Contos Olimpianos escrita por Marquesita M


Capítulo 3
Sempre


Notas iniciais do capítulo

Eu adorei os comentários, de coração!
O cap foi reescrito!



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Após Gaia

A guerra tinha acabado, finalmente. Todos eles estavam cansados e aliviados, comemoravam em uma grande festa a vitória contra Gaia e naquele momento não existia nenhuma rivalidade ou desentendimento, apenas a felicidade que trazia a normalidade de volta. Atena e Dionísio estavam abraçados, rindo de alguma coisa que Hermes dizia. Apollo e Ártemis conversavam com as musas e dançavam alegremente entre elas, de forma sincronizada. Logo os dois puxaram os outros irmãos para o meio, todos eles riam e dançavam enquanto eram observados pelos demais Deuses, que conversavam entre si em uma mesa grande. A pessoa que mais exalava felicidade era a Deusa da Sabedoria, que estava aliviada de ter voltado ao seu estado normal, sua mente intacta e afiada como sempre. Não que ela não tivesse uma mente poderosa em sua loucura Romana, que era completamente desesperada por vingança. E mesmo em seu pior momento, Anfitrite notou, Atena ainda sim era mais inteligente que todos os Olimpianos juntos. 

Quando a conheceu, a nereida ficou realmente sem palavras, seu fascínio era evidente. Tinha escutado histórias sobre a Deusa, ouvia Poseidon falar dela com um certo rancor e admiração, como se ela fosse um sonho e ao mesmo tempo, um pesadelo. Entretanto, nada se comparava com ela pessoalmente. Já havia visto pinturas de Métis, que era uma das 3000 irmãs de sua mãe, e podia dizer que Atena era uma perfeita mistura de Zeus e de sua tia. Por mais que a maioria de seus traços fossem de sua mãe, a morena também tinha muito do físico de seu pai, o que a tornava ainda mais atraente. Belíssima, cabelos negros e longos, alta, forte, olhos espertos e tão brilhantes quanto a Lua, se portava de uma forma única, deixando claro seus atributos como Olimpiana. E era extremamente inteligente e perigosa, tinha respostas para todas as perguntas, estratégias para todas as batalhas e conseguia tudo o que queria. Atena tinha nascido para reinar, não para ser reinada. Uma vez a rainha dos Mares conversou com Afrodite sobre as outras Deusas e sobre amor, e ela lhe falou que a mulher mais inteligente do mundo achava que amor era uma perda de tempo, que isso só ia lhe enfraquecer a mente e fazer dela uma escrava de alguém, que faria com que ela depositasse sua felicidade em outra pessoa. Aparentemente amar não tinha feito nenhum dos dois, mas Anfitrite ainda não tinha certeza se Atena sabia que estava apaixonada, que estava amando o Deus do Mar.

Tróia fez com que ela abrisse os olhos de uma forma rápida e suas desconfianças foram confirmadas de formas abruptas. Atena e Poseidon ficaram do mesmo lado naquela guerra, e funcionavam extremamente bem juntos, fazendo planos e trabalhavam de uma forma única, como se tivessem feito isso a vida inteira e colocando em jogo a reputação de rivais que sempre os seguiu. Como poderiam falar que eram inimigos quando sabiam o significado de cada gesto que o outro fazia? O mar ficava mais agitado quando a Deusa da Sabedoria estava por perto, a presença dela aparentava ser a razão das ondas se formarem nas águas, e ela também parecia perder o controle de qualquer emoção quando estava perto do Senhor dos Mares, como se ele quebrasse todas as barreiras que a mulher tinha construído. Parecia que os dois rivais eram imãs, ou que conseguiam ler a mente um do outro apenas com um olhar. Anfitrite se lembrava bem das vezes em que Poseidon voltava para Atlantis furioso, berrando o quanto odiava aquela Olimpiana específica, ou o quanto ele queria que ela desaparecesse de sua vida. Essa frase agora já não fazia mais nenhum sentido, pois quando Atena sumiu em sua forma romana, ele ficou desesperado e não iria diferente caso isso acontecesse de novo. 

Anfitrite teve a confirmação final quando Odisseu iniciou sua viagem de volta para Ítaca, o que causou uma briga enorme entre os dois Deuses do Olimpo. Idiotas eram aqueles que acreditavam nas histórias de que Poseidon havia amaldiçoado o herói para vingar o filho, pois a nereida conhecia seu marido e conseguiu ver pela fachada que ele colocava, conseguia ver o ciúmes e a tristeza o corroendo por dentro. Seu marido desejava ter sido o pai da primeira filha de Atena, desejava estar ao lado dela em todos os momentos. Ela era a única mulher que conseguia fazê-lo vibrar de raiva e ao mesmo tempo era a única que o acalmava e fazia o mar ficar sereno. 

O que realmente impressionou Anfitrite foi a reciprocidade dos sentimentos. Antes da Guerra de Tróia, ela percebeu algumas mudanças no comportamento da Olimpiana, coisas que havia caracterizado apenas como uma curiosidade, um desejo escondido que a mulher tinha por Poseidon e que eram um dos motivos daquelas brigas constantes. Naquela época ela não diria que era amor, então usava desejo para definir o que eles tinham, porém as coisas começaram a mudar depois da primeira guerra em que o semideus, Percy Jackson, lutou. Nos tempos atuais, ela notou que subestimou essas mudanças de comportamento e que havia perdido a Guerra pelo coração do Deus do Mar e para falar a verdade, ela sabia que nunca houve uma briga justa, já que o sentimento que Poseidon nutria por Atena (e que Atena nutria por ele) era forte o bastante para fazer com que ambos passassem por cima do orgulho ferido e do ego gigante que ambos possuíam. Não, aquele homem nunca fez isso com Anfitrite, nunca deixou o orgulho e o ego de lado, nem mesmo quando estava errado. Ela havia subestimado esse sinal e vários outros, deixou de lado o fato de todas mortais que ele tinha um caso se parecerem com Atena, dos filhos dele (incluindo Tritão) sempre se encantaram com as crianças dela. Depois da guerra contra Cronos, seu marido não voltou para Atlantis por uns dias e não demorou muito para Gaia aparecer. Ah, a guerra que agora eles comemoravam o fim, mudou todos eles! Atena e Poseidon haviam passado por muita coisa enquanto estavam trancados no Olimpo, as personalidades brigando dentro da cabeça dela, os filhos caindo no Tártaro...eles foram a âncora um do outro. Seu marido se recusava a sair do lado da Deusa e Anfitrite não conseguia achar forças para culpá-lo ou para discutir sobre as vezes em que foi ao Olimpo e voltou mais tarde do que o normal, ou pelas vezes que ele foi ao mundo mortal para conversar com a mulher que lhe perturbava a cabeça antes mesmo de terem se casado. Não, ela não o culpava por amar Atena, visto que só um idiota não iria se pegar maravilhado por ela em algum momento.

 Anfitrite não lutaria contra isso de forma alguma, podia não ser a personificação da inteligência, mas tinha cérebro o suficiente para não correr atrás de um homem que amava e sempre iria amar outra mulher. A relação que ela teve com ele era diferente, eles gostaram um do outro, sentiram paixão e desejo, mas o casamento foi por um bem maior que envolvia o mar e não por amor. A Rainha do Mar não ligava para isso tudo, não. Seu relacionamento com Poseidon era baseado mais em uma amizade do que qualquer outra coisa, ele a desejou por muito tempo e fez com que ela se sentisse bem, mas seu coração nunca havia lhe pertencido. O mar a pertencia. Ela dominava aquelas águas e tinha tantos direitos quanto ele, tinha tantos amantes quanto ele, então nunca se importou muito com os casos que ele tinha com outras imortais ou mortais. Não se importava nem um pouco em perder o rei, só não queria perder o poder.  E Atena sempre foi uma força maior, venerada de uma forma que muitos outros Deuses desejavam ser, seu poder era muito grande e ela sempre tinha uma carta na manga, apenas esperando o momento certo para usá-la. Ela sabia que o juramento da Olimpiana tinha alguma brecha estratégica e muito bem pensada, só não sabia se era na questão de casamento ou virgindade. Afinal, aquilo podia significar que não era casada e não desejava casar, ou que era pura. De todas as formas, Anfitrite não conseguia visualizar aquela Deusa casada com alguém, e rezou pra seu pensamento estar certo. Não queria ter que interferir nessa paixão, mas faria de tudo para que o poder do mar sempre fosse seu para controlar. O poder, não o Deus.

 

 


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Notas finais do capítulo

Reescrito!



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