Voe X Livre X Coração X Selvagem escrita por Afrodeus da dança


Capítulo 7
Voe X Pelo X Deserto - Parte 01




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Os dias de treino prosseguem e Muriel agora tem ajuda de Johnny para ajudá-la. Muriel começa a gostar de treinar cada vez mais, sempre se divertindo quando consegue cumprir alguma meta, vencer duelos. Ainda assim, Marta sendo que não irá progredir a tempo o bastante de terem permissão de irem para o Exame Hunter. Muriel ainda não consegue vencer ela com uma boa frequência.

— Eu poderia introduzir nen a ela — Marta comenta com Johnny.

Johnny olha para a colega um pouco assustado.

— Ela não está pronta. E você faria isso como? Por Iniciação? — Ele retruca, um tanto irritado com a ideia. — Não pode querer apressar ela desse jeito.

— O batismo parecia uma ideia boa — Marta resmunga, bufando.

Johnny passa a mão pelo cabelo, preso em um rabo de cavalo. O Batismo, ou Iniciação, tinha um risco grande demais de acabar causando danos ao corpo de Muriel. A ideia ainda não saiu da mente de Marta, que a considera um bom último caso. Conhecendo a colega, ela acabaria ficando bem justamente por sendo algo de risco, indo contra o senso comum.

— Mas vou seguir seu conselho. Só que a Muriel está bem atrás da gente… — Marta fala, em um suspiro.

— O que tem eu? — Muriel aparece na cozinha.

— Estávamos falando do seu treino — Johnny responde, sorrindo de nervoso, tendo levado um pequeno susto.

Bacana — Muriel comenta, mexendo nas prateleiras. — Onde estão as maçãs?

Marta assobia e Muriel se vira, pegando a maçã, em um bom reflexo.

— Ah, tava atrás de você! — Muriel ri. — Bem, já que estão falando de mim, posso saber o motivo?

— Eu com medo de perder o Exame Hunter por sua causa — Marta tranquilamente responde.

— Achei que você já tinha aceitado isso — Muriel comenta e dá uma mordida na maçã.

Marta respira fundo, soltando o ar pesadamente.

— Digo, você não tem prazo para se tornar Hunter, tem? — Muriel pergunta.

Marta nega e cruza os braços.

— Então não tem porque ter tanta pressa? Relaxa, pô — Muriel fala, comendo mais da maçã. — Juro que tô dando meu melhor.

Eu sei disso, mas vai ser estranho se só ficar nós duas sem ser Hunter e todos já sendo — Marta explica, mal humorada.

Muriel gargalha.

— Você acha que todos vão passar? — Muriel pergunta, inclinando a cabeça.

Marta ia responder mas para e fica pensativa.

— Você tem um ponto — Marta suspira, derrotada.

Johnny ri e olha para as duas e vê um dos alunos de Chezan, Arthur, chegando.

— Opa, e aí, Arthur? — Johnny o cumprimenta. — Tudo bem?

Arthur, estoico como de costume, erga a mão em uma saudação simples.

— Estão reunindo a gente lá na sala, me pediram para chamar vocês — Arthur diz, dando as costas e voltando para a sala.

Os três alunos de Nero se entreolham e começam a se dirigir para sala. Muriel se aproxima de Johnny e sussurra:

— O que você acha do Arthur? — Muriel pergunta, curiosa.

Johnny fica com as bochechas vermelhas.

— Acho ele okay, por quê? — Ele responde, tímido.

— Acho que deve ser ele. É, é ele — Muriel explica, dando um pequeno riso.

— Do que vocês tão falando? — Marta os olha por cima do ombro, curiosa.

— Meu projeto de ter um namorado, minha cara Marta — Muriel responde e solta uma alta gargalhada.

Arthur olha para os três atrás dele e Marta e Johnny coram bastante, com Muriel sorrindo e acenando para ele.

 

Os oito jovens que são treinados pelos três Hunters ali se reúnem na sala, onde seus mestres os esperam. Nero está no meio, entre seus dois colegas, sorrindo calmamente. Angela limpa a garganta, chamando a atenção para si e fala:

— Vocês vão passar por um treino diferente amanhã — ela anuncia. — Um treino de resistência, por assim dizer.

Angela faz uma pausa dramática. Os jovens se entreolham e ela sorri ao ver as reações. Ela abre a boca para continuar quando Chezan fala em seu lugar:

— Vocês serão deixados no deserto próximo de York Shin. Uma pessoa normal levaria no mínimo catorze dias para atravessá-lo caminhando — Chezan começa a falar, empolgado. — Mas vocês, claro, terão um prazo menor: seis. Seis dias no caso.

— Vocês vão poder levar uma mala com suas coisas e sejam bem espertos quanto a isso. Roupas, suprimentos, remédios — Angela explica, calmamente.

Derren Thunder, um dos discípulos de Angela, ergue a mão. Angela assente com a cabeça, permitindo que fale.

— E se quisermos desistir ou algo do tipo? Como faz?

Muriel olha para Derren e gosta do senso de moda dele. Ele gosta de macacões. É a melhor roupa já criada. E ver alguém que compartilhe de seu bom gosto é bom. Ele é um dos alunos de Angela que ela mais conversa, porque ele pelo menos sabe ser divertido. Derren sabe fazer mágica e isso distrai a garota facilmente, ajudando na amizade.

— Bem, caso queiram desistir, basta ligar para a gente. Todos vocês têm um celular. Vamos o mais rápido possível buscar vocês — Angela calmamente responde. — Contudo, quem desistir, vai ter duas semanas de treino dobrado. E quem chegar primeiro, vai ganhar… Algo… 

— Algo? — Derren e outros ali perguntam.

— Algo — Nero confirma. — Fica a surpresa para quem chegar primeiro.

Nero bate as mãos, em uma única palma.

— Vocês têm o dia livre para se preparar — Nero alegremente diz. — Desejo a todos boa sorte. Amanhã vocês acordam cedo. Café da manhã e daí, deserto.

— Agora se nós dão licença, vamos ter que passar o resto do dia fora — Chezan fala. — Arthur, Marta e Agni, vocês estão na liderança da casa.

Muriel ergue a mão.

— Pode falar, senhorita Andrade — Chezan diz, gentil.

— Se eu quebrar ou pôr fogo em algo ou alguém, a culpa vai para os três invés de mim? — ela pergunta.

Chezan fica sem reação, com Nero soltando um riso e respondendo:

— Os três serão penalizados por não terem impedido, mas a culpa ainda vai ser totalmente sua — ele caminha até a porta. — Até a janta, crianças.

Arthur sobe para seu quarto, junto de Agni Virha, outro aluno de Angela. Derren se senta no sofá, em um suspiro desanimado, deixando seu corpo amolecer.

— Já vi que a chance de eu desistir é grande mas treino dobrado soa tão… Horrível — ele tristemente resmunga.

Johnny se senta ao lado dele e suspira também.

— Até eu não estou com vontade disso. Vai ser bem cansativo — Johnny comenta. — E eles nem deixaram o prêmio claro.

Marta olha para Gisele, a colega de Arthur, que ia para a cozinha.

— Ei Gisele! — Marta ergue a voz. — Você tava sabendo disso?

Gisele para e se vira para Marta, cruzando os braços.

— E por que eu saberia disso, Latynia? — ela devolve a pergunta.

— Porque você é aluna do Chezan e ele é mole, e provavelmente daria com a língua nos dentes sobre o prêmio — Marta calmamente explica.

Gisele ri e dá as costas. Marta range os dentes e cerra os punhos, até que sente algo puxar seu braço. Muriel.

— Quer que eu arranque respostas? — Muriel mostra seu martelo.

Johnny olha horrorizado para aquilo.

— Muriel! Não! — Ele acaba até indo para frente, tamanho o choque que aquilo lhe causa.

Marta suspira e concorda com a cabeça, sorrindo.

— Johnny está certo. Temos que organizar nossas coisas, Muriel — Marta fala, batendo na cabeça dela de leve. — Não adianta saber o prêmio se a gente não puder ganhar.

— É só quebrar as pernas dela então. Daí é um competidor a menos. — Muriel ergue o martelo uma vez mais.

— Ei, fala assim da Gisele não — Derren comenta, ainda no sofá.

— Você só fala isso porque gosta dela — Muriel retruca. — E ela nem te dá bom dia.

— Ei! — Derren exclama, pasmo com a ousadia.

— Eu te dou bom dia! Namora comigo! — Muriel aponta o martelo para ele.

Marta dá um tapa na nuca da sua colega, fazendo-a gritar. Os outros jovens ali tentam prender risos ou esconder seus rostos.

— Desculpa, Derren — Marta suspira e começa a arrastar Muriel para as escadas.

Derren liga a televisão e Johnny fica ali, assistindo com ele.

 

O dia prossegue com os jovens da casa se agilizando para se preparar. Desde mochilas, roupas, o que é bom levar, o quanto de cada coisa é bom levar. Arthur e Gisele se mantêm afastados, concentrados em se planejar sozinhos. Os alunos da Hunter Angela, liderados por Agni, arrumam suas coisas com muita energia e otimismo. Marta age como a líder de Johnny e Muriel, conversando durante toda a noite sobre o que fariam. O próximo dia segue e Marta se vê tendo que arrastar Muriel para fora da cama.

— Minhas oito horas de sono, Marta — Muriel resmunga.

— Dorme no carro! — Marta diz, bufando.

Johnny bate na porta, abrindo-a um pouco e colocando um pouco da cabeça para dentro.

— Bom dia e com licença. Precisam de ajuda?

Marta olha para o rapaz, já irritada. Johnny se encolhe e sai do quarto. Muriel finalmente sente sendo deixada em paz até que ouve um som. O som de uma bola quicando contra o chão. Eletricidade percorre seu corpo, levantando em um pulo. Se tivesse demorado um segundo a mais para ter pulado para o lado, a bola teria acertado sua cabeça com tudo. Muriel olha indignada para Marta.

— Por quê? — ela exclama.

— Deveríamos estar prontas faz dez minutos, Muriel! — Marta responde. — Dez minutos!

Muriel bufa e finalmente se encontra desperta, e bastante irritada. O sono estava bom, a cama macia e o sonho divertido. É raro ela ter bons sonhos. Geralmente são pesadelos ou sonhos sem pé nem cabeça. E quando são pesadelos, tendem a ser os mesmos. E justo quando ela teve um bom sonho, Marta fez o favor de não poder esperar mais dez minutos só para ela saber onde aquele porco falante ia levar ela.

A mochila que iria levar já está pronta. Roupas extras, água, rações, remédios que Johnny insistiu que ela trouxesse. Seus martelos e pregos. E escondido, diversos pacotes de bolacha, bolinhos e outras guloseimas que quer poder ter consigo. Ela prende o cabelo e olha para Marta, que já está pronta, já com a mochila nas costas. O olhar de Muriel desce até o pé direito dela, que está com a bola de futebol.

— Você vai levar a bola? — Muriel, muito confusa, pergunta.

Marta ergue a sobrancelha.

— Sim, lógico — ela responde, sem hesitar.

Muriel faz uma careta.

— Tá, né. Não quer deixar o brinquedo em casa, amiga? — Muriel sugere.

Marta respira fundo, indo até a porta.

— Não, Muriel. Eu não quero — ela responde, com a voz bastante cansada.

— Okay! Só uma sugestão, sabe? — Muriel fala, acompanhando-a até a porta. — Mas não julgo, okay? Nada contra.

Muriel olha uma última vez para o quarto, mordendo o lábio. Sentirá saudades, definitivamente. Elas caminham, junto de Johnny, para um caminhão que os levaria para o deserto. Os três Hunter, professores dos jovens, sentam à frente enquanto eles sentam na caçamba. Muriel aproveita para dormir, encostada no ombro de Johnny, que não se importa com aquilo, mesmo com Muriel babando um pouco. Ele apenas pega um lenço e limpa o que escorre para fora da boca da menina.

Muriel sonha que está andando, em algum lugar bastante amplo, como se fosse um hall. As paredes são polidas e suavemente refletem ela. Muriel toca um deles, sentindo a textura, enquanto anda, rumo a uma extensa escada. Ela dá dois passos à frente, e o ato de andar faz ecoar o som pelo lugar. E ela ouve claramente um terceiro passo. Isso faz seu sangue gelar, quase como se o som pudesse arranhar seu corpo, pudesse gelar todo seu ser apenas ao percorrer e ecoar por ali.

Ao se virar para encarar o que quer que fosse, vê um homem velho, de terno preto e com uma bengala. Ela recua dele dois passos até que nota que ele é um reflexo na porta de vidro, se assustando uma vez mais e se virando, procurando onde ele está de verdade. Nada. Nenhum lugar. E então ela vê uma parede e a imagem dele está andando, rumo a escada, tal qual ela. Tomada por um medo que ela não entende e por motivos que ela também não entende, Muriel começa a correr para a escada. Sempre que vai conferir onde o velho, ou seu reflexo, está, ele está sempre há poucos passos dela. Mesmo que ande de forma lenta, ele parece conseguir acompanhar ela toda vez que Muriel desvia o olhar.

Tentando correr mais rápido, ela tropeça e cai, batendo de cara em um dos degraus. Isso faz ela despertar, em sobressalto, gritando um pouco. Ela leva a mão até o lugar onde havia colidido mas está tudo bem com ela. Ela está bem. Muriel se endireita, se desencostando de Johnny e levando a mão até seu medalhão, tentando encontrar um pouco de calma. Seu coração bate rápido. Muriel começa a rir baixinho, se inclinando e se apoiando nos seus joelhos.

— Falta muito pra chegar? — ela resmunga.

Johnny olha para ela e dá os ombros.

— Não sabemos, foi pedido para que a gente não olhe para fora.

— Por que não? — Muriel questiona, olhando para ele.

— Para a gente não saber o caminho — Agni responde.

Muriel olha para o rapaz, sentado à sua frente. Ele é bem alto astral. Um rapaz com pele bronzeada e o cabelo castanho. Está com uma mochila relativamente grande e com um boné em mãos. Ele parece bem preparado para a caminhada, com tênis em bom estado, bermuda e uma camisa de botão. Johnny Glusive sabe que Agni já começou a aprender nen, e são uns dos quatro que já conseguem usá-lo. Johnny, Agni, Arthur e Marta.

— Mas eles vão fazer um zigue zague com a gente ou algo do tipo? Que eu saiba o deserto é só a gente andar reto — Muriel resmunga.

Agni dá os ombros.

— Talvez eles não nos deixem exatamente de frente para o caminho ou simplesmente nos deixem em uma área mais difícil de se localizar e andar — Agni sugere.

Muriel suspira e se espreguiça exageradamente, com Marta e Johnny que estão sentadas ao lado dela tendo que se encolher para evitar de serem espremidos pela garota. Marta olha para o teto do lugar, se perguntando se iria demorar muito para chegar. E se, quando chegarem, será algo fácil.

— Alguém aqui já reparou que a Marta e o Arthur ficam com uma cara de pensativo quando tudo fica quieto — Muriel fala. — Parece naqueles filmes que o personagem fica quieto e olhando pro além. Tendo uma conversa dentro da cabeça.

Agni segura um riso, tapando a boca com a mão.

— Muriel — Marta se vira para a colega, respirando fundo.

— Vai dizer que você não tava tendo um monólogo mental? — Muriel estreita o olhar, aproximando o rosto.

O caminhão para após mais um bom período. A janela que dá para o comboio se abre e Angela Nery enfia a cara ali.

— Chegamos, podem ir descendo — ela diz e fecha a janelinha.

Muriel suspira e olha para Johnny, sorrindo para ele.

— Pronto para uma aventura épica? — ela pergunta.

— Sim — o rapaz sorri, se sentindo mais encorajado.

Muriel então segura subitamente o rosto de Johnny com as duas mãos.

— Pois não vai ser, Johnny! É o deserto! Falta de água! Calor! Ilusões, miragens, camelos e lagartos dançando! — Muriel sibila, encostando a sua testa na dele. — Talvez tenhamos que cometer canibalismo! Talvez tenhamos que cometer atos horríveis, estou contando com você, pois eu não posso morrer.

O rosto de Johnny se encolhe em medo, com seu olhar indo para o chão e mordendo seu lábio. Eles terminam de descer do comboio e Muriel olha para o garotinho aluno de Angela, Manny.

— Desculpa perguntar, mas não tem problema ele vir com a gente? — Ela aponta para o garoto, que tem dez anos.

Todos olham para Manny Nery, o sobrinho da Hunter Angela. De fato, ele está visivelmente desconfortável e só não desistiu ainda por medo de treino reforçado.

— Manny você deseja desistir? — Angela indaga.

O garoto hesita em responder. Ele não quer desistir, não quer tanto ser o primeiro ou ter que treinar mais arduamente por duas semanas. Só que ao mesmo tempo odeia calor. Ao mesmo tempo não quer ter que atravessar um deserto inteiro. Ele baixa o olhar, encarando o chão, terra dura e seca. Ele então sente Agni, seu veterano, tocar sua cabeça. Manny ergue o olhar, com os olhos úmidos. Agni sorri, encorajando. O garoto sorri de volta, apesar de trêmulo.

— Eu não desejo desistir, tia — Manny diz, tentando soar convicto.

Angela — a Hunter corrige. — Estamos em um ambiente sério, Manny. E espero que lembre que possuem como pedir por ajuda, caso queiram desistir. Todos vocês, na verdade.

Todos os jovens assentem com a cabeça. Muriel tira uma meleca do nariz e catapulta para longe.

— Desejamos a todos boa sorte — Nero diz, com um cumprimento com a cabeça. — Estaremos ansiosos com o retorno de vocês.

Chezan, ainda dentro do caminhão, no banco do motorista, assente com a cabeça. Os dois Hunters retornam para o veículo e acelera com tudo. Arthur e Gisele disparam, correndo atrás do caminhão. Arthur fica na frente, sendo ridiculamente rápido, fazendo Muriel abrir a boca, surpresa com a velocidade que o rapaz consegue atingir e se perguntando se poderia fazer o mesmo. Muriel olha confusa para isso e depois para Marta.

— Eles querem tentar entrar no caminhão? — Muriel pergunta. — Espera! Isso é permitido?

Marta nega.

— Seguindo o caminhão, eles vão ter ideia do caminho. E assim eles podem tentar se manter no rumo correto. Sinceramente, se eu não estivesse com você, Muriel, eu teria me aliado ao Arthur — Marta calmamente explica, com um pingo de irritação e frustração na voz.

— Mas na velocidade que o Chezan saiu, até mesmo o Arthur ou qualquer um de nós logo ficaria para trás — Agni se aproxima e comenta, colocando seu boné.

Marta assente com a cabeça e começa a ver o caminhão retornando. Rapidamente ele passa ao lado da onde os jovens estão, com Derren puxando Manny para fora do caminho, com Chezan buzinando e acenando para eles.

— Boa sorte! — O Hunter grita.

A passagem do caminhão acaba por levantar bastante poeira, com todos ali tendo que proteger os olhos. Muriel tosse um pouco e vê o caminhão novamente sumindo no horizonte, sem demora. Ela olha para a direção oposta e vê Arthur e Gisele retornando. Arthur está bastante irritado, mas Gisele parece apenas frustrada. Agni o cumprimenta.

— Opa, voltou rápido. Achou algo interessante para lá? — Agni pergunta, sarcástico.

Arthur tem consigo como sempre sua bandana. Nas costas uma mochila, não grande demais nem pequena de menos. Em cada lateral da mochila existe uma espada de madeira. Muriel já havia visto treinando com elas mesmo. Faz sentido ele trazê-las, tal qual ela trouxe seu martelo. Ela olha para Marta, que carrega sua bola de futebol e suspira.

“Uma bola de futebol” Muriel pensa, revirando os olhos. “Como levar a sério ela desse jeito? Ela vai convidar os inimigos para jogar uma pelada?”

Arthur esbarra com Agni, que solta um “ei” em resposta. Arthur sai pisando pesado, na direção para onde o caminhão foi.

“Foi uma ótima pegadinha”, Muriel reflete, coçando a parte de trás da orelha. “Incrível é na verdade eles terem ido atrás correndo. É uma ideia muito, muito ruim ir atrás de um carro correndo.”

Muriel se espreguiça e vê Arthur saindo correndo novamente. Deveria ir atrás dele para poder se aproximar mas não tem porque sair correndo daquele jeito. Teriam melhores momentos. Ela se vira para seus dois colegas de treino.

— Qual nosso plano? — Muriel indaga.

— Iremos avançar por hora. Nossas pausas serão quando estiver no pico do sol e do calor, ao meio dia, e no pico do frio que um deserto faz ao anoitecer — Johnny explica e olha para cima. — Temos que encontrar um abrigo logo, vai ser meio-dia em breve. O que acha Marta?

O olhar de Marta Latynia se torna pensativo, enquanto observa o horizonte.

“O que deveríamos fazer?” Marta se pergunta, considerando bem a situação. “Droga, apesar de gostar da ideia de ser a líder, é uma grande pressão nesse caso.”

É a primeira vez que são colocados em uma missão como essa, em um treino como esse. Sente que Arthur e Gisele têm mais chances de sucesso, tanto por serem só uma dupla e por não terem pesos. O grupo de Agni tem o Manny. Já ela e Johnny tem a Muriel.

— Bem, acho melhor fazermos uma pausa por agora, o que acham? — Agni Virha fala. — Certo, trouxeram o que combinamos certo?

Marta e Muriel se viram para encarar Agni, que conversa com seus dois colegas, Derren e Manny. Os dois assentem.

— Eu trouxe bastante comida e alguns remédios — Derren comenta, cruzando os braços e sorrindo orgulhoso.

— E eu trouxe água — Manny diz, erguendo a mão. — Também trouxe os panos que você me pediu, Agni.

Agni sorri orgulhoso para os dois e fala:

— Não são panos, Manny. São mantos, para nos proteger do sol. Bem eu trouxe o material para barracas. O mais difícil, devo dizer — Agni olha adiante, sabendo que além disso também é o mais forte ali entre eles.

Muriel observa a mochila de Agni e ela realmente é bem grande. Ela observa Agni começando a tirar as partes da barraca de dentro da mochila e suspira. Uma parte sua até quer ficar ali com eles. Andar no sol seria difícil. Por sorte está com o cabelo bem preso.

— Bem, e nós? Somos um trio, né? — ela indaga, se voltando aos colegas. — Marta pensou em algo?

Marta retoma o olhar para seu grupo. Teriam que elaborar bem um método de avanço se desejam vencer Arthur e Gisele. Eles podem conseguir. Se Marte conseguir motivar Muriel do jeito certo, as chances de ganhar podem aumentar drasticamente. Ela sorri, tendo um pouco de fé em sua colega.

— Iremos avançar por agora. Se pararmos agora não temos muito a ganhar. Estamos cheios de energia. Caso o cansaço pare, iremos procurar algum lugar para armar acampamento — Marta explica.

— Tu trouxe barraca? — Muriel pergunta, confusa.

Marta mexe a mão, gestuando um "mais ou menos". Assim eles começam a avançar, em um passo moderado. Johnny Glusive olha por cima do ombro e vê o grupo de Angela ficando para trás. Espera que eles fiquem bem. Johnny carrega consigo uma mochila relativamente grande e um grande pote preso embaixo da mochila. Se tivesse tido um pouco mais de tempo, teria vindo com um guarda-sol.

Já Muriel consegue se perguntar quem ali veria uma miragem primeiro. Isso acontece sempre em filmes onde os personagens andam no deserto. Se pergunta se veria Arthur a seduzindo até um laguinho, um oásis. Ela ri, abobada, com a ideia.

— Acha que os outros dois têm chances mesmo? — Muriel questiona, puxando assunto.

— Como assim? — Johnny responde, confuso. — A Gisele e o Art?

— Sim, sim — ela responde. — Digo, sair correndo no deserto soa bobo. Não é como se fossem duas quadras de distância ou tivessem pessoas com garrafinhas de água durante o caminho.

Marta meneia com a cabeça, ela tem razão. Mesmo que talvez tenha cogitado fazer isso, e agora que Muriel falou em voz alta, ela percebe que sair correndo vai gastar energia demais. Soa inteligente, na verdade, mas na prática ir andando acaba sendo uma forma mais inteligente de usar sua energia. Marta olha para a garota ao seu lado com um sorriso.

— Acho que nós três temos bastantes chances de sairmos vencedores, na verdade — ela dá dois tapinhas nas costas de Muriel.

 

O sol machuca Muriel enquanto ela anda. Passa a mão pela testa, limpando o suor e olhando em volta. Nada do grupo de Agni. E nada do Arthur também. O ar sai de forma pesada de sua boca, com ela engolindo em seco. Johnny parece estar um pouco melhor que ela, Marta nem parece se abalar. Marta disse que precisam economizar a água, explicando para Muriel que precisava manter a água dentro da boca sem engoli-la. Ela havia explicado os motivos para isso, mas nesse momento, Muriel já havia se distraído com seus próprios pensamentos, a voz de Marta ficando abafada e distante.

— Que tal a gente conversar? — Johnny sugere.

— Por quê? — Marta indaga, sem olhar para ela.

— Matar tempo, manter nossa mente ligada — ele explica.

Marta concorda.

— Bem, é uma boa, eu acho — Muriel comenta, erguendo a mão. — E aliás, quando iremos fazer uma pausa?

— Ainda está muito cedo para fazermos uma pausa — Marta diz, limpando o próprio suor. — Vamos pelo menos chegar até aquela formação ali. Daí podemos parar por hoje, talvez. Amanhã vamos com força máxima.

Marta aponta para algo próximo do horizonte. Havia uma pequena formação de terra, que, de longe, parecia até uma torre feita de pedra. Muriel respira fundo, com medo. E se for uma miragem coletiva? Ela suspira e se espreguiça, ajeitando a mochila nas costas. O céu está limpo, com poucas nuvens. Sem muitos pássaros. Eventualmente brisas, quentes e frias, passam por ali. Muriel Andrade odeia a sensação de estar ficando ensopada de suor. Desconfortável demais, nunca gostou disso. E dificilmente vão achar um oásis para se banharem. O ar entra no corpo de Muriel com uma longa inspiração e então sai com um longo suspiro.

— Ei Marta, que tipo de cara você gosta? — Muriel indaga, quebrando o silêncio após alguns minutos de silêncio.

Marta passa alguns segundos quieta, processando o que lhe foi perguntado. Ela pisca os olhos diversas vezes, sem saber o que dizer. Muriel olha para Johnny, confusa.

— Acho que o sol quebrou ela — Muriel sussurra para o rapaz.

Marta bufa, olhando-a por cima do ombro.

— Não é nada disso, imbecil — Marta diz.

— Ei, imbecil não, pô.

— E, bem, eu só estou pensando em como elaborar melhor o que vou dizer — ela volta o olhar para frente.

Muriel morde o lábio, segurando um riso.

— Ei, Johnnyyyy — Muriel puxa a manga da blusa dele. — A Marta tá com vergonha.

Johnny tenta segurar o riso. De fato, Marta está tropeçando nas palavras e até perdendo a postura séria que geralmente tem, com poucas palavras e indo direto ao ponto.

— Eu não tô nada disso — Marta retruca, se virando para eles, o rosto vermelho, talvez calor ou vergonha. — Eu só… Qual é a função desse tipo de pergunta?

Muriel cruza os braços em um riso condescendente.

— Ora, ora, Marta. Fico triste que precise perguntar isso — Muriel diz. — Dá para se descobrir muito de alguém através de seus gostos. Veja, dá para se descobrir muito de alguém através de seus gostos. Seja comida, seja em atratividade ou até mesmo roupas.

Johnny meneia a cabeça, pensativo. Ela até que tem razão sobre isso, agora que ele para para pensar.

— Vamos começar comigo, já que a senhorita Latynia tem muita vergonha — Muriel fala. — Eu gosto de diversos tipos de comida, e sinceramente, adoro frituras e bolos, mas também sou uma grande apreciadora de sucos de fruta e cereais.

— Mas a pergunta não era sobre o tipo de pessoa que você gosta? — Johnny comenta, confuso.

Muriel fica quieta. Marta se vira para ela, rindo.

— Hah! Você está com vergonha! — Marta exclama, apontando para Muriel.

Muriel encara o dedo dela zangada.

— Agora você morre, filha da… — ela fala antes de pular para cima de Marta.

Muriel derruba Marta e antes que pudesse acertar algum soco, Muriel sente algo a puxar para longe, fazendo cair atrás de Johnny. Ela olha confusa para isso, sem ter entendido o que houve de início. E então percebo que tem algo saindo do recipiente embaixo da mochila de Johnny Glusive. E que isso que a puxou até ali foi justamente aquele líquido. Cola. Muriel olha confusa para aquilo, sem entender direito.

— Que? — ela diz, em sua confusão.

Marta se senta, esfregando a cabeça.

— Respondendo a sua pergunta, imbecil. Eu acho que meu tipo seria qualquer cara com obstinação forte. Determinação. E que não seja sedentário, se não ficaria estranho — Marta conta, ainda sentada no chão. — Seria chato não poder treinar com a pessoa.

Muriel ri. É bem a cara dela, sendo sincera.

— E eu gosto de batata. Comidas feitas com base em batata, batata de todos os modos, eu gosto. — Marta explica. — Também gosto de carne de frango e de frutas, de todo tipo.

Johnny sorri, guardando a cola de volta no pote.

— Basicamente, comida saudável — ele diz, sorrindo. — Faz bem a sua cara.

— E você, Johnny? — Marta olha para o garoto, que se mantém de pé.

Johnny coloca o dedo no queixo, pensativo. A mente de Muriel gira e gira em torno de si mesma. Como que aquela cola que saiu do pote pegou ela e a jogou ali? Muriel se pergunta se seu peso é tão pequeno assim, mas não se considera tão leve. E ainda assim, como que a cola poderia ter se mexido por si mesma? Antes que Johnny pudesse responder, Muriel tosse, chamando atenção.

— Desculpa, mas, o que acabou de acontecer? — Muriel fala, erguendo a mão. — Eu já comecei a delirar?

Johnny olha para Muriel e ri, balançando negativamente a cabeça. Ele oferece a mão para ajudá-la a se levantar.

— Eu usei algo que eventualmente você também irá aprender — ele explica. — Algo chamado nen e que é muito importante para um Hunter.

— Controlar… Cola? — ela pergunta confusa, enquanto se levanta com ajuda de Johnny.

Marta suspira, se levantando e ajeitando sua roupa. Ela vê sua bola e a puxa para si, começando a fazer embaixadinhas.

Nen, Muriel, é uma técnica que te permite manipular e usar o fluxo da sua energia interior, sua energia vital — Marta explica. — Tudo para controlar a aura, sua energia vital.

Muriel olha para a colega confusa, começando a deixar de entender, visto que Marta começa a se empolgar e usar uma linguagem técnica. Johnny nota isso e ergue a mão, com Marta olhando para ele e depois para Muriel, entendendo o que aconteceu.

— Não. Pense no nen como sua… Energia especial — Johnny fala. — É algo que existe dentro de cada ser vivo, mas quando você aprende o nen você aprende a controlar essa aura e assim você pode fazer diversas coisas incríveis.

Muriel coça a parte de trás da sua orelha, ainda pensativa. Não tem certeza se entendeu ou se só acha que entendeu. Ela continua com a expressão pensativa, com Johnny incerto se a colega havia compreendido.

— Quer que eu explique de volta? — ele pergunta, com um riso na voz.

Muriel começa a andar, dando alguns passos e olhando para ele por cima do ombro.

— Eu não sei se entendi — ela fala. — E não sei como ui ui energia vital fez você controlar a cola. Aquilo era cola, né? Diz que era, por favor. Por favor

Johnny ri tímido, tanto ele quanto Marta andando atrás de Muriel.

— Sim, era cola — ele fala, envergonhado com a pergunta de Muriel. — E sim, estudar nen me permitiu isso, mas não é algo simples. Isso é algo que… Vamos dizer que só eu faço. Porque estudei para fazer especificamente isso.

Muriel resmunga algo, pensativa.

— Marta, tu sabe fazer isso aí? — Muriel pergunta.

— Usar nen, sim. Já cheguei nisso — ela responde. — Mas ainda não desenvolvi meu hatsu.

— Rá o que? — Muriel exclama, se virando para Marta.

Hatsu é a habilidade individual que cada um desenvolve. O do Johnny é controlar cola — Marta explica, com bastante calma. — Eu até poderia te explicar a fundo mas você não entenderia.

— Ei! — Muriel resmunga, ofendida.

— Não que você seja burra, e sim que é muita coisa. Muita coisa que te deixaria confusa — Marta conta, impulsionando a bola para cima e pegando com a mão, levando-a debaixo do braço.

Johnny assente com o que Marta diz.

— E quando eu vou aprender isso aí? Parece daora — Muriel pergunta. — Eu posso fazer, deixa eu ver… Eu poderia soltar mísseis. É. Mísseis. Ou controlar aviões! Isso! Daí eu poderia, tipo, cavalgar aviões e pew pew pew neles.

— Neles? — Marta resmunga, confusa.

— Ah, ah, tem um personagem de um desenho que eu via que ele foi mordido por um carrapato radioativo e podia pular nos prédios e pisava em cima dos vagabundo. Eu posso fazer isso?

Marta respira fundo, tomando a decisão de ficar quieta. Não precisa responder isso.

“Johnny lida melhor com essas coisas, isso é fato” ela pensa, se assegurando que ficar quieta é a melhor escolha.

— Bem, acho que você pode soar bastante com ideias, mas no fim acaba sendo um pouco mais complexo — Johnny comenta. — Eu demorei para decidir o que queria fazer e ainda assim demorou para achar um jeito de fazê-lo ser possível.

Muriel sorri. Não entendeu direito, mas agora sabe que vai poder ter poderzinhos. Isso é interessante, bastante, na opinião da garota. Ao se perguntar porque Nero ainda não começou a lhe ensinar isso, presume que seja por não estar pronta. Muriel ri, parando de andar por um momento.

“Faz sentido! Agora faz sentido!” ela pensa, em maravilhamento.

Muriel entende que o que está vivendo agora é aquela montagem de treinamento que provavelmente vem com uma música. E isso faz ela rir.

— ‘Pera, então eu deveria cantar? — ela resmunga para si mesma, com a mão no queixo. — Não, não, a música tá tocando no fundo. Talvez ela comece… Agora!

Muriel sai andando, com o peito empinado, em passos firmes e cheios de si. Sente-se confiante, mais do que nunca.

Marta se limita a olhar para Johnny Glusive,.

— Do que ela tá falando? — Marta pergunta.

Johnny ri e dá os ombros, apressando o passo e gestuando para Marta fazer o mesmo. Não poderiam deixar Muriel deixá-los para trás. Ela na verdade não pode ver, mas durante toda a trajetória, ambos seus colegas estão treinando ren, amplificando a aura ao redor deles mesmos. O fato de Muriel ter conseguido derrubar Marta se deve ao fato de que, na hora, ela estava um tanto cansada de fazer isso.

 

Os três alunos da Hunter Angela Nery estão debaixo de uma pequena tenda, que os protege do sol. Cada um se abana com um leque. Derren está levemente deitado, apoiado em um cotovelo enquanto se abana, Manny está irritado, abanando a si mesmo com força e se controlando para não beber mais água. Sem querer bebeu uma garrafa toda e isso já causou uma discussão enorme. Agni está sentado de pernas cruzadas, de olhos fechados e expressão tranquila, e só não parece que está dormindo sentado pois está se abanando calmamente.

— Vamos andar quando? — Derren pergunta.

— Quando o sol baixar — Manny responde prontamente, com Agni não tendo tempo.

— Desde quando você decide as coisas, pirralho? — Derren ergue a sobrancelha.

— Eu sou o sobrinho da tia Angel e, além de tudo, a gente não fez a pausa por causa de mim? — Manny devolve a pergunta, um tanto irritadiço.

Agni suspira.

— Bem, todos nós queríamos fazer essa pausa. O sol tá alto e tá calor demais — Agni Virha explica. — O Manny tava certo, Derren, vou ter que ficar do lado do garotão aqui.

Derren suspira e tira um deck de cartas do bolso, começando a brincar com elas, começando a ficar brincando e treinando magias. Agni suspira, voltando a treinar sua aura, com Derren notando e ficando um pouco intimidado com isso. Agni Virha está treinando ken, uma das técnicas de nen, que lhe permite deixar a aura mais resistente, protegendo Agni. Derren se sente intimidado, e por isso, justamente por isso, fica com vergonha de aproveitar o momento para treinar.

 

Finalmente Nero Ja’weh Blanco retorna para a casa alugada, junto de seus dois colegas. A viagem foi relativamente curta, mas não foi ruim. Angela e Chezan haviam sugerido que ele ficasse mas Nero se sentiu no dever de acompanhar os dois e se despedir dos jovens alunos. Durante a vinda, foram feitas apostas sobre quem poderia chegar primeiro. Angela apostou em Agni, pois ele é alguém com bastante energia e vem progredindo bastante no treino de nen, com um hatsu já desenvolvido. Chezan demora para apostar em alguém, ficando entre Marta, Johnny e Arthur. Sabe que Johnny é o aluno mais avançado, só que Marta e Arthur possuem um físico melhor em termos de resistência.

Nero caminha até seu quarto, olhando para sua cama e a escrivaninha onde possui suas coisas. Ele concorda com todas as coisas que ambos falaram, mas ainda acredita em Manny e Gisele por exemplo. Ambos são igualmente promissores. Ele vê uma foto antiga, de seus velhos tempos, e a segura. Ele apostou em Muriel. Não duvida que ela pode ganhar, por mais que não faça sentido. Uma parte de Nero não aprecia o jeito caótico de Muriel mas sabe que pode lapidar isso em uma jovem mais pacífica e responsável. Por hora, é melhor aproveitar esse jeito caótico e incentivar seu crescimento. Ele guarda a foto assim que ouve passos atrás de si. Angela Nery.

— Senhor Blanco. Chezan vai preparar o almoço e então poderemos começar a trabalhar com força total — ela fala.

— Bom, isso é bom. Temos uns seis dias para trabalharmos com força total — Nero diz, mais para si mesmo do que para a Hunter. — Serão dias intensos e cheios.

Angela muda o peso do corpo de um pé para o outro.

— Não acha que nenhum deles vai desistir? — ela pergunta.

Nero para e pensa por um momento. Ele nega e então sente o cheiro no ar.

— Ele está fazendo batata frita? — Nero pergunta enquanto prende o cabelo.

— Sim, está sim — Angela responde.

— Adoro — Nero sorri.


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