Among the Wildflowers escrita por Nonni


Capítulo 1
Aquele em que nossa espoleta dorme fora.


Notas iniciais do capítulo

Ai gente... voltei.


Boa leitura!



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Pela janela do hotel Regina conseguia observar Olívia e Belle cuidando de algumas flores. A menina estava radiante, e Regina sabia que iria ter de volta uma Olívia toda suja de terra. Apesar disso, não conseguia dizer não a filha, não quando os olhinhos brilhavam tanto por saber a atividade que faria ao lado de Belle. 

Suspirando contente, Regina fez seu caminho até o escritório de Robin, cumprimentando a todos com muita simpatia. Naquele sábado a morena e Olívia já haviam andando a cavalo, escovado Stone, ido às compras e agora faziam uma pausa para o almoço. E não havia melhor lugar do que no Wildflowers, com Robin. 

A porta do escritório do homem estava aberta e Regina sorriu ao vê-lo tão concentrado. O terno estava sob o encosto do sofá, a gravata junto. A arquiteta teve que sorrir, lembrando o quanto Robin já não costumava usar aqueles dois apetrechos. Para ele agora era muito mais simples uma camisa social e calças jeans. Regina não conseguia decidir qual seu modelito era o favorito, mas sabia que amava Robin em qualquer um dos dois. 

"Olha só, se não é a caipira mais linda de toda Crowley Cornes." Robin levantou-se, seguindo em direção a esposa e chamando sua atenção. Regina abriu um belo sorriso, mas semicerrou os olhos. 

"Só de Crowley Cornes?" Robin enlaçou a cintura dela, negando com a cabeça. 

"Me expressei mal. Eu quis dizer a mais linda de todo o mundo." sorriu para ela. "Está bom assim?" 

"Assim está ótimo." acariciou o nariz dele com a ponta do seu. Robin não esperou mais para juntar os lábios, em um beijo casto, cheio de amor e ternura. Regina suspirou quando ele se afastou. 

"Onde está Olívia?" ele perguntou, enquanto puxava Regina até o sofá e sentava com ela em seu colo. A morena fez um careta engraçada, recebendo o olhar curioso de Robin. 

"Foi plantar flores com a Belle." explicou e Robin sorriu, roubando outro beijo da mulher. Agora ele entendia a careta. 

"Devo me preocupar com mais uma roupa perdida?" perguntou, colocando uma mecha do cabelo dela atrás da orelha. Regina riu baixinho, revirando os olhos. 

"Sempre que o destino é Wildflowers eu a visto com roupa escura. Você acha que eu sou amadora? Olívia só consegue dobrar você e o papai." 

"Bom, não tenho nada a falar em minha defesa." escorou a cabeça no peito de Regina, que mergulhou as mãos entre os cabelos dele. 

"Ela queria trazer a pata junto, acredita?" 

"Deuses, Regina! Será que um dia ela vai ter limites?" Robin perguntou, levantando os olhos até encontrar os dela. 

"Eu espero que sim. Porque se não ela vai domesticar todos os bichinhos da fazenda." 

"Espoleta tal qual a mãe dela." ele lhe beijou a bochecha. "É hoje que tem a festa do pijama?" perguntou, sorrindo quando Regina se acomodou melhor em seu colo e deitou a cabeça no seu peito. Automaticamente uma das mãos do homem foram parar nos cabelos castanhos. 

"Sim, é hoje. Consegue acreditar? Nossa bebê indo dormir fora de casa pela primeira vez." Regina sentiu ele lhe apertar mais forte nos braços. 

"Quem sabe a gente não leva ela?" sugeriu. 

"Robin!" Regina bateu levemente no peito dele. 

"É só que… fico preocupado. Meu coração aperta. Sou um pai muito babão?" 

"É um pai turrão e babão ao mesmo tempo. Pobre da minha filha na adolescência." 

"Por favor, não vamos pensar nisso. Faltam muitos anos." ele reclamou, ficando nervoso só de imaginar uma Olívia com muitos pretendentes. Regina riu baixinho, plantando mais uma série de beijos nos lábios do homem. 

O coração de Robin se acalmou, entretanto, minutos depois, quando a filha correu para dentro de seu escritório, pulando em cima dos pais com toda a faceirice possível. É claro que as mãos… bem, deixaram marcas de terra na camisa de Robin. 

Mas ele não poderia se importar, afinal, era sinal de que sua menina tinha uma infância divertida e feliz. 

**

Fazendo círculos no peito do marido, Regina se aconchegou mais contra o corpo dele, sentindo-o enterrar o nariz em seus cabelos e aspirar seu cheiro. Robin sempre fazia aquilo depois que faziam amor. Mesmo depois de todos esses anos, ele suspirava feliz da mesma forma quando cheirava os cabelos dela. 

Não era sempre que os dois tinham aquela tranquilidade. Na verdade, com uma espoleta sempre necessitando a atenção deles, e os trabalhos completamente exigentes, Robin e Regina precisavam ser bastante criativos em seus momentos a sós. No entanto, a sensação de lar, de pertencimento, de pura paz e amor estava sempre ali quando podiam finalmente tirar um tempo para se amarem. 

E cada vez parecia como a primeira vez. Robin não se surpreendia ao se sentir assim, pois sempre soube que Regina era a mulher da vida dele. Ele se apaixonava por ela a cada segundo do dia, a cada vez que a via. A amava mais e mais a cada vez que a beijava, a fazia sorrir ou simplesmente olhava para ela. Ele sentia como se o coração fosse explodir toda vez que via sua mulher com Olívia ou com o pai. 

Regina era a flor selvagem que lhe dava forças e vontade de enfrentar todos os possíveis problemas que pudessem vir a aparecer. 

"Você está fazendo de novo." ouviu a voz rouca dela falar, chamando sua atenção. O homem tirou os lábios do topo da cabeça dela, puxando-a ainda mais para seu corpo, como se fosse possível. 

"Desculpa. Estava pensando em você." ele disse, não demorando para entender sobre o que ela falava, sabendo que era um fato: ele amava sentir o cheiro dos cabelos dela depois que faziam amor. Para Robin era algo tão natural, e ele achava graça a forma como ela sempre notava que ele fazia aquilo. 

"Quer dividir esses pensamentos?" ela virou-se, encarando os olhos azuis. Mais uma onda de amor chacoalhou o coração de Robin. Por Deus, ela poderia ser tão bonita assim? Mesmo com os lábios inchados pelos beijos, o cabelo bagunçado. Aquele brilho travesso e cheio de amor no olhar. Robin fez a única coisa que poderia fazer, rolou com ela na cama, ficando sobre o corpo dela. 

"Eu acho que talvez tenhamos coisas mais interessantes para fazer, huh?" Levantou a sobrancelha, deixando uma trilha de beijos da boca até o pescoço dela. Regina sorriu abertamente, totalmente entregue. 

Como poderia negar algo a aquele homem?

E aproveitando que apenas os dois estavam em casa, eles tiveram mais uma rodada de amor de tirar o fôlego. 

*** 

"Será que ela está bem?" Robin perguntou pela terceira vez, tirando a atenção de Regina que estava no filme. A mulher suspirou. Quando buscou os olhos azuis, não conseguiu conter o sorriso. 

"Será que teremos que fazer amor de novo para você ficar calmo?" perguntou retoricamente, gargalhando quando sentiu ele a puxar para seus braços. 

"É uma ótima proposta… muito tentadora." beijou o canto dos lábios dela, mas novamente os olhos ficaram carregados. Regina sabia bem o que estava acontecendo. 

"Ela não vai poder ficar pra sempre em função de nós dois, turrão." Acariciou a barba por fazer dele. 

"Eu sei…" 

"Ela é uma espoleta, você sabe disso. Ela ama coisas novas." 

"Por favor, não me faça me sentir culpado." ele buscou os castanhos. Regina bicou-lhe os lábios. 

"Jamais. Só fique calmo. Qualquer problema que a mãe da Leila tiver, ela vai nos ligar. Olívia deve estar aprontando tanto, não deve nem lembrar que a gente existe." Regina brincou.

"Deuses, você sempre me norteia, meu amor." Beijou a testa dela. "Mas ela é tão pequena, Regina, para estar lá sem a gente." 

"Ela tem cinco. E está com as amiguinhas. Que mal pode acontecer?" perguntou, passando as mãos nos cabelos um tanto grisalhos. Robin mordeu o lábio, pensativo. 

"Você não vai me fazer pensar em tudo de ruim que pode acontecer, não é?" 

"Turrão, pelo amor de deus!" Ela saiu do colo dele, alcançando a taça de vinho que estava na mesa de centro. Bebeu o que tinha num gole só. "Você está começando a me deixar nervosa." 

"Desculpa, caipira." ele sussurrou, amuado. Regina o observou. "Estou tão acostumado a tê-la fazendo folia. Ela nunca dormiu longe de casa." 

"Ela está bem, querido. Sua filha é a menina mais destemida dessa cidade. A gente deveria se preocupar se caso ela tivesse levado algum bichinho escondido na mochila." ambos riram e Robin a puxou para seus braços novamente. 

"Ela poderia esconder pintinhos e porcos naquela mochila." Ele ponderou. 

"Por Deus, que ela não tenha feito isso." 

"Bom, se fizer, pelo menos não vamos nos surpreender." Beijou a lateral da cabeça de Regina, ouvindo-a rir baixinho. 

"Estou preocupada com o papai." ela buscou os olhos azuis. O senhor havia viajado para a cidade vizinha, para acompanhar um campeonato de turfe. 

"Ele está bem. Amanhã vai estar de volta." assegurou, beijando os cabelos dela. Regina suspirou. 

"Robin… nós somos ridículos, não somos?" 

"Provavelmente." riram juntos. "Henry e Olívia se divertindo e nós dois aqui, preocupados com eles. Acho que deveríamos aproveitar e fazer outro bebê." 

"Robin!" 

"Certo. Isso foi um não?" semicerrou os olhos, vendo-a sorrir. Regina se aproximou dele e o beijou devagar, tentando fazê-lo esquecer das preocupações e tentando se esquecer das próprias. E funcionou. Finalmente relaxaram nos braços um do outro, sabendo que tanto Olívia, quanto Henry, estavam bem. E que eles deveriam aproveitar bem esse tempo que tinham sozinhos. 

"Nunca é um não para você." 

***

Algumas horas depois, os dois acordaram com o toque do celular de Regina. As palavras "Mãe da Leila" piscando no visor indicando a pessoa que ligava fez ambos ficarem em alerta. Enquanto falava com a mulher no telefone, Regina via Robin já levantar e procurar uma muda de roupa. 

"O que aconteceu?" ele perguntou quando viu ela desligar o telefone. 

"Ela acordou chorando." Regina respondeu, levantando-se da cama e indo se vestir. Robin parou na frente dela, impedindo que ela fizesse o caminho até o guarda roupa. 

"Deixa que eu vou, amor." ele colocou uma mecha do cabelo dela atrás da orelha. Regina beijou-o e negou com a cabeça. 

"Vamos os dois. Está muito tarde para deixar você ir sozinho." se desvencilhou do toque e viu Robin balançar a cabeça. 

"Teimosa." 

"Eu ouvi isso!" rebateu, fazendo ele rir. O homem se dirigiu até o banheiro, jogando uma água no rosto para que ficasse bem desperto. Só de imaginar sua menininha chorando em algum lugar longe dali seu coração apertava drasticamente. 

Depois que ele saiu do banheiro, Regina fez o mesmo que ele e uns minutinhos depois ambos se encontravam dentro do carro. 

"Ela me disse que Olívia estava mais calma. Mas mesmo assim não consigo deixar ela lá pelo resto da noite." Regina disse após alguns segundos quando pegaram a estrada. Depois se debruçou e ligou o rádio baixinho, levando a mão até a coxa de Robin e deixando lá. 

"Nem eu." concordou e eles ficaram em silêncio por longos segundos. "Bem, pelo menos não foi um bichinho." 

"Ao menos isso." Regina riu alto, mas ambos se encontravam apreensivos. Só queriam chegar logo até a cidade e poder levar a sua pequena espoleta para casa. 

Longos minutos depois, Robin estacionava na frente da casa da coleguinha de Olívia. Regina tirou o cinto e pediu para que ele ficasse no carro, mesmo sob protestos do homem. Trocando um leve beijo, a mulher desembarcou e seguiu até a casa. 

O empresário observou quando Regina adentrou a residência e batia os dedos apreensivo no volante enquanto esperava as suas meninas. Foi um grande alívio quando viu Regina sair com Olívia em seus braços, um cobertor a proteger a menina do frio da madrugada. O homem desembarcou do carro para abrir a porta e Regina adentrou o banco traseiro, sentando-se com Olívia no colo. Robin percebeu que a pequena cochilava, e apenas beijou-lhe o topo da cabeça. 

"Podemos ir?" ele perguntou e Regina afirmou. Dando meia volta, o homem adentrou o carro e deu partida, prestando atenção na estrada e também na figura da esposa e da filha, que pegaram no sono durante o caminho. 

*** 

"Eu chorei, papai!" Olívia abriu os olhinhos e disse, a voz repleta de sono. Robin riu e se debruçou, beijando-a na bochecha. 

"Eu fiquei sabendo disso." acariciou a bochecha dela. Ele havia pegado a menina do colo de Regina assim que eles chegaram em casa e ao colocá-la na cama Olívia acabou por acordar. "O que aconteceu?" 

"Eu fiquei com saudade da minha caminha. E da mamãe. E de você. E da Lola!" disse, a mãozinha esfregando os olhos. Robin sorriu, enchendo-a de beijos. 

"Posso contar um segredo?" Robin perguntou baixinho. Olívia assentiu. "Eu morri de saudades de você." beijou a testa dela e ouviu uma risadinha. Risada essa que aquecia o seu coração. Ficou fazendo cafuné na filha até que ela se entregasse novamente ao sono, e permaneceu ali muitos minutos depois. 

O empresário mal conseguia acreditar que sua menina estava crescendo tão rápido. Cada dia mais esperta, linda e com um coração de ouro. Olívia era tão sensível e Robin a amava por ser assim. Sua menininha amava as coisas mais simples, achava divertimento em coisas inusitadas. Amava os animais, era muito gentil com todos a sua volta, adorava cuidar das plantinhas. Além de tudo isso, era uma espoleta nata. 

Robin gostaria de guardar pra sempre a imagem de sua filha dormindo tranquila depois daquele choro, daquela saudade de casa. O homem prometeu a si mesmo naquele momento, que sempre que Olívia precisasse voltar pra casa, ele estaria ali por ela, para recebê-la de braços abertos. 

Depois de deixar mais um beijo na testa da filha, enquanto via a esposa fazer o mesmo, Robin percebeu que a primeira noite de Olivia “dormindo” fora não foi um aprendizado apenas para ela. Mas para eles também, como pais. 

"Eu amo vocês." Ele sussurrou no ouvido de Regina quando ela se sentou em seu colo, enquanto eles observavam a filha dormir. 

"Nós te amamos muito mais." Regina respondeu, escorando a testa na dele por alguns segundos e depois levantando, puxando-o pela mão até que chegassem ao quarto. 

Finalmente dormiram tranquilos. 

Olívia estava em casa. 


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Notas finais do capítulo

Então gente, gostaram? Me deixem saber o que acharam.
E vamos de explicações: algumas amigas me deram a ideia de fazer um cantinho só pra Wildflowers e eu pensei: "por que não?". Então cá estou eu, com esse novo conjunto, onde espero trazer muitas outras one shots para vocês.
As ones que foram anteriormente postadas em It's All About Timing serão repostadas aqui, então não se animem muito quando receberem as próximas notificações pois serão one shots que vocês provavelmente já leram. Mas estão convidados a reler também.
Acho que era isso, me desculpem qualquer erro.
Beijos e se cuidem.



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