Unique Love escrita por Gabriel Lucena


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Nem toda festa termina bem né?



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Não demorou muito e logo ouvi a porta de correr da varanda, se abrindo. Me virei e lá estava Marina, logo Miriam fechou a porta atrás de nós e ela se aproximou.

— Oi Artur. - disse ela.

— Oi... - respondi.

Estava sem conseguir dizer mais nada, um nó na minha garganta se formava pela situação.

Ela logo se posicionou ao meu lado, com os braços na grade.

— Bom... eu não quero que as coisas fiquem assim entre nós. Então vim te dar uma explicação do porquê eu sumi e tudo isso.

— Estou ouvindo.

— É que depois de um ano e meio conversando com você por chamada de vídeo, eu estava muito triste de tanta saudades, você me via do outro lado da tela e eu parecia estar bem, mas não estava, O meu coração doía demais por estar longe de você, eu tinha prometido esperar mas não estava mais aguentando. Quando meus pais perceberam isso, me mandaram sair um pouco, espairecer, comprar alguma coisa nova para mim, procurar algum estágio, alguma faculdade ou algo assim, era melhor do que ficar na cama o dia todo. E eu concordei e decidi que iria fazer isso, só que justamente quando estava voltando para casa, parei numa lanchonete onde conheci o Roger. A gente foi conversando aos poucos, ele até me levou para casa naquela mesma noite, mas quando chegou, meus pais não tiveram boa impressão dele... 

Ela deu uma pausa, fiquei curioso e aproveitei para perguntar:

— Por quê?

— Não sei, eles não gostaram, disseram que eu tenho que tomar cuidado com quem eu ando. Nisso eu concordo, tem tanta gente perigosa por aí, mas conforme o tempo foi passando, descobri que ele faz estágio numa empresa no centro. Até que um dia, começamos a gostar um do outro, a companhia dele me fazia bem, me fazia não me esquecer de você, mas ao menos amenizava a dor de estar longe de você. Começamos a gostar um do outro depois de uns dois meses, quando ele decidiu me pedir em namoro bem na frente dos meus pais, como você fez no passado, adivinha o que eles fizeram? - ela me olhou séria.

— Chutaram ele pra fora? - arrisquei.

— Não apenas isso, fizeram um escândalo, me proibiram de sair de casa sozinha, mas um dia eu acabei aproveitando um descuido da minha mãe e saí, acabei encontrando o Roger no caminho, mas o meu pai viu e tirou o meu celular, o meu notebook, tudo de mim. Por isso não entrei mais em contato com você.

— E os outros dias? 

— Depois de três dias foi que ele me deixou sair de casa, dizendo que queria me mostrar uma coisa. Eu fui, com muito medo do que seria, mas fui. Então, ele me mostrou uma quitinete pequena, com um aluguel barato. E só então eu vi ele trazendo uma mala com algumas coisas minhas, dizendo que se eu quisesse mesmo namorar com o Roger, eu teria que morar naquela quitinete, que ele mesmo pagaria o aluguel com o dinheiro dele.

Ela começou a chorar e minha expressão mudou de triste para chocado. Marcelo sempre foi um homem tão bom, tão honesto, como pôde expulsar a própria filha de casa por causa de um garoto?

— E depois... - ela continuou depois de uns segundos - Ele me devolveu meu celular e notebook, mas eu não tinha ânimo pra mexer neles, estava arrasada com tudo aquilo. Até que um dia, de manhã, você provavelmente estava na aula, o Roger me ligou e eu contei tudo o que meu pai fez. Ele na mesma hora foi lá na quitinete me buscar e me levou pra casa dele onde estou até então. 

Ela enxugou as lágrimas e me encarou. 

— Nada justifica você ter me ignorado completamente. Custava ter dito que encontrou outro cara e por isso não queria mais nada comigo? - falei com um olhar de frustração.

— Eu devia, mas fiquei com medo da sua reação, achei que você ia ficar com tanta raiva de mim que nem meu amigo quisesse ser mais. Só que nossa amizade é importante pra mim. - disse ela.

— Eu ficaria com menos raiva se tivesse sido sincera comigo e contado a verdade. - disparei, me virando pra ir embora.

— Espera Artur... - ela quase gritou, segurando meu braço - Eu juro que nunca quis mentir pra você, eu agi por medo, escondi de você por medo de perder você de vez. Tenta entender isso. 

Tentando esconder a irritação, soltei meu braço e olhei-a da forma mais fria que consegui.

— É uma pena que tudo tenha acabado dessa forma. Mas foi você quem escolheu isso, então... Sinto muito. 

E então, me virei pra sair dali e comecei a caminhar para dentro.

— Espera, vai mesmo deixar de ser meu amigo? - ela agora segurava o choro.

— Tenho outra opção? - falei sem a olhar.

E então cheguei na porta de correr e a abri, eu podia ouvir o choro dela, mas meu coração estava tão machucado e quebrado que não era possível ouvi-lo, acabei deixando a razão - e sejam lá quais outros sentimentos ruins - tomarem conta de mim naquele momento. Eu não sou rancoroso, mas quando me machucam, não consigo ser o mesmo de antes. 

Ainda atordoado com a conversa, fui no banheiro e lavei o rosto.

— O que aconteceu Artur? - João perguntou entrando apressado.

— A Marina me contou o que aconteceu pra ela ter sumido assim. 

— Sim, mas eu esperava que você saísse de lá um pouco menos tenso, mais animado e ela mais aliviada por ter desabafado. Ela passou tão mal que o Roger teve que levar ela embora! 

— Que bom que foi embora, espero que não ela volte nunca mais! - me exaltei.

— Uepa, pelo visto a coisa foi feia. Me conta vai, o que conversaram?

Enxuguei o rosto e as mãos e contei pra ele tudo que descobri na conversa.

— Tem como ficar calmo depois de uma conversa dessas? Além da Marina me trocar por alguém sem motivo nenhum, ainda por cima o pai dela a expulsa de casa assim, sem mais nem menos, tudo por causa de um rapaz. - desabafei.

— Pode crer. Provavelmente a Miriam deve saber porquê ele não aprovou. - disse ele, chocado.

— É, mas eu não quero saber. Quero mais é distância dessa garota, dessa família. Eles não são quem eu pensava.

Saí do banheiro ainda tenso, mas com menos raiva principalmente ao ver que no local estava todo mundo sentado e calmo.

— Ei Artur! - ouvi Miriam me chamar. - Eu sei que você deve estar querendo ficar mais um pouco, mas é melhor ir embora logo. O Roger colocou a Marina para descansar dentro do carro, mas prometeu voltar e tirar satisfações com você quando voltasse. 

— Então vai amigão, corre pra casa antes que ele te faça picadinho. - falou João.

— Eu acho que ele devia ficar e enfrentar o Roger. Você pode até apostar com ele: se você ganhar, a Marina fica com você e se ele ganhar, a Marina fica com ele. - respondeu André, rindo animado.

— Não posso, eu enfrentaria ele de boa, mas se eu chegar de olho roxo em casa aí mesmo que a minha mãe me mata. - falei indo para o carro.

— Eu te levo até o carro. E vocês, aproveitem o resto. - disse João.

— Aproveitar como? A festa era pro Artur, sem ele não tem mais como aproveitar nada! - protestou André.

— Ei, a gente não estava curtindo antes dele chegar? Então continuem. - retrucou Miriam.

— Então vai lá arregão! - provocou André, mas ignorei.

Chegando no carro, que ficava um pouco longe de onde estava o carro de Roger, um Fiat Uno, entrei no mesmo e João veio até a mim.

— Pô cara, sinto muito mesmo. Era para ter sido uma noite de festa, uma noite animada, mas a Miriam tinha que ter chamado a Marina aqui e acabou estragando tudo. - suspirou ele.

— Não João, pelo contrário. A Miriam tinha que ter chamado a Marina aqui. Eu precisava saber de tudo, os motivos que ela teve para isso. Não culpe ela, ok? Amanhã vou cuidar da minha vida, seguir em frente e tentarei vir visitar seu filho. - prometi.

— Tá bom, estamos te esperando hein? - ele sorriu de leve.

— Até mais! 

Sorri e liguei o carro começando a dirigir para casa, aquela festa toda e as descobertas que fiz gerou um turbilhão de coisas na minha mente, eu precisava de um bom descanso depois daquela noite. 


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Notas finais do capítulo

Tenso hein? Até mais!