Geisterfahrer - a Menina do Tempo escrita por seethehalo


Capítulo 23
Conspiracy


Notas iniciais do capítulo

Acabo de perceber que essa fic está com 123 páginas no Word.
Digito com Courier New tamanho 12, passando pra 11 quando posto os capítulos. Uso quebra de página.
Acho que vou acatar a ideia do Bernardo e criar um documento por capítulo.



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Me explique esta conspiração contra mim

E me fale como eu perdi meu poder

Eu perdi meu poder

Conspiracy - Paramore


  *-*-*-*-*

 

     - Quis dizer que, se for assim o raciocínio do negocinho, eu vou embora, no ano que vem, dois dias depois do aniversário de vocês.

     Tom ficou um minuto em silêncio e depois disse:

     - Olha pelo lado bom, é melhor ir dois dias depois do que na véspera.

     - Tem razão.

     - E quem sabe um dia a gente não volte a se ver...

     - Eu acho impossível.

     - Por quê?

     - Por achar. Tom, já teve a sensação de estar sendo observado?

     - Sempre tenho, mas não nesse sentido que você tá dizendo. Por quê? Tá se sentindo monitorada?

     - É...

     - O Bill não é, porque ele tá vindo aí. – ele apontou o irmão, que andava dirigindo-se a nós.

     - Mesmo assim. É estranho. Eu não costumo sentir essas coisas do nada.

     - Ah, não fica paranoiando, pra tudo tem uma primeira vez... E muda de assunto que o Bill tá chegando.

     - Beleza. A professora de Ciências passou um trabalho pra você também?

     - Que trabalho?

     - ‘Bora pra sala, Mari? – Bill chamou ao chegar.

     - Ah, vamos. – respondi. – Até mais, Tom.

     Na mesa onde Bill e eu costumávamos nos sentar, havia um papel dobrado. Bill o pegou, leu o conteúdo em silêncio e depois em voz alta?

     - “Se eu fosse você, não ficava falando desse tipo de assunto particular nos corredores da escola. As paredes têm ouvidos.” Que merda é essa?

     Engoli em seco.

     - Não... não dá bola pra isso, Bill. Deve ser... só... algum idiota querendo tirar uma com a nossa cara. É. Só isso. Ignora.

     Ele deu de ombros e nos sentamos. Alguma coisa me fez olhar para onde Sabine estava, e ela me acenou com um sorriso hipócrita.

     Ai, não.

     - Peguei o celular e mandei uma mensagem para o Tom: “Surpresa, Sherlock. Nossa conversa foi ouvida. Estávamos mesmo sendo observados, e adivinha por quem? Acertou, bidu: Sabine. Posso paranoiar agora?”

     Na hora do intervalo, Tom pediu que Bill lhe comprasse um lanche, e assim que o irmão se afastou, ele perguntou:

     - Que merda era aquilo na mensagem que você me mandou? Você não tá brincando com isso, né?

     - Claro que não! Por que eu brincaria com uma coisa dessas?

     - Eu sei lá, mas isso não vem ao caso. Como é que você soube disso?

     - Quando chegamos na sala, tinha um bilhete na nossa mesa. O Bill pegou e leu, e quando eu olhei pra ela, estava acenando pra mim daquele jeito cínico.

     - Isso é mau. O que tinha nesse bilhete?

     - Tá aqui – entreguei-lhe o papel. Ele leu e disse:

     - Bom, nada que te denuncie.

     - No papel não, mas no que a gente tava falando tem sim, e muito que me denuncie. E agora? Ela vai usar isso pra fazer chantagem ou simplesmente sair falando pra todo mundo?

     - Quem é que vai acreditar numa história dessas?

     - Você acreditou.

     - O meu caso é outro, eu vi o balangandã.

     - Tá, tá. Mas isso não diminui o risco. Em dez, sempre tem um que acredita.

     - Inventa uma desculpa... Sei lá.

     - Que desculpa? Que estávamos ensaiando uma peça pra apresentar pras crianças do orfanato? Quem vai cair nessa?

     - Em dez, sempre tem um que acredita.

     - Não me lembro de ter te dado autorização de usar as minhas palavras contra mim.

     Ele fez um sinal de “estou desarmado”.

     - Tá bom, um a zero pra você. Mas o fato é que eu estou na merda. Agora disfarça que o Bill tá vindo.

     Dia primeiro. Aniversário de Bill e Tom. Com a mixaria de dinheiro que eu tinha, o máximo que eu podia fazer era pagar-lhes um sorvete. E lá fomos nós. Soa patético, mas quem não tem cão caça com gato, enfim.

     Fomos na sorveteria mais legal da cidade – na opinião deles. E QUE sorveteria! Self-service, mil opções de sabores, coberturas, e toda aquela tranqueira que a gente adora jogar por cima de um sorvete. Servimo-nos, eu paguei e nos sentamos nuns bancos altos em volta de uma bancada; primeiro o Bill, eu no meio e depois o Tom.

     POV TOM

     Uma ideia maligna me veio à cabeça ao notar Bill e Maria tão compenetrados no próprio assunto. Na verdade, tive essa ideia quando achei um percevejo de metal perto de onde me sentei.

     Por que não posso dar eu um “presente” pro meu irmão? Dei uma olhada panorâmica pelo local e achei alguém para me ajudar: um guri que estava abastecendo seu pote com cobertura. Deixei a pazinha cair de propósito e usei o pretexto de ir pegar outra para intimar o moleque.

     - Hey, guri, chega aí. – chamei.

     - Quê que ‘cê quer?

     - Tá a fim de descolar duas pratas?

     - Quê que ‘cê quer que eu faça?

     - Pega essa tachinha aqui – estendi-lhe o percevejo – e põe no banco onde tá aquela menina, tá vendo ali?

     - Aham. Só isso?

     - Só. – tirei uma nota do bolso – Topa ou não?

     - As duas pratas mais fáceis da minha vida – ele estendeu a mão, pegou a tachinha e o dinheiro e fez o que eu pedi.

     Peguei outra pazinha de sorvete e voltei para onde eu estava – só que, em vez de sentar a lado da Maria, dei a volta e me instale no banco ao lado do Bill. No momento em que passei por eles, Maria percebeu alguma coisa lhe espetando e curvou o corpo para frente. Cuidei de dar um pequeno empurrão estratégico no Bill – “foi mal” – e bingo! Induzido por mim, meu irmão deu um selinho na Maria. Haha! Deu certo!

     Passado o momento do “embaraço” – até parece que o trouxa não estava gostando -, ele pediu desculpas e continuou tomando o sorvete. Dali a um minuto, me lançou um olhar de acusação que eu respondi com um de “gostou, né, safado?” Pra quê. De volta, ele me fuzilou, e eu revirei os olhos.

     - Foi você, não foi, Tom? – Bill me perguntou algumas horas depois do “incidente” da sorveteria, quando a Maria já tinha ido pra casa dela.

     - Fui eu o quê?

     - Eu sei lá o que você fez, mas tá na cara que tem o seu dedo naquilo que aconteceu.

     - Ah... tá. Realmente. Gostou?

     - Você é um... er... eu... É. Não vou dizer que não.

     - Então guarde a energia que você ia gastar pra cair matando em cima de mim pra sonhar de noite.

     - O que você tá pens... Ah, Tom, vai tomar no seu cu!

     Bill saiu bufando casa adentro enquanto eu me acabava de dar risada.

     TOM OFF

     Fui no banheiro, no intervalo, a fim de ajeitar o cabelo.

     - Olá, Maria. Como vai você? – quem me fez essa pergunta foi a Sabine. Estava demorando, hoje já é dez de setembro. Pensei comigo; preparar, apontar, bomba, quer ver?

     - Sabine. Vou bem, e você? – respondi educadamente.

     - Estou ótima. Olha, eu estive pensando... que tal se esquecêssemos as nossas diferenças? Essa rivalidade toda entre nós não nos leva a nada, e chega a ser infantil.

     Olhei-a por cima do ombro, depois me virei e disse?

     - Primeiramente, quem traçou uma linha foi você. Não eu. Em segundo lugar, acho muita coragem da sua parte vir me falar isso depois de tido o que aprontou. Terceiro, tudo bem, concordo com você; essa nossa rixa é ridícula. Mas não espere que eu vire a sua melhor amiguinha.

     - Paz? – ela estendeu a mão.

     - Paz, né. – estendi a minha mão de volta. – Isso é um acordo. Não um juramento de amizade. – dizendo isso, soltei a mão dela e saí andando.

     Retornei a onde estivera antes, com Bill e Tom

     - Interrompemos a sua programação para um boletim especial – falei em tom de sarcasmo -, desfiz a minha “briga” com a Sabine. Ou melhor, ela desfez comigo.

     - Como é? – Bill perguntou.

     - É isso mesmo que você ouviu. Quando entrei no banheiro, ela veio pro meu lado com esse assunto do bem... e propôs que “esquecêssemos nossas diferenças”.

     - Ixi! E você?

     - Eu disse tá, né. Não fui eu que comprei briga com ela. Não fui eu que aprontei com ela. Então... Mas eu deixei bem claro que não vou virar a melhor amiga dela do dia pra noite. Se isso ela entendeu, bom; se não, paciência.

     - E se ela estiver aprontando OUTRA?

     - Não paranoia, Tom. Acho improvável que em tudo o que ela faça haja uma conspiração. E também, eu não sou tão ingênua.

     - ‘Cê que sabe. Depois não fala que eu não avisei.

     Quando voltamos pra sala, Sabine veio ao meu encontro perguntando se eu não topava um passeio no sábado à tarde. Fiz careta no começo, mas vai que ela está só tentando se redimir... Sem neuras, mas só um pouquinho desconfiada, aceitei o convite.

     Onze de setembro não é bem uma data a se comemorar, mas fui “dar uma volta” pela cidade com Sabine. Passeamos, tomamos um lanche, conversamos e encontramos uma ou outra coisa em comum. Fui com ela a uma festa, onde ela disse que teria uns amigos. O povo era legal, mas a música (meio trash) me irritou e me deu dor de cabeça.

     - Sabine – chamei -, podemos ir? Minha cabeça está latejando.

     - Eu tenho remédio, quer um comprimido? Tá cedo, daqui a pouco a gente vai.

     - Não é aspirina, né? Eu não posso tomar aspirina.

     - Tsc-tsc. Toma – ela me entregou um comprimido, que eu engoli com a ajuda de um suco.

     Melhorei logo, mas eu não estava mesmo me sentindo muito bem no lugar. Na segunda vez que perguntei a que horas iríamos embora, recebi outro “daqui a pouco”. Fui olhar a hora no celular, mas estava descarregado.

     - Merda – resmunguei, me debrucei no balcão e pedi um drink ao barman. – Já que não sei até quando vou ficar aqui – disse a mim mesma e tomei um gole -, vou esquecer da hora.

     Esqueci até demais. Quando dei por mim, estava mandando um suco de maracujá fortíssimo goela abaixo, pois ficara semibêbada momentos antes.

     - Que fiasco – falei, já sóbria de novo -, você me leva para uma festa e eu bebo todas.

     - Não se culpe, isso acontece com todo mundo. Até comigo às vezes. Vamos embora?

     - Demorou.

     Pedimos um táxi, que me deixou no portão do prédio.

     - Obrigada pelo passeio, Sabine. – falei ao me despedir.

     - Obrigada a você por me acompanhar.

     Já estava escurecendo. Entrei, tomei um banho e fui para a cama. Mas não consegui dormir bem. A dor de cabeça voltou com o dobro da intensidade, e logo começou a crise de tosse e a falta de ar. Depois de um bom tempo com isso e três idas à cozinha para tomar água, concluí: aspirina. Só aspirina me deixa desse jeito. Mas... Sabine havia me dito que o comprimido que ela tinha NÃO ERA aspirina...

     Deixei para resolver isso depois. Voltei para a cama e tentei dormir. Com muito custo, consegui.

     Só tornei a sair de casa na segunda, pra ir pra escola. Recebi a notícia de que Bill e Tom passaram o fim de semana com Gustav e Georg, na gravadora; e que já começaram a gravar o CD! Mas isso também significava adeus aos fins de semana, e que não poderíamos mais passar as tardes dos sábados e domingos vagabundeando pelo centro ou no parque. Por uma boa causa.

     Contei-lhes sobre o meu fim de semana e eles quase não acreditaram. O Tom, quando contei da parte do remédio, chegou a achar que eu tivesse tomado alguma droga. Neurose? Eu também achei, mas contraí a mesma quando li o bilhete que encontrei na sala, na segunda aula, sobre a minha mesa.

     “Eu tentei... É sério, juro, eu tentei. Mas depois de tudo o que você falou no sábado, quando estava bêbada, eu não consegui. Me desculpe se a sua vida se tornar um inferno daqui pra frente, pelo fato de eu saber ABSOLUTAMENTE TUDO o que você passou o último ano escondendo, até a verdade mais cabeluda. É que quando eu recebo uma oportunidade dessas, eu não costumo desperdiçar; e neste caso, precisarei prejudicar você. Foi mal, amiga. Mas o mundo é dos esperto.”

     - Puta que pariu! – balbuciei enquanto amassava o papel e me sentava, completamente em choque com o que acabara de ler.


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Notas finais do capítulo

O circo vai começar a pegar fogo, é.

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Tri-shot que estou prometendo desde que viajei ç.ç: http://fanfiction.nyah.com.br/historia/96595/Feeeeeira
Fic em parceria com a Vick: http://fanfiction.nyah.com.br/historia/96358/Mascara
Até sexta, galëre.



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