Para sempre, primeiro amor escrita por Flor de Konoha


Capítulo 20
Capítulo 20 - De olhos abertos


Notas iniciais do capítulo

Oi, sumidos! Tem alguém aí? Espero que sim kkk



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O homem com a cadeira virada para a janela pensava friamente sobre o seu próximo passo. Fora surpreendido com a ousadia de suas filhas ao lhe enfrentarem e pretendia fazê-las pagar caro por isso. Ele havia calculado mal as intenções de Hanabi, achava que era apenas uma fase rebelde, mas o que parecia, elas estavam juntando forças para tomar-lhe tudo. O seu grande trunfo, que era esconder a verdade de Hinata, havia falhado miseravelmente. Hanabi nunca estivera ao seu lado…

ㅡ Mandou me chamar? ㅡ Um outro homem entrara na sala. Alto e robusto, ostentava cicatrizes no rosto como prova do que viveu.

ㅡ Deveria ter mais modos, Ibiki ㅡ repreendeu com o máximo de frieza.

ㅡ Sabe que dispenso formalidades ㅡ o homem pegou um objeto decorativo desinteressado na opinião do outro. ㅡ Pode ir direto ao ponto, estou meio sem tempo hoje.

ㅡ Bom… ㅡ Hiashi finalmente girou a cadeira, revelando um expressão soturna. ㅡ Preciso que resolva um problema para mim.

Ibiki riu. Hiashi sempre fazia parecer que seu trabalho era ridículo.

ㅡ Você não me chamaria aqui por outro motivo, não é Hiashi? Sempre dou um jeito nos seus erros.

A reação explosiva de Hiashi não foi surpresa para ninguém. O homem empurrou todo o conteúdo da mesa no chão e encarou o outro com ódio.

ㅡ Cuidado com o que diz.

Ibiki colocou as mãos nos bolsos do sobretudo, ajeitando a postura e o encarando com indiferença.

ㅡ Você é só um subordinado!

ㅡ Isso é uma ameaça? ㅡ Levantou a sobrancelha ameaçadoramente. Aquele homem parecia pensar que realmente é o centro do universo. ㅡ Se ousar fazer isso, não vai viver outro dia para cumpri-la.

Hiashi não se mexeu, nem sequer temeu. Parecia um homem de pedra. Imóvel, impenetrável. Um sorriso maligno preencheu sua face.

ㅡ Acho que estamos nos entendendo.

 

2 meses depois

 

Sentia seu corpo denso e sua visão estava totalmente nublada. Se esforçou para encontrar sua voz e a única coisa que conseguiu foi um som esganiçado e bolhas. Ele estava submerso. Debateu-se tentando despertar da letargia que o acometia e o deixava preso, mas a cada movimento só o prendia ainda mais naquela posição, como se correntes o apertassem.

Sentiu falta de ar e logo tratou de se acalmar. Era um sonho, tinha que ser. Já se passara mais de um minuto naquela posição e ele ainda estava consciente.

Observou quando olhos passaram a encara-lo através da água.

“Quem é você?”, queria perguntar, mas sua voz saiu mais como um engasgo. Seja lá quem era a outra pessoa, pareceu entender perfeitamente e sorriu com maldade antes de agarrar seu pescoço e aperta-lo. Ele não podia se defender. Apenas fechou os olhos para a escuridão, desejando acordar daquele pesadelo.

Ao que pareceram minutos agonizantes, sua mente foi tragada para outro ambiente. Ele estava no corredor do hospital.

Caminhou a procura do quarto que sempre visitava. Quando girou a maçaneta, encontrou a porta trancada. Foi até a janela para verificar se era o quarto certo. Lá estava ela. Linda, imóvel. Mas não era só isso. Uma sombra pairava sobre ela. Uma silhueta masculina se escondia atrás da cortina.

Em desespero, forçou a porta mais uma vez. Algo lhe dizia que aquele homem estava ali para lhe fazer mal. 

Tentou gritar, mas sua voz não saiu, estava presa na garganta. Bateu na porta violentamente, mas não conseguiu causar nenhum dano nela. Voltou seus olhos para a janela e viu o homem se aproximar dela e deslizar um travesseiro sobre sua face de anjo. Ele não pode fazer nada. Batia com toda força no vidro, mas nada acontecia. O homem parecia apreciar seu desespero, antes de empurrar o travesseiro contra o rosto da mulher, sorriu malignamente para ele pela sombra.

Lentamente, ele viu os sinais vitais sumirem do monitor e agonia foi tão intensa que seu grito finalmente escapou.

ㅡ Hinata! ㅡ Gritou para o quarto escuro.

Quando percebeu que estava em sua casa e não havia passado de um pesadelo, lágrimas quentes de alívio e tristeza escorreram por seu rosto.

Naquele dia agradeceu por Hanabi ter levado Boruto para dormir com ela.

Estava achando aquele dia muito estranho. Ainda sentia uma angústia por causa do sonho que tivera. O pesadelo havia despertado uma vontade enorme de vê-la, e por isso, ele foi até o hospital, mesmo que estivesse fora do horário.

Sakura não estava lá. Ela vinha tendo períodos mais longos de folga. Sua gravidez estava avançando e a barriga tomando forma, além disso, ela estava com um quadro de anemia que podia tornar a gravidez de risco. Sua prima era a médica mais negligente com a própria saúde que ele conhecia.

Percebeu uma movimentação anormal de profissionais pelos corredores, mas tentou não se inquietar, continuou seu caminho até o quarto de Hinata. Precisava tirar aquela sensação dele, precisava vê-la.

Estagnou assim que viu que a movimentação estranha estava direcionada ao quarto dela. Engoliu em seco e andou rápido até a porta. Por pouco não esbarrou no médico que saía apressado.

ㅡ Naruto! ㅡ disse, surpreso, para logo em seguida agarrar o braço dele. ㅡ Precisamos conversar.

O médico, amigo de Sakura, arrastou-o porta a fora. A expressão alarmada do homem só o deixou mais aflito.

ㅡ Aconteceu algo com ela? ㅡ perguntou, ávido por notícias.

ㅡ Não! ㅡ tratou de negar. ㅡ Quer dizer, sim! Desculpe o alarde, é que eu estou muito chocado.

ㅡ Doutor, o que houve? ㅡ torceu os dedos, tentando controlar a inquietação. Queria correr e verificar se estava tudo bem com ela.

ㅡ É que bem… eu preciso ser sincero com você. A sua prima, a Sakura, ela lhe poupou bastante. Mas a verdade é que o quadro da Hinata era praticamente irreversível. Dificilmente ela acordaria do coma.

Naruto não sabia o que dizer. Ele sabia que aquilo era uma realidade, mas preferiu acreditar na pouca chance que tinha. 

Engoliu em seco, tentando conter a vontade de chorar. Estava cansado daquilo.

ㅡ Eu confesso que sou um médico cético, mas… ㅡ O médico parecia procurar as palavras certas, mas não encontrava. ㅡ Mantenha-se calmo, certo? ㅡ Naruto assentiu. ㅡ  A Hinata acordou durante a madrugada. Ela ficou apenas acordada até uma enfermeira vir fazer uma visita de rotina. Ela não consegue falar, por causa do tempo que dormiu. Mas o que me deixou chocado é que… ela teve uma melhora drástica. Ela parece ter acordado de uma soneca. Eu solicitei uma tomografia, hemograma, e tudo mais, mas… Ela aparenta estar extremamente bem, mas precisamos verificar a tomografia do crânio e perguntar com cuidado. Sua presença pode deixa-la agitada.

Ele assentiu fracamente, finalmente compreendendo.

ㅡ Precisamos ser cautelosos. Com cuidado, poderão conversar daqui a alguns dias.

Naruto colocou os dedos entre os fios loiros e puxou. Com certeza estava perto de surtar. Estava pagando por todos os seus erros com juros. 

Ele queria ignorar o pedido do médico e simplesmente vê-la, ouvi-la. Nem que fosse para ela chutá-lo de lá. Mas ele não podia.

ㅡ Tudo bem, doutor.

O médico balbuciou algo sobre mantê-lo atualizado e se retirou.

Naruto tentou manter sua mente vazia. Sabia que pensar em qualquer coisa poderia enlouquecê-lo de vez.

Ele estava em um estado de semirealidade, onde só o seu corpo estava ali. Sua mente viajava para longe.

ㅡ Naruto! ㅡ sapatos pretos e femininos pararam em sua frente, mas a voz parecia estar bem longe dali. ㅡ Naruto! ㅡ repetiu, e então ele decidiu olhar para cima.

ㅡ Hana… 

Konohamaru logo se juntou a eles. Hanabi parecia estranhamente calma e tranquila após a notícia que a irmã estava acordada. 

ㅡ Vem! ㅡ Os dois o levaram para uma sala reservada. Konohamaru encheu o copo de água e lançou no rosto dele.

Naruto sobressaltou-se.

ㅡ Que merda é essa?! ㅡ gritou.

ㅡ Você estava em choque, precisava dessa.

Ele não respondeu a contragosto, mas parecia ter despertado da autopiedade. Começou a caminhar de um lado para o outro.

ㅡ Naruto, você precisa se acalmar ㅡ Hanabi falou em tom doce que por um segundo parecia a voz da sua irmã.

O loiro olhou-a surpreso.

ㅡ Como você pode se manter tão calma diante disso? Ela tá ali à distância de dois passos.

Hanabi se aproximou dele e colocou a mão no seu ombro.

ㅡ Isso que me tranquiliza. Vamos ter calma. Recebemos uma boa notícia. Não precisamos bombardea-la agora com muita informação. Agora precisamos manter a calma e pensar com frieza no todo.

ㅡ Ela está certa, Naruto. O acidente da Hinata foi muito grave, é um milagre que ela tenha acordado, vamos manter a calma.

Ele assentiu a cabeça lentamente. A sensação angustiante do sonho não o deixava.

ㅡ Vai pra casa, esfria a cabeça. Eu vou ficar aqui e te aviso de qualquer novidade.

Naruto rendeu-se a contragosto, pois não tinha alternativa. Não poderia ficar ali e simplesmente esperar. O sonho ainda o incomodava, como se uma sombra estivesse espreitando-o.

ㅡ Boruto?

ㅡ Está com a Sakura.

Ele apenas assentiu e saiu sem dizer mais nada. Não podia estar ali, ela não o queria ali, ele não saberia lidar.

Agiu no automático e acabou estacionando na garagem de Sakura. Pensou que se visse o filho teria forças para enfrentar aquilo.

Estava tão imerso em seus pensamentos que todo o trajeto foi um borrão. Ele apenas entrou pela porta dos fundos.

ㅡ Ei! ㅡ Sakura estalou os dedos em seu rosto, arrancando-o de seu transe. ㅡ Há quanto tempo está parado aí?

ㅡ Eu acabei de chegar… eu acho.

Sentou-se na cadeira alta da bancada.

ㅡ Quando foi que sua barriga cresceu tanto? Tem certeza que não tem dois bebês aí dentro?

Sakura deu um leve sorriso, alisando sua barriga automaticamente.

ㅡ Acho que ela dobrou de tamanho depois que descobri.

ㅡ Talvez trigêmeos?

ㅡ Não seja bobo. ㅡ Sakura riu levemente e aproximou-se do primo. ㅡ Como você está? 

ㅡ Onde está Boruto? ㅡ perguntou com receio do menino aparecer a qualquer momento.

ㅡ Sasuke os levou para dar uma volta.

Naruto soltou a respiração.

ㅡ Não quero que ele entre e me veja assim.

Sakura não disse nada, apenas observou Naruto colocar as mãos no rosto e chorar copiosamente.

ㅡ Eu me sinto tão frustrado. Estou aliviado por ela ao menos ter acordado. Mas me sinto completamente impotente. A gente discutiu antes dela sofrer esse maldito acidente. Ela me tirou 5 anos da vida do meu filho, mas eu não consigo odiá-la. Não consigo sequer pensar na hipótese. Eu queria apenas protegê-los de tudo, queríamos que fossemos uma família. Agora que ela acordou sinto que construí uma fantasia que não vai se sustentar por muito tempo.

Sakura passou os braços pelo ombro do primo. Partia-lhe o coração vê-lo tão vulnerável.

ㅡ Calma, Naruto. Não tome conclusões precipitadas. Agora teremos que ter paciência para que ela se recupere. Não pense nisso agora. Precisamos saber a profundidade do trauma, e até se ela vai ter alguma perda de memória.

Naruto respirou fundo como se para espantar toda a tristeza que sentia.

ㅡ Tem razão um dia de cada vez. Acho que hoje temos mais a comemorar do que ficar se preocupando.

ㅡ Esse é o Naruto que conheço! ㅡ ela deu dois tapinhas em suas costas e se afastou.

Era algo realmente duro de se viver. Mas se aquela situação como um todo tinha lhe ensinado algo, era que a vida poderia ter muitas reviravoltas e que algumas coisas serviam para tornar-lhes mais fortes.


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Notas finais do capítulo

Como vocês podem ver, tivemos uma passagem de tempo. Eu estava com esse capítulo escrito há algum tempo e decidi postá-lo com algumas modificações. Eu tive um bloqueio de criatividade e o rumo da história não estava me agradando. De qualquer forma, achei que tinha que vir dar alguma satisfação, porque eu como leitora odeio esses hiatus que autoras têm do nada kkkkk É isso. Já estou trabalhando no próximo capítulo e a fic está caminhando para fim. Espero que ainda tenha alguém por aqui. Me contem como estão! ;*



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