A casa estava silenciosa demais. As paredes e os móveis pareciam mais barulhentos que o normal e às vezes, podia até jurar que os estalos na calada da noite pareciam passos de alguém entrando pela casa. Passou-se apenas uma semana e já não aguentava mais. Prometeu à sua mãe que seria forte e que seguiria seu caminho apesar de tudo, mas a solidão, a angústia e a dúvida deixavam aquela tarefa mais difícil.

Por fim, vendeu a casa e juntou apenas o essencial numa mochila. Não poderia deixar para trás a foto com sua mãe no dia da formatura e muito menos seu diário. Aquele lugar estava repleto de memórias, cheiros e... passado. Era hora de finalmente se reerguer e encarar a nova realidade, deixar para trás o sentimento de culpa e começar a viver.

Então, jogou sua mochila no banco de trás do carro e deu a partida. Pelo espelho, a casa se distanciava cada vez mais, até que esteja apenas em sua lembrança. A partir de agora, nascia uma nova mulher.