Forget me not escrita por Lua Chan


Capítulo 8
Capítulo 07


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas!

Antes de tudo, gostaria de fazer um comercialzinho (rsrs) do meu wattpad @syndrigastt . Lá estou publicando essa mesma fanfic, só q com um ou outro capítulo extra (tipo cast e aesthetics) q esse site provavelmente não me deixaria publicar. Então se quiserem sejam bem-vindos a dar uma conferida lá e deixarem seu voto (também caso queiram) ♡

Por fim, tenham uma boa leitura ;)



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LUKE PATTERSON. EM CARNE e osso – ou quase isso – logo a sua frente. Julie não sabia sequer como reagir, mas sentiu um misto de alegria e raiva inundarem o coração como uma avalanche tempestuosa que a fez perder o fôlego por breves segundos. Seu Luke estava ali. Um pouco menos reconhecível com aquela jaqueta de couro em peso nos ombros e um forte lápis adornando os olhos verdes, mas quase que o mesmo de quando o havia encontrado pela primeira vez no estúdio de sua mãe. Quase que o mesmo de quando se imaginou dançando Perfect Harmony sentindo seu calor formigar cada centímetro de sua pele. Agora, mais do que nunca, parecia que o pequeno botão de vazio em seu peito havia diminuído.

Alguns segundos se passam até Julie conseguir consolidar em seus pensamentos as últimas palavras do garoto que havia sumido de sua vida por longos 6 meses: me deixe ajudá-la. Ele agora trocava olhares nervosos entre ela e a figura contorcida em seus pés, que agora formava movimentos parecidos com respirações entrecortadas. Ao retornar à realidade, Julie sente o estômago embrulhar como quando se apresentara pela primeira vez no Orpheum com os meninos.

Alex.

Droga.

— Eu não me imagino sendo tão útil agora, — Luke prossegue, agindo tão naturalmente como se tivessem se encontrado hoje mais cedo para um almoço casual — mas quero que me escute com atenção e não faça perguntas. Eu também tenho um monte delas pra você. Acha que pode fazer isso?

Julie não soube ao certo interpretar o tom carregado na última frase, mas retribuiu apenas com um breve aceno em consentimento. A garota não conseguiu evitar as novas perguntas que comichavam no cérebro conforme o tempo passava ao lado de alguém que definitivamente seria um fantasma de seu passado. Mas pelo bem de Alex, a Molina abriu mão delas e de qualquer outro sentimento questionador que não fosse relacionado a salvar o amigo.

Antes que pudesse fazer qualquer coisa, um instinto maior que suas dúvidas toma posse de seus movimentos, tornando-a mais tensa. Seus olhos escuros percorrem a multidão com avidez, focando em pequenos detalhes que antes havia ignorado por ter colocado Alex como o centro de sua atenção. Rostos confusos, raivosos e boquiabertos se misturavam entre espectadores que aproveitavam o show nas proximidades do palco. Alguns detinham os olhos para ela, agora agachada ao lado de um invisível Alex, e outros para Luke – o que era um pouco mais difícil de processar, já que ele também era um fantasma.

Sentindo como se a qualquer momento pudesse ser atacada pelas pessoas que havia empurrado para poder chegar até Alex, Julie engole em seco.

— Sabe... — diz ela, ainda calculando para onde deveria estar olhando naquele momento. A resposta era Luke — Acho que a gente poderia procurar um lugar mais calmo. Eu posso ter irritado uma leva de fãs da Final Sentence nesse meio-tempo.

— Você é meio doidinha pra alguém que consegue ver fantasmas, não é?

— E você deveria não levantar questionamentos e me ajudar a levar o Alex pra longe daqui, não é?

Touché. — ele deu entre ombros, formando um sorriso bobo o qual a garota havia sentido muita falta — Bem, isso pode ser resolvido.

Julie teria lançado um riso em resposta, mas sente o estômago dar novos solavancos quando o guitarrista resolve subir numa mesa onde uma pequena família havia se acomodado para fazer um piquenique. Agora uma jarra de suco, alguns biscoitos e o que pareciam ser pães de mel foram jogados ao chão ou pisoteados sem piedade pelas botas do garoto, o que atraiu mais olhares furiosos para eles. É... ela definitivamente tinha roubado todos os neurônios dos 3 garotos fantasmas.

— EI, GALERA!

— Luke, o que você tá fazendo? — ela murmureja a última parte, mas de nada havia adiantado. Os olhares do público pesavam sobre eles como uma grande bigorna.

Confia em mim. — o sorriso se esmiuça no canto da boca enquanto se endireitava para continuar berrando com as pessoas ansiosas nas proximidades do palco — A Final Sentence tá dando camisas autografadas pelo Axl Rose pros primeiros caras que pegarem 3 cupons prateados na bilheteria. Sem choro pra quem não conseguir, hein?

Julie não conseguiu contar até 10 para assistir um conjunto de mãos nervosas puxarem cabelos, roupas ou quaisquer outros acessórios das pessoas vizinhas a si numa turbulenta corrida contra o tempo. Dura pouco até as primeiras rasteiras derrubarem fãs fervorosos de diferentes idades, incluindo uma mulher em seus 60 anos e uma criança chorosa procurando pelos pais. Embora toda aquela algazarra tivesse tirado parte da sua paz, ela não podia evitar de deixar um suspiro de alívio escapar. Pelo menos o plano sem noção do garoto permitiu que eles estivessem livres agora.

Com uma sensação vertiginosa de calafrio percorrendo na espinha, Julie sente o guitarrista se teletransportar para perto de si logo após a multidão ter se dispersado. Ela sorri nostalgicamente, lembrando de quando tivera que se acostumar com aquilo durante os 6 meses sem ele, apenas com seus 2 outros garotos evocando os mesmos arrepios sempre que se materializavam de um lugar para outro.

— Viu? Tudo limpo agora. — Luke sussurra, quase perto demais de seu ouvido, obrigando-a a se esquivar — O que foi, não gostou do "caras"? Gatinhas também ganham camisa. Eu posso até arranjar uma pra você.

Julie não pôde ver, mas sentiu as maçãs do rosto arderem em tons escarlates vibrantes – felizmente, o redemoinho de cores no palco roubava grande parte da iluminação do local. Era estranho vê-lo daquela forma, como se um novo garoto tivesse tomado o lugar do seu Luke, pouco menos chamativo e caricato que esse a sua frente.

Em instantes, a irritante vozinha em sua cabeça volta a confrontá-la com a frase que a Molina tentara evitar, ainda mais por causa de Alex: esse Luke não podia ser real.

Mas a angústia em seu peito era. As lágrimas recém-formadas graças ao mesmo Luke – fosse ele real ou não – também eram.

— Ei, você... você tá chorando? — diz ele, como se estivesse se repreendendo — Foi algo que eu falei?

— Não importa. Só me diga qual é o plano e a gente pode resolver nossas pendências outra hora.

E então eles seguiram.

 

. . .

 

Pendências

Os lábios de Luke ainda saboreiam a palavra que já lhe fora bastante dolorosa no passado, quando – até onde conseguia recordar e Ossário o permitia saber – ele mesmo procurara suas próprias pendências mundanas para poder fazer a passagem e seguir com sua vida após a morte. Era irônico pensar em como, na época, ele tinha em mente coisas alegres sobre o Outro Lado. Provavelmente qualquer coisa que não tivesse um cachorro-quente duvidoso no meio. Agora ele tinha isso, que sequer podia chamar de vida. Apenas rancor e medo existiam em toda essência de Ossário e ele conseguia provar aquilo.

Pelo menos aquele mesmo rancor e medo seriam a fonte para conseguir salvar o amigo. Mesmo tendo como maior desejo se livrar da posse de Ossário e suas ideias conturbadas de liberdade, Luke estava ciente que sua ligação conturbada com o Mestre Fantasma viria totalmente a calhar. Afinal, só ele poderia provocar o mesmo poder intimidador do mestre sobre os outros fantasmas. E, sem a aprovação do homem que detinha posse de sua alma, só o garoto poderia fazer aquilo parar.

Luke faz um agradecimento silencioso por Alex estar parcialmente inconsciente, senão todas as perguntas que Julie tivera guardado para si seriam feitas pelo baterista, o que atrapalharia tudo. Um frio na barriga se forma quando sente a jovem garota se aproximar dele, reprimindo um soluço na garganta. Era impressionante como sua aura parecia soprar parte de suas preocupações para longe, quase tornando o processo que viria a seguir infalível.

— Eu confio em você, Luke. — acrescenta ela, como se fosse o que o garoto estivesse precisando para manter-se firme. Talvez realmente fosse.

Com uma concentração tamanha que chegava a cegá-lo aos poucos, Luke segura a mão do amigo, que agora havia sido corrompido por mais uma onda pasmódica que fez todo o corpo tremer. Minha culpa, Luke sussurrou, mas logo abandonou o pensamento para não se dispersar. Infelizmente, o sentimento de culpa continua vibrando em seu estômago quando Alex morde o lábio numa tentativa de amenizar a dor. 

Ele precisava pensar como Ossário – fácil, naquele ponto. Era só imaginar um homem assustador que tinha tudo o que desejava com um simples estalo. Um homem trajado para liderar a sociedade fantasma de Hollywood, que um dia já estivera sob seu comando. Um homem que detestava Caleb com todo seu ser. Não tarda muito até Luke sentir o poder latejar sob sua pele como agulhas flamejantes e menos ainda para aquele poder inundar sua visão numa explosão de breu assustadora. 

Aquele era o Mestre Fantasma. Luke era o Mestre Fantasma.

— Luke, não temos muito tempo!

Então o poder se dissolve em suas mãos, adentrando em cada poro de sua pele como uma perfeita esponja. Luke pode senti-lo navegando em suas veias com uma intensidade que o assustaria se não estivesse tão entregue àquela sensação enérgica. Aos poucos, as convulsões perturbadoras de Alex se cessam, dando lugar a uma inspiração longa e determinada. Mesmo debilitado daquele jeito, eles estavam certos que o baterista estava melhorando aos poucos.

— Funcionou! — Julie anuncia, exasperada por todo o nervosismo. Foi um pouco alto demais para um adolescente meio calvo ao lado do palco arquear a sobrancelha de um jeito estranho. Ela escolhe ignorá-lo — Luke, você conseguiu!

Mas antes que o garoto pudesse ouvi-la, seus olhos pesam tanto quanto seu corpo sobre os cascalhos do chão. Embora em seu último suspiro Luke tivesse tentado impedir de ser tomado pela inconsciência, nada consegue evitar sua queda.

A última coisa que consegue lembrar era que estava aos braços quentes de Julie.


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Notas finais do capítulo

Caso ainda não tenham notado, as personagens dessa fic só existem pra sofrer jdndidj. Mas alguma hora isso vai mudar.

Até o próximo capítulo ♡



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