Recomeços escrita por Sophia Snape


Capítulo 20
Do fim do mundo ao recomeço


Notas iniciais do capítulo

Uow! MUITO obrigada por todos os comentários no último capítulo. Vocês são incríveis! Obrigada à Julia, que não só betou como REAGIU em vídeo a primeira leitura do capítulo ♥ sério, você é incrível. Obrigada a todes que me dão sempre a maior força no grupo SSF, à Leilane que sempre sempre arrasa nos comentários e no incentivo, à Carol Almeida com os seus áudios incríveis e emocionantes, à Nat que segue firme e resoluta a espera de um hot, enfim... muito amor por todes.

Neste capítulo temos um pouco da perspectiva da Hermione sobre a tão esperada noite do beijo, e algumas coisas importantes acontecem. Fiquem atentos!

No mais, boa leitura! Sigam Recomeços no tumblr e no spotify.

P.s.: em 2019 escrevi um poema no meu diário - totalmente inspirada por uma pessoa - e decidi pegar emprestado para o capítulo de hoje. Acho que é exatamente como a Hermione se sentiria.



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Imagino como é o seu toque...

Será que deslizaria suave

Sob a minha pele?

Ou será que queimaria

Quando os seus lábios

Tocassem os meus?

 

Será que nossos mundos

se colidiriam?

Ou será que se encaixariam

Como o sussurro dos deuses?

 

O leve roçar das suas

Pernas nas minhas

Seria como o fim do mundo?

Ou seria o recomeço?

 

Sinto que só posso ser completa

quando morrer

e nascer de novo.

Porque você merece

O melhor de mim,

Porque você merece

Quem eu já fui,

E não esse vazio,

Esse amontoado de células.

 

Nos meus sonhos

Sua pele toca a minha

E eu meu entrego

Me abro

Te espero

Te quero

Por favor, me queira também.

Hermione acordou com uma sensação deliciosa de calor, conforto e segurança. Por alguns segundos ela não sabia exatamente onde estava, até que sentiu um braço forte envolver a sua barriga. Cenas da noite anterior vieram em flashs rápidos e ela ofegou, sentindo seu coração bater forte e seu estômago se apertar do jeito mais delicioso.

Ela se virou para ficar de frente para ele e o que viu a deixou profundamente encantada. Severo dormia tranquilamente, totalmente relaxado, sem uma única linha de preocupação em seu rosto geralmente treinado para soar desconfiado e irritado. O braço que a segurava ainda estava firme em seu quadril, num gesto claro de que mesmo inconsciente ele queria mantê-la ali, perto.

Hermione traçou os contornos do seu rosto com os olhos, observando de perto o que ela só podia imaginar, e notou como seus cílios eram escuros e tremulavam em seu sono. Ela também reparou como a sua pele era pálida e bonita a luz da lua, mas continha um brilho rosado em suas bochechas que, até então, ela só vira quando ele estava desconfortável ou tímido, e agora ela preferia atribuir outra razão a isso. Hermione também reparou em como os seus cabelos caíam parcialmente pelo seu rosto, e as mechas eram tão escuras e finas que pareciam a noite caindo sob o Lago Negro. Era lindo.

Ela também sorriu ao perceber como ele parecia totalmente masculino em seu sono. Toda a cautela e sutileza que davam elegância aos seus movimentos calculados foram jogados pela janela na cama, porque aparentemente Severo Snape era outro homem enquanto dormia. Ela estava quase na borda do colchão enquanto o seu corpo parecia tomar cada centímetro do lado esquerdo até o centro, e o que praticamente a impedia de cair era o braço dele segurando-a firmemente no lugar.

Hermione contemplou toda a virada que a sua vida dera nos últimos meses enquanto olhava para o rosto adormecido do homem ao seu lado, e pela primeira vez em muito tempo uma resolução firme se assentou no seu coração de que ela nunca tomara uma decisão mais certa do que salvá-lo. E de salvá-lo antes mesmo de saber que ele era inocente. Sua intuição não estava errada, afinal, mas ela estaria mentindo se dissesse que foi o único motivo. Ela o teria salvo porque estava destinada a ser: herói, vilão, ou uma mistura confusa dos dois. Apenas um homem.

E ele dormia tão pacificamente naquele momento. Ela sabia que não devia ser sempre assim, claro. Severo tinha um estoque extra de Sono sem Sonhos que eles nunca comentavam sobre, porque era bastante óbvio que era um tópico proibido, totalmente além dos limites. Então ela só podia imaginar os horrores que ele passara e que a sua mente, traiçoeira, insistia em reviver. Ela fechou os olhos e se aconchegou nele, buscando o seu cheiro na pele do pescoço. Tinha cheiro de casa. Seus pés frios também buscaram calor nas panturrilhas dele, e Hermione sorriu um pouco ao perceber que ele reclamara algo em seu sono. Aparentemente, não era legal encostar os pés frios nas pernas deliciosamente tentadoras do parceiro, mas ela fez mesmo assim.

E enquanto o seu rosto estava virado para o coração dele, ouvindo os sons que reverberavam através da pele e da camisa de algodão, Hermione foi invadida pelo sentimento mais avassalador de pura felicidade, como se de repente tudo fosse ficar bem. Ele estava ali, ele era real, ele estava vivo. E ela estava nos braços dele. E todos aqueles anos, meses, de perguntas e imaginações, estavam se tornando realidade.

Hermione não precisava mais imaginar como seria o seu toque, nem se perguntar se ele deslizaria suave sob a pele dela. Também não precisaria perguntar se queimaria quando os lábios dele tocassem os seus. Por que ela já sabia. Ela se perguntava se os seus mundos colidiriam, ou se encaixariam como o sussurro dos deuses, e agora ela sabia que era um pouco de tudo isso.

Depois que eles subiram as escadas e se deitaram dividindo o mesmo travesseiro, seus rostos a centímetros de distância, eles conversaram baixinho sobre várias coisas, mas principalmente sobre o que acontecera na cozinha. Eles sabiam que havia mais a ser dito, mas naquele momento só importava viver o sentimento e a atração que estava os consumindo a tanto tempo.

— Em minha defesa, eu realmente não estava vendo nada. – Severo disse, sorrindo um pouco.

— Ah, não? Nem um pouquinho da minha coxa?

Ele negou, mas Hermione pode ver que os seus olhos estavam mais escuros que o normal.

— E os meus seios?

— Você quer me matar, bruxa? E não, eles estão bem seguros aí debaixo da blusa. – ele falou, sua voz pouco acima de um sussurro. Depois, ele pensou melhor e completou – Infelizmente.

Hermione riu, chegando ainda mais perto dele enquanto os seus dedos se entrelaçavam debaixo do travesseiro. – Eu sonhei com isso.

Ela disse depois de um tempo, recusando-se a encará-lo. A adrenalina do beijo e do desejo acumulado estavam se acalmando aos poucos, deixando-a sozinha com o bruxo que amava e os seus próprios sentimentos. O que aconteceria agora? Como ela poderia continuar mentindo para ele enquanto dividia a sua cama? Mesmo que nada sexual tivesse acontecido, aquele beijo parecia mais íntimo que todo o resto. Aquele beijo fora tudo.

— Eu mal posso acreditar. – Severo respondeu de volta, a respiração fazendo cócegas em sua cabeça. – Não sou um homem fácil, Hermione. Uma mulher como você merece muito mais do que eu posso oferecer.

Hermione suspirou baixinho, sentindo o seu coração apertar no peito. Se ele estava a dispensando, precisava fazer um trabalho melhor do que isso. Ela não iria embora.

— Não estou pedindo nada, estou? Não precisamos definir nada agora, Severo. Vamos levar tudo com calma, e ver onde isso vai dar. O que me diz?

Sua resposta veio num abraço apertado. Ele a abraçou com tudo que tinha, com tudo que ainda restava, e Hermione permitiu que uma lágrima solitária escapasse pela sua bochecha. Só de estar ali, com ele, sua vida inteira parecia fazer sentido novamente.

— E não se atreva a dizer que é uma ideia tolerável.

Ela sentiu, mais do que ouviu, o som da risada dele. Vinha em ondas baixas e calmas, e reverberava por todo o seu corpo, fazendo-a estremecer. Deuses. – Ia dizer que não é uma ideia de tudo ruim.

Hermione bufou. – Você vai ter que melhorar os seus elogios.

Severo se desvencilhou dela para buscar o seu olhar, e havia um brilho divertido e malicioso neles. Mas o brilho logo mudou de forma, dando lugar a uma expressão séria que a tirou o fôlego. – Quando se tratar de você, Srta. Granger, vou reservar os melhores elogios.

A garganta dela ficara seca, e ela precisou molhar os lábios para conseguir emitir alguma resposta coerente. – É mesmo?

Ele assentiu, aproximando os lábios do seu ouvido enquanto sussurrava. – Você é brilhante. Generosa. Divertida. Deslumbrante. Achei que estivesse perdendo a minha cabeça quando tudo o que eu pensava no dia era você.

— Aquele dia na pousada, quando você tocou o meu cabelo... – ela começou, mas não ousou perguntar.

— Eu queria beijá-la. Tanto. Se não tivéssemos sido interrompidos não acho que teria conseguido me conter.

— Odiei um pouco a Sra. Janet naquele dia. – Hermione riu.

Severo revirou os olhos, deitando de costas e puxando-a suavemente para o seu peito. - Aquela mulher tem um tempo péssimo.

— Acho que foi bom. Não estava na hora ainda.

— E está na hora agora?

— Eu diria que quase passamos dela.

Ele assentiu, e eles ficaram em silêncio enquanto a chuva batia na janela e o vento soprava forte do lado de fora. Dentro do quarto só havia o barulho das suas respirações suaves e dos seus corações batendo forte no peito.

— E seu eu for péssimo nisso? – Severo perguntou, e foi tão baixo que Hermione teve dúvidas se era realmente uma pergunta ou se ele estava falando para si mesmo.

— Nisso o que? – ela perguntou, embora já imaginasse o que ele queria dizer.

Estar em um relacionamento. Querer você. Te amar.

— Não quero magoá-la. – ele falou ao invés, tentando dissolver a seriedade da sua resposta.

— Mas nós vamos, Severo. É impossível prever. Se relacionar vem com riscos, e ninguém é perfeito.

— Eu ainda sou ranzinza. Posso magoar você sem ter a intenção. Não quero fazer você chorar como eu fiz aquele dia na botica.

Hermione fechou os olhos, dando um beijo caloroso no seu peito, onde batia forte o seu coração. – Você estava preocupado, Severo. E com toda razão. Fui descuidada, então não pense nisso. Já passou.

Quando ela levantou o queixo, ele a olhava impassível. Havia um traço de surpresa na sua expressão, de choque puro e simples, como se ele não entendesse que podia ser perdoado. Ela nunca o havia culpado em primeiro lugar.

— Você me surpreende todos os dias. – ele finalmente falou, tocando a bochecha dela. Seus dedos ásperos na sua pele macia causaram arrepios por todo o seu corpo, mas o impacto das suas palavras foram um pouco demais. Ela precisava contar a verdade a ele antes que fosse tarde demais, mas o mero pensamento de perdê-lo a deixava enjoada.

— Vamos aproveitar esse momento, e depois lidamos com o resto. O que acha disso?

— Sempre a bruxa mais brilhante. Agora entendo o porquê.

Ela deu um grito indignado, batendo de leve no peito dele. – Então tem mais a ver com o fato de que estou seminua na sua cama e não com as minhas notas?

Severo riu abertamente com isso, e Hermione pode ter uma visão rara do homem taciturno totalmente entregue. Era lindo. – Você pode me culpar? E por favor, Hermione, não mencione de novo que apenas essa camisa e – espero – uma calcinha me separam de ter total acesso a esse corpo delicioso.

— E você acha totalmente justo me falar isso nesse tom de voz?

— Se você acha justo me torturar, então sim. – ele deu de ombros, depois perguntou, uma sobrancelha tipicamente erguida – E o que tem a minha voz?

Foi Hermione quem riu dessa vez, surpresa. – Ah, por favor. O que tem na sua voz? Severo, você sabe o que ela faz para... certas partes da minha anatomia? Você provavelmente tem a voz mais sexy do planeta.

Ele ficou em silêncio, e Hermione levantou a cabeça para encará-lo. Tinha um rubor adorável colorindo o seu pescoço e bochechas, e ela praticamente se derreteu. – Você está corando!

Severo bufou, e a vermelhidão chegou até a ponta das suas orelhas. Hermione estava rindo tanto que ele teve que sorrir em algum momento, encantado com o som da risada dela tão perto dele. – Eu não fico corado. Que absurdo.

— Sinto em dizer, mas você fica sim, senhor. E é adorável.

Ele a olhou indignado. – Não sou adorável. Você está louca.

Hermione riu ainda mais, dando um beijo na ponta do nariz dele com carinho. Ele beijou a testa dela de volta e a aconchegou de novo em seu peito. O gesto foi tão delicado, tão singelo e carinhoso, e tão, tão forte, que Hermione sentiu uma vontade avassaladora de dizer as palavras que a sufocaram por tanto tempo. Estavam na ponta da língua, tão prontas para serem pronunciadas que quase escaparam por vontade própria. Mas não era a hora. Talvez ela sequer chegasse. Não, Hermione tinha que aproveitar o que estavam construindo juntos, e esperar que fosse suficiente para que um dia ele a perdoasse.

Aos poucos, a calmaria da noite e a segurança dos braços dele foram trazendo uma paz e um conforto que ela não sentia desde que dormira ali pela primeira vez. Mesmo que os seus pensamentos ainda estivessem assombrados pelo medo de perdê-lo, tudo que ela tinha energia naquele momento era curtir a presença dele, se afundando tanto quanto fosse possível nos seus braços e no calor da sua respiração. O resto ela veria depois. E antes que o sono a reivindicasse, ela só conseguia pensar que o leve roçar das pernas dele nas dela eram como o fim do mundo e o recomeço, um tão ligado ao outro que era impossível um existir sem que o outro acontecesse.

E agora, não era só nos sonhos dela que a pele dele a tocava. Era real. E ela se entregaria, se abriria, esperaria, desejando, apenas implorando, que ele a quisesse também.

...

A véspera de Natal passou num borrão. Uma espécie de atmosfera suspensa, como se Hermione estivesse vivendo uma vida que não era a dela embora parecesse extremamente... certo. Era um estado profundo de felicidade, como se ela estivesse vendo a sua vida do alto, fora do próprio corpo. Mas desta vez não era ruim, era bom. Muito bom. Ela se sentia pronta para correr 100 km na praia; pronta para construir qualquer coisa do zero. Hermione sentia que o mundo era todo dela, como se ela pudesse fazer o que quisesse. Era um sentimento libertador, e ela se sentia forte para enfrentar tudo. Ela não deixaria isso escapar por entre os dedos.

Eles tomaram café da manhã, e ela estava tão nervosa com a presença dele a observando que queimou as torradas e errou a mão no chá. Tudo que ela queria era preparar um café da manhã decente, mas falhara. E enquanto ela normalmente se sentiria mal por ter feito qualquer coisa abaixo da média, ela apenas riu quando ele tentou morder um pedaço preto com geleia de morango e tivera a hombridade de elogiar. Ela não cansaria de se surpreender com ele?

Hermione se sentia tão dona de si, tão leve. A sensação dos beijos acalorados do amanhecer ainda estava formigando na sua pele, e ela queria mais que tudo sentir mais daqueles beijos. E se possível sem a presença incômoda das roupas. O pensamento a fez sorrir e se distrair, e o resultado foi o café da manhã terrível que Severo teve que consertar e eles levaram para a sala, curtindo o conforto do sofá nos braços um do outro. Era mágico.

Mas nada a surpreendera mais do que conseguir convencê-lo a buscar uma árvore de Natal. Nem ela entendia o que havia acontecido para esse súbito ato de coragem. Num minuto ela sugerira e no outro eles estavam dentro da picape dele, totalmente agasalhados, a caminho de uma fazenda. Seu coração batia tão forte que ela se sentia de novo uma aluna boba vivendo um amor platônico pelo professor, só que agora ela era uma mulher adulta ao lado de um igual, e isso não aliviava em nada a sensação de borboletas no seu estômago. Ao contrário, aliás. Ela se sentia tão ansiosa agora do que jamais estivera, e era uma delícia.

A parte interessante é que ele parecia tão perdido nisso quanto ela, e Hermione se sentiu um pouco mais aliviada ao entender que eles estavam trilhando um caminho desconhecido juntos. Deixava as coisas um pouco menos esmagadoras, embora não mais fáceis. Então ela escorregou a sua mão na dele e o puxou para um mar de turistas e pinheiros, sem olhar para trás ou pensar nas implicações dos seus atos. Ele estava ali com ela e era só isso que importava. O resto eles descobririam juntos.

— O que acha dessa aqui? – perguntou, olhando-o com expectativa. Hermione percebeu que várias expressões passaram pelo rosto geralmente estoico dele, mas ela estava aprendendo a lê-lo aos poucos. Ele queria parecer levemente entediado, mas era uma máscara. Ao contrário, ele parecia ligeiramente surpreso e até contente, e alguma coisa no seu rosto indicava que as lembranças que aquele momento estava evocando nele não eram de tudo ruins.

— É adequada. Sim, vai servir.

Hermione resistiu ao impulso de revirar os olhos, e apenas riu, beijando-o levemente na bochecha. Ela conseguiu sentir a aspereza da pele, com a barba por fazer, e começou a tagarelar para se impedir de fazer algo totalmente estúpido como levá-lo para trás de algum tronco para beijá-lo completamente.

Ele apenas a seguiu, suas mãos o tempo todo entrelaçadas, como se eles tivessem feito isso a vida toda. E Hermione queria tanto que fosse assim. Queria voltar ali, com ele, no ano seguinte e nos que viriam, para escolher árvores de Natal enquanto faziam planos de amor. Porque enquanto eles riam e tentavam colocar a árvore em cima da picape com a ajuda de magia, e pegavam a estrada de volta para a casa dele, tudo que ela conseguia pensar era que não existiria um futuro feliz se Severo Snape não estivesse presente.

...

A Toca, como sempre, estava barulhenta. Ela podia ouvir o James correr pela casa e a Gina gritar com ele atrás, pedindo para o Harry fazê-lo parar enquanto o seu amigo dizia na voz mais calma e doce que ele deveria se comportar se quisesse que o Papai Noel trouxesse os seus presentes.

— Não acredito que educam o James com mentiras. – ela simplesmente disse, do canto da porta, e quase teve que tampar os ouvidos para os gritos animados que se seguiram.

— Hermione Jean Granger! – Gina a repreendeu – Onde você estava?! Era para ter chegado a uma hora atrás.

A mente dela imediatamente voltou para a sessão de beijos intensa no seu quarto na pousada, depois que Severo a deixara para pegar a chave de portal. Ele lhe dera o melhor e mais atencioso presente, e ela não tinha nem palavras para agradecê-lo. Então ela agradeceu de outra maneira. Ela o beijou por vários minutos, e o beijo que começara no meio do quarto acabou de alguma forma na parede, com a mão dele espalmada na sua bunda enquanto as suas pernas se cruzavam no quadril dele.

Uma das mãos de Severo subiu pela lateral do corpo dela, parando a centímetros do seio direito, e a ponta do seu dedo acariciava a pele debaixo do bico, quase enlouquecendo-a de tesão. E então-

— Hermione! Estou falando com você. Por que demorou tanto? E como não perdeu a chave de portal?

Ela não mencionaria que o Severo conseguiu dar um jeito muito oportuno nisso. Ele era um bruxo brilhante, afinal de contas, e ela sinceramente não iria reclamar.

— Não sei do que está falando, Gina. A chave era as 19h, você que se enganou. – Hermione mentiu, mas ela sabia que não tinha enganado a amiga. – James, meu amor! Olha como você está enorme!

James pulou do colo do Harry para o dela, rindo. Suas bochechas estavam meladas de chocolate e suas mãozinhas pegajosas de alguma outra coisa duvidosa que ele estivera comendo.

— Estava morrendo de saudades! – ela o beijou várias vezes, fazendo-o jogar o corpinho para trás enquanto gargalhava.

— O papai disse que o Papai Noel vai trazer uma vassoura para mim!

Hermione olhou para o amigo em choque. – É mesmo?

— Sim! Vou poder voar com ele e o Tio Fed.

Fred. E nós já falamos sobre isso, James. – Harry o repreendeu – Agora vá lavar as mãos, você está deixando a sua tia toda melada. Anda.

Hermione sorriu enquanto ele corria para a cozinha, depois voltou o olhar para o Harry: - Você enlouqueceu? Ele tem três anos!

— Hey, você pode me cumprimentar antes de brigar comigo? É Natal.

Hermione riu, dando um empurrão carinhoso no ombro dele antes de puxá-lo para um abraço. – Você é impossível.

— Hermione, querida! – era a Molly e os seus abraços de urso, seguido pelo abraço animado do Arthur, do Fred, do Gui e da Fleur, que estava linda e grávida do terceiro filho, Louis.

Andrômeda também estava presente com o neto, o adorável Teddy, que brincava com a Victoria Weasley. Olhando ao redor, ela também viu que Hagrid estava acenando alegremente da varanda, muito alto e muito grande para conseguir ficar dentro da sala, e estava conversando com o Neville, que a cumprimentou timidamente. Hermione fez uma anotação mental para encurralá-lo mais tarde.

Ela também procurou pelo Ron, mas não o encontrou. De certa forma, ela se sentiu aliviada. Hermione sabia que ele poderia chegar a qualquer momento, mas ela não estava com pressa. Ela sentia terrivelmente a falta do seu amigo, mas ao mesmo tempo tinha medo de recomeçar de onde pararam. Era possível recuperar alguma coisa depois de um fim tão difícil? Ela teria que descobrir, eventualmente.

— Se estiver com fome tem muita comida na cozinha. Todos estão comendo como hipogrifos antes da ceia, de qualquer maneira.

Hermione riu, depois sussurrou para a Gina. – O que eu faço com os presentes?

— Vem, vamos deixar no quarto. – ela respondeu, com as duas mãos espalmadas nas costas – Depois, quando as crianças dormirem, coloco debaixo da árvore.

— Você está enorme, sabia?

— Cala a boca.

Ela riu, seguindo a amiga escada acima, enquanto o barulho lá embaixo ficava cada vez mais abafado. Hermione subiu cada degrau tocando o papel de parede gasto e familiar, sendo inundada pelo cheiro característico da casa da família Weasley. Tantas lembranças... Boas e ruins. Não era fácil estar ali, mas ela estava cansada de fugir do passado. Todas aquelas pessoas eram muito queridas para ela. Eram a sua família.

— E então – Gina interrompeu os seus pensamentos, cruzando os braços – pode ir falando a verdade. Eu sei que a chave de portal era as 18h, então o que aconteceu?

Hermione suspirou, olhando para todos os lugares do quarto. Ela sabia que não podia mentir para a Gina, e nem queria. Ela era a sua melhor amiga. Mas era tudo tão novo e íntimo que ela queria poder pensar um pouco antes de compartilhar.

— Vou te contar. Prometo. Mas foi tudo muito recente.

— Tudo o que, exatamente?

Hermione revirou os olhos. Gina era impossível. – Acabei de dizer que-

— Você não pode deixar uma conversa como essa pela metade. Quer que eu morra de curiosidade?

Hermione balançou a cabeça, murmurando um feitiço para a sua pequena bolsinha enquanto presente atrás de presente eram tirados e colocados na cama. – Merlin, não seja dramática.

— Foi o Severo, não foi? Ele atrasou a sua chave, ou conseguiu outra. Acertei?

Hermione tentou negar, mas o seu sorriso dizia tudo.

— Não acredito! Vocês... transaram?

— O que? Não! E fala baixo!

— Então o que aconteceu?

Hermione suspirou, cruzando os braços na frente do corpo. – Nós nos beijamos ontem.

— O que?! – Gina deu um grito e vários pulinhos animados, puxando-a pelo braço até a cama. – Conta tudo! Como é o beijo dele? E como aconteceu isso? Foi na pousada? Na botica? E o que aconteceu depois?

— Merlin. Tá, tá bom. Foi na casa dele, se quer tanto saber-

— Eu quero.

E— Hermione continuou, olhando para a Gina de cara feia – ficou só no beijo. Estamos indo... devagar.

— E o beijo dele é bom?

Hermione sorriu, sentindo o rosto arder com as lembranças da noite passada e de acordar pela manhã nos braços dele.

— O beijo dele é... Gina, o beijo dele é incrível. É tudo o que sempre imaginei e mais. Muito mais. Estar nos braços dele parecia tão certo como respirar. Você entende?

Gina sorriu, seus olhos verdes ficando suaves ao entender exatamente o que a Hermione estava falando. – Eu sei, minha querida. Eu entendo.

— Tinha uma tensão a nossa volta. Mas eu não sabia se estava vendo coisas, sabe? Não podia arriscar. Mas na noite de ontem foi impossível. Tivemos um jantar, e bebemos um pouco de vinho até de madrugada. Ficou tarde e ele insistiu que eu – e não grita— dormisse no quarto dele enquanto ele pegava o sofá.

Gina gritou e bateu palmas. – Merlin! Isso é tão romântico da parte dele. E aí?

Hermione riu, se sentindo uma adolescente. – Não me olha assim, Gina.

— Só estou olhando! – ela riu.

— Estava muito frio, chovendo, e eu aceitei. – ela continuou – Em algum momento tive que descer para beber água, o copo quebrou e ele foi me ajudar.

Hermione não iria mencionar que tivera que descer porque não estava conseguindo dormir de tanto pensar nele. – Na hora eu vi que o olho dele parou na minha coxa, e foi onde me permiti ter esperanças.

— Na sua coxa? O que você estava vestindo, Hermione Granger?  

Hermione ignorou a pergunta. – Não sei de onde tirei coragem, Gina. Eu realmente não sei. Num segundo estava colocando-o contra a parede e no outro estávamos nos beijando. Em cima da bancada.

— Hermione Granger! Da bancada? Isso é quente.

— Merlin, aquele homem sabe beijar.

— Quem diria... o Prof. Snape. E vocês não fizeram nada além disso mesmo?

— Não. Quer dizer... Dormimos juntos, mas foi só.

— Só? Só isso? Você tem coragem de me contar isso nessa tranquilidade? – ela pegou um embrulho e bateu na amiga.

— Não aconteceu nada demais!

— Isso é demais, Hermione. Você não vê? Talvez seja até mais íntimo. O que você vai fazer?

Hermione suspirou. Ela podia até fugir de si mesma, mas nunca da melhor amiga. – Contar a verdade, claro. É só que agora que nos beijamos... sinto que é tudo tão recente. E se isso mudar tudo antes mesmo que tenhamos a chance de ver onde isso poderia dar?

— Entendo, minha querida, mas não acho que é assim que funciona. A escolha é sua, claro, mas esteja preparada para ele não gostar do que você tem a dizer.

Hermione assentiu, sentindo o corpo inteiro gelar. Gina estava pronta para dizer mais alguma coisa quando a porta se abriu num estrondo, com o James e a crianças maiores seguindo atrás dele numa correria sem fim, até pularem na cama com toda a energia e rirem como se fosse a coisa mais divertida do mundo. Hermione mal teve tempo de pegar a varinha e levitar os presentes para debaixo da cama, e ela e Gina se entregaram as risadas, que alimentavam a energia da casa com uma sensação de inocência e alegria que só as crianças eram capazes.

Era um dos motivos pelos quais ela evitava as festas. As risadas infantis a lembravam que ela poderia ter uma criança da idade do James agora, correndo pela casa junto com os primos. Ela pensava se seria uma menina ou um menino, e como seria a sua personalidade. Era muito, muito doloroso. De uma forma que ela sequer podia transpor. Sua barriga mal chegou a crescer, ela sequer descobrira como poderia chamá-lo, antes que ele a deixasse.

— Você está bem, Tia Mione? – era o Teddy, com as mechas tão azuis e bonitas que ela imediatamente se lembrou de Tonks.

Hermione limpou uma lágrima da bochecha. – Sim, meu bem. Só estou feliz em estar aqui.

— Não precisa se preocupar. – ele disse simplesmente, sábio, e Hermione lançou um olhar curioso para a Gina antes de perguntar o que ele queria dizer – Minha mamãe e o meu papai estão olhando o seu bebê lá de cima. Ele está bem.

Gina ficou totalmente sem fala por vários segundos, sem saber o que fazer enquanto Hermione parecia prestes a chorar. – Agora vamos, desçam! A festa é lá embaixo, e o jantar está quase sendo servido. Victoria, ajude o James a descer as escadas. Dominique, você também. E não corram!

— Tudo bem, tia Gina. – eles responderam em uníssono, e saíram fazendo exatamente o contrário.

Gina revirou os olhos. – Essas crianças vão dar trabalho em Hogwarts. Eu nem quero ver isso. Você está bem? – Gina perguntou, preocupada, enquanto segurava a mão dela.

Hermione assentiu. – Por incrível que pareça, estou. Ainda é muito doloroso, e acho que vai ser para sempre, mas estou começando a ficar em paz com o que aconteceu.

— Fico muito feliz em ouvir isso. O que aconteceu é muito comum, Hermione. Sei que não torna mais fácil, mas não foi sua culpa.

— Eu estava tão estressada, tão cansada.

— Você sabe que não foi isso, minha querida. A placenta estava com problemas. Você, mais do que ninguém, entende isso.

Hermione mordeu o lábio, acenando. Ela entendia, sim, mas uma parte puramente emocional dela se recusava a entender o óbvio.

— Além disso – Gina continuou – Você é jovem, e vai poder ter muitos filhos ainda.

— Será?

Gina assentiu, apertando a mão dela. – De cabelos encaracolados e negros. Ou castanhos e escorridos. Esperamos que tenham o seu nariz.

Hermione riu e chorou, sentindo o peso sair do seu coração aos poucos. – Você é terrível.

— Por falar em nariz...

— Gina-

— O dele é enorme, não é? Será que-

— Ginevra Potter! Não termine essa frase.

— Só estou dizendo!

— A gravidez te deixou ainda mais impossível. Você está parecendo aquelas personagens velhas e viúvas dos romances da Jane Austen que falam tudo o que pensam.

— Hey! Estou ofendida. Só estou dizendo o que você com certeza já parou para pensar.

— É isso, estou descendo. Vou dizer ao seu marido que a esposa dele é completamente louca.

— Tudo bem – Gina riu, descendo atrás dela, tagarelando sobre o jantar e a sobremesa.

A noite transcorreu bem, e Hermione lembrou do que ela quase esquecera: o quanto ela amava aquela família, e do quanto ela amava estar no mundo bruxo. Ela adorava a magia, e adorava estar n’Toca. Ela precisou ir embora para entender que para além das coisas ruins, ela tivera uma vida extremamente feliz até ali, com muito amor e amizade. Respeito. Família.

Em algum ponto as coisas deram errado, mas ela estava disposta a consertar. E em meio a tantas incertezas, ela só conseguia pensar em uma coisa: Severo. Hermione pensou no quanto gostaria que ele estivesse ali, compartilhando de uma paz e de uma felicidade que só era possível porque ele se doara completamente a uma causa. Sem ele, muito provavelmente nada daquilo seria possível.

Ela suspirou, sentindo que faltava alguma coisa. Por mais feliz que ela estivesse ali, no lugar onde ela chamara de casa por anos, não era a mesma coisa sabendo que o homem que ela amava estava tão longe. Parecia que ela estava presente fisicamente, mas a sua alma vagava numa direção oposta.

— Como vai a vida no interior da Inglaterra, Hermione?

A voz calma e baixa a assustou, despertando-a.

— Oh, olá, Neville. Desculpe, não o vi chegando. Vai muito bem, obrigada. – ela era uma péssima mentirosa.

— Não se preocupe, eu sei que trabalha para ele.

Hermione se assustou, olhando para ele em choque. Ela olhou ao redor para ver se alguém estava escutando, mas todos estavam muito entretidos na conversa e na bebida para notar.

— Não sei do que está falando.

Neville sorriu, daquele jeito tímido e introspectivo que era só dele, e acenou. – Tudo bem. Recebi alguns pedidos na semana retrasada e podia jurar que a letra era exatamente a sua.

Hermione olhou para a frente, resoluta. – Você deve ter se confundido.

Ele sorriu e disse: - Talvez. É que foram muitos anos me ajudando em Poções, então eu poderia reconhecer a milhas de distância.

— Hm – ela cantarolou em resposta, bebendo um pouco de chocolate quente – e a Ana, como está? – ela decidiu mudar de assunto.

— Está muito bem. Vou encontrá-la daqui a pouco.

— Como vai a gravidez?

— Ela teve um primeiro trimestre difícil, com muitos enjoos, mas está bem agora.

Hermione olhou para ele, depois colocou a mão em seu ombro e apertou. – Fico feliz, Neville. De verdade.

— Eu sei que sim, Hermione. E fico feliz que tenha decidido sair do Ministério. Você está diferente.

Hermione revirou os olhos, rindo. – Todos estão me dizendo isso. Só hoje posso contar Fred, Molly, Arthur e, ah!, o Hagrid. Agora você.

Ele deu de ombros. – Diferente é bom.

— Espero que sim. E você tem recebido muitos pedidos ultimamente?

— Sim. Muitos. Especialmente desse lugar na França. É uma pequena botica, mas está crescendo. Eles triplicaram os pedidos em menos de dois meses.

Hermione sorriu internamente, se sentindo orgulhosa.

— Hermione, Neville! O jantar está na mesa. – a Sra. Weasley gritou da cozinha.

— É a minha deixa.

— Tão cedo?

— Não quero deixar a Ana sozinha, só vim desejar um Feliz Natal a todos.

Hermione assentiu, dando um abraço apertado nele. Depois, pensando melhor, ela sussurrou. – Você faz um trabalho incrível, Neville. Ele está orgulhoso.

Ela piscou para ele, e eles sorriram um para o outro. Por algum motivo, Hermione podia ver no olhar de Neville que ele não guardava nenhum tipo de rancor em relação ao Snape. Ao contrário, aliás, ele parecia ter feito as pazes.

— Espero que ele esteja bem.

Hermione acenou. – Ele está.

— E você? Você sempre... bem. – Neville sorriu, sem graça.

Ela escondeu a cabeça nas mãos, tímida. – Era tão óbvio?

Ele deu de ombros. – Todo mundo tem uma espécie de amor platônico pelo professor em algum momento.

— Mesmo? – Hermione o olhou com descrença – E você teve?

— Bem – ele colocou a mão na nuca, olhando para o chão – não. Mas as opções eram limitadas. Quer dizer, a profª. McGonagall é ótima! Só que eu dificilmente poderia ter uma queda por ela. Ou pela profª. Trelawney. Mas a Madame Rosmerta...

— Neville! – Hermione riu, chocada. – Deixa só a Ana saber de algo assim.

— Ela jamais me deixaria ouvir o fim disso. – ele sorriu, levantando um único ombro, enquanto Hermione o cutucava de brincadeira.

Eles ficaram em silêncio por um tempo, contemplando a correria alegre da casa, cada um perdido em seus próprios pensamentos, até que Hermione finalmente falou. – Você acha que eu sou louca, Neville?

Ele a olhou com a testa franzida, depois balançou a cabeça. – Por que eu acharia isso?

Ela suspirou, desviando o olhar. – Por ir atrás dele. Por tentar contar a verdade. Por... – tentar se aproximar, ela queria dizer, mas as palavras ficaram soltas no ar.

— Não acho que seja, Hermione. Você tentou esquecê-lo, e acho que alguns de nós aqui sabemos o quanto. Você está certa em tentar pelo menos dizer a verdade.

Hermione assentiu. – Obrigada.

— Só não deixe de dizer a ele, Hermione. – Neville disse depois de um tempo – Tem algo que talvez você não saiba, mas-

Ele parou, claramente em luta consigo mesmo para saber se diria ou não. – O que, Neville? O que talvez eu não saiba?

— A um tempo atrás – ele falou, baixo, enquanto a conduzia para um canto mais reservado da sala – o Severo tentou encontrar os registros de visitas no St. Mungus. Do tempo em que ele esteve internado.

O coração de Hermione gelou.

— Não registrei o meu nome.

— Eu sei. Mas ele tentou investigar. Por algum motivo ele desistiu depois de um tempo, o que não é muito da natureza dele, não concorda? Só quero dizer que para ele ter procurado a pessoa que cuidou dele, ou seja, você, quer dizer alguma coisa. Pode ser importante para ele. E não saber...

— Ei, vocês dois – o Fred chamou – já estão todos na mesa.

A ceia foi servida na animação de sempre dos Weasley, e conforme as crianças nasciam e cresciam mais espaços eram acrescentados a mesa. A Sra. Weasley fazia questão que todos comessem juntos, não importando quanta bagunça fosse feita. Hermione adorava isso. Ela olhou ao redor e viu seus rostos felizes, os gritos animados, as conversas paralelas, as risadas exageradas. Harry estava tão profundamente feliz que brilhava por todo o seu rosto. Ela teve um vislumbre dele se reclinando por cima do James e alcançando a barriga da Gina, acariciando num gesto protetor que a encheu de felicidade.

Mas toda a conversa com o Neville a perturbou. Ela nem sequer cogitava que o Severo se lembrasse dela, ou de qualquer outra pessoa, durante aqueles meses. Ele estava mergulhado em poções para dor, e ele mal conseguia abrir os olhos na maior parte das vezes. E ela sempre tomou o cuidado de sair do seu campo de visão. Mas saber que ele de fato a sentira... que a presença dela poderia, de alguma forma, ter de fato contribuído para a sua recuperação, a deixou numa mistura de felicidade e preocupação.

Poderia ser verdade? Ele a procurara quando ela estava escondendo até de si mesma?

...


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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram?