Abrigo escrita por Manoo


Capítulo 3
Detenção


Notas iniciais do capítulo

Depois de quase três meses, aqui estou eu! KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK Eu realmente sinto muito pela demora para atualizar. Em compensação, ainda essa semana ou na outra eu já estou postando o capítulo quatro.
Muito obrigada pelos comentários e por favoritarem a história. Isso me deixa mais empolgada a continua! Esses dias estava pensando em traduzir a história para o inglês, pra postar na gringa, mas não sei se vou ter tempo...
Este capítulo traz um pouco mais do Chuuya e um pouco do passado do Dazai com o Akutagawa. Espero que gostem!



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Chuuya entrou na sala de detenção com um olhar de poucos amigos, fuzilando as outras poucas pestes, que também haviam se metido em problemas, e, principalmente, Dazai. O moreno estava sentado em uma das classes ao canto, encarando o pátio pela janela.

Caminhou, ou melhor, marchou, na direção do rapaz, sentando-se ruidosamente na classe ao seu lado. Osamu lhe olhou de soslaio, emburrado. Chuuya devolveu o olhar, bufando.

O professor de ensino religioso, Nathaniel Hawthorne, entrou na sala, fechando a porta atrás de si com força. Já era conhecido entre os alunos como o professor mais tirano da escola, famoso pelas tantas punições e notas vermelhas que aplicava em seus alunos.

Chuuya franziu o cenho, fuzilando o professor com o olhar. Osamu permanecia desinteressado.

— Veja só, pelo visto temos dois novos companheiros. -O homem disse, seu tom de voz cheio de deboche. Ergueu duas folhas de papel de sua mesa, lendo-as rapidamente. -Dazai Osamu e Nakahara Chuuya, certo?

— É.

— Uhum.

— A resposta correta é “sim, senhor”. -Hawthorne os corrigiu- Aprendam a respeitar seus professores.

— Tá.

— Uhum.

O homem ergueu o olhar dos papéis, encarando ambos os garotos com irritação. Suspirou, pegando uma pilha de folhas em branco e distribuindo-as entre a classe. Quando chegou perto de Osamu e Chuuya, fez questão de olhar nos olhos de ambos, deixando claro apenas com o olhar que não aceitaria qualquer desobediência dos dois.

Ambos deram de ombros, já acostumados a serem tratados igual lixo por adultos.

— Quero uma reflexão sobre os erros que cometeram desta vez- Disse, sentando-se em sua cadeira. Puxou um livro de dentro de sua pasta, folheando-o enquanto falava- Expliquem onde foi que erraram e como irão fazer para se redimirem. Quem não me entregar até o final da detenção, ou seja, à 13h15, não poderá sair até o fim do período da tarde. E não se atrevam a conversar ou fazer qualquer brincadeirinha. Estamos entendidos? -Ergueu o olhar do livro, observando os alunos engolirem em seco e concordarem, intimidados. Voltou a abaixar o olhar, satisfeito- Comecem.

Chuuya observou os outros alunos, alguns conhecidos, outros não, pegarem suas canetas e começarem a rabiscar no papel. Tsc. Pegou sua caneta, ainda contrariado, e começou a escrever qualquer besteira no papel. Quando já estava se preparando para iniciar o segundo parágrafo, percebeu a falta de movimento ao seu lado, erguendo o olhar.

Osamu permanecia parado, ainda encarando o pátio da escola. Sua caneta estava dentro do estojo, e o papel em branco. Seus olhos castanhos refletiam no vidro, e Chuuya sentiu um certo desconforto ao ver o rapaz com uma expressão tão...vazia.

— Ei- sussurrou, chamando a atenção de Dazai- Se você não escrever nada, vai passar a tarde inteira aqui.

Dazai simplesmente o ignorou, sua face ainda voltada para a janela.

Franziu o cenho, indignado por ser ignorado.

— Estou falando com você, caralho. -Sussurrou um pouco mais alto, estapeando o braço do moreno, que finalmente voltou um olhar incomodado em sua direção.

— Não enche o saco. -Osamu sussurrou de volta, arrumando-se em sua classe.

— Quê?! Eu ainda tento ajudar e sou tratado assim? -Seu tom de voz começou a levantar, mas Chuuya apenas ignorou os olhares que os outros lhe lançavam.

— E eu pedi sua ajuda? -Dazai retrucou, irritado.

— Escuta aqui, seu-

— Calados, os dois. -O professor disse, fechando seu livro bruscamente. A classe engoliu em seco, todos voltando seus olhares para suas classes.

Chuuya estalou a língua contra o céu da boca, frustrado. Osamu simplesmente voltou sua atenção para a janela, apoiando o queixo contra a mão com um olhar emburrado no rosto.

Achava aquele garoto esquisito demais. Já vira várias de suas expressões em apenas um dia. Primeiro vira ele agredir Akutagawa, uma expressão de puro ódio em seu rosto. Depois, observou ele consolar o garotinho de cabelos brancos, que chorava desesperadamente agarrado à sua cintura, com um sorriso gentil no rosto. E, por último, tivera de aguentar a indiferença do rapaz para a sua existência.

Era por isso que, apesar de conhecê-lo a apenas um dia, sabia que aquela expressão emburrada não era só por estar irritado com a detenção ou com ele. Poderia apostar que o que estava incomodando de verdade era a paisagem através daquela janela.

Os lábios de Chuuya se contorceram em um sorriso debochado. Sabia muito bem quem estava no pátio àquele horário.

— Sabe, se você não terminar sua redação, o seu irmãozinho vai ter que ficar a tarde inteira esperando a chefia liberar você...-Provocou, recebendo um olhar feroz de Osamu.

— Cala a boca.

— Oh, ficou brabinho, é?

— Mais uma palavra e quem vai ficar “brabinho” sou eu.

Ambos pularam em seus assentos, voltando olhares surpresos para o professor, que estava em frente à ambos, de pé em toda sua glória. Um sorriso satisfeito, muito provavelmente por ter conseguido assustar os dois, se formou no rosto do professor.

— Ambos têm 15 minutos para finalizarem uma redação perfeita. -O professor disse, encostando-se contra a janela e seguindo a linha de visão de Dazai, curioso- Vamos tomar cuidado para não deixar ninguém esperando, sim?

Dazai desviou o olhar, frustrado.

Hawthorne voltou a atenção para Chuuya, o sorrisinho ainda em seu rosto.

— E você, Nakahara, termine logo também. Creio que não preciso lembrar que a detenção de vocês é conjunta, não? -Ele disse, caminhando em direção à sua mesa- Se um não terminar, o outro também não sai.

Chuuya quis protestar, indignado, mas se deteve ao notar movimento ao seu lado. Arregalou os olhos, encarando Osamu de queixo caído. O moreno já estava finalizando o primeiro parágrafo, o rosto praticamente grudado na folha de papel.

— Nem a pau que eu vou passar a tarde aqui com você- Disse, iniciando o segundo parágrafo.

— Hah?!

.

Desceram as escadas lado a lado, Chuuya quase fumegando de tão irritado que estava e Osamu emburrado, as sobrancelhas quase juntas de tão franzidas que estavam.

— Quer parar de me seguir? -Chuuya reclamou, afastando-se um pouco do moreno, que o olhou como se fosse um inseto.

— Estamos indo para o mesmo lugar, nanico.

— Do que você me chamou?! -Esbravejou, pisoteando o chão com força. Dazai ergueu uma sobrancelha, achando a reação do ruivo cômica.

— De baixinho. Pituquinho. Neném. Anão da branca de neve.

— Como é que é?!

Chuuya ainda estava xingando Dazai quando entraram no pátio, chamando a atenção de algumas crianças que brincavam em volta. Ambos caminharam na mesma direção, o que irritou Chuuya mais ainda. Pararam em frente ao parquinho, esperando que as duas crianças os notassem.

O primeiro a erguer o olhar da areia foi Akutagawa, que encarou Chuuya. Seu olhar dizia tudo- como se atreve a me fazer esperar tanto tempo? Jamais iria dizer para o garoto que quanto mais ele tentasse parecer forte e intimidante, mais fofinho ficava. Porém, logo seu olhar irritado mudou para um que alternava entre medo e admiração. Uma pena que este olhar estava direcionado para o moreno ao seu lado, e não para si. Irritou-se ainda mais.

O outro garotinho, Atsushi, ergueu o olhar do castelo de areia que estava fazendo assim que as sombras de Osamu e Chuuya pousaram em cima dele. Ficou inquieto imediatamente, seu olhar indo de Dazai para Nakahara, de Nakahara para Dazai. Ergueu-se da areia e escondeu-se atrás do moreno, pisoteando seu castelo inacabado.

Chuuya ergueu uma sobrancelha, levemente ofendido pela reação do garoto.

— Oi, Atsushi-kun. -Dazai sorriu, afagando os cabelos prateados- Esperou muito?

Atsushi assentiu, os olhos discretamente colados em Chuuya. Obviamente, o ruivo já estava ciente que estava sendo observado.

— E onde estão os outros? Deixaram-no aqui, sozinho? -Perguntou, visivelmente incomodado.

 Chuuya se surpreendeu um pouco com a forma que Dazai tratava o garoto. Transbordava cuidado e gentileza, deixando uma sensação desconfortável nos outros que estavam ao redor. Era estranho demais ver aquele garoto que sempre andava por aí com uma expressão de morto agir com tanto afeto.

Voltou sua atenção para Ryuunosuke, que observava os dois de cenho franzido, seu olhar transbordando ciúmes. Aproximou-se, chutando levemente sua canela, distraindo-o.

— Aie! -Grunhiu, lançando um olhar para Chuuya, que o provocou com um sorriso.

— E aí, tampinha. -Encostou sua mão contra os cabelos negros, bagunçando-os- Cadê a Kouyou?

— Já foi. -Respondeu, afastando a mão do mais velho com um tapa- Disse que o Mori-san vinha nos buscar depois.

Assentiu, cruzando os braços.

Silêncio tomou o grupo de quatro pessoas. O rosto de Dazai voltara a se contorcer naquela expressão sombria, e Atsushi permanecia colado à cintura do moreno, encarando Chuuya com cautela. Akutagawa abaixara a cabeça, vez ou outra levantando o olhar para ver se Dazai o observava ou para fuzilar Atsushi com uma expressão de poucos amigos.

Chuuya pigarreou, chamando a atenção deles e fazendo com que Atsushi pulasse, assustado.

— Então...Vocês dois são amigos agora? -Perguntou, encarando o castelo de areia esmagado com uma sobrancelha em pé.

Akutagawa bufou, ofendido.

— Óbvio que não!

Atsushi franziu as sobrancelhas, ofendido por Akutagawa ter se ofendido. Parecia querer protestar, mas se calou ao notar o olhar de Chuuya sobre si. Desconfortável, o ruivo desviou o olhar.

— Você não estava implicando com ele, né? -Osamu perguntou, sua expressão ainda mais sombria do que antes.

— E-eu não faria isso-

— Mas você estava batendo nele ontem mesmo...

— Ei, para de pegar no pé dele. -Chuuya se intrometeu, recebendo um olhar irritado de Dazai- Ele já pediu desculpas.

Osamu parecia querer insistir no assunto, mas parou ao notar os olhos de Atsushi o observando. Bufou, lançando mais um olhar irritado para os outros dois antes de voltar a falar com o mais novo.

— Atsushi-kun, o Fukuzawa deixou o dinheiro do ônibus com você? -Dazai perguntou.

Atsushi assentiu, puxando uma carteira de dentro do bolso de seu uniforme. Abriu-a, provando que o dinheiro estava lá dentro. Osamu suspirou, aliviado.

— Certo, vamos logo então- Disse, pegando a mão do mais novo com pressa.

Olhou para Chuuya e Ryuunosuke com indiferença, decidido a não se despedir. Akutagawa desviou o olhar, e Chuuya chiou, já não aguentando mais toda aquela arrogância. As únicas coisas que o mantinham de sair no soco com Dazai de novo eram a ameaça de mais detenções, os puxões de orelha de Kouyou e o fato de que Atsushi ainda agarrado em Dazai. Se não fossem por essas três coisas, seu punho já teria entrado em contato com aquele rosto.

De repente, os olhos de Osamu se focaram em algo distante, deixando o moreno inquieto.

— Vamos, vamos. -Disse, puxando Atsushi pelo braço.

— Aaaah. -Ele exclamou, deixando-se ser puxado. Lançou um último olhar na direção de Akutagawa e Chuuya, hesitantemente balançando a mão.

Chuuya ergueu uma das mãos, e Ryuunosuke o dedo do meio. O ruivo deu-lhe um leve tapa na cabeça, repreendendo-o.

Curioso, e querendo escapar dos xingamentos de Akutagawa, voltou o olhar na mesma direção que Dazai antes olhava. Deparou-se com um carro preto estacionado, não demorando muito para reconhecer como o carro usado por Mori. O próprio abaixou a janela do carro, sorrindo amigavelmente e erguendo uma mão para chamar a atenção dos dois rapazes.

— Vamos, Ryuu.

— Não me chame assim! -O garoto protestou, correndo na frente de Chuuya para chegar primeiro ao carro.

Entrando no carro, sentiu um certo desconforto em seu peito. Não conseguia tirar de sua cabeça a expressão desesperada de Dazai.

Ele...tinha medo de Mori-san?

.

— Tenho uma surpresa para você. -Dazai disse, sentando-se no assento ao lado de Atsushi.

O garoto olhou-o com curiosidade, inclinando a cabeça para o lado.

— Que surpresa? -Perguntou, recebendo um sorrisinho em troca.

— Adivinhe! -Disse, colocando a mão dentro de sua mochila.

Atsushi fechou os olhos, uma expressão pensativa em seu rosto. Era humanamente possível que uma criança fosse tão fofa assim?

— Não sei...-Disse, por fim, chateado por não ter desvendado o enigma.

Dazai riu, puxando o pacote de dentro da sua mochila e entregando-o a Atsushi. Observou o garoto desembrulhar o mimo, seu sorriso aumentando ao ver os olhos confusos de Atsushi brilharem ao olharem o presente.

— O que...é isso?

— É uma bomba de chocolate. É feito de chocolate, tenho certeza de que você vai gostar! -Explicou, vendo os olhos de Atsushi brilharem ainda mais ao ouvir a palavra “chocolate”. -Eu tinha comprado uma ontem, mas acabei perdendo-a no meio de toda a confusão. Vamos, pode comer.

Atsushi encarou o doce com olhos arregalados, mas não fez uma tentativa de mordê-lo. Dazai inclinou a cabeça, confuso.

— Qual o problema?

— É que...Tudo bem se comermos isso antes do almoço? -Perguntou, uma expressão hesitante no rosto. Era óbvio que queria comer o doce. —É que eu ouvi o Kunikida-san brigando com o Ranpo porque ele comeu biscoitos antes do jantar...

Dazai riu, bagunçando os cabelos de Atsushi.

— Não precisa se preocupar com isso, Atsushi-kun. -Disse, ignorando o olhar levemente incomodado que recebeu do garoto- Só precisamos tomar cuidado para que o Kunikida não descubra, oras! Se você não contar, eu também não conto.

Atsushi sorriu, satisfeito com a resposta.

— Tá, mas você come também! -Disse, partindo o doce em dois. Dazai caiu na risada quando Atsushi se assustou com o recheio que transbordava do doce partido.

Enquanto mastigava o doce, Osamu decidiu perguntar mais uma vez o que estava lhe incomodando desde mais cedo.

— Ei, Atsushi-kun, o Akutagawa não implicou com você, né? -Atsushi olhou-o, confuso. -Não bateu em você que nem ontem? Ou xingou você de algo?

Atsushi balançou a cabeça, negando.

— Ele estava esperando o garoto ruivo sair da detenção no mesmo banco que eu. -Disse, mastigando lentamente o doce- Quando eu fui brincar na areia, ele veio junto, dizendo que era idiota eu ficar brincando na areia. Mas aí ele me ajudou a montar um castelo- Disse, engolindo o que estava mastigando. Fez um beicinho, emburrado- Mas ele não pediu desculpas pra Lucy. Então não somos amigos! Hmph!

— Hmmm...-Murmurou, pensativo.

Estava surpreso. Ver Akutagawa tratar uma criança mais nova com qualquer outra emoção que não fosse raiva ou desprezo era algo completamente novo para ele. Passara a detenção inteira observando as duas crianças pela janela, esperando o momento que Ryuunosuke fosse pular sobre Atsushi, sentindo alívio e desconforto quando isso não aconteceu. Alívio por Atsushi não ter sido abusado novamente. Desconforto por ter tratado Akutagawa como um selvagem.

Dos dois anos que vivera no orfanato administrado por Mori, convivera apenas 6 meses com Akutagawa. O garoto e sua irmã mais nova haviam sido entregues ao serviço social pelos avós após a morte dos pais em um acidente de carro- aparentemente, detestavam o genro e os netos. Não demorou muito para a garotinha ser adotada, deixando o garoto sozinho.

Passou a dividir o quarto com ele, já que Odasaku havia sido adotado há pouco tempo, deixando sua cama vaga. Não demorou muito para que o garoto começasse a querer sua atenção, fazendo-lhe perguntas e praticamente lhe contando todo o seu dia a dia quando voltavam da escola. Akutagawa não era uma má criança. Não nesses momentos.

Mas, em outros momentos, o garoto era pior que o diabo. E isso era culpa de Osamu. Embora já tivesse um temperamento forte e uma habilidade para retrucar rápido os mais velhos, Ryuunosuke começou a se tornar cada vez mais violento sobre a influência de Dazai.

Ensinara-o a bater nos mais novos, fosse por algum motivo ou só porque estava entediado. Ensinara como humilhar os outros, como manipular. De início, fizera isso porque tinha medo que os mais velhos implicassem com ele quando Osamu não estava por perto, mas logo percebeu que fazia aquilo, principalmente, para irritar Mori. Dava-lhe prazer ver a expressão irritada do diretor sempre que o diretor ligava com diversas reclamações sobre o garoto.

Mas então, o incidente de seis meses atrás aconteceu. E Dazai se machucou. Se machucou feio. E então conheceu Fukuzawa. E, depois disso, tudo mudou. Menos a presença de Ryuunosuke.

Por mais que tivesse deixado claro que não queria mais saber do garoto, este o perseguia pela escola, escondendo-se sempre que via que o mais velho o havia notado. Era irritante. Para ele, Akutagawa era o que o mantinha amarrado ao outro orfanato. Não conseguia olhar para o garoto sem sofrer com as memórias daquele lugar. Por isso, não podia evitar odiar o garoto.

Às vezes, achava que era por isso que gostava tanto de Atsushi. Atsushi era uma chance de se redimir. Era um garotinho tímido, fofo e inocente. Uma criança que já havia sofrido muito, assim como Akutagawa e Osamu, mas que se recusava até mesmo a pisar em uma formiga. Era o oposto do que Akutagawa havia se tornado. E Dazai estava determinado a impedir que tal cenário- Atsushi batendo em alguém, Atsushi humilhando alguém, Atsushi gritando e esperneando- acontecesse.

Porém, já não estava mais certo disso. Ver Ryuunosuke agir civilizadamente o deixou com um gosto estranho na boca. Talvez...Talvez, no fundo, ele ainda fosse apenas um garotinho em busca de afeto. Assim como Atsushi. Assim como Osamu.

Vira a forma como o mais novo se comportara com Nakahara Chuuya. Eram uma dupla mais agitada e rude que Dazai e Atsushi, mas, assim como eles, demonstravam certo apego um ao outro. Uma coisa era certeza: Chuuya estava sendo uma ótima influência sobre o garoto.

Suspirou, cansado. Logo chegariam à parada próxima ao orfanato, e poderia tirar o seu soninho dos deuses.

Atsushi encarou-o, curioso.

— Tudo bem, Dazai-san?

Apesar da insistência para que o chamasse por seu primeiro nome, Atsushi se recusava a “faltar com respeito”, segundo ele mesmo. Tinha como ser mais fofo?

— Uhum. Só estou cansado. -Disse, fingindo um bocejo. Atsushi “pegou” seu bocejo falso, bocejando de verdade. Osamu sorriu, mordendo o resto do seu doce, mastigando-o antes de engolir. -Aliás, Atsushi-kun. Por que você não foi com o Fukuzawa-san e os outros? Sabe que não precisa ficar me esperando, né?

— Eu sei- Atsushi murmurou, encarando seu colo com timidez-, mas eu quis esperar. Eu posso, né?

Céus.

— Ai, você é fofo demais, Atsushi-kun! -Osamu disse, abraçando o garotinho com força. Atsushi exclamou, assustado, demorando a se acostumar com o repentino gesto de carinho. Dazai apenas o abraçou com mais força, esperando o garoto se acalmar.

As outras pessoas que estavam no ônibus só ignoraram a barulheira no fundo do ônibus, preferindo não se intrometer.


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Notas finais do capítulo

O Atsushi é uma fofura, não?
Queria esclarecer uma coisa: estou escrevendo o Dazai como uma pessoa mais sombria do que em canon, pois ele é uma criança traumatizada que está reaprendendo a viver em "harmonia" com os outros. Se vocês observarem bem, a forma como ele age com a galera do orfanato (Atsushi, Fukuzawa, Kunikida, etc) é diferente da forma que ele age com professores, colegas de escola (com exceção de Ango!) e outros tantos. Conforme ele for crescendo, sua personalidade vai ficar mais parecida com o que é no mangá/anime.
Vou tentar postar o próximo capítulo até o final da semana que vem. Meu semestre começou, então logo logo já estou cheia de leituras para fazer.
Até a próxima!



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