Entre Lobos e Monstros escrita por Nc Earnshaw


Capítulo 2
Grávida!?


Notas iniciais do capítulo

Como eu estava com muita, mas muita saudade de vocês, resolvi postar dois capítulos essa semana como uma forma de agrado e para matar a saudade. A data de inicio oficial da postagem, continua a mesma, dia 27 de fevereiro. Amo muito vocês, e espero que gostem!



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Capítulo 1

por N.C Earnshaw

 

O SOL TOCANDO SUA PELE fazia falta, pensou Erin fitando o céu pela janela da lanchonete que ela trabalhava. Como morava em La Push; uma reserva indígena na cidade de Forks, não tinha muitos dias ensolarados. Para sua infelicidade, seus antepassados resolveram viver nas terras mais chuvosas do país, e não tinha nada que ela poderia fazer sobre isso. Então, nos dias em que o sol despontava, — mais ou menos duas vezes no ano, ela aproveitava cada segundo para renovar o seu bronzeado e papear com suas amigas tomando caipirinhas. 

— Erin, o senhor Waltz da mesa cinco está te chamando — disse Andy, uma “amiga” garçonete que trabalhava com ela. 

A Landfish soltou um muxoxo, lançou um último olhar para o céu, imaginando-se na praia absorvendo vitamina D por cada poro do seu corpo, e arrumou seu avental, pronta para atender o segundo maior babaca que ela já tinha tido o desprazer de colocar os olhos; seu padrasto sendo o primeiro. 

— Seja simpática — lembrou Andy, encarando-a com preocupação. — O chefe não está muito feliz com você. 

Erin bufou e arrumou seu rabo de cavalo, observando de canto de olho a situação deplorável de Waltz. Ele mal conseguia sentar-se ereto na cadeira. 

— Carl que vá para o inferno! — A outra mulher tentou silenciá-la, mas Erin nunca foi conhecida por se conter. — Se aquele bêbado nojento tocar em mim de novo, quebro a cara dele! 

Ela deixou Andy para trás, sem querer ouvir mais um dos seus discursos sobre comportamento. Desde que ela tinha iniciado um caso com o dono do local, tinha começado a repreendê-la a torto e a direita. Como se ela fosse de alguma forma, superior. Todo mundo sabia que ela era a outra. Carl era muito bem casado com Tasha. Uma mulher simpática que não merecia ser traída. Eles também tinham não apenas um, mas quatro filhos. Assim como um cachorro, uma casa de cerca branca e uma vida perfeita. Vida esta, que Andy queria para si. 

Erin se segurou para não se virar e destilar seu veneno para sua companheira de trabalho. Se deixasse escapar, seria demitida com toda certeza. E, infelizmente, um emprego medíocre era melhor que emprego nenhum. Então engoliu o que tinha a dizer, e foi em direção a Waltz com um sorriso falso grudado em seu rosto. 

— Bom dia, senhor Waltz! — Fingir alegria com uma pessoa que ela odiava e sentia nojo, era horrível. Ela tinha que tirar forças onde não tinha, e lembrar, a todos os momentos, que precisava do dinheiro; seu padrasto já queria colocá-la para fora de casa com ela ajudando nas contas. Se, por acaso, fosse demitida, ele a chutaria de lá sem pensar duas vezes. — O que deseja? 

O homem lambeu os lábios e a fitou da cabeça aos pés. Um arrepio de repulsa tomou conta do corpo de Erin, e ela quis socar a cara esquelética do desgraçado. “Pensa no apartamento que você vai conseguir comprar com essa grana daqui a dois anos, Erin! Pensa na liberdade”, recordou a si mesma. 

— Senhor Waltz? — chamou. O lápis se encontrava apoiado no papel, pronto para escrever o pedido e sair de perto daquele fodido o mais rápido possível. No entanto, parecia pedir demais, pois os olhos dele estavam concentrados no decote singelo da sua camisa de trabalho. — Meus olhos estão aqui em cima! 

Alfred Waltz soltou uma risada debochada e acariciou sua barba. 

— Prefiro olhar para esses seus peitinhos gostosos. — Ele sorriu e Erin quis vomitar. Os dentes dele eram amarelos e cheios de sujeira. Além de ser um maluco assediador, Waltz não era muito higiênico.

A Landfish abriu um sorriso mordaz e se abaixou um pouco para ficar da altura dos olhos do homem. Ela se inclinou para perto do ouvido dele, tentando ignorar a cera que saia de lá, e quase o socou ao ouvir um gemido. 

— Olha aqui, seu drogado idiota, se continuar a me importunar no meu local de trabalho ou onde quer que seja, arranco esse seu pau nojento e costuro no meio da sua testa. 

Ela se afastou com o mesmo sorriso educado, deixando Waltz com a boca aberta de horror. 

— Ora, sua vadia impres-... — Erin o repreendeu com um golpe rápido no pescoço, fazendo-o perder o fôlego. 

— Céus, o senhor Waltz está se engasgando! — gritou a Landfish fingindo preocupação. 

Andy correu até lá com um copo de água em mãos e Carl, sentado no caixa, somente levantou o olhar por alguns segundos, verificou qual cliente era e, ao ver que era um porco bêbado e sem grana, voltou-se para o cliente que atendia como se nada estivesse ocorrendo. — Se abrir a boca sobre isso, vou fazer muito pior. 

Alfred pareceu entender o recado e assentiu. 

— Está bem, senhor Waltz? — inquiriu Andy, entregando-lhe o copo com água. 

O homem arrancou o objeto da mão da garçonete com grosseria, e engoliu todo o líquido de uma vez. 

— Ora, vá com calma, senhor Waltz! Não queremos que o senhor se engasgue de novo e acabe sufocando. — Ambos sabiam que ela estava provocando-o. Alfred tinha sido o pesadelo de Erin desde o início do emprego. Dando cantadas, passando a mão na sua bunda, encarando seus seios… A garota, naquele dia, tinha chegado ao seu limite. 

Waltz acalmou a respiração e bateu o copo com força na mesa. Não era sorte não ser de vidro; todas as garçonetes eram espertas o bastante para nunca servir bebida em algo quebrável para aquele cara. 

Ele se ergueu num pulo e Erin puxou Andy pelo ombro para afastá-la do caminho do bebum. 

— Já vai embora, senhor Waltz? — indagou a Landfish, assistindo ele cambalear até a porta. 

— Vai pro inferno! — A resposta grosseira a fez abrir um sorriso sincero. 

A sineta tocou, para o alívio de Erin, marcando o momento que o traste a deixaria em paz. 

— O que fez pra ele ir embora? — inquiriu Andy, com a cara fechada. 

A quileute deu de ombros e se virou para atender uma mesa, mas seu braço foi segurado pela outra mulher. 

— Você não pode dispensar os clientes desse jeito, Erin! 

— Por que não, huh? Ele não passa de um bêbado nojento! — Ela puxou seu braço para se soltar e colocou a mão na cintura quando obteve sucesso em se livrar. 

— Mesmo assim! É um cliente! Você não pode dispensar clientes dessa manei-...

— Por que não cala a boca e para de se meter nos meus assuntos? — cortou Erin, franzindo o cenho. 

— O Carl não vai ficar feliz com isso — ameaçou Andy. — Ele já está mal-humorado hoje e se ele souber…

— Ele não estaria de mau-humor se você tivesse chupado o pau dele direito — sussurrou Erin, perdendo a paciência. 

A outra abriu a boca, chocada. 

— Do que você está falando! 

A Landfish fez uma carinha tristonha.

— Vi vocês mais cedo, no banheiro. Percebi que não consegue engolir o pau dele todo. É esquisito, porque o pênis dele é bem abaixo da média, mas se quiser, posso te dar umas dicas. Os caras sempre dizem que faço o melhor boquete da região. 

— Garota, você é maluca! — Erin suspirou teatralmente quando ela deu as costas, e começou a limpar uma das mesas, voltando a fitar a janela e mentalizar dias lindos e com muito sol. 

A Landfish sentiu um mau pressentimento logo que desceu do carro e encarou sua casa. Com olhos observadores, admitiu que tudo parecia estar no seu devido lugar. A pintura azul e descascada, o jardim mal cuidado e a caranga; que seu padrasto, Carter, insistia em chamar de carro, não se encontrava na garagem ainda. 

Erin pegou sua mochila e colocou a alça sob um dos ombros, pensando seriamente em ligar para um de seus ficantes e apenas voltar para casa no dia seguinte, após seu expediente. Sua mente traidora, pensou em ligar para Paul, mas ela se repreendeu. Toda La Push sabia que ele estava em um relacionamento sério com a caçula dos Cullen. E a Landfish era tudo, menos destruidora de lares, então pegou seu celular e deletou o contato salvo como “delícia”. 

A lembrança de Paul tomando o celular da sua mão para salvar o seu próprio contato com um nome “apropriado” fez seu coração apertar. 

Ela acelerou os passos para entrar em casa rapidamente, entretanto, voltou para fechar a porta do carro que tinha esquecido aberta. 

As lembranças do Lahote a deixavam transtornada, não somente pelo sexo, mas pela amizade que ela achava que eles tinham. O entendimento de duas almas fodidas pela vida. Para a decepção de Erin, Paul não dava a mínima para ela ou para os seus sentimentos. 

— Você demorou. — A voz de sua mãe a alertou de sua presença assim que ela abriu a porta de casa. 

Erin ergueu a cabeça e mordeu os lábios ao perceber como o rosto de sua mãe parecia exausto. Kayla não trabalhava fora, mas a garota achava que ficar enfurnada naquele inferno era pior e muito mais desgastante. 

— A lanchonete estava lotada hoje — explicou, enquanto pendurava seu casaco. — Carl me pediu para ajudar por mais uma hora. 

A mulher balançou a cabeça para demonstrar que tinha ouvido e cruzou os braços. 

Erin estranhou o silêncio da sua mãe. As horas após sua chegada do trabalho, eram as mais “animadas” para ambas. Eram quando podiam conversar sem a intromissão de Carter.

— Está tudo bem, mãe? — conferiu, aproximando-se dela em passos calmos. — Está meio pálida.

— Só estou um pouco enjoada, querida. Nada que eu não possa suportar. 

Erin se preocupou mesmo assim. Sua mãe era a única família que ela possuía, então tratava de cuidar dela sempre. 

— Quer ir ao hospital? — Ela fez um gesto de pegar seu casaco para sair, mas Kayla segurou sua mão.

— Não, não — negou ela com urgência. — Estou bem. 

A quileute assentiu, desconfiada, e passou por sua mãe, indo em direção a cozinha.

— Erin! — O chamado a fez virar no mesmo instante. 

— Sim? 

— Preciso te contar uma coisa — disse a mulher, nervosa, apertando a barra da própria camisa com força. 

— Pode contar — incentivou, mesmo que estivesse sentindo seu estômago embrulhar. Nunca tinha visto sua mãe tão assustada. 

— E-eu… — gaguejou Kayla. 

Erin apertou seu ombro, dando-a apoio. 

— Estou grávida. 

“Grávida?”, pensou, desnorteada. 

— Grávida? — Sua boca reproduziu seus pensamentos. — Como assim, grávida? A senhora não tem mais idade pra isso. Não tem como…

— Não estou assim tão velha, Erin — repreendeu sua mãe em um tom severo. — Meu período ainda vem, então posso engravidar tanto quanto você. Com riscos, claro, mas, mesmo assim, ainda posso trazer outro bebê ao mundo. 

Erin abriu a boca, sentindo cada músculo do seu corpo congelar. 

— Então… — A garota buscou se controlar. — Acho que tenho que dar os parabéns… Parabéns! 

A quileute se virou para ir até seu quarto, contudo, algo a fez voltar. 

— O Carter já sabe? 

— Ainda não. Preferi contar a você primeiro. 

Erin balançou a cabeça, sem forças para comentar alguma coisa com naturalidade. 

— Mas, querida, se ele te perguntar quem soube primeiro, diga que foi ele, está bem? — implorou. — Não quero chateá-lo. 

A Landfish bufou, lembrando do motivo de odiar tanto seu padrasto. Ele era um maldito controlar que usava a esposa como objeto. 

— Tá legal. — Foi a última coisa que ela disse antes de pegar as chaves do carro e sair de casa. 

Ela dirigiu sem rumo, pensando em ir até à casa de Jane, mas se conteve, lembrando que os pais dela a odiavam. 

Quando avistou os penhascos de La Push, teve uma grande ideia. Nada melhor para limpar a mente, que nadar um pouco. 

Ela subiu até o penhasco mais alto e avaliou o mar abaixo de si. Estava um pouco mais agitado que o normal, mas nada que ela não conseguisse aguentar. 

Tirou os sapatos, jogando de lado de qualquer jeito, e agradeceu por estar com uma roupa mais leve. Olhou para o céu por uma última vez, xingando as nuvens malditas mentalmente... E saltou. 

 


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