Transferência escrita por nukke


Capítulo 8
Capítulo 08




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-Está fazendo o quê aí? – indagou Isa desviando o olhar da televisão pra observar Chace na varanda.

-Vem ver isso – ele falou sem se virar pra ela.

Isa se levantou e andou em sua direção. Parou ao lado dele e viu: O sol começava a lançar seus primeiros raios no céu escuro, rompendo a escuridão e dando cor a tudo. Onde o sol aparecia estava meio alaranjado, um pouco mais distante ficava rosa claro e depois o rosa se mesclava com o azul. Isso refletia em um prédio branco de ladrilho que tinha perto do de Chace deixando-o colorido. Eles não podiam ver o sol surgindo por conta dos inúmeros edifícios, mas as cores do céu estavam lindas. Uma paisagem de tirar o fôlego aquelas nuvens rechonchudas e branquinhas, agora pintadas pelo sol como uma aquarela, de rosa ou laranja.

-Uau – foi tudo o que Isa conseguiu dizer depois de captar bem a paisagem.

-É.

E ficaram assim em silêncio por um tempo, sem falar nada só olhando. Até que o sol já iluminava tudo e não era mais tão bonito.

-Isa, preciso conversar com você – Chace falou arrancando Isa de seus devaneios. Ele virou-se para ela, mas esta continuou a mirar o céu.

-Não quero conversar com você – e dizendo isso ela se virou para sair da varanda.

-Não, Isa – Chace a segurou pelo braço – É sério.

-Me solta, não quero conversar.

Enquanto esteve olhando o sol nascer, Isa lembrou-se da ultima vez em que viu isso com Chace. O mundo estava mais bonito naquele dia e tudo parecia ser tão sincero! Cada palavra de Chace, cada ato. Isa nunca imaginou que ela fosse só mais uma pra ele, não conseguia pensar na hipótese de que ele fosse assim com qualquer uma. Mas fora isso que ele deixara bem claro naquele dia na Inglaterra, não foi? Que eles só estavam ficando. Só isso. Mais nada. E ela ainda ousou falar o quanto gostava dele no dia do enterro de Beth, e ele ficou calado. Provando mais uma vez que não sentia nada por ela.

Lembrar tudo isso fez Isa sentir vontade de chorar e gritar, e então lembrou-se que aquele idiota que a fazia sentir-se tão mal estava bem ali ao lado dela agora. Querendo conversar. Conversar o que?, ela pensou. Não já bastava tudo que ele tinha feito? Isa sentiu vontade de bater nele e sair andando, não queria conversar.

-Só me responda uma pergunta, por favor, e eu te deixo em paz. Pra sempre.

-Pergunte, então – Isa falou, a idéia de Chace deixá-la pra sempre ardeu em seu peito. Ela quis bater nele mais uma vez. Então era isso? Ela era menos importante que uma pergunta, uma pergunta era o preço pra ele esquecer que ela existia. Bem, que seja.

-Por que está agindo assim?

-Assim como? – Isa fingiu não saber. Queria ouvir da boca de Chace.

-Assim, fria. Como se me odiasse.

-Odiar é uma palavra muito forte. Eu só não te suporto.

-Por quê? O que eu fiz pra você mudar tanto? Antes você parecia me suportar, aprecia até gostar de mim.

-Sério? Você não sabe? – Isa riu sem humor – É claro que eu gostava de você. Eu te falei isso. Mas isso já passou.  – ela mentiu.

-Gostava como?

-Ah, francamente Chace.  – ela rolou os olhos. Notando que tinham lágrimas acumuladas lá, prontas pra escorrer.

-O que eu te fiz? Me diz. Por favor. Eu não consigo entender o porquê de tanto ódio.

Isa começou a soltar tudo. Tudo o que queria dizer desde sempre.

-Você é muito idiota. Eu achava que havia algo mais sério entre nós, eu realmente achava que você sentia algo, mesmo que fosse pouco por mim, mas naquele dia quando ouvi você ao telefone você acabou com todas essas minhas idéias. “Não, a gente só ficou uma vez, não é nada sério” – ela cravou aspas no ar – E depois no outro dia eu segui o que a Beth disse e contei a você que eu realmente gostava de você, e o que você fez? Nada, essa é a questão. Não fico com raiva de você não gostar de mim, é claro que não. Ninguém manda nos sentimentos ou eu mudaria todos os meus sentimentos por você. Mas o que me irritou foi você fingir que tinha algo mais, quando não tinha. Me irritou você ter ficado calado no dia que eu te falei que gostava de você, não precisava dizer que gostava de mim também, mas um “Isa, desculpe, mas não posso retribuir o que você sente por mim” estaria ótimo, eu entenderia. E depois você me deixou ir embora sem nem ao menos me dar tchau. E agora vem pra cá e fica agindo como se nada tivesse acontecido, tentando me iludir mais e mais. Quando eu achava que estava conseguindo controlar o que sinto por você, você vem e acaba com todo o meu trabalho, me agarrando no sofá e tudo o mais. – e então ela não conseguia mais conter as lágrimas – Só peço que se não sente nada por mim, me deixe ir. Me deixe seguir em frente, me deixe superar você, me deixe conhecer alguém que possa retribuir o que eu sinto.

Passou um longo tempo em que os dois ficaram só se olhando sem falar nada. Chace analisava o rosto de Isa, e ela tentava não desviar os olhos dos dele. Então finalmente Chace se mexeu.

-Isa... – ele falou estendo a mão para tocar-lhe o rosto molhado de lágrimas. Isa notou que um sorriso surgia no canto de seus lábios. Era inacreditável que ele estivesse se divertindo com a situação.

-Não – impediu Isa, saindo do alcance da mão de Chace – Você disse que se eu respondesse me deixaria em paz. Então, cumpra.

-Isadora, me escuta, por favor – Chace se curvou para frente e alcançou a mão de Isa, puxando-a mais pra perto de si. Isa quis contestar, bater e sair dali. Mas não conseguiu se mover. E então foi a vez de Chace falar tudo

– Naquele dia, do telefone, foi tudo um mal entendido - Isa riu ironicamente e bufou – É sério Isa, eu juro! Eu estava falando da Kristen, uma garota que eu fiquei pouco antes de você chagar. Eu falei exatamente assim “Não a gente só ficou uma vez, não é nada sério. Não, a Isa...” E eu ia dizer que com você era diferente, se tivesse ouvido até o final ouviria “Não, a Isa é diferente, eu não só fiquei com ela, pelo menos eu não quero pensar assim. Eu nunca senti o que eu sinto por Isa quando estava ficando com outras garotas. Eu acho que estou gostando dela...” Ok, não exatamente assim, porque meninos costumam não contar muito o que sentem, mas era isso que eu estava pensando. Entende? E naquele dia, no enterro da Beth, poxa Isa eu fiquei tão surpreso! E você me pegou em uma situação delicada, eu estava triste ali, eu não tinha vontade de te abraçar e dizer “Eu amo você”, não naquele momento. Embora eu sentisse vontade de dizer isso antes da Beth ir, e ainda sinta essa vontade, eu não conseguia naquele momento. – ele fez uma pequena pausa e respirou – Eu já tenho mais de dezoito anos, podia muito bem ter ficado lá em Londres, em minha casa e fazer um milhão de festas porque meus pais não estariam lá. Mas sabe porque eu não quis? Por que festas pra mim não são nada se você não estiver lá. Então eu preferi vir. Um minuto ao seu lado valem mais que mil festas, Isa.

-Chace... – foi tudo o que Isa conseguiu dizer depois de um bom tempo.

-Sssh... – Chace pediu silencio enquanto se aproximava dela. Ele enxugou as lágrimas que escorriam pela bochecha rosa de Isa, e depois de encará-la por um tempo ele a beijou. Isa se rendeu finalmente retribuindo ao beijo e abraçando seu pescoço.

 

***

 

-Rebecca? – alguém chamou e Bec se virou para ver quem era.

-Desculpe... Nós nos conhecemos? – Bec encarou o garoto por um tempo tentando reconhecê-lo.

-Sério que não está lembrada de mim? – ele sorriu e uma onda de dejá vù tomou conta de Bec.

-Não pode ser... – ela falou reconhecendo agora o garoto, somente por conta do sorriso.

-É! – ele falou e a abraçou.

-Alex! O que... Oh meu Deus! O que você está fazendo aqui? Por onde você andou? – ela perguntava ainda em meio ao abraço.

-Eu fui morar em Dallas por um tempo... Mas já voltei. É tão bom te rever! Você mudou tanto – ele olhou pra Bec dos pés até a cabeça – Está... linda.

-Ah, Alex. Obrigada – ela agradeceu sem graça – De onde você conhece a Mallu?

-De nenhum lugar. Eu vim com minha namorada, Mallu e ela se conhecem.

-Olha só, pra quem dizia que nunca namoraria! – os dois riram.

Alex e ela eram amigos dede que nasceram. Moravam na mesma rua até que com 12 anos Bec teve que se mudar. Eles mantiveram o contato por um ano mais ou menos, mas a amizade foi sendo esquecida.

-E você? Está namorando? – ele perguntou.

-Não, não – Bec falou e então uma um monte de cabelos loiros tapou sua visão.

-Oi amor, onde você estava? – a loira perguntou de costas para Bec.

-Eu vim, hm. Olha Frances, essa é a Bec, minha amiga de infância. Bec, Frances, minha namorada.

As duas trocaram dois beijinhos, e Bec sentiu o perfume insuportavelmente doce da menina.

-Amor, quero ir pra casa – Frances miou fazendo biquinho. Bec se segurou pra não rolar os olhos.

-Ah, tudo bem. Bec, até mais, foi ótimo te rever – eles se abraçaram rapidamente – Mantenha contato! - ele gritou, enquanto a namorada o empurrava pra fora do salão.

 

***

 

-Não, Chace. Pare – Isa pediu afastando Chace.

-Qual o problema? – ele a indagou, confuso.

-Preciso de um tempo pra pensar. Não sei... Não sei se isso é certo.

-Pensar no quê? Como isso seria errado? Eu não enten... Tudo bem. Você tem todo direito de pensar – ele soltou o ar, convencido daquilo.

-Pode me levar para casa agora?

-Claro – ele respondeu depois de um tempo avaliando o rosto de Isa.

Não conversaram nada o caminho todo. Eles se despediram somente com um “até logo” e Chace a observou entrar em casa. Isa já estava dissolvida em lágrimas enquanto abria a porta de casa. O que faço agora?, ela se perguntava enquanto se dirigia para seu quarto.

 

 

 


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Notas finais do capítulo

desabafos loucos nesse capitulo HUHSIAUHUSHUA
próximo capítulo está muuuito tenso HSUIUSUHAS aguardem



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