Amor Imperial escrita por AsRodrigues1995


Capítulo 1
Um




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Postado em 31 de outubro de 2020

 O reino estava em festa, mais uma vez. Já havia perdido as contas de quantas vezes contara as festividades que aconteciam durante um ano. Mas, daquela vez, era diferente. Uma vez ou duas olhara pela janela do segundo andar da grande casa onde morava para a rua, muitas pessoas iam e vinham caminhando apressadas carregando lindos e macios tecidos, como se aquilo fosse o necessário para suas sobrevivências. Além disso, era uma festa que o jovem imperador daria, bem, aquilo não lhe agradava. Dançar era algo gracioso para uma moça daquela época, as longas roupas bem rendadas e coloridas, outros usando suas roupas típicas da cultura e aqueles inúmeros penteados na cabeça eram agradáveis ao público que cortejam sempre as moças que se vestiam assim, simplesmente achava aquilo ridículo.

Pouco sabia de agora. Saíra com a família dali e retornara agora aos quinze anos, não tinha noção de novos costumes, as leis ainda seriam as mesmas? Aquela sociedade lhe irritava, uma vez ou duas durante a primeira semana que chegara ali a olharam de cima abaixo e empinaram narizes, ricos e miseráveis por dentro, sempre dispostos a desprezar quem tivesse uma roupa menos brilhante que as suas. Os abominava. As pessoas eram como marionetes que são movidas por seus donos para bem onde entendem, eram superficiais e vazias. 

Elevou a espada mais uma vez ainda de pé no dojo. As roupas consistiam num kimono de luta, algo nada feminino, deveria ser que por isso, a cada hora a madrasta lhe chamava atenção para que fosse mais dócil, mais feminina, uma donzela. Saia dificilmente de casa, sempre era motivo de risadas e muitos dedos lhe apontando na cara que nunca encontraria uma boa pessoa para se casar, até diziam que ela levaria a desgraça ao nome de sua família.

Deveria ser uma donzela, pura de coração, pura de corpo, as regras eram tantas que dormia quando a mulher de seu pai as recitava, mulheres pareciam bonecas sendo puxadas por seus maridos e não caminhando como humanas e por vontade própria, tudo girava em torno dos homens, as mulheres eram sempre o segundo ponto. Deveriam ficar em casa, não deveriam ter sonhos, eram ensinadas desde a infância que deveriam viver elegantemente para o marido e só para ele, poucas sabiam ler e as que sabiam eram consideradas estranhas, a leitura fazia uma mulher pensar, ter ideias.

Eram como cascas de sonhos perdidos e enterrados e ainda assim esbanjavam leques coloridos e sorriam como almas penadas ao verem os muitos homens que as desejavam com o olhar. Todos deveriam ter sonhos, expectativas... Como seria a vida além das muralhas do reino? Para ela, deveria ser normal do ser humano ser daquela forma, pensar, e não julgar as pessoas sem antes conhece-las, estereótipo? 

A mãe havia falecido quando tinha apenas cinco anos, mas seu retrato pintado continuava muito bem preservado no seu criado mudo. Para quem a olhava de fora, aparentava uma donzela fria, talvez por causa dos olhos negros e firmes. Era bela, e por isso diferente. 

Treinara por horas, agora gotas de suor salgado escorriam de sua testa, caiu de joelhos no chão do dojo. Uma das criadas chegara na porta do dojo e logo fez uma reverência. 

—Senhorita Hinata, uma mensagem para a senhorita! 

Caminhou até a mulher, depois de guardar a espada de madeira na bainha, pegou o pergaminho que a mulher levava nas mãos e pôs se a ler enquanto retornava para o centro do dojo. Os olhos arregalaram-se. Correu para fora do dojo, os olhos quase saiam para fora das orbitas oculares.

Os pais estavam sentados ao redor da baixa mesa na cozinha e a irmã mais nova de apenas dez anos estava em frente ao fogão à lenha fazendo algo. A situação financeira da casa era precária, mas não o suficiente para passarem fome, apesar de não luxarem mais como antes, desde que a primeira esposa morrera, o dono da casa tornara-se pouco aberto e entrara no mundo do saquê de cabeça. 

—Concubina?! Eu prefiro morrer! 

Os dedos finos e delicados da mãe de criação acertaram seu rosto em cheio, até quis retribuir aquilo, porém, não importava, por uma simples razão: respeito. Por mais que aquela megera fosse ruim com ela, havia a criado desde que sua verdadeira mãe morrera, não com amor, não com tanta atenção, mas havia cuidado. Abaixou a cabeça, sentia raiva. Que espécie de sociedade era aquela? Não queria ser uma simples mulher que passa o dia em casa apenas fazendo coisas domesticas e cuidando dos filhos, queria algo a mais. 

—Você é uma donzela! Para de se fingir ser homem! Obedeça ordens! Honre esta família! 

—Desde quando ser uma amante para um homem que pode ter mais de uma mulher é algo honrado...? 

O pai nada fez dessa vez, já era de se esperar. Mas no fundo dos olhos dele, via a tristeza. Hinata apenas fitou a mulher, a carta do imperador estavam nas mãos dela, dizia que ele pedia que sua filha mais velha fosse convocada à presença dele onde ele escolheria as mais belas jovens para serem novas concubinas. Aquilo era imperdoável, não era uma qualquer, não era uma prostituta, nunca havia sequer beijado, e além do mais, tinha apenas quinze anos. 

—Filha, sei que você quer algo diferente, mas são ordens... Não podemos fazer nada. 

—_Por que eu? 

—Eu sei que será difícil, mas terão muitas moças, se você não for escolhida, será uma benção. E você pode até gostar dele... 

O pai a respondeu com um sorriso disfarçado, Hinata fez um gesto de deboche e riu. O pai sempre tentava tirar proveito das mais ruins provações. Ser a concubina de um jovem imperador poderia elevar os status de sua família, tirá-la da pobreza, mas e quanto a sua felicidade? 

—Eu prefiro ser uma guerreira invés de concubina. 

Ouviram o enorme sino do centro tocar. Já havia se banhado com ajuda das criadas, ou não. Não gostava de quando ficavam a paparicando. Aquilo era horrível para ela, vestiu um traje tang, nem se importava com o que falariam e nem amarrou os cabelos. A mãe de criação estava irada. Deu uma olhada em seu quarto antes de sair, parecia sem vida. Abriu uma simples gaveta do criado mudo e pegou uma pintura. Nela jazia a imagem de um garotinho, a admirou por um tempo aquela pintura, suspirou. 

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O imperador Sasuke Uchiha sentou-se sobre sua enorme cama, a pequena coroa estava sob a cabeceira do lindo criado mudo, suspirou. O jovem imperador nem parecia feliz com a própria festa que proporcionara a todos. Uma vez ou duas olhara o movimento lá debaixo de sua varanda do palácio, todos pareciam contentes, tudo a mesma coisa de sempre. Nenhuma novidade. Levantou-se da cama indo até o criado-mudo, sentia-se fora de si naquele dia, nada de bom acontecia, reuniões e reuniões. A mesma ladainha todos os dias, tirou uma pintura de uma gaveta e ficou ali olhando-a por muitos segundos.

A luz do sol refletia pela linda varanda do quarto dele, a pele era tão branca, os olhos negros como ônix e de longos cabelos negros e lisos. A porta de seu quarto abriu-se bruscamente, nem se assustava mais. 

—Ela retornou, Sasuke. Enviei um mensageiro para levar-lhe o convite. 

Sasuke sorriu, aquilo o deixara feliz. O irmão mais velho lhe dera uma boa notícia, algo finalmente acontecera. 

—Itachi, obrigado. 

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A tão esperando festa chegou, o salão do palácio estava repleto, moças de todas as idades que passeavam esbanjando suas lindas roupas, seus lindos cabelos e maquiagem. Hinata ficou as observando, pareciam desejar serem escolhidas para concubinas, perguntou a si mesma o que tinha na cabeça de uma mulher para desejar aquilo. Fama? Riqueza? Bem, sim. Amor não teria. Seu pai lhe pedira algumas vezes para que circulasse com as outras moças, que bebesse um pouco, mas preferia ficar no canto do salão. Uma vez ou duas as moças passavam, a olhavam de cima abaixo e riam dela, não que aquilo a magoasse. 

—Senhorita Hyuga, seus cabelos estão uma gracinha. 

E riu falsa. Era filha de um rico senhor abastardo. Outra junto com ela também parecia enojada. 

—Até que você é bonita, deveria valorizar isso, querida. Senão o imperador vai lhe empurrar para fora daqui. 

E as duas saíram as gargalhadas. 

—Tantas garotas já se apresentaram e o imperador nunca se interessou. 

Disse o pai de Hinata, olhava as moças que iam e vinham e depois para a filha. Ela não se maquiara. Tinha muitas roupas, mas as roupas de treinar do pai e de dormir eram suas favoritas. As vezes até se perguntara se tivera a filha com a família errada, não tinha mágoas, não tinha ira em seu coração, havia esperança. 

—É a única diferente. 

Disse-lhe o pai. 

                                                                                               -x-

O jovem imperador desceu as longas escadas de seu palácio, a música lá do salão de baile se ouvia de longe, entrou no imenso salão principal acompanhado de seus dois guardas, tudo estava muito lindo e preparado. Roupas coloridas que iam e vinham por todos os lados, a dança já começara e muitas jovens dançavam esbanjando suas roupas bonitas. Quando todos notaram a chegada do jovem imperador, fizeram silêncio e a música cessou, fizeram uma reverência à ele, muitas moças davam risinhos e empurravam as outras querendo chamar atenção do jovem imperador. 

—Fúteis... 

Ele sussurrou consigo mesmo. O braço direito do jovem imperador e também seu irmão abriu um enorme pergaminho e o desenrolou, logo após todos os murmúrios cessarem. 

—É com enorme gratidão que recebemos vocês nesse lugar. Como sabem, hoje é o aniversário de dezoito anos do nosso jovem imperador Sasuke Uchiha. O motivo desse baile, é a escolha de uma concubina.

Os gritinhos das muitas moças ali ecoaram, para Hinata aquilo parecia um enorme leilão de órgãos íntimos, uma feira onde mulheres eram o objeto de liquidação e torciam para serem compradas. 

Itachi olhou para todas as jovens e em seguida ao irmão e continuou. 

—Da família de Watanabe, suas duas filhas... 

Ele disse o nome das duas moças, Hinata as viu passarem por ela de nariz erguido em direção ao jovem imperador. Cada moça de cada família iria se apresentar. O jovem imperador olhou as duas moças, com aquela maquiagem e vestido eram belas, mas, todas ali eram. 

—Próximas. 

Ele disse, as duas jovens saíram dali irritadas. Hinata sorriu de lado, mereciam aquilo. Mantinha-se no canto do salão, o pai a empurrava de vez enquanto para o meio, queria fugir dali, ir para o dojo e treinar. E assim muitas foram apresentadas, o jovem imperador já estava decepcionado, bufou olhando ao redor, fitou os homens que tocavam instrumentos, as criadas, as pessoas que serviam alimentos, ninguém diferente. Mas, havia uma garota anormal no canto do salão, não se destacava mais ainda pelo fato de estar quase escondida por detrás de uma das enormes cortinas. Chamou Itachi para perto de seu ouvido deixando todos no salão curiosos com a decisão do jovem imperador. 

—Itachi, aquela donzela perto da terceira cortina vermelha é a filha do médico Hiashi? Da família Hyuga? 

—Sim, irmão. A família de Hiashi retornou há meses, soube que agora tem duas filhas, mas uma ainda é criança. 

—Mande todos ao salão ao lado, deixe somente a família de Hiashi nesse momento. 

Disse Sasuke, Itachi fez a declaração. 

—Todas as famílias por favor, se encaminhem ao salão reservado ao lado. Nesta sala somente a família do médico Hiashi. 

Todos ficaram boquiabertos e aos poucos foram escoltados com gentileza pelos soldados para o salão ao lado. Muitas e belas gueixas os levavam esbanjando suas sensualidades e elegância oculta. A família de Hiashi estava confusa, por que estavam ali sozinhos? Itachi Uchiha sorriu de lado, fitou o irmão mais novo ao seu lado, parecia tão entretido com a moça Hinata. Olhou para uma das janelas do palácio, um homem de preto fez um sinal de que algo estava tudo bem. 

Mais afora no pátio, muitos guerreiros caídos no chão, pareciam ter sido gravemente feridos, uns até mortos, o que havia acontecido? 

Hinata tentava não olhar o rosto do jovem imperador, ele continuava sentado a olhando, parecia querer que ela lhe olhasse nos olhos, ela mantinha-se olhando os lados e desviando o corpo o embalando em pé. 

—Olhe para mim. 

—Sou uma serva, não tenho a audácia de olhar nos olhos do meu imperador. 

Os olhos de Sasuke arregalaram-se, que impertinente. Que crítica fingida de educação era aquela? Levantou-se e caminhou até ela lentamente, a rodeou observando aquelas roupas, eram desagradáveis para uma donzela. Seus cabelos eram bonitos, mas estavam soltos e com algumas mechas molhadas, como se não houvesse o enxugado bem. Ela não tivera tempo para se arrumar? Parecia uma criada maltrapilha e faminta, apesar de estar vestida com um belo traje.

—É a primeira que não me obedece. 

—Um dragão, hein? 

Itachi cruzou os braços olhando os dois. 

—Se me deixou aqui porque me escolheu, saiba que não sou a pessoa que pretende fazê-lo feliz, no entanto teria que me fazer apaixonar-se por você. Sou uma garota de uma família das redondezas, uma família falida, não tenho o que lhe oferecer. 

—E se eu cuidasse da situação da sua família? 

Talvez aquilo fosse bom. Ainda nem havia dito se a escolheria ou não. Apenas tinha um pressentimento. 

—Nesse caso, case-se com o meu pai. 

O jovem imperador quase pulou para trás. Ela não era delicada e gentil como as outras moças que até se sentariam no chão que ele pisasse. Era estranha. Apesar disso, era realmente bela. Foram interrompidos pelas belas janelas de vidro sendo quebradas e o lugar ser invadido por homens vestido de preto. Quem seriam? Hinata deu um passo para trás, o que estaria acontecendo, os homens logo fizeram um cerco, o jovem imperador estava incrédulo. Os poucos soldados que ali estavam partiram para a luta e foram mortos rapidamente, eram bons homens, tinha técnicas. Seriam ninjas? 

Os pais de Hinata mantinham-se quase imóveis, o sangue dos guerreiros mortos escorria pelo chão e o jovem imperador mantinha-se de pé sem entender nada. 

—Onde estão meus guardas? Itachi! 

Chamou o irmão, quando o olhou a surpresa foi maior, Itachi estava ali e sentava-se naquele momento em seu trono com um sorriso simples. Sasuke ficou em silêncio por alguns segundos até entender tudo. Olhou para as janelas quebradas. Se haviam entrado facilmente, seus homens estariam mortos, ali dentro todos mortos, não teria suspeitas, pois todos estavam no salão ao lado e não viam nada. Itachi era um traidor? Aquilo era um plano? Ou uma brincadeira? 

—Itachi... Eu confiei em você. 

O irmão levantou-se do trono cruzando os braços atrás da costa e sorriu como se aquilo fosse algo normal. 

—Acha mesmo que o aconselhei para ser jogado fora quando fizesse dezoito anos?! O trono é meu por direito irmão, eu sou o mais velho! 

—Mas, você é meu querido irmão... 

Disse Sasuke, Hinata finalmente o olhou, ele parecia em pânico, seus olhos estavam um pouco úmidos. Até ela estava com medo, o pai abraçava a esposa tentando conter o nervosismo. 

—Matem os pais da garota e a levem prisioneira juntamente com o imperador Sasuke. 

—Não! 

Hinata exclamou. Viu nitidamente quando os homens separaram seu amado pai de sua mãe de criação e os golpearam com espadas. Viu o sangue vermelho do pai sair pelos lábios e pelo ventre por ser traspassado por uma espada e seu corpo cair sobre o chão onde outro momento todos dançavam felizes. Aquilo era surreal. O pai morrera com os olhos abertos olhando para ela, deixou que as gotas escorressem silenciosas dos olhos para o chão. 

Aquilo deveria ser um pesadelo, não era real. Piscou os olhos, a cena continuava ali, o pai ainda estava ali no chão, a olhando com os lábios molhados de sangue vermelho. 

—Levem a garota e Sasuke! 

Disse Itachi. Os homens foram aproximando-se, Sasuke estava paralisado, não era de lutas, devido a isso não tinha uma espada naquele momento, somente seu corpo coberto por uma linda roupa de cetim. Sentiu seu corpo ser jogado contra o chão, Hinata o empurrara. 

—Vocês não tocarão nele! 

Ela tinha ódio e medo nos olhos. Não era o esperado. Itachi soltou uma alta risada e colocou um dedo debaixo do queixo como se pensasse. 

—O que uma pirralha de quinze anos sabe fazer? Lavar o chão? Olhe só para si própria, você é uma vergonha para a sociedade, roupas velhas num baile. Sem maquiagem e penteado. E ainda grita. É uma mulher nojenta e hipócrita... 

Os olhos de Hinata arregalaram-se, aquelas palavras lhe lembravam sua mãe de criação. Ela a estapeara sempre que dizia que queria ser mais que uma simples mulher. A sociedade as via como meros brinquedos sexuais, empregadas, um ser que deveria viver controlada pelo marido. Aquilo era nojento, não queria viver aquela vida miserável. 

Lembrou-se das noites quando ainda era uma pequena garota, logo que perdera a mãe seu pai sempre estava ali para ela. Ele havia lhe dito para seguir seus sonhos, fazer a diferença. Até a presenteara com sua primeira espada de madeira e por último uma de verdade de dois gumes. Agora ele se fora, sua vida havia sido tirada. Desceu os dedos pela roupa elegante rasgando-a de cima abaixo, sentia seus olhos queimarem, arderem, não sabia interpretar a sensação daquilo, não sabia se era ruim ou bom. Debaixo daquela roupa havia outra simples roupa, uma simples traje preto e meias. Uma bainha no cós daquela calça com uma espada, a desembainhou. 

Itachi arregalou os olhos ao vê-la com uma espada em mãos, e depois riu. Uma mulher naquela sociedade não saberia empunhar uma espada, não saberia luta. Desde pequena todas elas iam para escolas de costura, para aprenderem a serem donzelas delicadas. 

—Derrubem ela. 

Os homens correram em direção de Hinata a atacando com muitos golpes de espadas, ela se defendeu de alguns. Sentia um tremendo ódio, os pais mortos do outro lado do salão, o som do outro lado estava em festa, com certeza nem a escutavam, riam e dançavam. Hinata lutou, não era párea para aqueles homens, mas tinha raiva naquele momento. Em questão de experiência e força perderia e foi o que ocorreu. Fora golpeada no ventre, um corte médio, mas que a fez perder sangue, caiu no chão de joelhos soltando a espada e tapando o corte com as mãos, enquanto o sangue vermelho escorria dentre os dedos. Itachi estava vencendo. 

—Uma mulher jamais poderá ser melhor que um homem, servem apenas para procriação. 

Hinata cerrou os dentes ao ouvir aquelas palavras, logo as lágrimas retornaram a escorrer, tentou contê-las apesar da dor do corte no ventre. 

—Foi uma mulher que pariu você. Mulheres não são escravas dos homens... Mulheres dão a luz aos homens... E eu vou te matar... Eu juro, por esse sangue vermelho que suja minhas mãos... 

Ele acertou-lhe o rosto com uma forte tapa. Sua visão tornava-se turva a cada segundo, chegou a escutar a voz do jovem imperador a chamando, parecia atordoado, apagou. 

                                                                                              -x-

Sentiu seu corpo tremer, estava doendo da ponta do dedo do pé até a ponta da cabeça. Estava escuro e quente, mas podia sentir duas mão acariciarem os seus cabelos, queria acordar, mas não conseguia, forçou-se os entreabrindo. Onde estaria? Seria uma carroça? Olhou ao redor, tinha um jovem, Sasuke? Por que ele estaria ali? Ele parecia aflito, estava vestido com roupas velhas e sujas, onde estava aquela manta linda que ele usava na festa?

A festa! O que havia acontecido depois? Sasuke molhava um pedaço de pano já desgastado numa vasilha com água e colocou sobre a testa dela, sorriu aliviado quando viu seus olhos abertos. 

—Ah, finalmente acordou... 

—O que aconteceu...? 

Tentou captar o que estava acontecendo. 

—Somos prisioneiros. 

Os olhos de Hinata arregalaram-se e aos poucos as lágrimas escorreram, frias e finas. Sentia seu ventre doer, esforçou-se para olhá-lo. Estava com um curativo. 

—O que foi aquilo? Por que aconteceu? 

—Ele era meu braço direito e meu irmão mais velho. Itachi, o primeiro da linha de sucessão... 

—Que desgraçado... 

Sasuke suspirou olhando para ela, tinha que entender. Ela perdera os pais bem na sua frente e quase morrera. 

—De qualquer forma, estou feliz. 

Seu rosto foi acertado em cheio pela mão da moça. Sasuke ficou intacto. 

—Feliz... Feliz?! 

Ela sentou-se, fazendo o curativo de seu ventre sangrar. 

—Seus problemas afetaram a minha vida! Por causa disso. O meu pai... Meu amado pai foi morto na minha frente! Minha única família! Só me resta um primo, e eu nem sei se ele sabe se eu existo! Como isso pode ser motivo para ser feliz?! Dê-me um motivo! 

Ela o agarrou com raiva pela gola da roupa que usava, ele manteve-se sereno mesmo naquela situação. A carroça parecia andar sobre pedregulhos, pois balançava muito. 

—Estamos vivos. 

Aquilo era verdade. Apesar de tudo estavam vivos e inteiros. Não estavam em boa situação, mas tinham vida. O soltou enxugando as lágrimas. 

—Você é um idiota. Nem ao menos tentou se defender, só ficou olhando... Que tipo de líder sem noção nem sabe segurar uma espada... 

—Um imperador é apenas servido, não toca em espada. Acha que eu sei alguma coisa sobre batalha? 

Hinata riu com dificuldade, ele era tão patético sem aquelas roupas lindas e brilhantes. 

—Para que serve um líder que usa os outros para lutarem por ele porque não tem força própria? 

Sasuke manteve-se em silêncio, e pensando bem, ela tinha razão. Houve silêncio por alguns segundos até Sasuke retomar a palavra. 

—Perdoe-me, por tentar me proteger você foi ferida. 

—Não me agradeça. É como as leis de seu palácio e de seus conselheiros dizem... Eu sou só uma mulher! 

—Você me detesta tanto assim? 

Hinata sorriu encostando-se no canto da jaula dentro da carroça, deslizou um dedo ainda sujo de sangue numa mecha de cabelo que caia sob o rosto.

—Sim, mas se eu morrer, você também vai.

Sasuke corou levemente, ela era bela, apesar de seu palavreado sujo. Sentiu seu peito acelerar, seria seu coração?


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