinho — disse Erin ainda de olhos fechados. Sua cabeça estava deitada sobre o ombro do lobo e uma de suas pernas encontrava-se jogada na altura do abdômen dele. Ela se sentia tão confortável, que a ideia de se levantar da cama para encarar mais um dia frio em Forks parecia um pesadelo. — Eu poderia ficar assim para sempre. 

Embry sorriu com ternura, afastando com as pontas dos dedos os cabelos que grudaram no rosto bonito. O som da respiração do seu imprinting era a melodia mais incrível que ele já chegou a ouvir, e o relaxava de uma maneira que antes ele achava ser impossível sem passar dias num spa. 

— É uma ótima ideia — admitiu o quileute, sem tirar os olhos dela. — Mas vai chegar uma hora que vamos precisar comer ou ir ao banheiro. E também tem a escola, seu trabalho e a matilha… Droga

A garota despertou no instante em que ouviu o xingamento, curiosa pela reação de Embry ao próprio comentário. 

— O que foi? — Ela se inclinou para cima, na intenção de ver melhor o rosto dele. — Algum problema? 

Embry soltou um suspiro cansado, como se fosse o novo atlas e estivesse segurando o céu sem qualquer ajuda. 

— Sam quer que eu conte ao Paul sobre… sermos irmãos. — A última parte sussurrada fez Erin erguer uma sobrancelha em questionamento. Ele parecia temeroso que alguém ouvisse se falasse mais alto. 

— Como o Uley descobriu? 

Embry apontou para a própria têmpora, lembrando-a sobre a conexão mental que os lobos tinham. A Landfish respondeu com um “ah” de entendimento. Não imaginava como seria ter que compartilhar cada pensamento e cada segredo seu. Ela odiaria cada instante, disso tinha absoluta certeza. 

— Depois da Leah dar com a língua nos dentes, ele está me pressionando para dizer a verdade ao Paul antes que outra pessoa descubra e acabe estragando tudo. — Embry começou a brincar com a ponta da camisa que Erin usava, obrigando-a a forçar-se a prestar atenção no que ele dizia. — Também está sendo difícil para o Sam guardar esse segredo de todo mundo quando está transformado, ele tem medo de me entregar e isso acaba atrapalhando. 

— Talvez seja uma boa ideia, sabe… Contar para o Paul. Vocês se dão tão bem. Imagino que ele teria uma ótima reação ao saber que tem um irmão incrível, carinhoso… — Ela acariciou o bíceps dele com um sorriso de canto. — gostoso.

Embry bufou. 

— Não acho que eu ser gostoso importaria para o Paul — debochou ele. — E, para ser sincero, não sei se ele vai pular de alegria ao saber que o pai dele, além de ser um agressor filho da mãe, também é um traidor. Eu vou ser apenas uma lembrança constante de Daniel Lahote na vida do meu irmão, e não sei se vale a pena perder a amizade dele porque não consigo guardar um segredo. 

— Então está com medo de que o Paul reaja mal, hun? — Erin ergueu metade do tronco, quase se sentando na cama. Aquela era uma conversa séria que não podia ser discutida com ambos deitados sem sequer conseguir ver seus olhos. — Assim como está com medo de que sua mãe apareça e você tenha que conversar sobre sua nova descoberta.

O Call franziu os lábios, sentindo-se ansioso ao ser exposto em tão poucas palavras. Ele estava sim, com medo de que Paul o rejeitasse e não quisesse saber de ter qualquer contato com ele, e também sentia certo temor de confrontar a sua mãe sobre as mentiras que ela havia contado sobre a verdadeira identidade do seu pai. Após a última briga que tiveram, receava destruir a pouca confiança que existia na relação deles. 

— Tudo bem ter medo, Em. Todo mundo tem. Mas não acha que vai se sentir melhor se enfrentar isso de uma vez? Ficar se torturando não vai mudar o fato de que o Paul é seu irmão e merece saber disso, assim como não vai fazer sua mãe desaparecer. 

Erin se sentiu a maior hipócrita que existia, uma vez que sempre fugia dos seus problemas e os ignorava quando tinha a chance. Tinha feito isso com sua mãe, com o nojento do padrasto e com Jane, e tentava levar a vida normalmente fingindo que eles não deixaram marcas profundas em sua alma. Era como naquele ditado: “Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”. E ela realmente esperava que Embry seguisse seu conselho, pois não aguentaria vê-lo se torturando. 

— Vou pensar nisso — prometeu ele depois de um tempo perdido em seus próprios pensamentos. E foi o suficiente para acalmar Erin e fazê-la sorrir. — Vamos comer? 

A Landfish assentiu, e fez uma careta ao ouvir sua barriga roncar a mera menção de comida. Ela estava faminta após a noite de exercícios, e apostava que Embry também sentia o mesmo, entretanto, no fundo, apenas queria continuar a se aproveitar do corpo do seu… namorado? Ficante? 

— O que nós somos? — Erin não acreditou nas palavras que seus lábios formaram. E muito menos na mão sorrateira que subia por baixo da sua camisa. — Estamos ficando? Namorando? Ou não vamos rotular nosso relacionamento? — insistiu, arqueando as costas assim que o sentiu apertando um dos seus seios. 

Embry deu de ombros, concentrado somente em levantar a camiseta para ter uma visão mais privilegiada. — O que você quer sejamos? 

A garota tentou pensar em uma resposta, mas o olhar que o Call lançava para os seus peitos a deixou levemente indignada — e muito excitada. Estavam discutindo algo sério e ele não parava de encarar aquela parte do seu corpo como se nunca tivesse os visto antes. 

— Posso…? — Ele lambeu os lábios, dando pistas o suficiente para a Landfish saber o que ele tanto queria fazer. 

Erin negou, segurando a mão dele que se aproximava novamente dos seus mamilos. Embry fez uma cara de decepção de dar dó. 

— Precisamos saber como ficamos. — Ela encarou o teto, não querendo ser a pessoa a decidir. E sentindo certa insegurança. Apesar de o lobo ter se declarado várias vezes, e a quileute ter absoluta certeza do seu amor, uma pontinha de medo de ser abandonada por ele ainda existia em seu coração. Afinal, Embry não sabia de tudo sobre ela…

— Quer namorar comigo? — O quileute encostou a testa na do seu imprinting, e arregalou os olhos, deixando-os duas vezes maior que o tamanho normal. A ponta do seu nariz tocava o nariz de Erin, e a garota conseguia sentir a respiração quente batendo em seus lábios e a atiçando para beijá-los. — Eu gostaria de te pedir em casamento, mas não comprei uma aliança. 

A Landfish riu, desacreditada. Incapaz de se controlar, beijou rapidamente sua boca, sentindo o local entre as suas pernas esquentar por causa da pressão do corpo de Embry contra os seus seios. 

Uou. Vai com calma, garotão! Que tal começarmos com esse pedido de namoro? 

Ele sorriu, e o coração de Erin se aqueceu com um amor que tirou seu fôlego. 

— Eu aceito — murmurou, esperando ser beijada. 

Embry fitou o biquinho que seu imprinting fazia com interesse, mas não demonstrou qualquer sinal de que iria beijá-la. Ele se afastou, não dando chance de Erin puxá-lo de volta, e a garota sentiu um frio irritante ao se ver livre do calor característico. 

— O que quer comer, namorada? — perguntou, animado. 

Antes que Erin tivesse uma reação para o rostinho feliz, foi surpreendida por uma língua travessa em um dos seus mamilos. Embry sugou seu seio duas ou três vezes, e depois baixou sua camiseta como se não tivesse feito nada. Ele desapareceu pela porta do quarto não dando chance a ela para articular sequer uma palavra que fizesse sentido. 

— Vou passar algum tempo em La Push — avisou a mulher, fechando com cuidado os botões da blusa branca que vestia. Ela torcia internamente para que conseguisse desamarrotar um pouco suas roupas antes de voltar para sua mesa, uma vez que não desejava dar mais motivos para os urubus que trabalhavam ali, falarem ainda mais da sua vida. — Estou há dias sem ter qualquer notícia do Embry. Preciso saber o que aquele garoto anda aprontando. 

Ela se deixou ser agarrada por trás ao sentir as mãos grandes puxando-a pelo quadril. E se arrepiou ao senti-lo esfregar seu traseiro na ereção coberta pela calça. Aquele homem era impossível, pensou com prazer. Tinham acabado de transar em cima daquela mesa de madeira, sobre o sofá de couro — colocado ali especialmente para aquela finalidade —, contra a porta de vidro coberta apenas por cortina e, claro, não poderia esquecer dos momentos em que ele a tomou com a boca contra a janela. 

— Ele não é grandinho o bastante para tomar conta de si mesmo por mais alguns dias? — perguntou a voz rouca, esfregando o rosto com a barba por fazer em seu pescoço. Seu cabelo suado pela atividade intensa o atrapalhou, e ele os jogou sobre um dos seus ombros para ter espaço o suficiente para tocar a pele do seu pescoço. — Quantos anos o garoto tem mesmo? 16 ou 17? Ele sabe se virar, querida. 

Tyffany franziu o cenho, sentindo o seu estômago revirar ao olhar a data no calendário gigante que Aaron, seu noivo, mantinha em uma das paredes da sala. Ela teve que checar duas vezes para garantir que estava enxergando direito. O aniversário do seu filho tinha sido há dias, e ela tinha esquecido completamente. Droga

— Aaron… — disse ela, sem fôlego, afastando-se para se sentar no sofá. 

A mulher colocou as mãos contra o rosto, não aguentando a culpa que estava experimentando. Em todos esses anos, mesmo quando trabalhava em dois empregos e sequer tinha tempo para comer, nunca tinha esquecido o aniversário de Embry. 

Ela levantou a cabeça para encarar o rosto de Aaron com lágrimas nos olhos, e o homem prontamente se ajoelhou para consolá-la, mesmo que não estivesse entendendo o que deixou a Call tão transtornada. 

— O Embry… — Ela balançou a cabeça várias vezes, deixando-se cair no choro contra o peito musculoso do seu futuro marido. Não conseguia contar quando tinha um mão invisível contra a sua garganta a impedindo de falar. 

— O Embry já é um homem — afirmou Aaron com irritação. Estava cansado de ver sua mulher se estressar com aquele garoto diariamente, exausto de vê-la chorar todas as vezes que o diretor do colégio ligava para dizer que ele não estava comparecendo às aulas, e furioso com o moleque que parecia não dar valor a mãe incrível que tinha. — Está na hora de deixar de mimá-lo e permitir que ele sofra as consequências dos seus atos. Você fez tudo que pôde por ele, meu amor. Trabalhou como uma escrava durante anos para dar do bom e do melhor para ele, investiu tudo que o tinha…

Quando Aaron assumiu o cargo na empresa após o falecimento do seu pai, sete anos antes, a primeira coisa que reparou assim que passou pela porta da entrada foi na beleza esplendorosa da mulher que trabalhava atrás da bancada da recepção. Ela tinha os cabelos longos e lisos, tão negros quanto as asas de um corvo, e a pele avermelhada preencheu cada pensamento seu durante os duros meses que levou para conquistá-la. 

Não foi difícil arranjar um pretexto para se aproximar. O cargo de secretária estava vago, e ele espalhou a notícia por todo o lado, inclusive chegando a colocar no jornal. O que todas aquelas candidatas não sabiam, era que a vaga já tinha dona, e o nome dela era Tyffany Call. 

Descobrir que ela tinha um filho de onze anos não refreou seus avanços sutis, muito menos o fato de ela ser alguns anos mais velha. Ele a desejava com tudo que tinha, e passou a admirá-la quando, em uma noite que ficaram mais tarde no escritório e resolveram tomar um vinho, soube o quão forte ela era. Tinha sido iludida por um homem casado ainda jovem e criado um filho sozinha num lugar que odiava por não ter para onde ir. 

— Não se ache egoísta porque está vivendo sua vida. Durante anos, tudo o que fez foi viver pelo seu filho. Chegou o tempo de aproveitar. — Ele afastou o corpo para encarar seus olhos castanhos. — Escute bem o que vou te dizer. Você vai até La Push. Vai conversar com seu filho e contar sobre nós de uma vez por todas. 

— Ele sabe que tenho um namorado — afirmou com um fio de voz, afastando a própria culpa e focando-se no que seu noivo falava. Aaron tinha sido sua âncora durante anos, e havia apoiado em suas decisões mesmo que algumas delas o magoassem. Ele nunca tinha passado por cima dos seus desejos, e ela o amava muito por isso. — O Embry descobriu quando cheguei em casa com aquele carro ridículo. 

O empresário sorriu, lembrando como foi difícil convencer Tyffany a ficar com o carro. Ele precisou usar todos os seus talentos para que ela concordasse. 

— Nossa casa está pronta há semanas, e não vejo qualquer motivo para estar vazia quando passamos a maior parte das noites juntos. 

— Não posso deixar o Embry sozinho, Aaron — falou a mulher. — Só Deus sabe o que ele e aquela garota estão fazendo sem algum adulto por perto. 

— Você me disse que ela era mais velha. — O Stirling arqueou uma sobrancelha. — E achei que gostássemos dela. 

— Por isso mesmo. Eu gosto da Erin. Acho que ela é uma garota responsável e muito simpática, mas o Embry é só um menino. Tenho medo que ela o iluda apenas porque está precisando de um lugar para ficar. 

Ele assentiu, compreendendo o ponto de vista da mãe preocupada. 

— Já pensou em deixar o Embry lidar com isso? — insistiu o homem. Ele sentou ao lado dela no sofá, juntando suas mãos sobre a coxa. Não era tão novo quanto gostaria para suportar ficar agachado por tanto tempo.

A Call abriu a boca para refutar. Em sua mente, Embry ainda era um bebê indefeso e inocente que necessitava de sua presença e não conseguia tomar decisões corretas sozinho. Ele não tinha idade para o tipo de relacionamento que Erin precisava no momento. 

— Não estou dizendo que vamos abandonar o seu filho, amor. Só estou tentando dar uma solução que termine com todos felizes. Você vai conversar com o Embry e falar sobre nós, também vai convidá-lo para morar conosco…

— Ele não vai aceitar. Não o vejo concordando em deixar aquele maldito lugar. 

Aaron já tinha ouvido muitas vezes o quanto sua noiva odiava La Push. E o quão repugnantes eram os habitantes de lá. Então apenas assentiu, entendendo o seu rancor. 

— Então apoie ele nisso! — Ele resolveu se explicar ao ver sua expressão irritada. — O Embry é um bom menino, que desviou um pouco do caminho, mas é um ótimo garoto. Você tentou de tudo para mudá-lo, mas talvez o que ele precise de verdade é de um pouco de responsabilidade. Deixar que ele tome as próprias decisões não quer dizer que você vai se tornar uma péssima mãe. Ajudá-lo quando ele precisar é que vai mostrar que tipo de mãe você é. Eu já fui da idade dele, e posso garantir que dei mais dor de cabeça para os meus pais do que o Embry jamais dará a você. 

Tyffany deixou os ombros caírem ao digerir o que estava ouvindo e descobrir que concordava. Era difícil aceitar que seu filho havia crescido. No entanto, pelo bem de Embry, ela tinha que fazê-lo. Só esperava que estivesse tomando a decisão correta…

— O que eu faria sem você? — Ela se inclinou para beijá-lo, mas antes parou alguns segundos para observar os olhos azuis mais bonitos que ela já tinha visto. 

— Não sei o que faria sem mim. — Aaron a puxou para o seu colo. — Mas tenho certeza que a sua vida seria bem mais entediante.  

Uma batida leve na porta fez com que eles se separassem. Apesar de todos do prédio saberem do seu relacionamento, visto que Tyffany estava noiva de Aaron, tentavam evitar que os funcionários o vissem em alguma situação mais íntima.

— Acho que está atrasado para a reunião das dez, Sr. Stirling — zombou Tyffany, arrumando-se para sair da sala. 

Ele a puxou pelo braço antes que a mulher abrisse a porta. 

— Eu te amo. 

A Call sorriu, acariciando a barba que possuía alguns fios grisalhos. 

— Eu também te amo. 




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