3. 

Quando Naruto acordou ele não estava no hotel, muito menos em qualquer lugar que pudesse reconhecer. A cabeça doeu e girou quando abriu os olhos, mas logo despertou ao perceber como o pescoço também doía. As memórias vieram rápidas para ele e ficou difícil ficar parado, exceto pelo peso sobre ele. 

Ah, a vampira.

Bom, ele seria extremamente hipócrita se negasse que detestou a noite passada, porque, na verdade, adorou cada momento com ela. Como um caçador ele não deveria sentir prazer com uma sanguessuga, mas o jeito que as presas dela entraram em seu pescoço, a sucção lenta e o sexo depois… Então, sim, havia sido incrível e uma parte dele se culpava por ter gostado tanto assim de uma experiência que era para ser péssima. 

A vampira nua parecia dormir tranquilamente ㅡ apesar dele achar estranho uma vampira dormir ㅡ e no relógio já marcavam oito da manhã. Ele precisava voltar ao hotel e encontrar com os pais. Olhando-a assim tão gostosa e bonita, Naruto não tinha coragem de matá-la; seria quase um crime violar aquele corpo depois de tudo. Quem sabe na próxima? De qualquer forma, ele precisava vazar. 

Ou pretendia. 

ㅡ Ei, garoto. ㅡ chamou ela sonolenta ao vê-lo abrir a porta. ㅡ Aonde você pensa que vai sem me dizer seu nome?

Ele riu e voltou para a cama. Com a boca próxima do ouvido da vampira, ele respondeu. ㅡ Naruto Namikaze, vampira. Ou devo chamá-la pelo nome também?

Ela bocejou rapidamente e apenas assentiu, com um baixinho “Hinata Hyuuga”. O nome não era estranho para Naruto, mas ele sinceramente não conseguia se importar mais naquele momento. Era bem óbvio que ela era uma vampira de uma classe alta do Japão, provavelmente podre de rica e muito bem protegida. No final das contas, ele não teria chance alguma contra ela. Sua melhor alternativa era sumir do mapa e fingir que nada daquilo aconteceu. 

ㅡ Eu preciso ir. 

Hinata apenas resmungou e tentou puxá-lo novamente para a cama, mas Naruto resistiu e a segurou firme no lugar. Olhando-a de perto, ela era encantadora. Fofa, até. O biquinho cheio, mostrando a irritação por ele ir embora, o batom todo borrado pelos cantos dos lábios, o cabelo desgrenhado e os seios subindo e descendo junto com a respiração calma. De fato, ela era uma belíssima mulher e ele não se incomodaria tanto assim em ficar na cama com ela. Se ele não fosse um Namikaze e muito menos filho de Kushina. 

ㅡ Você precisa me largar, Hinata. ㅡ disse autoritário. ㅡ Ou teremos problemas e você sabe disso.

A mulher apenas resmungou de novo e finalmente o largou, mas antes que ele pudesse partir, ela largou um pedacinho no bolso de sua calça e sorriu tímida, as bochechas rosadas e não era por causa do batom borrado. Pelo contrário, ela realmente estava envergonhada e ele podia sentir o arzinho de flerte só pela linguagem corporal dela. E se ele não fosse idiota como pensava que era, aquele papel tinha o número dela para o qual ele ligaria se conseguisse escapar das garras de vingança da mãe. 

ㅡ Hyuuga, você é um perigo. 

ㅡ Você também, Namikaze. ㅡ disse baixinho. ㅡ Mas eu gosto de um desafio. 

ㅡ Mesmo que o desafio em questão seja um caçador?

ㅡ Mesmo que o desafio em questão seja um caçador. ㅡ riu. ㅡ Agora, vá. Essa conversa acabou por hora. 

Naruto balançou a cabeça, desacreditando na atitude da vampira, e apenas saiu pela porta sem olhar para trás e nem precisava; podia sentir o olhar de Hinata o perseguindo e o preenchendo por todos os poros. Não seria fácil escapar daquela predadora. E se ele não estivesse errado, ele era agora a presa mais apetitosa para ela, e pelo que sabia de vampiros… Bom, eles não desistem fácil de nada. 

A cidade ainda estava um pouco quieta do lado de fora. Alguns carros estavam rodando, mas a maioria era de policiais e alguns jovens voltando para casa depois da festa da noite anterior. Tudo ainda estava decorado exatamente como nos últimos dias e havia um pouco de sujeira pela rua. Alguém teria um longo trabalho arrumando a bagunça. Inclusive ele precisava parar num lugar para arrumar a dele que, no caso, eram dois buraquinhos no pescoço. Ninguém era bobo; seria óbvio demais e ele queria evitar pelo menos um guerra por enquanto. 

Naruto parou em uma farmácia cujo atendente estava sonolento demais para prestar atenção nele. Foi fácil comprar uma caixinha de band-aid e depois colocar um dele bem em cima dos buraquinhos. Realmente, Hinata havia feito um ótimo trabalho. E ele estava morrendo de fome. Agora precisaria repor o ferro que a mulher tirou dele na noite passada. 

Já Hinata estava correndo para colocar o vestido de volta no corpo e arrumar a bagunça do batom. Fora isso, ela estava bastante satisfeita, porque o sangue de Naruto era delicioso e havia sido suficiente para suprir sua fome de alguns anos. Obviamente, era controlada o bastante para não matá-lo (até porque seria um grande desperdício), e mesmo assim saciou a fome. Talvez ele realmente ele ligasse ou ela poderia caçá-lo pela cidade. Seria um joguinho divertido, desde que ninguém descobrisse, é claro. 

Chegando a casa, tudo estava em absoluto silêncio e escuridão. Ela tentou se fazer de desentendida e foi direto para o quarto. Depois de um longo banho gelado e tirar toda a maquiagem da cara, Hinata finalmente se jogou na cama e deixou o cansaço pesar um pouco. Depois de hibernar por algumas horas ela não ficaria mais tempo na cama, mas precisava disfarçar, especialmente até conseguir abafar o cheiro de Naruto em si. 

Ah, que grande loucura ela cometeu na noite passada. Nada daquilo deveria ter acontecido, mas ela gostou tanto que adoraria repetir. Um sangue fresco, humano e o jeito que ele estava atraído por ela… Um conjunto de coisas que ela queria aproveitar até a última gota. Ela sabia que estava sendo seguida por ele e ficou admirada com a coragem do rapaz, especialmente ao sentir os hormônios dele a atingirem. Era óbvia a atração e ela não estava muito disposta a fugir. A briga era só uma desculpa para avaliar até onde estava disposta a ir. E ela foi bem longe. 

Quando Hanabi veio chamá-la para o café da manhã antes de uma caçada na floresta, ela já estava vestida e com novas roupas, depois de queimar as da noite anterior. E ela tinha certeza de que o cheiro de Naruto já não estava tão forte assim. Talvez seu pai sentisse, mas ela contava com a própria sorte. Não teria problemas, pelo menos por hoje. 

ㅡ Onde você estava, Hinata? ㅡ questionou Hiashi. 

ㅡ Eu saí para comer. ㅡ fez uma pausa. ㅡ E fiquei vagando pela cidade. 

ㅡ Até de manhã?

ㅡ Dormi num hotel. Foi mais conveniente, por assim dizer. ㅡ respondeu, encerrando o assunto. 

Hiashi apenas estreitou os olhos e não insistiu no assunto. Hinata voltou a comer o que quer que estivesse no prato a sua frente e aguardou que todos terminassem para sair à caçada. Ela colocou as botas, arrumou a adaga na coxa e preparou o saco para guardar as caças. Neji a olhava de rabo de olhos, como se soubesse de algo, mas ela conseguiria lidar com ele depois. Por enquanto bastava que ela seguisse com a tal dieta de Hiashi e tudo ficaria bem. Mais tarde, quem sabe, verdadeira diversão. 

ㅡ Prontos?

ㅡ Prontos!