Unique Love escrita por Gabriel Lucena


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Voltei, boa leitura!



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Após entrar na casa de João, levei um baita susto ao encontrar Marina sentada no sofá com eles. Naquele momento, um turbilhão de sentimentos misturados acabou me consumindo e eu não estou falando de sentimentos do passado, na época em que eu gostava dela, mas sim de choque e intriga.

Choque porque não esperava encontrá-la lá, muito menos sozinha, sem o marido dela, algo que pra mim, parecia improvável, até porque eu também não estava nem um pouco a fim de falar com ela. E intriga porquê o que teria acontecido de tão grave assim para ela ter ido lá? Seria algo relacionado à ela?

— Marina... - falei mostrando minha surpresa.

— Oi Artur. - ela disse, preocupada.

— O que aconteceu?

— Sente-se que a Marina vai explicar. - pediu Miriam, me indicando o sofá.

Pensei em recusar me sentar, mas não queria ficar depois com peso na consciência e sentei esperando todo mundo falar.

— O Roger... ele desapareceu. Acho que foi sequestrado. - disse Marina, angustiada.

— Como assim desapareceu? - perguntei, confuso.

— Eu não sei, ele disse que ia para uma festa anteontem e não voltou pra casa.

— E os pais dele não foram procurá-lo?

— Foram, mas também sumiram. - disse João.

— Como é que é? 

— Isso mesmo, tem caroço nesse angu. 

— E o que a gente tem a ver com isso? Coisas desse tipo é com a polícia! 

— Nem a polícia conseguiu localizar nada dele, nem um fio de cabelo. Tá certo que a polícia aqui do Brasil é muito ultrapassada, mas não é tão ruim assim! - suspirou Miriam.

Então, minha expressão mudou de surpreso para chocado. Como alguém desaparece assim, do nada, os pais vão até a polícia dar queixa e também desaparecem? Realmente tinha algo de errado nisso e precisávamos descobrir.

— Bom... então o que podemos fazer com relação à isso? - perguntei os olhando.

— A Marina disse que sabe onde fica a casa do amigo onde ele disse que ia ter a festa, então queremos que você nos leve até lá. - disse João.

— Eu? Como? 

— Ora, com seu carro. - ironizou Miriam.

— Mas eu ainda não tenho carro! 

— Ah não? E aquele carro que você foi pra festa que o João organizou quando você voltou?

— Era do meu pai, emprestado. Mas depois daquela festa ele disse que nunca mais vai me emprestar porque precisa dele, a não ser que seja uma situação extremamente necessária. - expliquei.

— Nossa, que chato. - suspirou João.

— Pois é, mas é a verdade. - dei de ombros.

— Gente calma, não é tão difícil assim. Vamos pedir um uber compartilhado e aí a gente vai até lá.- sugeriu Marina.

— Agora? São quase nove da noite! - bronqueei.

— E daí? Eu estou preocupada com ele, ficar sozinha naquela casa toda noite é um saco, parece que estou sozinha no mundo! 

— Você que deu as costas pro mundo! 

Marina ia abrir a boca para retrucar quando eu disse aquilo, mas Miriam logo interferiu:

— Parem vocês dois! Não estamos aqui pra discutir. - disse ela, balançando Benjamin - Marina, o Artur está certo, não sei aonde foi que aconteceu essa festa mas de qualquer maneira, até chegarmos lá, com certeza não vai ter ninguém e mesmo que tenha, não vão querer abrir a porta. Vamos deixar isso pra amanhã cedo, a gente combina um horário de manhã, vai estar todo mundo de folga mesmo. 

E era verdade, era uma sexta feira e teríamos o sábado todo para investigar o sumiço de Roger já que a polícia parecia estar se lixando pra isso, se preocupando com outros crimes ainda piores. Mesmo relutante, Marina concordou.

— Está bem, mas será que eu podia passar a noite aqui com vocês? Eu não quero passar outra noite sozinha, tenho medo. - pediu ela, fazendo bico.

— Por mim tudo bem. O que você acha João? - falou Miriam, o olhando.

— Acho que não temos espaço aqui não amor, infelizmente. - disse ele, coçando o queixo e piscando o olho pra mim. Tão discretamente que as meninas não viram. - Por quê você não fica na casa do Artur?

Marina me olhou, esperando minha resposta. Eu tentei ao máximo esconder a raiva de João naquele momento, ele não podia ter dito aquilo. Não podia ser verdade ele querer fazer aquilo comigo. Por isso, me levantei do sofá.

— Meninas, esperem um pouco que eu já volto. - falei puxando João pra outro cômodo da casa.

— O que foi cara? - perguntou João, parando na cozinha.

— Como assim o que foi? Você pirou? Sabe que eu estou fazendo o possível pra ignorar e evitar essa garota e você finge que não pode hospedá-la na sua casa pra colocar na minha? - falei bravo, mas baixo para elas não ouvirem.

— Qual é o problema Artur? O cara tá sumido! Você devia aproveitar isso. É sua deixa para reconquistá-la. - falou ele.

— Tá maluco João? Falando assim parece que você armou tudo isso. Pagou alguém pra sequestrar o Roger para deixar o caminho livre pra mim.

Ele se exaltou um pouco, pareceu indignado com minha acusação.

— Claro que não Artur, você me conhece! Sabe que eu nunca faria uma coisa dessas com alguém mesmo chateado com ela pelo que fez com você. Mas eu não tenho nada com isso! Estou pedindo pra você deixá-la na sua casa porque aqui não tem condições. Não basta o Benjamin dar trabalho para nós.

Respirei fundo e fechei meus olhos. Quando voltei a olhá-los, ele me fitava firme e sério.

— Qual é Artur? Vai nessa, pela consideração que você tem por ela! Mesmo que ela tenha te magoado, vocês dois têm uma história linda juntos. - insistiu ele.

— Mas também tem os meus pais. Depois que eu contei toda a história do início até ela ir morar com ele, meus pais ficaram tão decepcionados com ela que não acho que eles vão recebê-la bem lá em casa. - suspirei.

— Enfrenta seus pais oras. 

— Mas eles podem expulsá-la de lá de qualquer jeito. Você conhece meus pais, sabe que eles são meio durões quando querem. 

Foi o golpe certeiro, João suspirou e desistiu assentindo.

— Está bem Artur, vamos deixá-la aqui enquanto não resolvemos essa situação. Só esse noite, amanhã você conversa com seus pais e pergunta se eles deixam ela ficar lá, se eles deixarem, ela passa a ficar com você. - ele propôs.

— Fechado. - assenti e trocamos um aperto de mão selando um acordo.

Então voltamos à sala e as meninas estavam conversando, pareciam realmente não terem ouvido nada.

— Ok Marina, você pode ficar aqui. - falou João.

— Tem certeza? Não quero incomodar vocês, o Benjamin deve dar muito trabalho à vocês. - disse Marina.

— Sim, mas essa noite você pode passar aqui, amanhã o Artur conversa com os pais dele e se eles deixarem, você fica lá. 

— Ok então, muito obrigada, por tudo! 

— Gente, não quero ser estraga-prazeres mas... para acabar com esse clima tenso, o que acha de um abraço coletivo? Lembra das vezes em que íamos sair de férias e fazíamos esse abraço antes de irmos? - sugeriu Miriam.

— E no final acabávamos passando as férias juntos das melhores formas possíveis. - ri lembrando.

As duas então, se levantaram e nós quatro nos abraçamos e pela primeira vez não me senti incomodado com aquele abraço, pelo contrário, foi um alívio pra mim, pois tirei um peso das minhas costas, pensando que estava tudo indo mal, mas agora nós quatro nos resolvemos. 

E eu esperava muito que continuasse assim.

                                            ***

Eu confesso que foi um pouco doloroso para mim ouvir o Artur sendo tão rude comigo, me tratando com indiferença, tentando me evitar. Eu já tinha explicado para ele a história, mas ele parecia não se conformar de jeito nenhum. 

Mas, depois que ele teve aquela conversa misteriosa com João na cozinha enquanto Miriam e eu brincávamos com Benjamin, ele mudou de expressão e parecia ter voltado um pouco a ser quem ele era antes, não totalmente, mas um pouco e aquilo me deixava feliz. Apesar de tudo, não queria que ele me excluísse da vida dele assim.

Depois que ele foi embora, Miriam me emprestou uma camisola para eu usar, já que eu estava muito cansada para ir até a casa do Roger e pegar um pouco de roupa para usar e tomei um banho, não queria ficar muito mais tempo acordada, por isso, assim que João ajeitou tudo na sala, aproveitei e dormi rapidamente muito ansiosa para o dia seguinte.

Acordei ouvindo um barulho na cozinha, com certeza Miriam e João já haviam acordado e assim, me levantei e fui no banheiro. Quando saí, fui na cozinha.

— Bom dia. - falei, bocejando.

— Bom dia Mari. - disse Miriam.

— Bom dia. Fala bom dia pra ela filho. - riu João, tentando fazer Benjamin me dizer "oi".

— Dormiu bem? - perguntou Miriam.

— Na medida do possível, eu diria. - sorri fraco, me sentando.

— Relaxa amiga, vamos encontrar o Roger e os pais dele. - ela disse, me servindo suco.

— Que horas vamos começar a procurar? 

— Logo assim que acabar o café. - respondeu João.

— Sim, iremos deixar Benjamin na casa da minha mãe e aí vamos procurar. - concluiu Miriam.

Assenti e comecei a tomar o café sorrindo enquanto me lembrava da festa que João deu para Artur na casa da sogra, apesar de eu ter aproveitado pouco, tudo estava muito bonito e animado. Depois do café, que durou cerca de quinze minutos, fomos nos aprontar. Miriam colocou as coisas na bolsa de Benjamin e logo entramos no táxi para a casa da mãe dela, onde o deixaríamos.

Dona Anastácia, mãe da Miriam, me recebeu muito bem e tentou me fazer ficar bem à vontade lá.

— A gente vai tentar não demorar ok? - disse Miriam entregando Benjamin para Anastácia.

— Claro filha, podem ficar sossegados, ele não dá tanto trabalho assim. - riu ela.

— Mas em casa dá. - disse João.

— Por quê será né bebê? 

Rimos e então deixamos ele lá e saímos da casa, em seguida, fomos até o local combinado em que encontraríamos Artur. 

Tivemos uma enorme surpresa quando ele apareceu lá de carro. João foi o primeiro a se pronunciar.

— Ué Artur, achei que seu pai não te emprestava o carro! 

— Não empresta quando ele vai trabalhar, mas em fins de semana ele empresta sim! Presta atenção cara! - disse ele, alto pelo barulho das ruas.

— Ok, vamos entrar meninas. 

Entramos com Miriam no banco de trás com João e eu na frente no banco do carona, pois precisava indicar para Artur aonde ele tinha que ir, só esperava encontrar o lugar e respostas para essas perguntas que me atormentavam. 

 


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Notas finais do capítulo

Até mais!