Unique Love escrita por Gabriel Lucena


Capítulo 10
Capítulo 10




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/796137/chapter/10

Confesso que a forma como Dona Nelize me tratou assim que cheguei, embora não fosse surpreendente, foi muito triste, por mais que eu já esperasse uma reação negativa dela ao me ver, não esperava que ela praticamente me enxotasse de lá. 

Quer dizer, ela não me expulsou, mas chegou perto disso, se não fossem Artur e Antônio, com certeza ela teria feito isso sem dó nem piedade. Meu erro em deixar me envolver mais do que o normal com Roger havia causado muita dor pro Artur e agora ela estava com raiva de mim, nem parecia aquela sogra tão boazinha que sempre nos apoiava, mas não tiro a razão dela.

Durante o jantar, Júlia nem olhou pra mim, só comeu e se retirou, o que me deixou bastante desconfortável, mas agora não podia mais voltar atrás, teria que aguentar o ódio e a decepção por alguns dias até Roger ser encontrado, mas aquelas palavras de Artur não saíam da minha cabeça, mesmo com raiva e decepcionado comigo, ele não vai mais me tratar com indiferença como vinha tratando. Isso era legal, mas não vai ficar com rancor, o que é muito impressionante. Ele nunca foi rancoroso, mas se as pessoas pisavam feio na bola com ele como eu fiz, ele mudava com a pessoa.

— E aí Marina? Vai ficar aqui em casa quanto tempo? - perguntou Lucas, terminando o suco dele.

— Não sei, depende do quanto esse mistério durar... - respondi depois de engolir a macarronada.

— Espero que seja logo. - sussurrou Nelize.

— Espero que o Roger esteja bem. - disse Antônio.

— Também espero. - concordou Artur.

Ao terminar de comer, pedi licença e me retirei da mesa, indo para o quarto de Artur, sentei-me no colchão que ele havia colocado abraçando meus joelhos, não sei se havia sido a escolha certa ficar ali.

— Pensando no Roger né? - Artur surgiu na porta, me olhando triste.

— Na verdade não... Pensando se foi uma boa ideia vir pra cá. Sua mãe não parece a mesma. - lamentei.

— Ela é a mesma sim, só está chateada pela forma como eu fiquei depois de saber que você tinha se casado. 

— A gente não casou, só estávamos morando juntos!

— Há quase dois anos, é tempo o bastante para se considerarem casados.

— Sério? Nem eu sabia dessa.

— Eu também não, meus pais que falaram.

Ele sorriu fraco ao dizer isso, mas ao ver que eu não sorri pois realmente estava muito triste, se sentou ao meu lado me abraçando de lado.

— Ei, não fica assim, é uma questão de tempo até isso tudo passar. O Roger vai ficar bem, eu já estou bem melhor e quando eles perceberem isso, com certeza irão te perdoar. - ele disse me olhando.

O encarei firme.

— Tem certeza?

— Claro, você vai ver. Só tenha paciência.

— Tá bom.

Sorrimos um pro outro, o abracei forte e depois ele se levantou e foi para a cama dele, continuei deitada no colchão e ele colocou numa série para a gente assistir, era nova, pois tinha entrado no catálogo da Netflix há pouco tempo e eu ainda não tinha visto. 

Ele só desligou a televisão quando o sono bateu.

— Boa noite Marina. 

— Boa noite Artur. - eu disse.

Mesmo deitada pra dormir, o sono demorou um pouco para chegar até a mim, o peso na consciência por ter causado todo aquele clima estranho na casa do Artur era imenso, mesmo que ele tenha dito que aquilo iria melhorar, era triste saber que eu causei aquilo. Só consegui parar de pensar nisso e relaxar muito tempo depois, então finalmente dormi.

                                      ***

Acordei na manhã seguinte me sentindo mais disposto, o dia anterior havia sido muito pesado pois além de dirigir o dia todo, ainda tive que absorver a tensão de procurar o marido da minha ex, que estava desaparecido e não era encontrado de jeito nenhum, além da minha mãe metendo malho em Marina. Tudo bem, eu não tiro a razão dela, pois também estava esculachando ela bastante anteriormente e fazia o possível para ficar longe dela, mas ela não podia ter falado daquela maneira, sorte que meu pai era um homem mais compreensível e depois que eu contei sobre o que estava acontecendo, ficou mais calmo e até aceitou Marina em casa.

Depois de me espreguiçar, levantei-me, Marina dormia como um anjo. Consegui dar um leve sorriso a olhando. Lembrei-me de João me aconselhando a aproveitar que Roger havia sumido e eu ainda era apaixonado por ela, por isso, devia aproveitar para conquistá-la. Mas assim eu estaria sendo um aproveitador, Marina não estava em condições de pensar em namorar agora e eu também não havia superado completamente aquilo, precisava de mais tempo, se ele não tivesse paciência, só lamento pra ele.

Saí do quarto e fui direto para o banheiro, fazendo minha higiene matinal e depois fui tomar um banho para relaxar. Depois de alguns minutos saí do banheiro e fui para o quarto, Marina estava acordando, então decidi ir para a cozinha antes que ela me visse e comecei a fazer o café, aquele seria meu dia de folga, então podia aproveitar muito bem o início do dia.

Fiz apenas pão com queijo e presunto, suco e torrada com geleia, apenas o suficiente para satisfazer, pois eu não sabia fazer aqueles cafés bem preparados como a minha mãe faz caprichosamente, então fiz apenas o básico para mim.

— Artur? - ouvi Marina me chamar e então me virei.

— Oi Marina, pode se sentar. - eu disse.

Ela entrou e se sentou na mesa, no mesmo lugar da noite anterior. Minha família não tinha aquela tradição de cada um ter o seu lugar e nunca poderia sentar em outra mesa, por isso agora estávamos sentados de frente para o outro.

— Você que fez esse café? - perguntou ela, passando geleia no pão.

— Sim, gostou? - perguntei sorrindo.

Ela então mordeu o pão com geleia e sorriu.

— Muito, tá ótimo. - sorriu ela.

— Obrigado, fiz o básico porque não sei caprichar como minha mãe. 

— Mas tá ótimo mesmo assim.

— Que bom.

Continuamos tomando o café animadamente, embora não tenhamos conversado muito, era bom estar ali com ela, bem na minha frente, tomando café.

— Lembra de uns anos atrás? Você dormia aqui em casa e tomávamos café juntos. - ri lembrando.

— Sim, aí vinham Lucas e Júlia nos pedindo selinho de bom dia. - riu ela sem graça.

— Pois é, mas era uma época boa...

— De fato.

Quando terminamos de comer, lavamos e guardamos tudo. A olhei.

— O que vamos fazer agora? - perguntei.

— Acho que vou ficar um pouco na sala, esperar alguém me dar notícias. - ela disse, pegando o celular.

— Ok, vou para o meu quarto resolver umas coisas do trabalho, se precisar me chama. - sorri fraco.

— Pode deixar. 

Mal comecei a caminhar para o quarto e ouvi um barulho estranho, era um toque de celular. Era o celular da Marina, alguém estava ligando para ela e pelo olhar apreensivo que ela fez, coisa boa não devia ser.

— Atende. - incentivei.

Ela atendeu após o terceiro toque.

— Alô?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí? Quem será que ligou?