Para sempre, primeiro amor escrita por Flor de Konoha


Capítulo 25
Capítulo 25 - Amor (mal) correspondido (parte 1)




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/796566/chapter/25

Ele observava enquanto um garotinho corria pelo parque e o seu pai o acompanhava. Ver a cena lhe inspirava uma emoção que descobrira a pouco tempo, mas que lhe causava uma sensação de pertencimento. Tudo parecia ruir, mas não aquilo. Nada e nem ninguém podia apagar aquilo de sua vida mais.

ㅡ Foi assim com você? ㅡ perguntou ao amigo que sentou ao seu lado sorrateiramente, sem desviar a atenção do pai e do garoto. ㅡ O sentimento de pai nasceu assim que soube da Sarada?

Sasuke não respondeu de imediato.

ㅡ Talvez. Sakura estava no fim da faculdade, acho que fiquei mais assustado. Mas quando a vi pela primeira vez, sim. Quando a vi pela primeira vez tudo se tornou real.

ㅡ Acho que vê-los torna tudo mais real. Às vezes parece que estou sonhando. O quão louco é isso? Nem cogitava a hipótese há uns meses atrás e agora... Ele chegou pronto e dói pensar que não estive lá para eles.

ㅡ Hm. ㅡ murmurou, mas pensou que o machucaria se estivesse longe. A sua história com Sakura foi complicada por muitos motivos, e o principal, era sobre a maneira tóxica que agiu por não saber lidar com os seus próprios problemas. Mas não ter participado da vida de Sarada o tornaria bem amargo.

ㅡ Será que ele chorava de madrugada? Ou sentia cólicas frequentemente? Hinata deve ter ficado linda grávida. Acho que teria me apaixonado mais ainda por ela.

ㅡ Mais? Você não mede mesmo as palavras, dobe. Você é ridiculamente apaixonado por ela.

Naruto riu.

ㅡ Não tenho vergonha de admitir isso.

ㅡ Eu teria.

ㅡ Cala a boca, teme. Você deve ter implorado para Sakura te aceitar de volta. 

Sasuke ficou mudo, lembrando de tudo que aconteceu. Ele realmente não era muito de demonstrar seus sentimentos. Talvez as pessoas o achassem frio demais. Seco demais. Mas ele sempre foi uma bagunça de sentimentos. Seu pai não era lá um exemplo de homem ou de pai, sempre muito focado no trabalho, era distante com sua mãe e tolerável para os próprios filhos. Seu irmão mais velho tratou de ir embora assim que pode, ao contrário do pai, era bem caloroso e atencioso, e logo casou para formar uma família. Então ele não teve muitos exemplos positivos, afinal, por mais que quisesse distância, seu maior medo era seguir seus passos.

Ele passou alguns anos sustentando uma máscara, vivendo uma vida que não fazia sentido, antes de se render ao que sentia. Era extremamente orgulhoso e negava veementemente qualquer sentimento que o deixasse vulnerável. Achava que deveria ser implacável, demonstrar seus sentimentos era expor uma fraqueza.

Ter conhecido Sakura e Naruto ainda na infância, com certeza o salvou de ser pior do que era. O que fortaleceu os laços dos três a amigos foi com certeza o fato de que Mikoto, mãe de Sasuke, era melhor amiga de Kushina, mãe de Naruto, e isso fez com que seus filhos convivessem bastante ao ponto de se tornarem amigos. Mesmo com todas as diferenças de personalidades.

Naruto sempre foi extrovertido. Seu carisma nato, fez com que a amizade entre ele e Sasuke fosse possível, já que ele sempre fora introspectivo. Sakura sempre estava na companhia de Naruto, era muito pequena quando os pais morreram e eles eram o mais próximo de uma família que ela tinha.

Ao crescerem, as coisas foram ficando diferentes. Naruto via Sakura como uma irmã, e como cresceram juntos, imaginava que Sasuke se sentia da mesma maneira. Mas estava muito alheio à realidade. Nunca notou a troca de olhares e até as sumidas que os dois davam quando viajavam para o campo e os três saiam para fazer algo juntos. Os dois tinham personalidades opostas, viviam brigando, mas sempre estavam juntos. O primeiro beijo aconteceu durante a adolescência, aos 13 anos, e nenhum dos dois compartilhou aquilo com ninguém. Manter em segredo parecia tornar tudo mais interessante.

Mas não passou despercebido de olhos mais aguçados. Jiraya conhecia muito bem os desejos de um homem, e sabia que sua filha era uma menina muito ingênua. Diversas vezes notou os olhares dela, quando ela achava que ninguém estava vendo. 

Sakura, é claro, como qualquer garota da sua idade, sonhava com um namorado e seu primeiro beijo, mas não era do tipo que se dobrava às vontades do Uchiha, o que às vezes o deixava bem confuso. 

Sasuke mantinha um ar de mistério, fingia não ser abalado por essas convenções da idade, fingia não se importar com nada. Não queria ser tão duro, às vezes. Ele não tinha bom senso, e também não tinha uma visão muito clara das coisas. Ele diversas vezes falou coisas que a fizeram chorar, e quando se sentia péssimo por isso, ela aparecia radiante, como se nada tivesse acontecido, como se ele fosse insignificante, o que o deixava bastante confuso e enfurecido.

ㅡ Onde está a Sakura? ㅡ Assim que adentrou à casa percebeu que algo estava errado. Naruto estava ensopado, sentado nos degraus da porta da cozinha, enquanto caia uma chuva torrencial. Eles haviam viajado para a casa no campo para passar o feriado. A casa era dos pais de Sakura, e os pais de Naruto não os acompanharam daquela vez.

Naruto o olhou, mas logo desviou o olhar.

ㅡ Ela e Sasuke sumiram. Estávamos indo até a clareira, até que os dois saíram da trilha e eu não percebi.

Jiraya apertou os olhos, já fazendo menção para sair na chuva.

ㅡ Querido, não ㅡ Tsunade segurou seu braço. ㅡ Eles devem ter parado em algum lugar por conta da chuva, conhecem cada canto daqui, vamos esperar.

A mulher não era tão compreensiva, mas já tinha sido jovem e sabia o que ele poderia encontrar. Eles mesmos já estiveram na mesma situação. Ela via as trocas de olhares intensos entre os dois, mas não era como se fosse um amor proibido. Eles podiam ficar juntos, e ela não entendia porquê os dois escondiam tanto o que sentiam. Era melhor dar um tempo para se resolveram. Sua filha já tinha quase 18 anos e logo partiria para  a faculdade.

ㅡ Querida! ㅡ ele protestou. Sua mente de escritor não muito longe do raciocínio de sua esposa, já imaginando várias situações.

ㅡ É padrinho, relaxa! O Sasuke pode ser chato, mas não deixaria nada acontecer à Sakura, nós somos como irmãos.ㅡ falou Naruto orgulhoso.

Jiraya virou para encara-lo, estava a ponto de esgana-lo.

ㅡ Você está brincando comigo, moleque?! Espero que ela volte inteira mesmo, se eu perceber alguma coisa, eu mato ele e mato você.

Naruto franziu o cenho sem entender o porquê daquela reação. 

Eles resolveram sair da trilha, para passar um tempo a sós. Mas logo estavam discutindo, Sasuke, novamente negava veementemente, ninguém poderia saber sobre eles, eles não podiam namorar. Ela se afastou irritada e acabou tropeçando em um galho seco e torceu o pé. Sasuke a alcançou, mas começou a chover e eles tiveram que procurar abrigo.

Havia um chalé ali, meio abandonado. Era bem pequeno, tinha uma cozinha e móveis, que não eram utilizados há um tempo. Os dois entraram. Sakura desvencilhou de seus braços e sentou no chão rapidamente, Sasuke vasculhou o lugar.

ㅡ Se não fosse a sua estupidez… ㅡ falou, mas se conteve.

ㅡ A minha estupidez?! ㅡ ela gritou. ㅡ Mas você é um baba…

ㅡ Desculpe ㅡ ele disse num tom brando, deixando-a sem fala. ㅡ Não tive a intenção de faze-la se afastar. Só queria ficar perto de você um pouco.

Sakura estava tocada pelas palavras dele, pois não tinha o costume de se desculpar. Mas, ao mesmo tempo, estava extremamente irritada.

Ela não disse mais nada, ou explodiria. Ele se aproximou dela, sentando no chão também. Trouxe seu pé para mais perto.

ㅡ Você não entenderia como me sinto.

ㅡ Então me diga, Sasuke. Me diga para que eu entenda. Eu quero saber a sua explicação.

Ele respirou fundo.

ㅡ Não sou um romântico, Sakura. Não pode esperar isso de mim. Além disso, somos muito jovens, como poderemos saber se é isso que queremos?

ㅡ Namoros começam e acabam o tempo todo, não é o fim do mundo.

ㅡ E se for assim com a gente, o que acontece com nossa amizade? Com o Naruto?

ㅡ Não é o fim do mundo, Sasuke. Ele vai entender, isso diz respeito apenas a nós dois.

ㅡ Vê? É isso que falo! O meu pai… ㅡ as palavras morreram em sua boca.

ㅡ O seu pai…?

ㅡ Não importa. 

Um silêncio mortal pairou sobre os dois. Uma chuva torrencial caía lá fora.

Sakura começou a tremer de frio. Sasuke procurou em volta, mas não havia nada que pudesse ajuda-la.

Ele se levantou e a abraçou. Sakura se retesou.

ㅡ Estou ensopado também, o calor humano ajuda.

Ela se virou lentamente para encara-lo. Os grandes olhos verdes fixaram-se nos pretos e ele sentia que ela era a única que o enxergava de verdade, como se só ela pudesse acessá-lo. Essa era a hora de afasta-la, de sair correndo, de fugir de qualquer coisa sentimental. Mas ele não pode. Parecia que havia sido concretado naquele lugar, não conseguia desviar o olhar do dela. Um ímã invisível lhe atraía em sua direção.

Ele a virou para si e a deitou sob seu corpo. Beijou seus lábios suavemente.

Sakura o encarou mais uma vez, sentia como se tivesse flutuando para fora de seu corpo e derretendo ao mesmo tempo. Ele não precisa falar, ainda que quisesse ouvir, ela leu em seus olhos. Como se para confirmar seu cuidado, Sasuke sussurrou em um fio de voz:

ㅡ Você quer?

Ela não respondeu, apenas se inclinou e beijou seus lábios.

A chuva continuou pela próxima meia-hora e Jiraya estava quase saindo novamente quando avistou os dois vindo em direção à casa.

Sasuke carregava Sakura nas costas. Os dois estavam ensopados pela chuva e dava pra ver que Sasuke já estava cansado, mas aguentou bravamente até a casa.

ㅡ O que aconteceu? ㅡ Naruto perguntou ansioso. Enquanto Tsunade e Jiraya ficaram mudos, analisando os dois. 

Sakura e Sasuke desviaram o olhar, ambos corados.

ㅡ Como você torceu o pé? ㅡ Tsunade perguntou, já analisando o pé da filha. ㅡ Acho que pode ter sido uma luxação, é bom tomar um banho quente e colocar gelo logo.

ㅡ Anda, garoto! Fala logo o que aconteceu ou eu te mato!
ㅡ Pai, por favor. Eu tropecei e caí, e ele me ajudou a vir para casa. Foi só isso!

Jiraya olhou de um para o outro, a linguagem corporal dos dois falando que não foi só isso. Sasuke não abaixava a cabeça, sempre com a postura altiva.

ㅡ Foi só isso, Sakura? Pensa que eu sou idiota?! Eu vou matar esse moleque!

ㅡ Querido, acalme-se. Sua pressão vai subir. Depois conversamos direito, deixa ele levar a Sakura lá pra cima.

ㅡ Levar a Sakura… Só por cima do meu cadáver. Me dá minha filha aqui, cafajeste!

ㅡ Para pai, você está me humilhando.

Tsunade riu disfarçadamente.

Jiraya pegou Sakura nos braços e subiu sob os resmungos dela.

ㅡ O que aconteceu? ㅡ Naruto perguntou novamente e Sasuke o lançou um olhar assassino.

Jiraya não estava errado. Aquela cena cheirava a aventura juvenil, e aquilo o deixava louco pois sabia o que dois jovens poderiam fazer sozinhos. Ele nunca pensou que seria um pai ciumento, mas não conseguia enxergar Sakura além de uma garotinha inocente e ingênua. 

Sakura foi deixada em seu quarto sozinha e não podia mais esconder seu sorriso. Com certeza estaria brilhando e ela queria contar para todos, mas não podia. Ela não sabia dizer porque Sasuke não queria que ninguém soubesse. Mas não se importava. O que aconteceu entre eles foi algo que nunca havia sentido. Foi mágico  e pleno. Ela era muito jovem, tinha só 17 anos, mas gravou cada segundo em sua alma e tinha certeza, não amaria outro homem daquela forma.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Acabei demorando um pouco pra voltar. Praticamente reescrevi algumas cenas desse capítulo, ele já estava em mais de 4 mil palavras, tive que dividir hehehe Bom, para entender melhor um pouco do que aconteceu entre Sasuke e Sakura. Mas calma, o sofrimento ainda não começou kkkkk Não tenham raiva do Sasuke no próximo, juro que vou fazer ele se redimir.
Deixei uma ponta solta nesse capítulo, quero ver se vocês vão pegar no ar, vai ser crucial lá na frente para entender quem está vigiando eles.
É isso, gente! Apareçam! Me contem suas teorias hahaha



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Para sempre, primeiro amor" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.