Centauros escrita por KaguraWay, HarunooMalika


Capítulo 2
Pomar das Macieras


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde nossos queridos leitores!

Estamos trazendo o Segundo Capítulo dessa história original
ainda no Universo da Ficção e Fantasia.

Onde os Gazettos são Seres Mitológicos.

Esperamos que gostem.

Boa Leitura!



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Uruha *POV*

Quando acordei depois da semana fértil, fiquei extremamente confuso, eu não lembrava de nada.

Absolutamente nada, o pior é que eu sabia que tinha acontecido algo, mas não me lembrava, não foi como se eu tivesse dormido e acordado. 

Minhas patas estavam doloridas minha coluna reclamava, meus músculos das pernas estavam tremendo, meu quadril estava dando pontadas e eu estava com uma dor de cabeça dos infernos. 

Provavelmente eu fui um daqueles que correu para longe, longas distâncias percorridas a galope noite e dia, para no final não dar nada. 

QUE FRUSTRANTE! 

Mas mesmo assim eu não sou de desistir, então, somente reuni minhas esperanças e esperei, esperei a próxima e a próxima e a próxima semana. 

Sempre muito conformado, porque, existem casos de pessoas que demoraram anos e anos para se encontrarem. . . Não iria desistir. Não mesmo. 

Estava treinando, mantinha meu físico melhor, porque a dor do sedentarismo depois de correr feito louco por uma semana é quase insuportável. 

E eu realmente fiquei melhor, acordava com menos dores e tudo o mais, meus músculos tinham evoluído e eu corria melhor e mais rápido. Estava realmente esperançoso, eu ia encontrar meu companheiro, iríamos ficar juntos e eu lhe daria lindos filhos. Seríamos uma família feliz como várias outras. 

Tinha certeza. Tinha. 

Depois de três anos, meus Deuses, três fudidos anos, uma senhora já bem velha quis conversar comigo, era uma senhora bem simpática e veio conversar comigo na maior humildade. 

Conversamos até ela perguntar sobre as dores que eu tinha quando acordava, eu falei que diminuíram conforme eu treinava meu físico, até que ela me perguntou de uma forma beeem descarada e pervertida.

— Não sente nenhuma dor na potranca? Ora, perder a virgindade deve doer ao menos um pouco._

Potranca? Ela chamou minha bunda de potranca?! Me lembro de erguer uma sobrancelha a ela e dizer que sim, já tinha sentido dor no quadril.

Naquele momento perguntei a ela o que ela realmente queria. Ela disse que era uma velha pesquisadora, que estava trabalhando para a medicina e que queria provar uma tese. Disse que tinha ouvido falar de mim por um viajante qualquer. 

Eu só queria saber o porquê, caralhos, um viajante estaria falando de mim, mas ok. 

Okay. 

Geralmente curandeiros eram velhos estranhos mesmo. 

Ela continuou fazendo perguntas e eu respondia, afinal, colaborar com a medicina é bom, né? 

Ela disse que ficaria até um dia depois da semana fértil. Okay, ela queria saber das dores que eu acordava, nada mais prático.

E então mais uma semana fértil se passou. Acordei com a velha pesquisadora anotando algo em seu caderninho e quando ela percebeu que acordei fez apenas algumas perguntas.

— Está com dor no quadril?_

—Sim._

— Já tinha sentido essa dor antes?_

—Sim, já tinha me feito essa pergunta, não?_

—Sim. Bem. . . Você me ajudou a concluir a tese, obrigado!_

— Ahn. . . De nada. . . E qual era a tese?_

Por que sim, ela tinha me evitado falar toda vez que eu perguntava sobre.

— Bem. . . Sinto muito, mas estava pesquisando se a infertilidade é possível. . ._ 

—O que?!_

— Bem. . . Você tem sêmen seco saindo da sua. . . De dentro de você. . ._ 

Ela. . . Olhou?!

— Sinto, mas acho que você é infértil. _

—Eu sou o que?!_

Eu estava em completo choque. Choque e desespero.

— Estéril, é um termo que eu criei para isso. . . Sinto muito e agradeço por ter me ajudado. . . Acho que, já vou._

E sumiu da vila. Da vila e da minha vida. Jogou uma bomba no meu colo e sumiu! 

Eu sou infértil? Quer dizer que não posso ter filhotes? Tipo, não posso engravidar? Como?! Mas, não é possível uma coisa dessas. . . Não é possível eu nascer assim, é?

Nunca tinha ouvido falar nisso, não sabia nem que haviam teses sobre isso. . . Eu não poderia ter filhotes? Não poderia ter uma família grande e feliz? Não teria crias semelhantes ao meu companheiro? 

Mas. . .

Se eu não posso ter filhotes. . . Meu companheiro não me acharia, não é? Eu. . . Nunca seria feliz ao lado de ninguém? Isso. . . Isso é sério?!

Nunca tinha ligado essa coisa de ter sêmen seco em mim, sempre quando acordava ia tomar banho, e além do mais, não consigo olhar lá trás. . . 

Pra mim eu nunca tinha achado meu companheiro. . . Mas ao que parece, na verdade, tinha achado sim. . . Mas. . . Eu não. . . 

A euforia de ter achado e saber que eu tinha um companheiro foi totalmente nula. Não teve nem um pingo de alegria ou esperança. 

Na verdade, eu chorei, chorei muito, mesmo que meu companheiro existisse eu nunca iria o ver, nunca iria lembrar dele, viver com ele, amar ele. 

Logo, movida pela fofoca e maldade alheia todos já sabiam que eu era infértil. Não só desta vila, mas as vilas vizinhas e nas outras, era uma surpresa e uma anomalia. 

Era uma aberração e indigno de ter um companheiro, segundo as pessoas, era inferior e um coitado. 

Mas ainda sim, parece que eu não tinha experimentado de toda a maldade, não, as palavras rudes poderiam piorar, piorar muito. 

E eu percebi isso quando um idiota de alguma vila vizinha veio me dizer que eu era seu companheiro e que chegou até mim porque eu estava esperando um filhote. 

Eu sabia que era mentira, afinal quando o olhei não senti tudo aquilo que os casais dizem. Mas mesmo assim foi doloroso ter esperança, por um breve momento por que ele fez questão de falar que estava tirando com a minha cara e depois me humilhar terrivelmente.

Eu me senti simplesmente. . . Eu não tenho palavras. Eu me senti horrível, um lixo, a pior pessoa do mundo, e depois disso a única pessoa que não tinha nojo de mim veio me consolar. 

Chorei muito no ombro de Kazuo. Simplesmente me desmanchei em minhas mágoas. Mas ele secou todas as minhas lágrimas e me confortou.

Dessa vez e todas as outras que outros imbecis fizeram a mesma coisa, todas as vezes que alguém vinha de longe para ver se uma coisa defeituosa dessas realmente existia.

As pessoas são realmente muito más quando querem. Muito mesmo. 

Não os julgava, era uma novidade para nosso 'mundo' mas não precisava me tratar assim. . . 

Suspiro. 

— Pensando em que?_ Olho para o lado e depois sorrio de leve. 

— Em tudo._ Dou de ombros pegando outra maçã da árvore a minha frente. 

— Em tudo de bom, espero._ Ele murmura e eu só mordo a maçã olhando para o céu. 

Kazuo se tornou um bom amigo, muito bom mesmo. Companheiro e conselheiro de todas as horas, uma boa pessoa. 

— Algo assim. . ._ Ele me olha e faz uma leve careta. 

— Não pense no que as pessoas dizem, nem no que fazem, eu sei que é difícil mas ficar pensando nisso só vai te fazer mal._ Ele chega para perto de mim e coloca a mão no meu ombro, depois desce para o começo do meu corpo equino e faz carinho nos pelos. 

— Eu não queria pensar, mas é que. . . Isso. . . _ Gesticulo._ Toda essa situação acabou com todos os meus sonhos. . . Acabou comigo. . . E eu ainda não sei como reagir a isso. _ O olho e então baixo o olhar para minha maçã. 

— Só seja forte. _ Ele me abraça pelo ombro e beija minha bochecha. _ Estou achando que eu sou estéril também._ Sussurra para mim, arregalo os olhos o olhando.

— Por quê? Não era só as fêmeas que ficavam estéril?_ Dou outra mordida na maçã franzindo o cenho. 

— Não encontrei minha companheira até agora. . . _ Ele deixa a frase morrer dando de ombros desanimado.

Não sei o que comentar então só dou de ombros. Faz sentido, mas eu não vou alimentar algo que dói tanto, e é ruim, e também pode ter outras possibilidades.

Não é como se agora todos que não acharam seus companheiros são estéreis. Existem outras tantas possibilidades e problemas que podem ter acontecido, tantos. 

Descobri um mês atrás que ele também sai nas semanas férteis, eu pensei que ele não saísse já que diziam que ele não tinha companheira, mas pelo visto ele sai sim. 

Ele saí e pelo visto corre para longe também. Esta foi a primeira semana fértil que eu passei sabendo que não iria dar em nada, completamente sem esperanças, e quando acordei com aquela característica dor no quadril eu não aguentei e chorei de novo. 

É imensamente frustrante. 

E pensar que o meu companheiro deve estar esperando sentir a ligação com o seu filhote, pensar que alguém muito importante para mim está com esperanças enormes, iguais as que eu tinha, e provavelmente vai morrer com essas esperanças, ou morrer de decepção por não ter encontrado-me. 

Isso é horrível e triste, e eu me sinto tão mal ao pensar nisso. Tão malditamente culpado. 

— Ora, veja, um viajante!_ Me viro para onde Kazuo está apontando, depois de algumas árvores, e depois de um morro verdinho vejo a estrada de chão que leva para fora desta vila esquecida. Estradinha a quilômetros de distância de onde estamos.

— Hum?_ Me viro para olhar direito e depois de semicerrar os olhos um pouco vejo um ponto preto correndo pela estrada, com a poeira levantando atrás. Dava para ver um pouco, por não estarmos muito longe, mas não muito bem, por não estarmos muito perto. _ hum._ Murmuro voltando-me para a macieira e olhando para os galhos altos, medindo a altura, se conseguiria pegar alguma maçã. 

— Estranho. . ._ Murmura e quando o olho vejo-o cruzar os braços. _ Não temos muitas visitas na vila. . . E ele parece estar com pressa, veja como corre._ Olho para a estrada de novo mas não me dou o trabalho de tentar achar o ponto preto de novo então só concordo com a cabeça e volto a circular as árvores do pequeno pomar de macieiras.

— Deixe o visitante, essa vila precisa de algo para falar, sabe? As velhas fofoqueiras não estão tendo mais assunto. . ._ Falo tentando alcançar uma maçã. _ Sem ser eu, claro._ Resmungo revirando os olhos. 

— Quer água? Acho que vou lá buscar._ Ouço sua voz e reviro os olhos de novo sorrindo de leve. 

— Vai é fuxicar com as velhas._ Zombo.

— Vou mesmo!_ E então ouço-o sair a galope daqui. Dou de ombros e volto a procurar maçãs, vou andando e andando, me enfiando no meio de macieiras e quando vejo estou no final do pomar.

Jogo o resto do bagaço de uma maçã no chão. Passo as costas da mão na boca e olho em volta procurando mais maçãs ao meu alcance, quando olho para além do pomar tem uma macieira um pouco afastada, os galhos caindo ao redor dela, o mato crescendo e tudo o mais. 

Mas o que me chama a atenção é o brilho vermelho das maçãs do lado de dentro dessa cúpula de galhos e folhas maltratadas. Vou até ela, saindo do pomar e já sentindo o mato alto em minhas pernas, quando chego afasto os galhos emaranhados com dificuldade, sentindo-me sendo arranhado e espetado pelos galhinhos.

Quando consigo entrar na cúpula de galhos, vejo várias maçãs, em galhos tão baixos que tenho que me abaixar bastante para conseguir chegar próximo ao tronco da árvore.

Me deito alí nas raízes que estão saltadas da terra e olho em volta com um sorriso enorme, maçãs são realmente muito boas. 

Levanto os braços um pouquinho e pego uma bem grande e vermelha, quando a mordo a crocância faz um barulho e um pouco do caldo cai no chão. Sorrio mais ainda. Tão doce!

Não sei quanto tempo fico aqui, mas é tempo o suficiente para ter que me arrastar de leve no chão, por que as maçãs estão ficando longe de mim, os bagaços e caroços caídos aos montes ao meu redor.

Suspiro me encostando a árvore, fecho os olhos bem satisfeito e com um sorriso no rosto. Respiro fundo completamente relaxado.

— Uruha! Aonde você tá? _ Abro os olhos e suspiro com pouca vontade de levantar. _ Uruhaaaaaaaa!_ Vou me arrastando até conseguir sair de dentro da cúpula de galhos e me levanto lentamente.

Comi de mais. 

— Aqui!_ Murmuro para mim mesmo respirando fundo quando levanto.

— Uruuuuuuuu!_ Kazuo praticamente grita e eu reviro os olhos.

— Tô aqui!_ Falo alto começando a andar para a orla do pomarzinho, onde o vejo e sorrio. _ O que foi? Veio me trazer suas fofocas?_ Brinco colocando as mãos na cintura, mas tiro ao ver uma mecha de cabelo cair no meu rosto com um galho fininho, tiro o galho do meu cabelo e o cabelo do rosto. 

— Na verdade, não._ Ele fala e eu o olho confuso, ainda andando calmamente em sua direção. 

— O que foi? Ah! Não vai acreditar no que eu achei!_ Ainda andando eu viro um pouco para trás para apontar para a macieira que eu estava. _ Tem uma macieira ali! Você não vai acreditar no tanto de maçãs que eu achei, ela parece ser só galhos mas tem muitas maçãs docinhas!_ Sorrio ainda mais, dando um pequeno pulinho somente com as patas da frente. 

Olho de novo para Kazuo, mas um par de olhos me prende antes que eu veja meu amigo e eu paro de andar no mesmo segundo em que um arrepio forte vai da nuca até a ponta da minha coluna. 

Que criatura mais perfeita! 

Os olhos rasgadinhos, tão negros quando duas pedras de Ônix, tão negros quanto os cabelos que caiam em cascatas até um pouco depois dos ombros, a pele parecia dourada a luz do sol, toda amorenada. . .

Uau.

Os lábios grossos. . . Uhn. . .

De seu quadril, beeeem mercadinho devo ressaltar, começava o que parecia ser o corpo de um corcel. . . Um tipo de cavalo selvagem negro, tão escuro que brilhava, o pêlo parecia macio e o corpo visivelmente musculoso. . .

— Uruha._ Viro o rosto para Kazuo mas meus olhos não querem desgrudar daquele homem! 

— Hum?_ Que papelão eu devo estar pagando, quase babando num macho que vejo pela primeira vez! Pisco rapidamente e olho para Kazuo sentindo meu coração dar palpitadas. 

Quando Kazuo pega fôlego para voltar a falar outra voz o corta.

— Uruha?_ Murmura confuso e eu olho de volta para o moreno. Meus Deuses, que voz. Só isso que eu tenho para dizer. QUE.VOZ. _ Seu nome. . . É Uruha? Combina . . ._ Ele me olha de cima a baixo e da uns três passos para perto de mim, e meu coração simplesmente pira com a aproximação, e depois para de bater quando ele molha os lábios com a língua. _ Combina muito contigo._

Não tenho reação de primeira, mas depois concordo com a cabeça, e quando realmente raciocínio o que ele está perguntando eu nego com a cabeça envergonhado. 

Isso aí Takashima!

— Não não! Meu nome é Takashima, eu. . . Uruha é meu nome. . . Quer dizer._ Balanço a cabeça e coloco as duas mãos no rosto. Nem pra abrir um buraco no chão para me engolir. _ Eu sou Takashima Kouyou. _ Tiro as mãos do rosto e o olho constrangido.

— Sou Aoi, pode me chamar de Aoi._ Ele sorri e. . . Nossa senhora dos cavalinhos saltitantes que sorriso. Os lábios grossos foram feitos para sorrir desse jeito. Zeus o esculpiu sorrindo, só pode.

Ele. . . É alto.

O primeiro pensamento quando ele pára na minha frente. É mais alto que eu, pisco rapidamente e o olho de cima a baixo de novo. 

O porte dele é maior. Meu porte é médio, mas o dele não, é maior que eu, não uma coisa pequena. A diferença é notável. O porte dele é grande, e eu sei que já devia ter dito isso, mas meu Deus ele é muito lindo!

Não tenho palavras para descrever como é lindo, é simplesmente incrivelmente lindo! Encantador no mínimo. Lindo!

— Você. . . Não é daqui._ Era para ser uma pergunta, algo como "Hey! Você não é daqui, é?!" mas saiu algo como

"O que está fazendo aqui?" por que além de tudo, parece que sou mal educado também. 

— Não, na verdade estou bem longe de casa._ E então abre aquele sorrisinho fechado de novo. Meus Deuses. Ele é lindo. _ Eu na verdade estou aqui de passagem, vim. . . Eu vim te buscar._ 

Oh, me leve para onde você quiser. 

Espera, quê?!

— Quê?_ Pisco atordoado. _ Me buscar para que?_ Franzo o cenho e deixo minha cabeça cair levemente para o lado, mas um pressentimento ruim me faz ter um peso no coração e olho para Kazuo que me devolve o olhar, volto a encarar o moreno. 

— Para. . . Vir comigo, não me reconheceu? Vim te buscar para vir morar comigo, vim porque a ligação me trouxe até você._ 

E todo o encanto se desfez.


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Notas finais do capítulo

Será que Uruha vai embora com esse forasteiro?

Um Parceria de MalikaHarunoo , Kagura Way e Elisha_Sky



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