A Sunday Kind Of Love escrita por EVE


Capítulo 4
L.B, 2020.


Notas iniciais do capítulo

... bem, e vamos de inserir personagem original. Eu nada prometo, mas vai ser legal. Pra quem? Não sei. Aviso: Leves menções de heterossexualidade. já avisados, prossigam.



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Gotham, 2020. 

Em Laura surgiu aquela conhecida curiosidade causada pelas cartas que achou no sótão da avó, enquanto estava na procura de antigos documentos da família. 

No pequeno espaço, o tempo e a poeira caíam manso sobre os móveis cobertos, livros e caixas e mais caixas com... bem, coisas. O sótão de uma casa era sempre o lugar onde as memórias cansadas iam. E principalmente, onde a vó de Laura sempre aconselhou não meter o nariz curioso, pois, além de curioso, era alérgico. Mas, sinceramente, nada a impediu de dedicar semanas lendo as palavras de um material tão cru e emocional ou pesquisar sobre a misteriosa mulher com quem sua avó trocava cartas ou até mesmo, percorrer dois estados com as cartas da Srta. Lance no porta-luvas, na missão de encontrá-la. 

*** 

Laura hesita em apertar a campainha do casarão 7491 de Starling City. Ela observa o jardim bem cuidado; nenhuma folha avulsa na grama, a varanda intacta e contabiliza todas as ripas da cerca branca, antes de finalmente pressionar o botão da campainha. 

Quando Laura foi atendida, viu que quase nada mudou na mulher das fotografias, salvo algumas rugas e poucos cabelos brancos. Outro hipster na minha varanda, o terceiro na semana, a mulher diz e sorri para Laura. Por certo, com suas roupas, a franja, óculos e o corpo na base de cafeína, ela aceitou o comentário. 

"Srta. Lance, eu..." 

"Ninguém me chama assim há décadas, querida!" 

"Eu sou Laura Bertinelli." A jovem percebe a mudança no semblante da senhora, mas Laura retira os papéis amarelados da bolsa e breve conta a sua história. 

No fim, Sra. Lance a convida para entrar e o aroma de bolo de canela, súbito é sentido durante os seus primeiros passos para dentro da casa. No cômodo da sala, em rápida observação, Laura encontra as muitas fotografias que confessavam uma vida que passou, vários livros e dezenas de discos de vinil que descansavam no canto ao lado da reluzente vitrola. E esperou ali se acomodar para iniciar a tão esperada conversa, mas, outra vez aquela mulher lhe surpreende. Sra. Lance a guia até o pequeno jardim de trás e vai para a cozinha, nas palavras dela, preparar um chá que combinava com essas tardes de outono. 

*** 

A jovem assopra a fumegante xícara de chá diante dos grandes olhos castanhos da Sra. Lance. A mulher busca entre as cartas sobre a mesa, uma fotografia de três jovens sorrindo para a câmera; os braços do rapaz sobre o ombro das duas moças e eles estão frente à uma capela - o que viera a ser a catedral de Gotham. Enquanto a senhora analisa a imagem, ela dá uma risada gostosa que ecoa nos ouvidos de Laura, e por fim, suspira. 

Para Dinah Lance-Queen, aquela imagem encheu seu peito com uma boa nostalgia. As histórias, na verdade, são curtas, tais como aquela parte de sua infância em Gotham ou os fragmentos da vida passada daqueles três jovens de Gotham. 

*** 

Frente à penteadeira, Dinah Drake penteia os cabelos da filha; as mãos dela acariciavam os fios pretos com um imenso sorriso no rosto. Tenha orgulho dos seus pequenos cachos, ela sempre dizia para a filha, além de perguntar como as crianças Bertinelli estavam a tratando. 

Quando Dinah Drake conheceu a família Bertinelli naquele jantar; a filha e marido podiam estar extasiados com a calorosa receptividade, mas toda aquela ostentação, não a enganava. Ela desconfiava das intenções de Franco para com Richard. Nós estamos andando em um ninho de cobras; tenham cuidado, ela os avisava. 

Richard se preocupava com o bem estar da mulher e filha. Eles não eram a propaganda perfeita do jeito americano, mas com a chegada na nova cidade sem os olhares de esguelha sobre a sua família; a sua mulher sendo aceita nos círculos sociais e a filha acompanhando crianças de boa família por todos os lados. Poderia até ser uma crença ingênua, mas ele acreditou que o mundo estava finalmente mudando. Infelizmente para a esposa, toda aquela realidade foi um tanto difícil de acreditar. 

Antes de estarem sob um contrato matrimonial, Dinah Drake e Richard Lance eram parceiros como combatentes do crime. Com o nascimento da primeira filha e compreendendo o mundo que ela iria nascer, tornava-se mais que necessário protegê-la de toda e qualquer ameaça, principalmente daquelas aparentadas como seda, mas que podiam esconder espinhos. 

Apesar de mais clara, a filha compartilhava da mesma cor de sua pele, então Dinah Drake considerava as suas ações não apenas um cuidado comum à todas as mães, mas também uma intuição natural como detetive. 

***

Durante a adolescência, quando sua mãe apontava os grandes olhos sobre si, Dinah, às vezes, sentia que não alcançaria ser essa grande mulher que sua mãe era. Tudo nela era um aviso. Os lábios vermelhos, as vestes impecáveis, o enorme sorriso que se sustentava aos cansativos jantares, sempre prezando pela satisfação de todos. 

Mesmo de casa, ela acompanhava as investigações dos casos que eram delegados ao pai. Durante as discussões sussurradas na mesa de jantar que envolviam os nomes dos Bertinelli, Dinah tentava acompanhar quando não estava no cômodo. Esses ouvidos atentos serviriam melhor para as lições de piano, sua mãe dizia do andar de baixo. Dinah não compreendia o porquê da mãe dela não aceitar a sua amizade com Pino e Helena. 

A Sra. Lance poderia não aprovar o modo como Helena foi criada, mas Dinah acreditava, realmente acreditava, que no final, a mãe dela estava errada. 

O que sua mãe diria ao informá-la que estava apaixonada por aquela garota italiana! Helena era o seu sol e, Dinah, um pequeno planeta a orbitando. Ah, o amor. Nós não escolhemos quem amar, além do mais, por que haveríamos de focar tanto nas diferenças, se podíamos silenciar as nossas obrigações, fechando a porta para sermos apenas nós. 

*** 

Nos encontrávamos nos vários apartamentos espalhados pela cidade que pertenciam à família. O meu preferido, era o pequeno sobrado da Rua Moldoff, havia uma pâtisserie maravilhosa ao lado. Nós chegávamos com os nossos passos comedidos. Não sabíamos o que fazer com as mãos, mas nos sentíamos tão bem. Sentindo que estávamos inventando com tão poucas instruções algo que ainda não tinha nome. E lá ficávamos matando o tempo, ignorando nossas obrigações e o mundo fora daquelas paredes. 

Gotham, 1965 

Lá, o tempo andava com passos arrastados e, por vezes, uma estranha monotonia enchia o quarto, sustentada pela mísera luz sobre a decoração sóbria do espaço. As gotas pesadas, apesar de constantes contra a janela do quarto, produziam um som tranquilo. Era mais uma terça-feira de chuva forte e temperatura amena, mas estando envolvidas pelo calor daquele pequeno cômodo, elas permaneciam suspensas de tudo e de todos. 

Helena acomodada nos braços de Dinah, traçava preguiçosamente padrões sobre a pele dela. Dinah aspira o aroma fresco daqueles fios castanhos, os acaricia, e abraça todo aquele conforto, ganhando um suspiro de Helena. 

Mas, ultimamente, o mundo estava conseguindo quebrar o estado impermeável daquele cômodo com guerras, rumores de guerras e os homens que deviam atender ao chamado do país, homens como Pino. Fatos impossíveis para Dinah ignorar.  

"Podemos, por favor, não falar sobre o meu irmão," Helena diz irritada com o seu comentário, "Não aqui." 

Os lençóis brancos cobriam-lhe somente até a cintura, visivelmente chateada, ela os joga de lado e inicia a procura das próprias roupas.  

"As manchas de batom, Din." Helena murmura, frente ao espelho esfregando o pano úmido sobre a pele do pescoço. Os braços de Dinah envolvem a cintura pálida de Helena e a abraça por trás. Ela toca o espaço franzido entre as sobrancelhas a fim de suavizá-lo; e por fim, sussurra um pedido de desculpas contra a pele de Helena e depois sorri para o reflexo delas, mas, desta vez Helena não corresponde. 

Outro fato impossível de ignorar. Helena nunca seria exclusivamente dela; Helena era da família, e uma vez alcançada a ira da família, ela dedicaria a vida pela mesma e, então, a vida aconteceu. 

Nas festividades do começo daquele ano, Franco e Maria enxergaram em Richard Grayson um grande potencial para ser marido da filha. Helena aceitou a decisão dos pais, apesar de estar receosa com os preparativos para o casamento. E numa agradável manhã de segunda-feira do outono de 65, Helena e Richard já estariam casados. Até Pino pediu a mão de Dolores Wilson em casamento, antes de ser enviado para o campo, inspirado pelo futuro cunhado. 


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Notas finais do capítulo

Pensando bem, assim em retrospecto, eu não consigo escrever uma gay satisfeita por muito tempo, mas isso fica para terapia. Sobre a história: "Vem aí!". Percebes como sou jovem e usuária do Twitter? Mas, realmente sobre a história: ... Estou desenvolvendo e é isso.



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