Some Kind Of Disaster escrita por Mavelle


Capítulo 2
Capítulo 01


Notas iniciais do capítulo

Oii!
Trouxe o primeiro capítulo real oficial agora, então espero que gostem!

Beijos,
Mavelle



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Dias atuais…

O dia tinha começado como outro qualquer.

Kate seguiu sua rotina normal, deixando sua filha na creche antes de ir trabalhar. Como dizia muito frequentemente, eram elas duas contra o mundo. Sua irmã, Edwina, era a única parente viva e morava na Escócia, onde fazia mestrado em entomologia. Quanto ao pai de Charlotte... Era melhor nem entrar no assunto.

— Bom dia. - Posy, sua segunda em comando, a saudou assim que ela saiu do elevador.

— Bom dia, Posy. - ela disse, já sorrindo. - Pode encaminhar as estatísticas de venda desse mês pra mim, por favor? Queria tirar logo isso da minha lista de coisas a fazer.

— Claro. Vou falar com a Laura do setor de vendas e pedir o relatório.

Kate entrou em sua sala e ligou o computador. Ainda não acredito que me colocaram aqui, ela pensou. Faziam 4 anos que ela trabalhava na Bridgerton e há um ano e meio ocupava o cargo de coordenadora do departamento de marketing. A decisão tinha sido controversa, já que haviam outros no setor de marketing com mais experiência e tempo de empresa do que ela e ela era amiga da família Bridgerton, mas tudo tinha corrido bem desde então. Ser amiga dos donos da empresa tinha pesado na decisão a favor dela, mas ela sabia que nenhum deles deixaria que alguém ocupasse o lugar sem ser qualificado. Além disso, tinha provado seu valor e as vendas tinham aumentado bastante desde que ela assumiu o cargo.

Menos de cinco minutos depois de ter pedido, o e-mail com o relatório de vendas do mês anterior chegou, com um resultado que não a surpreendia.

Estavam tentando vender mais livros infantis e infanto-juvenis para ganhar um prêmio por serem “amigos da infância e juventude”, que reduzia a quantidade de impostos paga pela empresa. Kate tinha passado três semanas organizando a nova estratégia de marketing antes de apresentá-la na reunião do conselho dois meses antes… apenas para ter suas ideias rechaçadas. Ela sugeriu anúncios em vídeos do YouTube de canais ligados à faixa etária e também para pais de filhos nessa idade, criar um canal para a editora e fazer parcerias com donos de perfis ligados à leitura no Instagram, mas o conselho, composto por pessoas mais velhas, respondeu com um “hein?” e decidiu que fariam novos anúncios pelo Facebook. Anthony tentou ajudá-la, pois sabia que ela estava certa, mas não surtiu o efeito desejado.

Era de se imaginar que ele, como CEO, tivesse a última palavra, mas suas ações precisavam ser aprovadas pelo conselho. Logo que assumiu o cargo, aos 18 anos, o conselho de acionistas se fez muito necessário, dado que era um menino e não sabia de nada. Durante o tempo em que fez faculdade, sua mãe realizou todas as funções administrativas, mas era o conselho que mandava e desmandava. Depois que ocupou ativamente sua posição como CEO, retomou uma boa parte de seu poder, mas ainda precisava da aprovação do conselho, que ainda o achava um tanto imaturo. Então, quando Kate sugeriu as mudanças e ele foi o único a acatá-las, os membros consideraram “besteira de jovem” e foi feito do jeito que eles queriam.

E vejam agora os frutos, ela pensou, ainda olhando a planilha em sua frente. Estavam ainda mais longe da porcentagem de vendas necessária para o prêmio do que quando começaram, dois meses antes. Isso precisa ser corrigido o mais rápido possível. Ela pegou o telefone em sua mesa e discou o ramal que queria, enquanto mandava a planilha ser impressa.

— Escritório do senhor Bridgerton, quem deseja? - Dan, o assistente de Anthony, atendeu.

— Oi, Dan. Aqui é a Kate. O Anthony já chegou?

— Bom dia, senhorita Sheffield. - Kate quase revirou os olhos. Enquanto o resto do escritório tendia à informalidade, pelo menos nas conversas entre os funcionários, Dan era formal até demais. - Sim, o senhor Bridgerton já chegou e se encontra em sua sala.

— Ele tem algo agendado para agora?

— No momento não está em nenhum compromisso oficial, mas tem uma reunião daqui a 40 minutos. Gostaria de marcar um horário para conversar com ele?

— Não, obrigada. - ela disse e simplesmente desligou o telefone. E tomou logo uma decisão: recolheu o que precisava e saiu do seu escritório. Se ele estava na sala dele, o jeito mais rápido de entrar em contato seria simplesmente bater na porta.

Kate pegou o elevador e apertou o botão do 10º andar, onde a sala de Anthony ficava. Quando Dan a viu saindo do elevador, fez uma prece silenciosa aos céus.

— Oi, Dan. - ela disse, sorrindo para ele. - Pode ver com o senhor Bridgerton se ele teria um tempinho para conversar comigo agora?

— Sim, só um momento.

Usando seu modo formal como de costume, ele ligou para o ramal da sala de Anthony (ao qual Kate tinha acesso, mas preferia ligar para Dan porque sabia que o irritava), que disse que estava respondendo alguns e-mails, mas que ela devia entrar logo de uma vez.

— Merda! - Anthony gritou, socando a mesa na hora que Kate terminou de passar pela porta. Ela se assustou e pensou que talvez não fosse o melhor momento de falar com ele. Era claro que não era destinado a ela, já que ele continuava olhando para o notebook, mas ela sabia que, o que quer que fosse, era tudo o que estaria na cabeça dele.

— Acho que eu devia voltar depois.

— Não, não, tá tudo bem. - ele passou a mão pelo rosto e fez um movimento com a mão indicando que ela se sentasse na cadeira em frente a ele. - Sobre o que você queria falar, Kate?

Ela o encarou por alguns segundos enquanto se perguntava se deveria só falar ou voltar mais tarde. E então lembrou que a reunião com o conselho estava marcada para o dia seguinte e que talvez não tivesse outra oportunidade de falar com ele antes disso e se sentou.

— Eu queria falar com você sobre a campanha publicitária que o conselho aprovou.

— O que tem? - ele parecia desinteressado e levemente desconfortável, o que era o mais estranho de tudo para Kate. Anthony nunca parecia desconfortável em nenhuma situação. Nem mesmo quando sua mãe começava a contar as histórias da sua infância que acabavam com ele fazendo algo altamente questionável.

— Nós não estamos conseguindo nosso objetivo de vender mais livros para crianças e adolescentes para conseguir o prêmio. Olhe os dados. - ela entregou a folha com a planilha que tinha impresso. Ele pegou a folha e fingiu olhar, mas estava bem claro que não estava lendo. - O livro mais vendido dos dois últimos meses, que foi quando mudamos a estratégia e começamos a anunciar mais no Facebook, foi a Bíblia. O segundo mais vendido, foi o livro da Michelle Obama. E tivemos uma queda de 20% nas vendas de livros infanto-juvenis.

— E o que isso quer dizer? - ele perguntou. E foi aí que Kate teve certeza que ele estava com a cabeça em outro lugar. Era claro para qualquer um o que ela queria dizer – só pessoas mais velhas foram atingidas pelas propagandas novas.

— Eu quero dizer que é 2020 e crianças e adolescentes não usam mais Facebook, se é que já usaram. Então o que eu quero propor é… - ela parou, percebendo que ele realmente não estava ouvindo e que ela precisava trazê-lo de volta à realidade. - Tá tudo bem, senhor Bridgerton?

Isso pareceu tirá-lo do universo alternativo em que estava.

— Misericórdia, Kate. Nós nos conhecemos desde que você usava fraldas…

— E você comia terra no parquinho. - ela sorriu e ele revirou os olhos. - Eu sei, Anthony.

— Nunca me chame de senhor Bridgerton de novo, por favor. - ele balançou a cabeça, ainda tentando se libertar do transe que sabia ter caído sobre si. - Eu me senti tão velho nesses 3 segundos.

Ela riu.

— Todo mundo te chama de senhor Bridgerton.

— Você não. Essa foi a primeira vez que eu ouvi e que seja a última, por favor. Você é praticamente da família.

— Foi estranho para mim também, mas foi o único jeito que eu pensei pra te fazer escutar. Você está bem?

Anthony olhou para ela por alguns momentos, pensando se devia compartilhar aquilo com ela. Quer dizer, não sabia o que devia ou o que podia fazer, e acreditava que ela também não seria de muita ajuda, mas ao menos alguém saberia. Ele respirou fundo e começou a falar.

— Na verdade, não. Como você sabe, depois que Siena morreu, eu segui um caminho meio sombrio por um tempo.

— É... Eu lembro de ter ido te buscar numa rave com o Colin e a Daphne e de te levar pro hospital depois.

— Você estava lá? - ele parecia surpreso.

— Sim. Eu estava com os dois, quando alguém ligou para o Colin, pedindo pra ele ir te buscar. Foi a segunda pior noite da minha vida. Eu realmente achei que você fosse morrer.

— E eu quase morri. - eles apenas se encararam por um momento. Aquela noite tinha sido um desastre completo. - Enfim, depois daquela noite, eu parei com as festas, drogas e bebidas e mergulhei de cabeça no trabalho. A editora cresceu mais nesses 3 anos do que tinha crescido desde a morte do meu pai.

— E então o que tem de errado nisso tudo? Você parou com as festas e tudo o mais e agora está limpo. - ela fez uma pausa. - Não está?

— Sim, eu estou bem e estou limpo. Entretanto – ele fez uma pausa –, o conselho descobriu agora do meu período perdido e agora estão ameaçando me tirar do cargo, a não ser que eu prove que eu sou responsável o suficiente para fazer isso.

— O quê? Isso foi há três anos! Você mudou muito desde então. Todo o trabalho que você fez e o quanto crescemos nesse tempo são a maior prova disso.

— Eles não pensam assim. - ele passou as mãos pelo cabelo. - O que eu deveria fazer, Kat?

Kat, ela pensou. Ele não me chama assim desde o Ensino Médio. A vida era bem mais simples naquela época.

— Eu não sei. O que você poderia fazer que mostraria mais sua responsabilidade que continuar liderando esse lugar do jeito que lidera?

— Eu não sei, eu… - ele parou por alguns segundos e ficou olhando nos olhos dela.

Kate estava estranhando a situação. Dava para ver as engrenagens do cérebro dele rodando.

— Você… - ela tentou encorajá-lo a continuar o pensamento anterior, mas este já estava perdido há muito tempo, e nada podia prepará-la para as palavras que sairiam da boca dele em seguida.

— Você casaria comigo?


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