Os Humanos escrita por Camélia Bardon


Capítulo 1
O primeiro começo


Notas iniciais do capítulo

Olá xuxux ♥ como vão vocês? Tava super animada pra começar o spin-off do meu xodó desse ano, por sorte ele saiu mais cedo do que esperava! Como diz a sinopse, serão pequenos continhos de coisas que não cabiam em 100 palavras mas que não podia deixar passar, então vieram parar aqui. Espero que gostem ♥
O tema desse primeiro capítulo é um pouquinho dos babys Nath e Ginger, porque foi a única coisa que pensei pra encaixar com a palavra e.e


fur·da
substantivo feminino

— Cabana rústica feita com materiais leves como palha, ramos, colmos etc.



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Nathaniel dividia-se em considerar o apartamento como uma conquista e como liberdade cercada. Apesar de o apartamento ser parte do acordo judicial como medida protetiva contra o pai, Nathaniel sabia que não podia contar com seu “apoio” financeiro para o resto da vida. Até lá... Bem, ele dava suas festas de arromba de acordo com seu teor pacífico de ser.

Ginger havia dado a ideia de fazer um open house simples para comemorar a chegada do colchão no apartamento. Era um tanto humilhante convidar a namorada para uma casa que sequer cama tinha, mas não era como se as molas tivessem magnetismo suficiente para que ambos quisessem fazer algo mais de qualquer jeito. A pobre garota apenas queria oferecer apoio emocional, não iria barrá-la por ter pouco mais que uns móveis pingados no apartamento.

— Já estamos virando especialistas em fazer piqueniques, hein? — Ginger empurrou-o de brincadeira com o corpo, deixando à Nathaniel a tarefa de segurar o pote de biscoitos enquanto ela prendia os fios alaranjados num rabo de cavalo. — Primeiro, o parque com a salada, agora...

— Não me diga que cozinhou esses aqui — Nathaniel, por sua vez, ergueu uma sobrancelha um tanto incrédulo (e com razão).

— Eu? Imagina, comprei no mercado. Eu não ia arruinar o open house com a minha comida horrível.

Nathaniel gargalhou, passando um braço ao redor de seus ombros carinhosamente.

— Não acho que seja tão ruim assim...

— Não, não. Eu não estou sendo modesta, Nath. A minha comida é patética. Não iria dar ela a você a menos que estivéssemos passando fome.

— Mas você tem outras qualidades a oferecer, suponho?

— Claro. Eu sou uma tremenda palhaça, para começar — ela piscou para ele, arrancando mais uma gargalhada do namorado. — Viu só? Só falta a maquiagem.

Nathaniel segurou o pote de biscoitos possessivamente, então foi a vez de Ginger rir da tentativa de comédia do namorado. Deixando as bolsas no balcão da cozinha, ambos caminharam até a sala e sentaram no colchão – por sorte, este era tremendamente confortável para compensar a falta da estrutura da cama. Nathaniel, é claro, fez o favor de se esparramar no colchão, confortavelmente.

— Olha só quem vem lá — Ginger comentou, sorrindo.

Com preguiça, Nathaniel voltou os olhos âmbares para o corredor, para dar de cara com Branca, seu filhote de gato Sagrado da Birmânia. Branca ainda não tinha tamanho nenhum, mas seu amor por ele e por Ginger ultrapassava seus pelinhos. Era engraçado como o rabo escuro contrastava com os pelos claros enquanto ela rebolava em direção aos dois.

— Rainha Branca — Ginger cumprimentou-a, pegando a gatinha minúscula no colo. Em retribuição, Branca ronronou e esfregou-se na humana, contente por um afago. — É, eu também senti saudades... papai deveria me chamar mais vezes para vir, assim não ficamos tão longe uma da outra.

— Papai precisa arranjar mais que um colchão, uma privada, fogão e geladeira para chamar a humana mais vezes — Nathaniel replicou, bem-humorado.

— Papai também precisa de lembretes frequentes que a humana não liga para isso, contanto que ganhe um tempinho extra com ele...

Nathaniel e Ginger trocaram um olhar carinhoso, com todo recato que um início de namoro exigia. Daí, ao desviar o olhar para os poucos pertences organizados cuidadosamente dentro de caixas de papelão, Ginger anunciou:

— Tive uma ideia.

— Uma da qual vou me arrepender depois ou...? — interrompido por uma careta da garota, Nathaniel riu. — É brincadeira.

— Muito engraçadinho, Poirot. Mais um pouquinho e você fica calvo e deixa um bigode crescer.

— Aí já é demais...

Ginger deu-lhe a língua, levantando-se para resgatar um pano branco que se sobressaltava no meio das roupas. Agitando-o no ar vitoriosamente – sem tirar Branca do colo, é claro –, ela abriu um sorriso de quem estava para aprontar alguma.

— Vamos montar uma furda de lençol!

Nathaniel ergueu uma sobrancelha, roubando um dos biscoitos do pote.

— É? Como aquelas de criança?

— Exatamente como aquelas de criança. Vai, vai ser divertido!

Em um minuto, Ginger já estava o puxando pela mão. Em outro, Nathaniel já havia posicionado uma cadeira de cada lado do colchão, estendendo o lençol por cima delas e formando uma perfeita tenda. Certo... Talvez nem tão perfeita, mas valeu a tentativa.

— Um primor arquitetônico — Ginger comentou, ao passo que Branca principiou a cheirar a estrutura nova da casa. Contentando-se com um cantinho debaixo do lençol, ambos os humanos sorriram com a graciosidade da gatinha. — Se ela gostou, está aprovado.

Nathaniel concordou com a cabeça, voltando a se esparramar no colchão. Já Ginger, inspirada pela aura nostálgica, apagou as luzes da sala antes de deitar-se junto a ele. Deixando apenas a lanterna do celular acesa no brilho mínimo, Branca bocejou e enrolou-se que nem bolinha.

Confortável ao extremo.

— Hum, agora tá gostoso — Nathaniel abraçou-a pelos ombros, puxando-a para mais perto. — Quer que solte o elástico?

— Ah, por favor... Senão depois fica marcado e doendo.

De prontidão, Nathaniel liberou os cabelos de Ginger, aproveitando para acariciá-los no processo – ela até fechou os olhos, tamanho relaxamento. Nathaniel também não pode deixar de beijar sua testa delicadamente, estudando com cuidado cada sarda sutil em seu rosto.

— O que foi? — indagou ela, sussurrando.

— Nada... Estou só te olhando — o presidente do grêmio sorriu, fazendo com que as bochechas de Ginger corassem de uma maneira adorável. — E pensando.

— Pensando? Em que?

Nunca tinha sido bom com palavras, mas precisava tentar ao menos uma vez antes de perder a chance de dizer o que precisava.

— Em... Como você me faz feliz, sem precisar de muito. Uma furda desleixada é suficiente para me arrancar um sorriso. E só você consegue fazer isso, pelo visto.

Foi a vez de Ginger beijar-lhe a testa afetuosamente.

— É porque me importo com você, Nath. Sempre vou querer vê-lo bem e feliz, independente do que aconteça ou quanto tempo passe.

Debaixo da cabana de lençol, nada podia atingir os dois adolescentes. Mesmo antes dos dois terem a mesma noção do que era amor, uma faísca do que viria a ser futuramente nasceu ali. Em meio a apenas um colchão, um gato e biscoitinhos amanteigados.

E era suficiente.


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Notas finais do capítulo

Um pouquinho de glicose pra aquecer os corações ♥ e aí, gostaram? Odiaram? Ambos?
Nos vemos no próximo!



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